A Moeda Mística

Marcus Valerio XR

(Recomendado para conhecedores da obra de J.R.R.Tolkien)

Parte I

– E eu pensava que conhecia a Terra Média! – Dumpal exclamou após olhar o cenário a sua volta num giro de 360o. As montanhas que circundavam a planície por onde cruzavam, um lago seco, tinham as formas mais estranhas que ele já vira, pareciam prestes a se mover com passos gigantescos.

Notando sua apreensão a elfo lhe disse carinhosamente. – Não precisa se preocupar, elas estão mortas há muito tempo. – A voz de Kalmira era uma carícia aos ouvidos de Dumpal, assim como aos de Olmim, o jovem anão e até ao fiel cão pastor Balrog. Apenas Folstag, mais a frente, parecia não simpatizar muito com ela, era um homem de uma terra isolada cujos habitantes nunca se deram bem com os últimos elfos.

– Não é preocupação, só estou impressionado. – Dumpal muito calmamente acrescentou após curtir o breve êxtase que a voz da linda elfo sempre o provocava após um prolongado período de silêncio. De todos era o que mais se encantava com sua pele dourada, cabelos prateados, andar de dançarina, e sabedoria de quem já vivera muito mais que qualquer humano como ele ou Folstag poderiam sonhar.

Este por sua vez após aparentar indiferença na conversa, se aproximou animadamente aos gritos amistosos como sempre conversava. – Ora homem! Por que não admite logo que está com medo!? – E gargalhou mostrando seus dentes de ouro que contrastavam com uma barba negra e suja e uma pele suarenta e mal cuidada. O hálito de bebida de erva fazia-se sentir cada vez que falava. – Ouvi dizer que há muito tempo esse lugar foi palco de batalhas terríveis entre gigantes, e que essas montanhas são alguns deles que foram enfeitiçados por feiticeiros cinzentos!

O pequeno Olmim sempre se retraía quando ouvia essas histórias, apesar de descendente de bravos anões guerreiros ele não era dado a ação, só tendo acompanhado Dumpal nessa jornada graças a sua profunda amizade. Ao ver o jovem anão que ainda sequer tinha barba ficar com medo, Folstag sempre provocava. – E sabe o que mais!? Acho que eles podem acordar a qualquer momento e nos esmagar! – As últimas palavras foram acompanhadas de um gesto ameaçador que fez o pobre anão recuar de susto.

Dumpal e Kalmira achavam graça, Folstag não era um mal sujeito, era apenas mal educado. Ainda pensativo a respeito do passado daquelas montanhas Dumpal gritou. – Olmim! Não deixe ele te assustar! Nada demais acontecerá não é Balrog? – O cão marrom de focinho médio veio alegremente pulando na direção deles e logo levantou as patas da frente para se apoiar em Olmim.

Aquele simpático animal pertencente a Folstag depunha muito em seu favor, Kalmira sabia que animais dóceis como ele não se afeiçoariam a homens maus, mas Olmim fizera tanta amizade com o bichinho que as vezes até parecia dele e Dumpal achava ótima a companhia do animal que podia pressentir qualquer perigo. Sabia que enquanto Balrog estivesse tranquilo e brincalhão não tinham o que temer.

Após a breve parada de contemplação do imponente cenário a volta deles os 5 retomaram a marcha. Folstag ia sempre mais atrás e afastado um pouco do grupo, como se vigiando ou procurando alguma coisa, talvez algo valioso, havia outras lendas neste estranho local que falavam em tesouros perdidos. O cãozinho Balrog, que apesar do nome não assustava ninguém, ficava transitando entre eles, hora desaparecendo no mato em perseguição a algum pequeno roedor. Olmim seguia logo atrás de Dumpal e Kalmira, insistindo em carregar a maior parte do peso e admirava os dois a sua frente que por vezes pareciam um casal. Lamentava os elfos serem cada vez mais poucos.

Kalmira as vezes caminhava de olhos fechados tal como o jovem rapaz as vezes fazia dormindo, sentindo o vento agitar seus cabelos, se comunicava com a natureza ficando ainda mais bela. Dumpal que liderava a pequena expedição divagava ao observar seu perfil, ninguém sabia, talvez apenas Olmim, e nem deveria saber, mas ele era apaixonado por ela.

Foi o único trecho da viagem que lamentou não poderem ter cavalos, haviam vencido uma escalada que seria impossível para animais quadrúpedes grandes e provavelmente ainda encarariam mais uma, mas naquele lugar plano e vasto, até carruagens pesadas poderiam correr sem problemas.

Enquanto seguia ainda admirando o cenário sentia-se bem com o fato de ter se surpreendido com aquele lugar. Já estava achando a viagem monótona. "é uma pena eu não poder capturar essa imagem em um quadro. Mas... Não sou um bom pintor!" Dumpal por vezes tinha pensamentos estranhos, sobre o que poderia ter sido ou feito no passado, achava por vezes ter disposto de recursos que não mais existiam.

