MEU LIVRO DE VISITAS
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Marcus Valerio XR

Primeira Parte de Minha Réplica à Quarta Mensagem de
FRANK DE SOUZA MANGABEIRA
framan7@uol.com.br


Ainda em resposta a FRANK - XR 2

Sobre Ética, Amor e Sabedoria Divinas no Velho Testamento.

O texto de
FRANK estará sempre em AMARELO, e o Meu sempre em AZUL CIANO.

Quero agradecer mais uma vez a Frank de Souza Mangabeira por sua colaboração, e parabenizá-lo por sua disposição em defender seu ponto de vista, por mais que eu o combata arduamente!


Quanto a demonstrar minhas colocações como fanáticas e fundamentalistas, isto é irrelevante. Admito que sou fundamentalista quando creio nas verdades fundamentais do cristianismo, tais como a criação especial por Deus, o nascimento virginal de Cristo, Sua morte expiatória e ressurreição, o juízo final, o pecado etc. Como não vivo nadando nas vagas incertas do relativismo filosófico, pode achar que sou fantático, unidirecional, limitado etc. O relativismo, o agnosticismo e o ceticismo, que reduzem a verdade à incerteza, não podem alegar qualquer garantia de serem corretos. Seus próprios dogmas impõem que estejamos incertos sobre quase tudo que é significativo, o que incluiria estas próprias proposições. Se você não crê em nada, pode ser coerente e ainda crer que não crê em nada? Nas palavras de Pascal, "não é certo que tudo seja incerto". (Pascal. 1996. Pensées. Krailsheimer AJ, tradutor. Londres e Nova York: Peguin Books, página 214.)

Sem dúvida que o Agnosticismo e o Ceticismo não podem alegar certezas, pois afinal, como você mesmo bem definiu, eles existem exatamente para nos demonstrar a incerteza, a dúvida. E essa é na verdade a grande vantagem.

A dúvida permite a abertura, significa que você está receptivo a uma nova situação, você é flexível. Quando se tem a "certeza" da fé ocorre o fechamento para outras possibilidades, o ser humano se limita em seu potencial de aprender e se renovar, e o pior, quando neste caso específico deposita sua certeza em algo que não oferece nenhuma garantia.

Baseando-se em "certezas" de se estar certo pode-se conseguir passe livre para cometer qualquer ato, pois não há dúvida que legitime um questionamento sobre o valor do mesmo. Mesmo atrocidades podem ser justificadas, como veremos mais adiante.

Engraçado... o inverso também pode ser verdadeiro: Quanto mais eu leio a defesa nervosa dos céticos em anular a Bíblia como revelação de Deus, quanto mais interpretações desconexas de textos bíblicos os incrédulos me enviam, quanto mais artigos de "eruditos" eu recebo em forma de links ou fragmentos de textos, quanto mais opiniões arraigadas de ateus ou agnósticos (estes vivem numa eterna dúvida) eu analiso, mais eu percebo o quanto a Bíblia é digna de ser a Palavra de Deus.

É o resultado de um firme compromisso religioso.

...válidas são as palavras desta escritora cristã: "Ao mesmo tempo em que Deus deu ampla prova para a fé, nunca removeu toda desculpa para a descrença. Todos os que buscam ganchos em que pendurar suas dúvidas, encontrá-los-ão. E todos os que se recusam a aceitar a Palavra de Deus e lhe obedecer antes que toda objeção tenha sido removida, e não haja lugar para a dúvida, jamais virão à luz.

Onde está a ampla prova para a fé? Me mostre, me diga, me fale sobre qualquer uma! Que provas?! Essa aceitação além de qualquer dúvida pode muito bem ser considerada uma cegueira, uma anulação da razão e do bom senso, subtmetendo e embotando a mente para que ela não seja capaz de pensar por si própria, de questionar e de ser livre. Ou ainda pior, condicionando a mente a pensar apenas de um determinada maneira, a ponto de ver uma luz onde ela talvez não esteja.

Duvidar está se tornando moda. Há uma classe numerosa pela qual a Palavra de Deus é olhada com desconfiança, pela mesma razão por que foi o seu Autor: porque ela reprova e condena o pecado.

