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Marcus Valerio XR

Nova Mensagem de

Flávio Macedo Pinheiro

flamapi@bol.com.br

Em Continuação à Mensagem 38

Meus comentários estão em AZUL.



Olá XR!

Olá Flávio, bom tê-lo de volta.

Desculpe-me pela demora em escrever de novo uma mensagem, mas é que a correria do cotidiano me deixa cansado e fico sem pique de escrever. Vale lembrar também que você também não escreveu nada além da resposta na outra vez que escrevi, que foi no fim do ano passado.

Sem problemas, e eu não escrevi nada por achar que estava na sua vez, não?

Tenho acompanhado sua página e notei que muitos evangélicos dogmáticos tem conversado contigo (costumo diferenciar fundamentalistas de dogmáticos).

Gostaria que me explicasse a diferença que você estabelece, pois esses conceitos tendem mesmo a se confundir. Como é possível estabelecer um fundamento absoluto sem um Dogma? O único fundamento absoluto não dogmático seria um axiomático, tal como o "Penso/Sinto Logo Existo", que é pouco para fundamentar uma religião ou ideologia. Os Fundamentos do Cristianismo por exemplo são Dogmáticos, portanto um Fundamentalista cristão necessariamente será dogmático nesse sentido. Da mesma forma se você crê em dogmas, automaticamente crê nos fundamentos, e a diferença entre Fundamentalismo e Dogmatismo no que se refere a Religião é mínima.

Caso não se lembre, sou protestante e fundamentalista, pois não entendo como uma ideologia pode não possuir um fundamento - um absoluto! -; pois se não existe este ponto de partida, caimos em um relativismo total, e não temos como justificar as atitudes do homem.

Claro que temos. Veja as constituições civis por exemplo, elas não se baseiam em preceitos absolutos, a não ser que você considere a busca pelo bem estar social e integração entre todos os indivíduos como um princípio absoluto. Apesar de serem relativas, demonstram que é plenamente viável estabelecer uma série de parâmetros que permitem estruturar um sistema ideológico, político, social e ético.

Notei que sempre discutem aqui sobre a teoria da criação. Na minha opinião, adoto a teoria da criação poe conveniência, não por ela ser científica, pois não acho que Deus tenha de agir de acordo com a ciência. Estou parecendo dogmático, né?

Talvez, mas está sendo honrosamente honesto, mesmo porque o Criacionismo não é Científico, como o próprio fato de todos os Criacionistas serem religiosos denuncia.

Vou tentar explicar melhor. Não nego a importância da ciência, mas percebo que ela tem dois pontos fundamentais:

1)Explicar COMO Deus fez sua obra;

2)Negar a existência de Deus.

A Ciência é apenas o resultado de um método de investigação com certas peculiaridades de precisão e eficiência. Ela não tem um objetivo em si própria, quem o tem é aquele que usa a Ciência.

No caso, a maioria dos cientistas usa a Ciência como ferramenta para compreender o funcionamento da realidade, já os criacionistas por exemplo tentam usar a Ciência, a fim de defender a literalidade da Gênese. A grande diferença é que os primeiros estão dispostos a aceitar os dados que a natureza revela independente de quais forem, os segundos não aceitam dados que contradigam sua fé, preferindo ignorá-los ou reinterpretá-los conforme determina a fé.

Jamais foi objetivo da Ciência negar a existência de Deus. Porém alguém pode tentar utilizá-la para tal, assim como também o pode para o inverso.

Se não me engano, você fala que a ciência se preocupa em explicar como ocorreu o processo de criação (no caso, com a evolução), mas fala também que não cabe a ciência explicar se havia algo antes, ou o POR QUE dessa criação (é algo assim que você fala em um dos seus comentários não é? faz tempo que eu li...).

Sim. Porque o que havia antes do princípio do Universo, no caso do Big-Bang, e cientificamente inacessível. Também não pode se ocupar com Porquês, pois estes são julgamentos subjetivos, enquanto o objeto de estudo da Ciência é objetivo.