Aquela era uma viagem sobretudo de auto descobrimento, servia para ele buscar uma resposta para suas indagações. O jovem Dumpal não era um homem comum, era sem dúvida o mais enigmático que todos ali conheciam mesmo Kalmira com seus séculos de vida. Ele mesmo não sabia qual sua idade, algo em torno de 16 a 19 anos e pensava em quantas vezes a idade de Kalmira não somava a dele. Pior do que isso! Era em suas origens um desmemoriado, não tinha certeza de onde nascera, de quem eram seus pais ou sua terra, mal tinha certeza de seu nome.

Como explicaria então sua quase total sapiência a respeito de quase tudo?

Dumpal sempre impressionou por onde passava, conhecia tudo, sabia detalhes da história recente e antiga, tinha conhecimento de regiões distantes e mesmo nunca tendo sido um feiticeiro tinha vastos saberes sobre magia. Onde tivesse a oportunidade de falar fazia passar por um sábio tanto ou mais velho que Kalmira. De onde vinha tanta informação?

Todos respeitavam e admiravam Dumpal, era considerado o "jovem sábio", por vezes chamado o "moço ancião". Na verdade alguns até tinham medo dele, apesar de seus curtos cabelos marrons, olhos claros, estatura e porte físico franzinos e barba sempre feita não serem capazes de assustar ninguém. Mas havia quem achasse ser ele um feiticeiro cinzento disfarçado, ou algum tipo e truque ou artimanha dos elfos da floresta negra, que ultimamente enviavam espiões para todas as partes das terras.

O próprio Dumpal por vezes se questionava se não tinha mesmo algum envolvimento com feitiçaria no passado. Como explicar sua ignorância sobre sua infância? E seus hábitos estranhos? Dentre eles um tipo esquisito de sonambulismo, momento em que Olmim sempre que possível o vigiava. Era por tudo isso que partia nessa viagem.

Ouvira falar de um feiticeiro do leste que tinha uma habilidade incomum de reavivar a memória e recordar o passado das pessoas. Dumpal partia em seu encontro. Mas esse não era o único motivo dessa viagem, eles buscavam com esse mesmo feiticeiro uma poção que curaria os habitantes da pequena aldeia de Bomandis, que sofriam de um tipo de sono interminável há décadas, provavelmente vítimas de bruxaria.

Kalmira que admirava Dumpal consentira em acompanhá-los, Olmim sempre fiel, já o seguira por mais lugares que qualquer outro anão de menos de 50 anos pudesse antes ter andado. Isso lhe dera algum respeito em sua aldeia, ser amigo do notável Dumpal tirou dele o apelido de Hobbit que seus primos mais velhos usavam para escarnecer de sua jovial aparência, sem barba ou disposição para luta.

Folstag concordara em ser um misto de guia, só ele já andara por aquela região recentemente, e guarda-costas. Era um formidável guerreiro, descendente de heróis que lutaram na terrível guerra do anel contra Mordor, e ele e seus irmãos certa vez realizaram a incrível façanha de matar um dragão que embora velho, era muito temido nas terras no norte. Ele também seguia por dinheiro mas não seria seus amigos que o pagariam. Sabia que num local daquelas terras havia muitos tesouros escondidos mas a maioria estava guardada após o desfiladeiro da muralha que era protegido por um feiticeiro. Ele não permitia a passagem de ninguém que não respondesse a algumas enigmas quase impossíveis, mas tinha certeza que Dumpal conseguiria decifrá-los.

De todos só Kalmira não apresentara um objetivo pessoal claro, com certeza tinha algum mas o mantinha em segredo, provavelmente a curiosidade dela e de seu povo elfo a respeito da incrível sabedoria de Dumpal.

Mas ela também não era a única a guardar segredos pois Dumpal tinha um objetivo oculto, além de lembrar seu passado e liderar a busca pela poção mágica. Ele sabia que Narzamidra, o feiticeiro que procuraria, tinha informações que poderiam ajudá-lo a realizar seu maior sonho. Casar-se com Kalmira. Um humano e uma elfo casados?! Era um absurdo ele sabia. O povo élfico em princípio de extinção jamais aceitaria. Mas ele sabia que havia um meio de convencê-los, talvez se provasse ou descobrisse que havia algo élfico em sua origem, o que explicaria em parte sua sabedoria, ou talvez se pudesse realizar um grande feito. Algo para o rei élfico ou mesmo para Kalmira. Talvez assim ele pudesse conseguir realizar sua maravilhosa fantasia.

E assim, como propósitos diferentes mas um objetivo comum, os 5 rumaram em direção ao desfiladeiro.