Há uma numerosa classe, graças a Deus, que olha com desconfiança, ou seja dúvida e questionamento, toda forma de pensamento extremista e fundamentalista. Foi o trabalho desta classe que permitiu toda a tolerância com o modo de vida alheio, e o entendimento entre os povos, ser possível.

Os que estão indispostos a obedecer-lhe aos preceitos, esforçam-se por subverter a sua autoridade. Lêem a Escritura, ou ouvem os seus ensinos como são apresentados do púlpito, meramente para encontrar defeito, nela ou no sermão. Não poucos se tornam incrédulos a fim de justificar-se ou desculpar-se da negligência do dever.

Todos os povos, todas as culturas, tem uma idéia bastante elaborada do que vem a ser o Bem e o Mal, e todos sempre foram enfáticos em valorizar o que entendem por Bem e reprimir o que se entende por mal. A única coisa que muda o O QUÊ se entende por Bem e Mal.

Nesse sentido, só pode haver negligência quando se falta com o que entendemos por Bem, e se pratica o que entendemos por Mal, se o que outras pessoas, grupos ou povos entendem for diferente do que entendemos, não há negligência ou desculpas. Ninguém deve ser obrigado a cumprir o que os outros entendem por certo.

Eu não cumprirei de modo algum com precentos alheios se eles não me fazem sentido. Você não respeitará a proibição absurda dos russelitas contra a transfusão de sangue, e nem deve. E eu não vou respeitar essa crença de guardar o Sábado. Quando a condutas que qualquer bom senso entende por reprovável, jamais foram precisos livros sagrados para censurá-las.

Outros adotam princípios céticos por orgulho ou indolência. ...Visam conseguir fama de uma sabedoria superior criticando a Bíblia. Há nela muita coisa que a mente finita, não iluminada pela sabedoria divina, é impotente para compreender; e assim encontram ensejo para criticar.

Aqui há um fato. Há na Bíblia muita coisa que a Mente, caso seja mesmo finita, é incapaz de compreender porque são coisas escritas por mentes limitadas ao seu contexto, que já se foi, e porque não foram escritas visando um entendimento racional ou uma coerência razoável, muito menos um embasamento realista sobre a natureza, estando antes comprometidas com crenças e superstições primitivas que lutavam para se aperfeiçoar.

Muitos há que parecem entender ser virtude achar-se do lado da descrença, do ceticismo e da incredulidade. Mas, sob aparência de sinceridade, ver-se-á que tais pessoas são movidas pela confiança própria e orgulho.. Muitos se deleitam em encontrar nas Escrituras alguma coisa que confunda o espírito dos outros. Alguns a princípio criticam e sofismam, por simples amor à controvérsia

Sem dúvida são movidas pela autoconfiança, orgulho, talvez vaidade, auto estima ou outros adejtivos que possam ser interpretados tanto como virtudes quanto como vícios, dependendo do ponto de vista.

O ponto de vista que exige dos outros aceitação cega, que não admite questionamentos e quer se impor pela força, condenará qualquer postura de pensamento livre e independente, e será especialmente feroz contra as mentes brihantes que apontem sua inconsistência. Quer seja um fundamentalismo religioso, uma ideologia política ou um radicalismo filosófico.

Quando o contexto social não permitir que um sistema doutrinário seja imposto pela força, como é agora, só resta ao mesmo apelar para tudo o que lhe for possível, incluindo crítica ou sofisma, e em especial alegar que o pensamento livre ou qualquer coisa que lhe seja adversário é um caminho para a perdição, usando o medo, a ameaça e as alegações sobrenaturais como forma de sabotar o raciocínio, e então sobreviver num mundo repleto de sistemas de pensamento muito mais modernos e coerentes.

"Para muitos as pesquisas científicas se tornaram uma desgraça. Mesmo as maiores inteligências, se não forem guiados pela Palavra de Deus em suas pesquisas, desencaminhar-se-ão em suas tentativas de investigar as relações entre a Ciência e a Revelação. O saber humano tanto das coisas materiais como das espirituais é parcial e imperfeito; portanto, muitos são incapazes de harmonizar com as declarações das Escrituras suas opiniões (grifo meu) sobre a Ciência. Muitos aceitam meras teorias e especulações como fatos científicos e julgam que a Palavra de Deus deve ser provada pelos ensinos da "falsamente chamada ciência." I Timóteo 6:20. O Criador e suas obras estão além de sua compreensão; por não poderem explicar isso pelas leis naturais, a história bíblica é considerada indigna de confiança." - Extraído de O Grande Conflito, o livro que lhe recomendei como leitura.

