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31 de Agosto
ANARCOCAPITALISMO ALIEN
A série Alien Earth me é, como eu havia previsto, "intragável", pois mal suportei o primeiro episódio e não tenho intenção alguma de ver o segundo. Nem sei o que é pior: a sequência cuja estética tem como único objetivo imitar o primeiro filme de franquia, Alien (1978); a ideia estúpida de, ao transferir as mentes de crianças em estado terminal para cópias sintéticas, dar-lhes corpos super poderosos; ou a equipe de "resgate" que vai socorrer feridos numa catástrofe urbana empunhando armas.
Não é de hoje que critico a franquia Alien*1, da qual só louvo mesmo os dois primeiros filmes. No entanto, concedo um mérito que jamais citei, apesar de ser óbvio ao menos desde os primeiros quadrinhos lançados após o ótimo Aliens (1986), e exaustivamente reiterado posteriormente: A Fraquia ALIEN Se Passa Numa DISTOPIA ANARCO CAPITALISTA! Embora o 'distopia' seja redundante, visto que um cenário onde todo o poder é exercido por Mega Corporações Globais Trilionárias não poderia ser outra coisa que distópico, como também apontam as franquias ROBOCOP, BIOSHOCK, SNOWPIERCER e o Cyberpunk em geral.
 As 5 corporações que governam o mundo em Alien:Earth.
Numa visão Anarco Capitalista, como o próprio nome diz, teríamos uma Anarquia convivendo com Capitalismo, uma contradição auto evidente*2, mas que persiste nas mentes daqueles que odeiam não apenas o conceito de Estado, mas parecem odiar ainda mais o de Capitalismo ao ponto de rejeitar a totalidade de sua materialidade histórica e inventar uma "nova" definição para descrevê-lo: liberdade, trocas voluntárias e não agressão! Não hesitando sequer em dizer que o "capitalismo de verdade" jamais existiu, e só poderá existir quando o Estado desaparecer.
Como a realidade não oferece qualquer exemplo minimamente similar a tal delírio, seria de se esperar que o mesmo surgisse ao menos na ficção. Mas nem isso. Não há uma obra de Ficção Científica ou Fantasia que retrate tal ordem social. Em parte isso poderia derivar do fato de que as demandas dramáticas normalmente exigem que utopias sejam apenas brevemente mostradas como contraste com os desafios impostos para mover a estória, e por isso mesmo, distopias são tão mais comuns. Mas por outro lado, pode resultar simplesmente da impossibilidade de fazer um visão essencialmente contraditória funcionar em termos narrativos.
Por outro lado, uma Utopia Socialista é nada menos que a base conceitual da franquia Star Trek, ela aparece pouco, justamente porque as estórias demandam aventuras e desafios longe dessa utopia que reina dominante na Terra, e já foi explicitada várias vezes ao longo das séries. Mas exemplos correlatos podem ser vistos nos clássicos de Ursula K. Le Guin, Isaac Asimov ou Iam M. Banks. Em geral, ou mantendo a utopia consolidada como um fundamento distante, enquanto as aventuras se passam longe dela, ou focando nos desafios pós-utópicos, como as constantes ameaças de derrubá-la, ou a busca de sentido existencial num mundo onde as dificuldades foram superadas. Eu próprio abordo isso em GRADIVIND*3.
A diferença é que além das distopias propagandísticas como as de Orwell, a Utopia Socialista (ou mesmo Comunista) existe e é bem consolidada no universo ficcional, além de possuir aproximações na realidade. Por outro lado, além da absoluta dissociação do real, utopias Anarco Capitalistas não são possíveis sequer na ficção! E não é difícil entender por que: um escritor precisa dar uma consistência para sua ambientação para que a estória possa fluir de forma minimamente convincente, mas é impossível fazer isso com um conceito essencialmente contraditório! Pois um Capitalismo só é possível num cenário com um mínimo de previsibilidade, onde seja possível fazer investimentos, e previsibilidade pressupõe ambientes regulados por regras, que só podem ser operacionalizadas por uma entidade que seja distinta e independente das Corporações. Só um Estado pode fazer isso! Por mais que seja constantemente assediado por forças econômicas, ele ainda possui alguma resiliência para ao menos impor um ônus a esse assédio.
