A PERMANÊNCIA DA MENTE APÓS O FIM DO CORPO FÍSICO

Atualizado em 4 de Maio de 2005

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Uma abordagem mais sistematizada do tema, com menores digressões e fazendo amplo uso de conceitos de Ficção Científica está agora disponível em Meta-Continuidade Mental, e uma abordagem acadêmica completa está disponível em MCM1-Imortalidade no Fédon de Platão. (5 de Abril de 2006)

Marcus Valerio XR

Sinceramente, não creio que exista uma questão existencialmente mais importante do que aquilo que chamamos "Vida após a Morte". A maioria das pessoas no mundo crê, em geral de acordo com suas religiões, que a morte física não é o fim da existência. Essa idéia é um pilar motriz de toda forma de Religião no Mundo, assim como assombra os pensamentos de qualquer pessoa que se proponha a pensar nela.

Pessoalmente sou convicto no que chamo de META-CONTINUIDADE MENTAL, ou seja, a continuidade da Mente após a morte física por algum meio qualquer. Eu aposto nessa possibilidade com toda convicção, sem medo de errar, e os primeiros motivos em linhas gerais, de forma bem simplificada, podem ser resumidos eu 3:

- É uma Hipótese Plausível e Irreprovável
- Uma vez que admitimos um Universo Infinito em todos os sentidos, o simples fato de ser possibilidade assegura sua realização.
- Não há risco de me decepcionar, pois se estiver errado jamais saberei

Para melhor justificar essa postura tentarei expor um raciocínio simples e passo a passo, e a princípio adianto a seguinte definição:

MENTE
Entendo como MENTE, aquele algo em nós que sente e pensa, um Ser que percebe. Descartes a chama de "substância pensante". Baseio-me no SOLIPSISMO para essa definição, usando o nome genérico Mente para me referir à aquela parte de nós que é auto consciente.

Não me atrevo a princípio a teorizar sobre o que exatamente venha a ser a Mente. Ela pode ser desde um efeito colateral da alta complexidade da atividade cerebral, e portanto dependente do corpo físico, até uma essência existente por si própria e totalmente independente, talvez mesmo a única coisa que possua existência real.

A Mente pode se entendida sob diversos outros nomes, inclusive aqueles que são comumente usados pelas religiões como Alma ou Espírito, e ou estar associada a esses. Não importa que na forma de um ser vivo, um fantasma, ou uma onipresença sutil, considero que uma vez que exista um Ser com qualquer consciência de si mesmo, este Ser possui uma Mente.

Também é inválido e contraproducente tentar anular o conceito com as definições arbitrárias e em geral limitadas de muitas linhas de pensamento que tentam separar e hierarquizar a Mente com relação ao Espírito, Atmam, Mônada, Alma, Essência e etc. Com o termo Mente tento usar uma generalização que equivalha a qualquer outra denominação ainda que se altere algum nível de abrangência do conceito.

Portanto não importa que após o fim do corpo físico ocorra a ressureição, a vida no mundo espiritual, a absorção pelo Uno ou a Reencarnação. Se algo for preservado, considero esse Algo como sendo ou tendo uma MENTE. E qualquer dessas possibilidades como sua META-CONTINUIDADE.

NINGUÉM PODE PROVAR!
A META-CONTINUIDADE Mental é infalseável, não sendo uma hipótese científica mas sim filosófica, e não podendo ser invalidada por nenhum dado da natureza mesmo pela impossibilidade lógica de se provar uma Não-Existência.
Tenho certeza de que até hoje ninguém foi ou é capaz de provar que exista ou não alguma forma de vida pós morte. Tudo o que se tem são crenças. Aceito até que alguém possa, individual e intimamente, solucionar essa questão e encontrar uma prova, mas está além de suas capacidades expor essa prova para terceiros.
Sendo assim a primeira coisa que quero deixar claro é que não me proponho a provar nada, mas sim apenas justificar minha posição, ou "crença" se preferir, assim como fornecer pontos de vista "novos" para quem queira meditar sobre o assunto.