Para os bibliófilos crentes as pesquisas científicas, assim como o reflexão filosófica, SÃO uma terrível desgraça. Elas desmascaram a fragilidade das doutrinas elaboradas num mundo antigo sob óticas rígidas e restritas a sua época e limitações.

Restam-lhe então basicamente dois caminhos. Um deles desmerecer o conhecimento científico em especial onde ele lhe é mais letal, e alegar que ele é errôneo. O outro é tentar distorcê-lo e acomodá-lo às doutrinas, em geral distorcendo-as também.

Essa "Palavra de Deus" curiosamente parece ter como função obscurecer a Mente Humana e impedí-la de conhecer a Natureza, pois até hoje nem uma só grama de conhecimento sobre o mundo material foi obtido sob orientação bíblica, ocorrendo o absoluto inverso. A fé na Bíblia retardou o conhecimento científico por mais de mil anos, quer seja levando incautos a crer numa Terra plana, no geocrentrismo, ou no fixismo das espécies.

Todo o nosso conhecimento sobre a natureza só é possível graças ao desvencilhamento dos arreios religiosos, que ocorrendo permitem desvendar a total desconexão entre as doutrinas bíblicas e qualquer entendimento sobre o mundo físico.

Sobre o Antigo Testamento e sua aparente negação de um Deus de amor, é necessário entender o caráter moral do Criador e sua repulsa pelo pecado. Até Deus tem limites diante da rebelião daqueles que recebem grande luz, mas desafiam-No. Será que Deus mata pessoas? No sentido de assassinar? é lógico que não. Ele proíbe tal ato no sexto mandamento (êxodo 20:13). E no sentido de uma execução judicial? Sim. Mas mesmo em tal caso, "o Juiz de toda a Terra" (Gênesis 18:25) sofre profundamente. "Dize-lhes: Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão haveis de morrer...?" - Ezequiel 33:11.

Me perdoe a dureza mas é preciso muita hipocrisia e delírio para sustentar uma opinião destas. Primeiro, Deus deveria sim, NÃO ter Limites! Se Ele é Infinito em Potência e Eterno. Deveria ter a paciência incomensurável.

Agora dizer que o Jeová Bíblico do Velho Testamento não mata?! Pelo amor de Deus!!!!

Abra qualquer página do Deuteronômio e de Josué!

A proibição do Sexto Mandamento, a não ser para os crentes mais ingênuos, só se aplica evidentemente em sentido tribal, ou seja, ao povo de Israel.

Ainda mais bizarro é dizer que Ele sofre com isso! Que Deus mais esquisito é esse?! Como pode ser ao mesmo tempo Infinitamente Poderoso e ser incapaz de determinar o Universo à sua vontade não só causando sofrimento como também sofrendo?!

Não há a menor possibilidade de uma Mente em estado predominantemente Racional aceitar isso, é simplesmente uma violação dos fundamentos primários da Lógica em que nosso pensamento se baseia. Só mesmo o furor religioso, a emoção intensa e o compromisso com o subjetivo, que inevitavelmente embota o raciocínio, para permitir que se creia nisso.

Melhor fazem os Judeus, em sua maioria, que interpretam todas essas passagens em sentidos simbólicos.

O Deus do Velho Testamento é o mesmo do Novo Testamento. Como então compreender Seus atos de severa justiça com os ensinos de Cristo sobre perdão e amor?

Melhor fazem os Gnósticos, que levam em conta só o Evangelho.