A noite já dominava o cenário mas a lua tornava tudo claro. Pararam para acampar na beira de uma estrada entre as montanhas. No dia seguinte chegariam ao seu objetivo. Folstag e Olmim deliciavam um pedaço de galinha do mato que o fiel Balrog ajudara a caçar e também a comer. Dumpal preferia dividir com Kalmira alguns vegetais secos que trazia na mochila e pães élficos de viagem, não pelo gosto palatal em si mas pela oportunidade de estar próximo dela. Tentando não se expor, não tornar evidente sua paixão, ele aproveitava qualquer oportunidade de a acompanhar.

Se perguntava se essa ligação íntima com ela não fosse algo de seu passado perdido. Sabia que nada havia de elfo em seu sangue, era humano puro, mas sua mente sentia possuir algo a mais com aquela bela criatura. As vezes sentia por vezes uma ligação parental, como se um fosse responsável pelo outro. Se Kalmira tinha a resposta ela nunca o dissera e provavelmente jamais diria, por motivos que só os elfos entendem.

Em volta da fogueira Folstag puxou a conversa. – Amanhã estaremos a frente da porta da muralha do desfiladeiro! Acho bom que consiga responder os enigmas Dumpal pois temo pela segurança dos que não conseguem.

– Espere só para ver, nada há que meu nobre senhor Dumpal não saiba! Esse feiticeiro terá uma surpresa! – O anão intercedeu com toda a confiança do mundo.

– O que acontece com quem não responde os enigmas Folstag? – Indagou Dumpal tentando ocultar sua preocupação. O robusto homem barbudo entrou num tom mais descontraído enquanto se preparava para morder seu último pedaço de carne. – Na verdade nem sei se é um feiticeiro. O nome dele é...Não me lembro muito bem mas creio que seja Salagim. Pode ser alguma criatura amaldiçoada ou mesmo...Um elfo!

A última frase foi uma espécie de indireta a Kalmira e sua raça.

– Isso não é nome de elfo. – Kalmira sorridente retrucou e Dumpal ignorando a hostilidade completou. – Também não me parece ser qualquer feiticeiro, parece mais...

A interrupção enervou Folstag. – Parece mais o quê homem!?

"Dragão?" Pensou Dumpal mas preferiu não dizer. – Não tenho certeza. Mas não se preocupe, responderei os enigmas.

Dumpal tinha confiança absoluta no que dizia, no fundo sabia que não haveria pergunta que ele não desse resposta pois estas eram geralmente sobre feitos do passado ou personagens lendários.

– Conte uma história Dumpal! – Pediu Olmim.

– Sobre o quê?!

– Qualquer coisa! Sobre dragões! Você nunca terminou aquela sobre o dragão que vigiava o tesouro roubado dos anões!

– Há! O tal de Smaug! – Interveio Folstag. – Já ouvi falar mas nunca soube direito. é verdade que ele enfrentou um feiticeiro Hobbit?

Dumpal tomou folego, sabia que seria uma longa história. Logo todos os acompanhavam, mesmo o pequeno Balrog que parecia entender cada palavra. Dumpal notou também que o que mais gostava era a forma como Kalmira o olhava, admirada com sua narrativa. Ele fazia tudo para chamar-lhe a atenção.

– ...Então com o anel Bilbo conseguia se tornar invisível e ficar longe do alcance de Smaug, que tentando ganhar tempo falou mais do que devia, deixou claro uma fraqueza a respeito de sua armadura.

– Mas como o tal Bard ficou sabendo disso para lhe acertar uma flecha justo nesse ponto? – Interveio Folstag. – é isso que ninguém me fez entender até hoje. Não acredito que tenha sido pura sorte!

– Bem. Essa é a parte interessante. Sabiam que quem lhe contou foi um pássaro? – Dumpal perguntou como sentindo estar prestes a contar um segredo.

– Um pássaro?! – Olmim e Folstag exclamaram. Kalmira embora curiosa não se impressionou tanto.

– Sim. Ele havia ouvido a conversa entre o Hobbit e o Dragão...

E Dumpal continuou a contar com detalhes o que mais ninguém sabia tão bem. A incrível jornada do Hobbit Bilbo Bolseiro nos acontecimentos que precederam a guerra dos 5 exércitos. Logo depois adormeceram.

Descortinando o névoa da manhã eles seguiram rumo ao objetivo. No fundo do vale entre penhascos altos, avistaram crianças que os observavam. Os povos daquela região eram arredios e curiosos e possivelmente já espalhavam a notícia de que forasteiros estavam a caminho para desafiar os enigmas da muralha do desfiladeiro.

Foi um final de jornada longo, todos estavam exaustos, Folstag mal humorado e até Balrog estava inquieto. Pouca vegetação e um ambiente claustrofóbico contribuíam para uma sensação cada vez mais desagradável. Até o almoço, único momento que eles viram diretamente o sol por entre as rochas, fora nervoso. Dumpal sabia do que se tratava, estava observando cada detalhe daquela região, sinais de incêndio e já quase não mais tinha dúvidas. Balrog farejava algo de que não gostava e parecia cada vez mais desconfiado. Quando já ao cair da noite, guiados apenas por um luz mística de Kalmira, viravam um curva que pressentiam ser a última ele finalmente declarou. – Estou quase convencido que o tal vigia da porta da muralha é...