Rejeito então todos os argumentos da religiões como evidências ou verdades, considerando-as apenas como opinião e aceitando como válido apenas o fato de que elas comprovam a preocupação humana com essa questão, e a vontade que temos de continuar existindo.
Da mesma forma rejeito os dados da Neurologia ou Ceticismo Científico como prova negativa, mesmo porque partindo do Solipsismo a existência da Mente é certa, e a da Realidade externa é incerta. Desse modo, usar os dados desta última para negar a primeira é sempre duvidoso.

Mesmo assim, defendo que sob qualquer ponto de vista concebível, a possibilidade da Meta-Continuidade Mental sempre possui vantagens. Para discorrer sobre isso façamos algumas especulações.

SOMENTE O SER HUMANO SABE O QUE É MORTE.
Em condições psíquicas normais, qualquer Ser Humano quer estar vivo, quase sem que as condições dessa vida importem para efeito de considerar se vale a pena viver ou não. Apenas situações extremas podem induzir alguém ao suicídio, e mesmo assim nem sempre o suicida crê que está dando um fim definitivo à sua existência.

Não há qualquer evidência de que os animais possuam alguma consciência com relação ao fato de que morrerão um dia. Devido a isso não acredito que exista um instinto de auto preservação que vise garantir a existência.

Em minha opinião, o seres vivos possuem basicamente apenas DOIS INSTINTOS básicos, que chamo de:
Instinto de FUGA DA DOR
Instinto de BUSCA PELO PRAZER

E com os programas básicos para que ele saiba proceder nesse sentido. Portanto, quando procura comida, um animal evidentemente não está pensando na manutenção metabólica a longo ou médio prazo de seu organismo, aliás a maioria dos seres humanos infelizmente também não. Age apenas com o imperativo de aplacar a fome, e/ou experimentar um sabor. O mesmo ocorre com o impulso sexual, onde é evidente a total desconexão da vontade de praticar o ato com a intenção de reproduzir-se.

O mesmo ocorre quando se foge do perigo. O animal evita algo ameaçador não porque tenha em mente que aquilo porá fim a sua existência, que deve ser preservada. Ele apenas de algum modo sabe, ou considera, que aquilo trará dor, e por isso foge ou se esquiva.

Com o Ser Humano não era diferente até que a evolução e o desenvolvimento cultural nos permitiu ter consciência da inevitável morte física. Diante da impossibilidade de evitá-la, criou-se toda uma gama de argumentos para diminuir a dor da expectativa do fim.

Esse raciocínio, associado a todas as evidências neurológicas atuais a respeito da atividade cerebral e seus estados de atividade e consciência, levam a Ciência a se inclinar de forma extremamente desfavorável à possibilidade da Vida Pós Morte, uma vez que a Mente pode ser considerada como um tipo de "Efipenômeno" do Cérebro, ou seja, um efeito colateral e inócuo resultante de um tal nível de complexidade que parece assumir uma existência própria e independente, embora também possa ser vista como uma estrutura que embora dependa e surja no cérebro, atinja um tipo de autonomia.

Analogamente, seria como por exemplo o nosso sistema financeiro. Ele se desenvolveu através do séculos, evidentemente, sobre a estrutura física da produção, materiais e atividade comercial. Porém hoje em dia ele se tornou tão complexo que parece ser independente. As oscilações nas bolsas de valores nem parecem se corresponder com qualquer realidade física, a especulação inclusive pode desencadear fenômenos materiais tal como a Mente pode desencadear fenômenos somáticos, apenas devido a uma flutuação que podemos considerar abstrata. Mas é evidente que se destruírmos a base física, o Sistema Financeiro também deixa de existir.

Dessa forma, tudo indica à nossa Ciência que a Mente não sobrevive independente do cérebro.

RESSUREIÇÃO
Curiosamente essa visão também é defendida pela estrutura teológica fundamental das maiores religiões do mundo, Cristianismo e Islamismo, onde se prega que a alma não existe independente do corpo e que a vida eterna se dará mediante a ressureição através de um novo corpo imortal. Essa é uma das forma de se conceber a Meta-Continuidade Mental, através da RESSUSCITAÇÃO.

Embora o senso comum pense o contrário, uma interpretação mais exata das escrituras em que se baseiam tais religiões deixa isso claro.

A única forma de que a Mente permaneça seria mantendo sua base fisológica, ou que volte a existir se reconstruirmos com certo nível de exatidão tal base, como pode ser visto em meu conto de Ficção Científica Além da Ressureição, onde tal ressuscitação se dá não mediante um poder divino, mas uma Hiper Tecnologia. Assim como na "Saga do Mundo do Rio", do escritor Philip José Farmer.