Algumas pessoas sinceras argumentam que a execução de pecadores impenitentes por parte de Deus é contrária à Sua natureza de amor. Esse tipo de argumento pretende exaltar o caráter amorável de Deus, mas, na realidade, o deprecia. O amor de Deus é santo, não indulgente ou sentimental. O salmista diz: "Justiça e juízo são o fundamento do Teu trono; graça e verdade Te precedem" - Salmo 89:14. Amor e justiça são os dois lados da mesma moeda e precisam ser colocados no devido equilíbrio. Que tipo de segurança teríamos no governo civil se o governo não pudesse punir os infratores da lei? Ou se o governo deixasse que os criminosos destruíssem a si mesmos? Deus não é menos justo e ordeiro do que o ser humano!

Sem a menor sombra de dúvida. É difícil não concordar. Pena que este deus não executa apenas pecadores impenitentes, mas inocentes, inclusive crianças! Ele chacina impiediosamente qualquer coisa com fôlego de vida, independente de ser de fato um pecador ou não, para proteger seu povo escolhido que nem sequer fazia por merecer.

Vejamos o que você tem a dizer sobre isso.

Deus mandava exterminar certos povos, como os cananeus, filisteus, amalequitas, etc. Não eram criaturas humanas? Não há aí contradição com o mandamento: "Não matarás"? Devemos partir da seguinte premissa: a SOBERANIA de Deus e Seus planos. Deus é soberano. Não há outro poder acima de Deus. Ao organizar Seu povo escolhido, Sua nação santa, Deus estava montando uma representação de Si mesmo na Terra, através de Seu povo eleito. Era o regime teocrático, em que Deus governava Seu povo.

Porque devemos partir de tal Premissa? E mesmo partindo, a quê ela nos leva? Concluir que sendo Ele o soberano, tem o direito de praticar o que quiser independente de ser bom ou mau? Ou tudo o que ele pratica é bom? Veremos.

Israel devia representar a Pessoa de Jeová, o caráter de Deus. Diante deste fato, qualquer hostilidade a Israel era, sem dúvida, uma hostilidade ao próprio Deus. Toda tentativa de destruir Israel, era tentativa de destruir Deus e Seu plano. Qualquer força que se levantasse para destruir esse plano devia necessariamente ser aniquilada.

Pois se nem os israelitas, que foram avisados, entenderam direito, como esperar que os pobres filisteus, amalequitas, cananeus e etc. o soubessem? Deus bem poderia ter avisado a todos algo do tipo:
"Estou escolhendo esta nação para me representar, o que lamento dizer irá excluir todos vocês. Qualquer ataque a Israel será considerado um ataque e Mim! Aceitem tudo que Israel ordenar, submetam-se a todos os seus caprichos e abusos sem reclamar. Se não gostarem danem-se!"
Faz lembrar Sharon e Bush não? Mas nem isso foi feito. Quem quiser que advinhasse que ao reagir e proteger seu território contra a invasão de um povo hostil estava ofendendo o Grande Deus Criador!

Agora, sinceramente, o que se segue, com o perdão da palavram chega a me dar nojo.

O braço israelita que se erguia para abater um cananeu, era meramente um veículo, pois acionando-o estava o próprio Deus para vingar Sua soberania. Se os israelitas fracassassem, o próprio Deus teria fracassado em levar o povo a Canaã.

Portanto, temos INEQUIVOCAMENTE UM DEUS QUE MATA!!!

Assim, dentro da absoluta e eterna soberania de Deus, podemos compreender essas guerras, mesmo que nos causem impacto. Citemos o exemplo do povo de Jericó. A destruição total do povo de Jericó não era senão um cumprimento das ordens previamente dadas a Moisés, concernentes aos habitantes de Canaã: "Quando ... o Senhor Deus tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás".

E pelo raciocínio anterior, temos UM DEUS QUE DESTRÓI TOTALMENTE! Ou seja EXTERMINA, TRUCIDA, ANIQUILA, MASSACRA, Milhares, talvez MILHÕES de pessoas. Quer sejam elas homens, mulheres, meninos, meninas, mulheres grávidas, bebês, idosos, animais, vegetais, ou seja, TUDO QUE TENHA FÔLEGO DE VIDA. (Deuteronômio 20:16)

Essas vítimas não tem a menor chance de defesa, pois lutam contra uma divindade. A mesma divindade que na verdade as criou! Por quê?! Meu Deus! Por que ele simplesmente não se revelou a eles também? Por que não apenas os fez se render e ir embora? Por que não simplesmente os teletransportou para um outro mundo, ou o fez deixar de existir subitamente sem sofrimento? E o mais estranho. Por que os criou?! E por que os deu "livre arbítrio" apenas para massacrá-los pela escolha que fizeram?