E um rugido horrendo seguido de uma rajada de fogo iluminou o cenário, bastaram mais dois passos para que todos vissem. – ...Dragão! – Terminou Dumpal.

Era uma criatura assustadora, devia ter uns 15 metros de comprimento até o fim da cauda. Tinha as escamas alaranjadas e olhos totalmente vermelhos que pareciam brilhar. As asas mal cabiam por entre o penhasco mas poderia facilmente usar as garras para escala-lo se quisesse ganhar campo aberto para voar.

Folstag estava agitado. – Dragão! Maldição! Dragão! Sempre me disseram um monte de besteiras mas nunca que o tal vigia era um dragão!

Olmim completou desesperado. – Quando começo a acreditar que eles estão extintos me acontece uma coisa dessas!

– Eles não estão extintos. – Completou Dumpal sem medo. – Ainda existem uns poucos, os últimos.

– Pois se esse for o último pode considerá-los extintos! – Exclamou Folstag avançando rumo ao dragão. Espada em punho, escudo e lança no outro braço, o corpo já bem protegido por uma semi armadura de metal que lhe permitia agilidade.

– Folstag! Não! – Gritou Dumpal. – Não seja louco!

– O que ele está fazendo?! – Olmim perguntou. Balrog estava encolhido e apavorado atrás do anão embora fosse um cão corajoso. Kalmira pela primeira vez em toda viagem levantou a voz. – Folstag! Sei que já matou um dragão mas você não estava sozinho, e aqui não há onde se esconder!

Folstag seguia resoluto e intemerato rumo a fera que o aguardava pacientemente. As vezes Olmim podia jurar que o monstro sorria.

Dumpal estava num dilema. Folstag por mais bravo e habilidoso que fosse dificilmente poderia vencer sozinho. O jovem líder não queria que ele morresse mas se intercedesse agora poderia morrer também.

Dumpal não se considerava um guerreiro mas estava com sua espada e sabia manejá-la bem. O próprio Folstag elogiara suas habilidades de espadachim mas Dumpal nunca se empolgara com isso. Ele já estava prestes a se juntar ao amigo mas Kalmira o deteve. – Não Dumpal! Não é seu destino morrer agora! Não!

Ele estava num dilema, queria ajudar mas sabia que provavelmente morreria também. Kalmira usando apenas a delicadeza conseguira paralisa-lo mas também tornava suas idéias mais claras.

– Folstag! Tente responder as perguntas! – Ele gritou.

O veterano guerreiro já estava frente e frente com o dragão quando o monstro perguntou com uma voz indescritível e aterrorizante. – Vai tentar responder ou apenas quer que eu o mate?

Folstag parecia surpreso com a iniciativa do dragão e nada disse. A fera continuou. – Foi a primeira pergunta. Agora vamos a segunda. Quem foi seu pai?

– é essa a pergunta?! – Falou Olmim impressionado. Se fosse assim até ele responderia. Mas ao mesmo tempo a mesma pergunta deixou Dumpal muito preocupado, pois era justamente aquilo que ele não sabia.

Folstag hesitou e respondeu. – Sou filho do bravo Galdenar, que nasceu nas terras do norte, viajou por todo mundo, foi cavaleiro consagrado e herói invencível!

– Muito bem! – Respondeu o dragão. – Agora a terceira e última pergunta, como não respondeu a primeira se errar esta morre! Qual era o nome do meu irmão? O dragão que você e seus irmãos mataram!

Foi um choque para todos, o próprio Folstag ficou espantado. Sequer sabia que o dragão tinha um nome, aliás ele nem falara como este tal Salagim. Sabendo que não responderia a essa pergunta pessoal e mal intencionada e que a criatura o atacaria ele decidiu tomar a iniciativa e rápido como um raio investiu contra a fera com a lança.

Num movimento presto Salagim arrebatou-lhe a lança das mãos e o jogou contra a parede mas a reação imediata de Folstag impediram que as garras afiadas da criatura o matassem desviando-se e deixando o animal fincar as unhas na rocha ficando preso. Um golpe de sua espada arrancou sangue do braço da criatura mas esta num golpe de cabeça arremessou o guerreiro longe, só não o perfurando com o chifre graças a seu resistente escudo.

Uma rajada de fogo foi o próximo ataque da fera após libertar o braço, mas o escudo de Folstag, de forro interno revestido de borracha isolante, resistiu protegendo-o de ser queimado vivo e logo que o dragão recolhia folego ele arremessou uma adaga em seu coração. O tiro foi certeiro mas a lâmina não foi capaz de penetrar mais que na couraça dura do animal, ficando presa no osso e mal chegando a derramar sangue.