A criação, não precisa ser científica, como muitos ficam tentando brigar, pois ela ou a evolução não possuem provas empíricas, são apenas "fés".

A criação não só não precisa como NÃO PODE ser científica. NÃO EXISTE CRIAÇÃO! Em lugar algum, de modo algum, em situação nenhuma pode-se constatar fenômenos de fato CRIATIVOS. O que sempre se vê são TRANSFORMAÇÕES. Evolução se baseia em Transformação, fenômeno que ocorre a todo instante na natureza como inúmeras experiências empíricas podem demonstrar.

Portanto Evolução não é apenas Fé! Ela é uma constatação inevitável devido aos dados que a natureza apresenta.

Em minha outra mensagem você fala que a razão é incontestável, e isso eu concordo; mas você iguala racionalismo com a razão e muitas vezes, o racionalismo é subjetivo (uma fé!), e não possui uma razão provada (nossa! quanta razão e racionalismo! - risos).

O que afirmei é que um raciocínio devidamente redigido pode levar a uma conclusão incontestável, e dessa forma a Razão é demonstrável, o que a torna totalmente diferente da Fé, que você antes havia atribuído o mesmo nível de certeza que o Racionalismo.

De fato Razão e Racionalismo podem ser distinguidos, tal como Criação e Criacionismo, mas no sentido em que expliquei, como o Racionalismo é baseado na Razão, eles podem ser igualados. Em contrapartido não há uma Fé e um "Féismo".

Mas concordo que há influencia subjetiva na opção de uma pessoa por uma postura racionalista. Uma vez que a Razão não pode explicar tudo, ela possui seu grau de incerteza e limitação. Mesmo assim o Racionalismo será sempre capaz de promover demonstrações. Coisas que a Fé nunca pode fazer, por ser uma experiência totalmente subjetiva.

Também não vejo como razão só o empirismo.

Claro que não. Empirismo não é Razão. Não há qualquer relação direta a princípio. Não precisamos estabelecer uma conexão racional para aprendermos por experiência que o Fogo queima nossa pele, o que podemos é, uma vez tendo obtido tal experiência, usar a Razão para compreendê-la, aumentando nosso conhecimento das relações de Causa e efeito.

Ex: todos sabem que existe o amor, mas alguém me explique como ele surge e por que, ou me expliquem o que ele é. Sabemos que não haverá uma resposta absoluta.

Primeiro você tem que me dizer o que entende por Amor. Dependendo de sua definição é possível sim explicá-lo. Pode-se considerar o Amor Erótico, que está ligado a instintos reprodutivos, o Amor Filial e Fraternal, que se relaciona a instintos de proteção da prole e de agrupamento, ou poderia-se estar falando em definições mais elevadas de Amor, o que nos levaria para além do Biológico.

Porém uma coisa é certa. Realmente não haverá uma resposta absoluta.

Falando de religiões de um modo geral, elas servem para justificar as atitudes do homem. Todas elas, de uma forma ou de outra, justificam o uso da Regra de Ouro. Se não existe nenhum fundamento, sendo tudo relativo, não podemos criticar a injustiça por exemplo, pois seria injustiça para uns e não para todos, já que não temos em princípio universal a seguir.

Depende de que nível de relativismo você estabelece. Se a visão for muito limitada, pensando só no Bem Estar próprio ou de seu próprio grupo, injustiças podem ser praticadas. Se você amplia essa visão de modo a abarcar vários grupos, sociedades e peculiaridades, pode chegar num consenso Universal que ainda que não Absoluto, é suficiente para aplicação prática.