Mas como se isso tudo não bastasse, ainda temos a seguinte frase:

Para muitos estas ordens parecem contrárias ao espírito de amor e misericórdia estipulado em outras partes da Bíblia; mas eram na verdade os ditames da sabedoria e bondade infinitas.

!!!!!!!!

SIM!!! Essas ordens, ou melhor dizendo, essas ações, uma vez que Israel era o braço de Deus, ou seja ESSES MASSACRES ESTÚPIDOS E INSANOS SÃO:

OS DITAMES DA SABEDORIA E BONDADE INFINITAS!!!

Eu não posso acreditar que alguém em sã consciência diga uma coisa dessas. Seria melhor calar e aceitar como um insondável mistério divino. Seria melhor, relativizar e simbolizar!

Se eu fosse um crente, juro que seria capaz de inventar algum tipo de argumento de que todas essas batalhas eram virtuais ou coisa assim, mas JAMAIS poderia compactuar com essa sandice!

Deus estava para estabelecer Israel em Canaã, desenvolver entre eles uma nação e governo que fossem uma manifestação de Seu reino na Terra. Não somente deveriam ser os herdeiros da verdadeira religião, mas deveriam disseminar seus princípios por todo o mundo.

Que evidentemente seriam disseminados através da VIOLÊNCIA e da BRUTALIDADE.

Os cananeus haviam-se entregado ao mais detestável e aviltante paganismo; e era necessário que a terra fosse limpa daquilo que de maneira tão certa impediria o cumprimento dos preciosos propósitos de Deus.

Destestável e aviltante paganismo!!! Pode me dizer o que é isso!? Pode me citar alguma coisa de detestável e aviltante que esses pagãos faziam? O que seria? Adorar outras divindades? Não fazer a circuncisão? Comer carne de porco? Praticar orgias?

Pode me dizer algo que seja tão detestável e aviltante quanto trucidar impiedosamente milhares de pessoas sem a menor chance de defesa?!

Aos habitantes de Canaã havia sido concedida ampla oportunidade para o arrependimento. Semelhantes aos homens antediluvianos, os cananeus apenas viviam para blasfemar do Céu e contaminar a Terra. E tanto o amor como a justiça exigiam a imediata execução destes rebeldes a Deus e adversários do homem.

Eu até gostaria de saber como foi esta ampla oportunidade de arrependimento. Assim como gostaria de saber como exatamente eles blasfemavam do Céu e contaminavam a Terra, se eram povos agrícolas e fixos, diferentes dos pastores nômades que se multiplicam como vírus consumindo a vegetação por onde passam.

Mas no momento o que realmente me choca é esse AMOR e essa JUSTIÇA!

Observe-se a declaração de Raabe, habitante de Jericó, que denota o conhecimento que os habitantes da ameaçada cidade tinham sobre a maneira em que Deus dirigia Israel (Josué 2:9 a 11). A abertura do Mar Vermelho e as vitórias que Israel já havia logrado eram conhecidas dos habitantes de Jericó, e muitos havia que participavam da convicção de Raabe, embora se recusassem a obedecer à mesma. Raabe humlhou-se e acatou o plano de Deus, pelo que foi poupada, com sua família (ver Josué 6:22, 24).

De fato, seria mais esperto ter se mandado para longe, mas eles deviam ter seus motivos. Talvez desses motivos parte fosse crenças em deuses tribais que os protegeriam e ajudariam a derrotar seus inimigos, e se talvez tivessem vencido, talvez hoje eu estivesse dialogando com um crente de algum desmembramento do Jericoismo, afinal, a história é dos vencedores. Se é que essas grandes batalhas foram verdadeiras, o que pouco creio, só nos chegaram porque seu povo foi vencedor. Se tivessem sido exterminados por uma nação rival, talvez com a mesma violência com que praticavam suas chacinas em nome de Deus, hoje em ninguém conheceria esse estranho deus sem nome. E talvez o mundo fosse melhor.