– Acha que sou tão descuidado assim? – Riu a criatura e logo em seguida vomitou mais chamas contra o guerreiro. Num movimento incrível ele saltou apoiando-se na parede rochosa e desviando por sobre a flama alaranjada. Um golpe preciso cortou o focinho da criatura causando muita dor. Uma patada brusca arremessou Folstag novamente para longe. Ele pretendia aproveitar o fato do animal estar num ambiente estreito de onde não poderia voar rapidamente ou mesmo virar o corpo. Ele puxou e lançou outra adaga desta vez mirando a cabeça do animal mas a fera se desviou deixando a adaga se perder no vazio.

Folstag então se abaixou da outra rajada de fogo, mergulhando num movimento raso rumo a criatura e após um rolamento pretendia cravar sua espada no coração da fera. Com as garras dianteiras Salagim bloqueou o golpe, lhe tirou a espada e então o arremessou longe outra vez. Folstag sacou um machado atacando de novo. Era a melhor oportunidade pois sabia que após 3 sopros de fogo progressivamente mais curtos o animal estava precisando tomar folego.

O dragão então levantou-se e de pé parecia ainda mais ameaçador, tirara seu peito vulnerável do alcance do guerreiro mas este continuou avançando e com uma machadada decepou-lhe um dos dedos da pata traseira. Salagim urrou de dor mas estando de pé deixara sua cauda livre e uma chicotada violenta acabou com a iniciativa de Folstag. O impacto o jogou metros acima chocando-o contra a parede e sem muita reação ele caiu ao chão.

Dumpal que já estava a acreditar na vitória de Folstag tentou agir mas antes que pudesse fazer qualquer coisa um chuva de fogo selou o destino do guerreiro. A fogueira humana mal se debateu, atordoada com o impacto do golpe da cauda. Era tarde demais para Folstag.

O jovem líder se sentiu culpado pela morte do companheiro e num misto de emoção irracional e intuição inexplicável avançou rumo a criatura sem sacar sua espada. Estava tão resoluto que nem mesmo os últimos espasmos de Folstag foram capazes de lhe tirar a concentração. Ao passar da imaginária mas evidente linha limite e estar de frente ao monstro para o desespero de Kalmira e Olmim, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, o dragão abriu o diálogo.

– Espero que não seja tão estúpido quanto seu companheiro, mas se for não há problema para mim. Você me parece alguém inteligente, portanto, não facilitarei. Vai responder as perguntas?

– Sim! – Respondeu Dumpal com determinação. O dragão continuou enquanto alisava o dedo do pé decepado.

– Pois bem. As folhas que lá caem têm todas as cores, os elfos que lá vivem sabem todas as canções. O alto das árvores abrigam suas casas e a senhora que os reinava tinha nas mãos uma luz mais brilhante que a do dia. De que lugar eu falo?

O dragão que acabara de retirar a adaga cravada da couraça do peito tinha um sorriso maligno a ameaçador, como se no próximo movimento fosse acabar com o jovem desafiante, mas a resposta resoluta e instantânea de Dumpal o deixou surpreso.

– Lothlórien!

Os olhos arregalados da fera revelaram o que sua voz tentou esconder. Disfarçando a surpresa perguntou novamente.

– Quem caminhava pelas florestas e vales mais sombrios armado apenas com suas canções? Nada temia e a tudo vencia, sem medo ou ódio, receio ou tristeza. Não fosse por ele Sauron a todos teria subjugado, embora os dois nem de longe tivessem se encontrado. De quem eu falo?

Dumpal pensou em mais de uma resposta, e escolheu. – Tom Bombadil!

O Dragão recuou admirado e pigarreando deixando claro ter ficado irritado.

– Ora vejam só. Até que enfim alguém que poderia mesmo passar pela muralha. Mas vamos ver se é capaz de solucionar o seguinte desafio. Qual a era a natureza dos anéis do poder?

"A natureza dos anéis?" Essa deixou Dumpal intrigado, não que não fosse capaz de responder mas não entendera bem a pergunta. Seria do que eles eram feitos? Para que foram feitos? Era uma resposta simples ou mais extensa? Então teve um estalo e lembrou não sabia de onde, um verso que resumia tudo.

– Três anéis para os reis elfos sob este céu

Sete para os Senhores Anões em seus corredores rochosos

Nove para os homens mortais fadados ao sono eterno

Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono

Na terra de Mordor onde as sombras de deitam...

Salagim não conseguia acreditar no que ouvia, ficou boquiaberto enquanto Olmim e Kalmira já sem medo, se aproximavam lentamente ouvindo Dumpal continuar.

– Um anel para a todos governar, Um anel para a todos encontrar

Um anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná–los

Na terra de Mordor onde as sombras se deitam.

O dragão recuou espantado. – Mas...Quem é você?! – A pergunta fez Dumpal estremecer. Dera sorte do dragão não lhe ter perguntado nada sobre seu passado como fizera com Folstag. Salagim então percebendo a mudança de confiança no jovem indagou mais uma vez. – Onde você nasceu?