Por outro lado um Fundamento Absoluto deveria ser capaz de solucionar e resolver qualquer dilema sem incorrer em injustiça. Desafio-o a me mostrar que fundamento seria esse. O que se tem visto são Fundamentos que se declaram absolutos ao longo da história, mas que invariavelmente levam às mais atrozes formas de injustiça, como destruição de culturas alheias, guerras religiosas ou intolerância, tudo porque não se foi capaz de perceber a relatividade entre as culturas, entre as opiniões, idéias e pessoas.

Você afirma ser agnóstico e teísta, e perdoe-me se vou ofendê-lo, mas isso uma atitude de covarde.

!!!

Porra...

É assim que funciona?!

Perdoe-me se vou ofendê-lo, seu #@X%&$!!!

Pois afirma não se saber se existe ou não algo absoluto, e afirma crer em algo absoluto (queira ou não, se admitimos a existência de Deus fatalmente chegaremos nisso).

Porque ao invés de ter se apressado em me chamar de covarde, poderia ter deixado seu absolutismo de lado e tentando verificar melhor em que situações eu empreguei esses termos, que aliás eu gostaria que você me mostrasse. Eu me declaro Teísta no que se refere a minha concepção de Causa, Finalidade, transcendência e outros conteúdos de caráter filosófico. No que se refere a minha postura pragmática, minha atitude no mundo, me comporto como um Agnóstico, ou mesmo um Ateísta Fraco.

O principal motivo é que não há uma definição precisa para o termo, eu possuo um concepção Teísta tão particular que dependendo do contexto funciona como Panteísmo, Holoteísmo ou Ateísmo. A dificuldade que tenho encontrado em localizar minha visão Teísta não me deixa escolha melhor do que me declarar genericamente Agnóstico, ainda que fortemente propenso a uma possibilidade Teísta particular.

Na faculdade costumamos dizer que o agnóstico é aquele que não tem coragem de admitir que é ateu, ou tem vergonha de ser cristão; não sei se esse é seu caso, e nem acho que seja, mas muitos são assim.

Que faculdade seria essa? Teologia? O Agnóstico é aquele que fazendo uso do Ceticismo e reconhecendo a limitação da Razão, admite que é impossível chegar a uma certeza absoluta a respeito da existência ou não de Deus. Essa me parece a postura mais sensata. Ela tende a funcionar como o Ateísmo Fraco, mas a possibilidade fica aberta.

O que me parece é que mais uma vez temos um caso de alguém que não admite a neutralidade. Ou É ou não É! Ou está comigo ou está com o outro não?! Ou crê na Bíblia ou não crê! Ou Vai pro Inferno ou vai pro Céu.

Sinto muito. Prefiro ficar mesmo em cima do muro, de onde posso ver os dois lados.

Tenho muito mais a falar, e acho que posso ter formulado de maneira errada algumas idéias (é madrugada, tô com sono...). Espero que possamos levar essa conversa adiante, mas já falei muito e deixarei mais para a próxima vez.

Já estamos levando. Pode mandar mais.

Ah! fazendo um comentário a sua resposta ao visitante 70, hoje existem sítio arqueológicos que admitem a existência de um dilúvio na antiguidade sim.

Poderia citar referências?!

Mais uma vez desculpe se te ofendi.

Já ouvi acusações similares de comodismo, indecisão ou similares para definir posturas Agnósticas e similares. "Covarde", foi um termo um pouco pesado, porém revelador. Ou terá sido o sono?

Eu seria capaz de inferir que você quer dividir o mundo em duas facções distintas antagônicas, como se fosse haver uma guerra, e acha que todos tem que assumir seu lado. Os que não o fizerem são covardes por não quererem ir a esse confronto. Qualquer semelhança com NeoPentecostalismo, e/ou Rebecca Brown não é mera coincidência.

Deus te abençoe e até a próxima!

Flávio

Thursday, May 18th 2002 - 05:31:40 AM

De qualquer modo obrigado Flávio, e esperarei sua próxima mensagem.

Desculpe se me ofendi.

Marcus Valerio XR
evo@xr.pro.br
23 de Maio de 2002

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