Só se acusa a Deus de matar, quando se lêem os relatos de guerras no Velho Testamento. No entanto, poucos se lembram de que a morte é a sorte de todo o habitante na Terra, como o salário do pecado. No dia do juízo, quantos milhões receberão morte eterna.

Ora! Mas que bela desculpa! Quer dizer que então podemos sair por aí fuzilando todo mundo e depois dizermos: Ué!? Um dia todo mundo morre mesmo!

E o pior. Essa mesma morte foi colocada na Terra por Deus, direta ou indiretamente, portanto podemos acusar Deus de Matar a todo instante e em todo lugar.

Conquanto a destruição dos ímpios seja mencionada como "o estranho ato de Deus" (ver Isaías 28:21), a verdadeira justiça requer punição e execução apropriadas.

Proavelmente. Mas punição e execução apropriadas estão longe de significar massacre de inocentes.

"Deus recompensará cada um segundo as suas obras' - Romanos 2:6.

E quanto a toda aquela discussão sobre o valor das obras em relação à justificação pela fé? Mais uma contradição?

Tormento infindável não é justiça; por isso não advogamos a teoria do tormento eterno num inferno eternamente a arder.

Ao menos isso!

Mas a justiça requer castigo adequado pelos pecados e crimes que o impenitente tiver cometido. Amor e justiça são dois aspectos do caráter divino. é o santo amor que finalmente torna o Universo seguro.

Se o Universo fosse seguro, talvez faria até algum sentido, ignorando a amplitude dos genocídios cometidos. Mas visto que o Universo, e em especial o mundo, nada tem de seguro, esse "Santo Amor" não só é Louco e Cruel como Incompetente.

Unicamente Deus, a Fonte de vida, tem o direito e autoridade de privar um ser vivente de sua vida. Aos que escolheram permanecer rebeldes e impenitentes, Ele terá de punir de acordo com seus atos e privá-los da própria vida. Mas ainda que Deus diga que fará justiça sobre o mundo, Seus desejo maior é que todos vivam. Ele mesmo proclamou através de Cristo: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" - São João 10:10. E o Velho Testamento, muitas vezes mencionado como carregado de atos cruéis e desumanos proclama o conceito equilibrado do caráter de Deus nestas palavras: "Jeová, o Senhor Deus misericordioso e piedoso, TARDIO EM IRAS E GRANDE EM BENEFICÊNCIA E VERDADE; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade; que ao CULPADO não tem por inocente... - êxodo 34:6 e 7.

"TARDIO EM IRAS E GRANDE EM BENEFICÊNCIA E VERDADE"!? Bem. As iras no Velho Testamento não foram nada tardias, mas e quanto a Grandeza em beneficiência e verdade? Onde ela está?

Bem. Isso tudo só confirma o que qualquer estudioso da Bíblia de mente livre constata. Que o deus da primeira metade do Velho Testamento é um deus de teor Politeísta. Só assim frases do tipo "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra."(Ex 20:3-4) podem fazer algum sentido, pois são admissões tácitas da existência de outros deuses que não deviam ser adorados.

Com isso, todas as chacinas ficam explicadas, pois tratam-se apenas de guerras entre nações e consequentemente entre deuses, presentes em todas as culturas. Mais tarde, principalmente a partir dos Profetas, é que o Monoteísmo começa a de fato ser articulado, visando a conferir num povo no cativeiro uma identidade social coesa.

Isso explica também o antagonismo entre o Velho e Novo mandamentos, e me deixa ainda mais convicto de que os Judeus estão certos em considerar o Cristianismo como um inacreditável equívoco conceitual no que se refere a sua estrutura literária.

Com isso todas as contradições ficam justificadas, como sendo meros erros, confusões, cometidas por pessoas simples ao longo do tempo, mas que o revestimento de sacralidade obrigou a levar para a frente e se esforçar para entender e explicar.

Creio que nada haja de ruim nesse processo histórico. Apenas trata-se de um povo lutando para sobreviver e criando um sistema religioso, diga se passagem, genial. Assim como genial foi também a articulação de Paulo de Tarso, e dos pais da Igreja.