– Três perguntas não foram suficientes? – Protestou calmamente Dumpal. A fera sorriu como se percebesse ter conseguido um trunfo. O objetivo das perguntas jamais foi apenas testar a sabedoria de quem quisesse adentrar a muralha do desfiladeiro, mas sim dificultar ao máximo o acesso ao velho feiticeiro Narzamidra, que aparentemente tudo sabia. O dragão aproveitou a oportunidade.

– Onde você nasceu? Responda ou morre!

Dumpal já se preparava para sacar a espada, sentia que poderia derrotar o dragão, ele ainda sangrava e estava um pouco assustado, como se pressentisse que Dumpal tivesse alguma magia perigosa. Talvez um movimento brusco e inesperado, ou um golpe de sorte conseguissem algum resultado. Ou quem sabe alguma magia realmente se manifestasse. Um inusitado vento fez Dumpal considerar seriamente essa possibilidade. Mas de repente interrompendo os pensamentos de todos uma poderosa voz surgiu entre as rochas.

– Basta Salagim! Deixe-os passar!

O dragão obedeceu acanhado, encolhendo-se num canto lembrando até Balrog quando se esgueirava atrás de Olmim. Os olhos vermelhos e brilhantes não deixaram os forasteiros momento algum.

Passaram rápido se espremendo entre as rochas e o corpo do dragão e na primeira oportunidade apertaram o passo até perder a fera de vista. Finalmente Olmim respirou aliviado após não mais ouvir qualquer som de Salagim.

O cenário não mudou de aparência nos próximos quilometros que andaram apesar das rochas mais baixas deixarem o céu mais a vista, o que nada adiantava naquela escuridão nebulosa onde nem mesmo a Lua poderia penetrar.

A ascensão cada vez mais íngreme fazia Dumpal sentir a consciência ainda mais pesada com a morte de Folstag. Só Kalmira conseguira acalmá-lo um pouco. Olmim vencia com mais facilidade a subida mas logo estava tão difícil que mesmo ele começava a se cansar, carregando inclusive o pequeno Balrog.

Então quando estavam prestes a parar para descansar avistaram uma enorme escadaria, de elevação também exigente mas bem menos torturante que o trecho de rochas que haviam vencido. Desistindo da parada subiram as escadas já um pouco animados e ficaram ainda mais quando avistaram entre a névoa uma casa ao topo.

Dumpal vinha pensando em qual não seria a decepção de Folstag ao não ver tesouro algum mas ao chegarem ao fim da escada, de frente para a casa viu ouro e pedras preciosas jogadas ao chão em torno da casa como se fossem lixo.

O dia estava prestes a nascer mas a escuridão dominava só sendo quebrada por pequenas tochas nas paredes rochosas da casa, além da luz branca e suave da elfo que os guiara. Uma grande porta de madeira se abriu e uma mulher envolta em mantos os convidou para entrar dizendo serem esperados.

Não hesitaram, dentro do recinto perceberam finalmente como lá fora estivera frio. Outras duas mulheres, pequenas e de idade indefinida ajudaram a lhes recolher os mantos e a carga. Os levaram a uma mesa onde serviram água, chá e pães, e avisaram que breve o feiticeiro Narzamidra iria vê-los.

Olmim estava intrigado com o fato de serem esperados mas Dumpal e Kalmira nem tanto. Não aguardaram muito, mesmo assim Olmim caiu no sono. Logo uma das mulheres veio levar o rapaz e a elfo ao misterioso feiticeiro.

Atravessaram um estreito corredor até chegar a um salão fechado onde a luz do sol não alcançaria nem mesmo no mais claro dia. Havia no centro do salão uma fogueira de chama azul, que bruxuleava iluminando o ambiente. Algumas partes da sala sumiam na escuridão, como se estivessem além do alcance da luz do fogo. Das trevas surgiu um vulto, seria mais alto que Dumpal se não estivesse ligeiramente recurvado. Coberto em mantos que não havia como saber se eram mesmo azuis. Um barba branca comprida descia de seu rosto que apesar de aparentar cansaço, também emanava poder. A voz entretanto nada tinha de fraca como seria de se esperar de um idoso, era potente e poderosa com a de um trovador no auge do vigor físico.

– Sou Narzamidra. Sei por que está aqui meu jovem. Na verdade eu o esperava.

Kalmira e Dumpal não se mexeram nem responderam. E o velho continuou.

– Dois motivos os trazem. Quanto aos enfermos de Bomandis, isso terá que esperar. Eu não sei exatamente qual a natureza da magia que os induz ao sono eterno, mas posso descobrir. Mas para isso, precisamos abordar o outro motivo. Você Dumpal.

– Eu? – Respondeu surpreso. – Mas por quê?