Isso suscinta questões insondáveis, como saber se o corpo ressuscitado realmente traz a mente original de volta. A pessoa ressuscitada poderia ter todas as lembranças de modo a não ter dúvidas de sua personalidade e individualidade, mas como podemos garantir que a pessoa que morreu de fato realmente voltou?

Considere que alguém produza uma cópia sua absolutamente idêntica em todos os detalhes, duplicando com absoluta precisão a nível pelo menos molecular, o que inclui copiar totalmente o cérebro com todos os seus neurônios e sinapses. Esqueça clonagem, estou me referindo a uma duplicação molecular por agora quase impensável em termos práticos. Essa cópia teria a sua absoluta personalidade, mas ela seria você?

Se o original fosse destruíudo, terceiras pessoas poderiam jamais saber a diferença entre este e a cópia, e mesmo essa provavelmente também não saberia, tendo convicção de que é a mesma pessoa. Mas e a Mente do original? Estaria lá? Você sobreviveria na sua cópia?

Em Além da Ressureição em desenvolvo algumas possibilidades, mas é certo que somente a própria Mente original poderia ter certeza disso.

Portanto, e é muitíssimo importante frizar isso, somente a própria Mente pode ter certeza, ainda que a mesma de nada valha para outrem. Trata-se então de uma questão de foro íntimo.

A MENTE SUPRAMATERIAL
Porém pode-se argumentar que a Mente exista em uma outra Natureza, que não pode ser detectada pela matéria. Uma forma de ilustrar isso é a Analogia do Aparelho de Rádio.

Sabemos que uma música não está sendo produzida no interior de um aparelho receptor de rádio, mas ela parece emanar dele. Quanto mais sofisticado for o aparelho, mais frequências ele pode captar, e com maior qualidade, se ele sofrer danos, também pode prejudicar a reprodução do som. Desse modo, temos a ilusão que a música é produzida por ele, não tendo existência independente. Sabemos porém que isso não é verdade.

Dessa forma, a Mente poderia existir de um modo independente, mas só se manifestar através de um meio físico, o que acabaria por nos provocar a ilusão de que ela depende do físico, e seria impossível, nesse nosso mundo físico, perceber de outra forma, razão pela qual a Ciência que se baseia nas leis naturais, "físicas", não poder detectá-la senão por meio da matéria.

Há várias implicações nesta analogia, a primeira seria hipotetizar sobre o que seria essa Mente supramaterial. Seria ela, tal como a onda de Rádio, gerada por outra fonte física? Se assim haveria então em algum lugar um tipo de "Macro Emissor Cerebral", um gigantesco "Cérebro Divino"? Ou ela seria produzida por algo diferente, da mesma forma que Estrelas podem produzir ondas de rádio que podem ser captadas até em aparelhos de rádio comuns.

Lembremos porém que a recepção de rádio é completamente passiva, diferente do cérebro que com certeza produz conteúdos na Mente, portanto talvez fosse mais apropriada adaptar a analogia do Rádio a uma analogia de Rede, como se a Mente fosse a informação que colhemos em um terminal de acesso a Internet, porém com muito mais interação, de modo que não apenas o aparelho recebe mas também envia e altera os dados.

Transplantar essa analogia para Mente e Cérebro tende a exigir a existência de um tipo de emissor mentônico que seria de onde nossos cérebros captam e devolvem os dados da Mente, a não ser que estivéssemos supondo uma informação não local, o que não necessariamente residisse em uma única base.

Mas podemos considerar também que a Mente não necessite de nenhuma base física, e que exista de modo independente ainda que só seja possível detectá-la no físico. Imaginemos um sinal de rádio que enviamos ao espaço e que fique vagando mesmo depois de seu emissor ser destruído, e que muito tempo depois possa ser recebido por um receptor.

Essa suposição poderia auxiliar a idéia de Ressureição, de modo que ao reconstruirmos o corpo físico de modo exato, seria como se estivéssemos construindo um receptor capaz de captar a mesmíssima frequência, e recuperar a Mente.