Geniais! Ainda que alguns malucos. Mas apenas geniais, criativos e em geral bem intencionados. Nada de divinos.

Me impressiona porém, ver um cidadão do século XXI, que tem acesso a toda e qualquer informação que quiser, culto e inteligente, não só levando a sério tudo isso como sendo capaz de se anular como ente racional para aceitar uma autêntica torre de babel de informações contraditórias, simbólicas, herméticas e inconciliáveis, e dizer que está diante de pura, divina e luminosa Palavra de Amor e Sabedoria.

Que depois de enumerar tão bem e claramente toda uma miríade de genocídios e massacres destestáveis e aviltantes promovidos pela divindade Onipotente e Onisciente em que diz acreditar, ainda declara:

Podemos ter certeza de que Deus é sábio em Suas decisões, mesmo nas mais dramáticas aos nossos olhos. Podemos crer que Ele é amor e justiça e que Sua intenção é salvar.

Talvez eu deva lhe agradecer. Se eu ainda tinha alguma chance de voltar a ver na Bíblia algo de transcendente, essa chance acabou de ser definitivamente aniquilada. Acho que nunca vi uma tão sublime, espetacular e irreprovável demonstração do absoluto desrelacionamento da Bíblia com qualquer valor ético, moral, ou racional minimamente admissível. Eu não faria melhor.

Paulo, apóstolo dos gentios, tornou claros os motivos divinos em relação à raça humana ao declarar: "Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo lugar, que se arrependam; porquanto tem determinado um dia em que COM JUSTIçA há de julgar o mundo por meio do Varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-O dos mortos". - Atos dos apóstolos 17:30 e 31.

O próprio mandamento "ama o teu próximo como a ti mesmo", encontrado no Novo Testamento, foi dado no princípio ao povo de Israel e está registrado no Pentateuco. Seu problema, meu caro, é que você não sabe relacionar as passagens bíblicas. Por isso, você encontra tanta contradição. Claro, você não vai concordar comigo.

O meu problema, é que eu não tenho arreios dogmáticos nem filtros mentais tão eficientes que consigam me fazer ver um triângulo onde existe um círculo, por isso, jamais poderei concordar que um ASSASSINO IMPIEDOSO E CRUEL possa ser um deus de infinita SABEDORIA e AMOR. É uma simples questão de lógica, e até você mesmo é capaz de notar a fraqueza de sua argumentação por mais comprometido com esse sintetizador psíquico que é sua religião.

Não se esqueça do proverbial pensamento: "O mesmo sol que derrete a cera endurece o barro". Pra um bom entendedor...

Ou, a mesma luz que derrete a razão de uns, endurece o bom-senso de outros.

Tudo bem, eu posso estar, como dizem alguns de meus visitantes, com os olhos selados pelo "deus deste mundo", talvez, como dizia Descartes, haja um gênio maligno me iludindo, talvez haja uma Matrix simulando uma realidade a minha volta.

Mas eu percebo o grau de certeza que os apologetas bíblicos e os fundamentalistas alegam ter. Eles juram, com todas as forças, que exergam a verdade absoluta, e pregam palavras de absoluto Amor e Sabedoria.

Alguns até mesmo dirão que certas ações genocidas e sanquinárias contra qualquer coisa que respire, parecem contrárias ao espírito de Amor e Misericórdia estipulado em outras partes de sua Revelação, mas que são na verdade os ditames da sabedoria e bondade infinitas!!!

E dessa forma, um fanático pode explodir uma bomba e matar mulheres e crianças, ordenar o bombardeio de uma população civil, arremessar aviões contra prédios ou ordenar tanques de guerra para exterminar civis, e ainda assim ter certeza de que está segindo os ditames da sabedoria e bondade infinitas. Que ainda que essam ações pareçam inequivocamente ser insanidades homicidas e psicóticas, são na verdade uma coisa Santa e Justa.

E o pior é pensar que há um desses no comando do maior arsenal químico, biológico e nuclear do mundo!

Sinceramente...

Marcus Valerio XR
EVO@XR.PRO.BR
04 de Junho de 2003
Demorei mais de um ano!

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