– Sinto pelo seu amigo morto a entrada deste vale. Pouco posso fazer por aqueles que sucumbem perante a maldição que me prende neste lugar. Só pude deter Salagim por que ele tencionava violar a regra de fazer apenas 3 perguntas.

Dumpal finalmente falou. – O que o prende aqui?

– Sou perigoso demais para ficar a solta. – Respondeu. – Sei muito sobre o passado e os mistérios do mundo. Mas não mais do que você Dumpal.

– E como sabe o que eu sei? – Retorquiu o rapaz. A voz do feiticeiro se tornou mais amigável. – Por que não é o primeiro a me procurar com o mesmo problema e nem será o último, apesar de você ter algo de especial.

– Estou nessa prisão há quase um século, mas não me lamento. Aqui a necessidade me fez partir para o conhecimento oculto e me aprofundei em mistérios do passado que despertam a cobiça inclusive dos que me aprisionaram. Enquanto eu permanecer aqui submetido a magia que me prende, nada podem fazer contra mim, portanto posso lhe dizer tudo sobre o que você procura.

Dumpal estava cada vez mais intrigado e fascinado. – E o que eu procuro exatamente?

Narzamidra deu novamente mostras de quem já respondera a aquela pergunta mais de uma vez. – Procura pelo passado, não só pelo seu passado mas pelo passado de tudo. Foi o conhecimento do passado da Terra e o do Universo que sobrepujou seu conhecimento sobre seu próprio passado. Conhecimento este que poderá conhecer até mesmo a cura do sono eterno, a qual nem eu ou qualquer outro feiticeiro temos.

– Esse passado é muito mais espetacular do que você pode imaginar Dumpal. Envolve não só a guerra do anel e antigos feiticeiros e guerreiros que lutaram secretamente contra Mordor, sem os quais ele teria vencido. Mas tem haver com feiticeiros de um mundo distante que vieram ao nosso lutar por um ideal, homens que sacrificaram sua própria existência para mudar totalmente de vida. Durante muito tempo eles foram tão ou mais poderosos que os grandes feiticeiros brancos e cinzentos, mas estiveram ocultos, escondidos sob o manto da normalidade enquanto na verdade eram seres que sabiam sobre o mundo muito mais do que todos pensavam saber, capazes até mesmo de criar parte desse mundo, até mesmo dar a vida a seres inteligentes, mas por isso mesmo esqueceram-se de quem eram, e correm o risco de esquecer muito mais. Pois já nem lembram de onde vieram e parte de seu poder provinha dessa lembrança. Caíram nas artimanhas do destino ignorando seu longínquo passado de um mundo além da imaginação de quase todos. Mesmo dos elfos.

– Você é um desses homens Dumpal! Veio de um mundo muito distante do qual já se esqueceu, mas para o qual precisa voltar regularmente, para que sua ignorância sobre seu passado não lhe roube seu poder. Precisa rever suas origens e os motivos que o trouxeram até aqui, e só quando se lembrar de tudo, você poderá fazer algo pelas pessoas que estão imersas no profundo sono interminável, e poderá então tomar partido proveitoso nos próximos e decisivos acontecimentos que assolarão a Terra Média. Você precisa voltar Dumpal!

Ele não sabia o que dizer, sentia que era verdade, por vezes olhava para o céu tentando se lembrar do que sabia sobre as estrelas, sobre o espaço e até sobre outros planetas. Seria de lá que ele veio? As palavras do feiticeiro repercutiram profundamente em seu ser e agora ele sentia mais do que nunca a necessidade de reaver seu passado.

– Como posso me lembrar?!

A elfo o observava com atenção, era um momento decisivo para Dumpal, ela tinha receio, não queria que nada de mal lhe acontecesse. Pressentia o perigo mas tinha que apoiá-lo. O feiticeiro a passos lentos sumiu na escuridão mas logo voltou, com o punho fechado deixando claro trazer algo dentro. Sem abri-lo ergueu a mão para Dumpal.

– Um de vocês não há muito tempo, previu essa possibilidade de que tudo se esquecessem. Então trouxe algo que baseado nos conhecimentos de seu mundo antigo e misterioso, permitiria que você voltasse a ele temporariamente para que se lembrasse de quem é. É um objeto estranho a este mundo, algo jamais visto e para o qual nenhum de vocês, grandes homens sem passado, deve sequer olhar sem estar preparados e desejosos de relembrar. Mesmo eu não me atrevo a olhar diretamente para o que está em minha mão, por isso o guardo na escuridão.

Ele tomou uma das mãos de Dumpal e depositou o estranho objeto sem que pudessem vê-lo, fechando-a depois.

– Deve se preparar e pensar bem Dumpal. Pois existe um certo risco, um perigo de que você não volte, não se lembre ou enlouqueça. Só olhe para isso quando se sentir pronto, pois a lembrança pode até mesmo destruir você, e parte de nosso mundo.