Ou pensemos que a Mente exista numa dimensão mais sutil, independente do físico mas ainda relacionada a um outro plano existencial. Seria algo mais próximo do que pregam muitas religiões espiritualistas, onde a Mente recebe então definições distintas como Alma ou Espírito, ou é colocada como um nível inferior a estes, onde se nota uma espécie de sobordinação à Mônada ou Essência.

POSSIBILIDADES

É preciso organizar essas hipóteses, visto que são muitas e que parecem se multiplicar a cada instante, para desespero dos amantes da Navalha de Occam.

Considerando a Mente, podemos supor que ela seja ou não dependente de uma estrutura. Caso seja independente, a Meta-Continuidade está garantida, caso contrário ela poderia depender de uma estrutura:
- FÍSICA -Cerebral
-Trans Cerebral
- SUPRA FÍSICA (Plano Sutil, Astral)

Se dependesse de uma estrutura supra, ou semi-física, tal como um mundo espiritual, um plano astral, sutil ou similar, a Meta-Continuidade é praticamente confirmada, uma vez que o fim do Corpo físico não eliminaria a existência da Mente, ainda que pudesse ocorrer posteriormente uma segunda Morte, com a destruição da base supra-física, que poderia resultar em que as Mentes nesse plano sutil se questionem quanto a sua Meta Meta-Continuidade da mesma forma que o fazemos aqui.

Se dependemos de uma base física ainda temos que verificar se de fato a Mente é única e exclusivamente um fenômeno virtual puramente neurológico. Se considerássemos a possibilidade de haver uma certa "transmissão de Mente", tal como a possibilidade do "Macro Cérebro Divino", ou da Mente que habita vários cérebros não locais, a possibilidade de recuperação da Mente estaria assegurada pelo motivo que será mais adiante explicado.

Considerando a pior das hipóteses, de que a Mente dependa única e exclusivamente de seu único cérebro, vejamos como poderia se dar a Meta-Continuidade. Lembremos de que se trata de ressuscitar a existência, portanto, trazer a Mente de volta após a destruição do corpo, não se trata de prolongar a existência física, ou da imortalidade.

Peço ao leitor agora que aceite a premissa da possibilidade total, ou seja, de que resista a tentação de que tal ou qual proposição é absurda, impossível e irrealizável. Proponho algumas idéias sobre a possibilidade da Meta-Continuidade para o caso de uma Mente que depende totalmente do cérebro, e todas essas idéias envolvem perspectivas tecnológicas e científicas muito além das atuais.

Uma delas já está analisada em meu conto de Ficção Científica entitulado Conversando com o Diabo - Parte 2, onde exercito a possibilidade da existência de um nível da natureza material que poderia "reverberar" a mente, ou seja, como se nossos processos eletroquímicos cerebrais deixassem uma marca, um onda, na natureza, tal como qualquer dispositivo eletromagnético pode fazê-lo. Talvez a própria emissão positrônica do cérebro, já utilizada em certos mapeamentos encefalográficos, forneça algum reforço a essa possibilidade.

Se tal fenômeno for possível, o da "transmissão" mentônico, então podemos supor também a possibilidade da "recepção" mentônica, que poderia ser diretamente proporcional ao nível de similaridade entre os cérebros e/ou processos mentais. O conto de Ficção supra citado explica isso com maiores detalhes.

O que quero sugerir com essa possibilidade é que mesmo num Materialismo puro, não é possível descartar inequivocamente a possibilidade de Meta-Continuidade Mental. Se nossas "ondas mentônicas" ficarem vagando no Universo tempo suficiente, podem um dia ser captadas por um outro cérebro suficientemente parecido, o resultado seria algo muito similar à reencarnação.

Advirto porém que mesmo que tal plano mentônico exista e que seja possível existir a recepção, isso não garante que ela irá ocorrer, garante apenas a possibilidade.

Portanto, vemos que mesmo que a Mente seja totalmente dependente do cérebro para se manifestar, e que o Universo possa ser considerado puramente material, não é impossível sua Meta-Continuidade, embora é claro ainda possamos entrar em notáveis discussões sobre sua "identidade" ao longo desta continuidade. Será que a experiência subjetiva, a pessoalidade, sobreviveria a este processo?

Continua...

Marcus Valerio XR
4 de Maio de 2005

Meta-Continuidade Mental

Imortalidade da Alma em Platão