Dumpal sentia o objeto frio em sua mão, com certeza de metal e provavelmente uma moeda. A curiosidade e ânsia de saber eram quase neutralizadas pelo medo, pois sentia que ao olhar para ela algo extraordinário aconteceria, iria para um mundo que sabia que o assustava, um mundo ao qual abandonou por vontade própria. Um mundo para ele pior que a Terra Média.

– E lembre-se Dumpal. Se quiser curar os efermos de Bomandis, deverá primeiro curar os efermos em seu próprio mundo, que também sofrem desta doença, pois não há mais dúvida que a cura está lá, por ter sido essa inexplicável doença mística trazida por um de seus conterrâneos.

Olhou para Kalmira e para o feiticeiro após longos minutos de introspecção, até que o feiticeiro lhe fez um sim discreto com a cabeça e disse. – Vá, meu filho.

Ele se sentou na pedra, e lentamente abriu a mão. E olhou para a moeda.

Era uma moeda diferente. Pequena e de um metal não muito comum e aparentemente sem nenhum valor apesar da aparência prateada do miolo e dourada do anel externo. A princípio Dumpal estranhou as inscrições mas logo as sentiu familiares, e começou a ter uma sensação realmente estranha.

Kalmira e Narzamidra estavam lá olhando para ele, que cada vez mais se concentrava na moeda como se ela o hipnotizasse. Sua mente se embaralhou, como se aquilo penetrasse em suas memórias sacudindo-as, trazendo coisas do fundo do inconsciente, misturando sonhos e realidade.

Ele começou a tremer e suar frio, a sensação era desagradável, a moeda parecia gritar em seu cérebro dizendo que havia alguma coisa errada. Muito errada! Como que chamando-o para um novo tipo de consciência, forçando-o a abandonar tudo e lembrar de algo que ele não tinha idéia do que podia ser.

Virou frente e verso da moeda tentando entender a sensação, a estranha imagem de um rosto atrás, os caracteres no círculo externo dourado e o símbolo central que agora ele sabia o que era. O algarismo 1!

Agora os tremores lhe atingiam todo o corpo, sem conseguir tirar o olho da moeda ele percebia que o ambiente a sua volta parecia se desvanecer. Lentamente os caracteres que para ele eram estranhos começaram a fazer sentido, reconheceu um como sendo o som de "erre", o "R", em seguida o "E", e quase simultaneamente o "AL". REAL! Aquilo o fazia lembrar de algo sobre a realidade, que só havia "uma realidade", "1 REAL"!? Seria isso?! Seria algo a ver com ilusão e realidade? O que havia de "real" naquela moeda!? Uma vibração terrível lhe envolveu o corpo e já não distinguia quase nada do ambiente a sua volta. O feiticeiro e a elfo eram só borrões desfocados se transformando em lembranças. Seu corpo parecia perder a resistência e se entregando a um tipo forçado de relaxamento, já nem mais segurava a moeda, apenas remoía as palavras que lera e cujo significado ia progressivamente fazendo algum sentido, trazendo alguma lembrança. O nome de um reino? Não! De uma terra distante e lendária. Seria Hi-Brazil?

Ele abriu os olhos lentamente, ainda esgotado pelo esforço físico e mental. Demorou a distinguir o ambiente claro, devido e a luz do dia entrando pela janela e filtrada por cortinas brancas como as paredes. Se sentia tão cansado que mal respirava e os olhos preguiçosos buscavam dolorosamente reconhecer o ambiente onde estava.

Era um lugar muito diferente e intrigante, ele estava amarrado a uma cama de metal, com a cabeça inclinada para cima, estranhas mangueiras de borracha penetravam em sua pele e suas narinas, e estava coberto por lençóis e túnicas brancas.

Ouviu um som, e a porta branca na parede que ele só distinguiu pelo movimento, se abriu dando entrada e uma mulher também com roupas brancas. Ela o observou calmamente como se o conhecesse há muito tempo, se aproximou, checou as mangueiras e tocou em seu rosto. Então ele pronunciou alguma coisa quase inaudível.

A mulher que não parecia primar pela beleza se deteve, observou-o mas considerou ter sido apenas uma impressão. Ele finalmente conseguiu distinguir seu rosto e a olhou diretamente, balbuciando de novo. Então ela teve certeza e espantada pronunciou vacilante. – Senhor... Senhor Duílio...

Ele respondeu e ela apressada apertou um botão na parede acendendo uma luz vermelha e soando uma quase inaudível campainha. Mesmo assim abriu a porta apressada tornando mais alto o som da campainha e gritou corredor afora.

Sem entender nada Dumpal não esperou mais que um minuto para a sala ser invadida por homens e mulheres em roupas brancas e esquisitas mas de alguma forma familiares. Insistiam em chamá-lo de Duílio até que ele se sentiu familiarizado com esse nome, e reconheceu pelo menos um dos homens que exclamava.

– Avisem a família! Avisem que ele acordou!

Fim da Parte I

Marcus Valerio XR

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