O que se vê nas obras de FC que flertam com a ideia de MegaCorps reinando absolutas é justamente a única derivação possível: ou um Estado que foi reduzido a completa insignificância decorativa, resultante da vitória do Neoliberalismo, ou que acaba surgindo espontaneamente das próprias corporações, visto que elas também dependem de estruturas burocráticas para funcionar. O resultado é exclusão social em massa, violência sistêmica a concentração de poder. Já a ideia de que seria possível uma sociedade livre, próspera e harmoniosa onde entes privados competem livremente sem um mediador público, e onde até mesmo polícia e justiça seriam serviços privados auto regulados apenas pela concorrência e valores morais, é tão absurda que não tem como ser desenvolvida nem pelas mentes mais criativas!
Portanto, lembre-se disso ao assistir Alien, ou obras distópicas similares. Anarco Capitalismo é impossível não apenas na realidade, ele é tão absurdo que não é sequer ficcionalmente viável.
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As 5 Corporações que Governam a Terra em Alien: Earth.
Em 2120, governos deram lugar às corporações. Ciborgues (humanos com partes artificiais), sintéticos (robôs inteligentes) e, especialmente, os híbridos (consciência humana em corpo sintético) são o topo da evolução tecnológica… e também da ambição corporativa. A protagonista, Wendy, é o primeiro híbrido. Ela e seus companheiros atravessam uma jornada que questiona: quem somos quando a tecnologia domina a vida inteira?
# As 5 corporações e como usam a tecnologia humana
1. Prodigy
Inovadora e jovem, liderada por Boy Kavalier. Criam os híbridos — corpos sintéticos que conservam a consciência humana, uma tentativa de imortalidade real.
Controla partes da Ásia, África, Oceania e Groenlândia. Eles estão no centro da corrida tecnológica — e moral — da série.
2. Weyland-Yutani
A corporação clássica da franquia: mestre em androides, tecnologia militar e exploração espacial.
Sua nave, a USCSS Maginot, cai em território Prodigy, liberando criaturas alienígenas (incluindo xenomorfos). Eles exploram humanos e vida alienígena para lucro.
3. Lynch
O mistério da série: controla a Rússia, mas pouco se sabe sobre sua tecnologia ou abordagem com humanos aumentados.
4. Dynamic
Domina partes da África, Oriente Médio e até a Lua — mas enfrenta crises, e seus métodos tecnológicos ainda estão envoltos em sombras.
5. Threshold
Comanda a Europa Ocidental, Ilhas Britânicas e Escandinávia, mas até agora poucos detalhes sobre suas ambições tecnológicas.
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# Tecno-humanos: ciborgues, sintéticos e híbridos
Ciborgues: humanos com partes artificiais — como Morrow, o segurança da Maginot
Sintéticos (Synths): robôs humanóides com inteligência artificial — amplamente usados por Weyland-Yutani
Híbridos: o ápice da tecnologia — seres sintéticos com consciência humana, criados por Prodigy. Wendy é o primeiro protótipo
Outras corporações também estão na corrida pela imortalidade, mas suas estratégias tecnológicas ainda parecem sombreadas – até que os episódios revelem mais.
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# Curiosidades e bastidores
O visual é inspirado no retro-futurismo sujo, com cidades corporativas inundadas — Prodigy City (Nova Siam) foi criada sobre um mundo em camadas sociais: Humanity Minus, Plus e Prime
A estética foi inspirada em Bangkok, com canais e navios usados como meio de transporte urbano. Um verdadeiro “vilarejo corporativo”.
A série traz terror prático e instintos humanos confrontando monstros alienígenas — o verdadeiro horror está na ganância corporativa. Um futuro corporativo onde o ser humano é simplesmente um recurso.
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29 de Agosto
Dentre as infinitas mentiras que se repete incansavelmente sobre a RPDC, esta está até acima da média em termos de credibilidade!
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Well fed North Korean soldier aiming his weapon at a captured starving South Korean civilian during the Korean War, circa 1951.
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Facebook 21 de Agosto YouTube
Os EUA são o maior:
- Mercado consumidor de drogas do mundo, gerando a maior demanda e portanto o pilar fundamental do narcotráfico;
- Apoiador de descriminalização de drogas do mundo, que jamais descriminalizará, mas contribui para maior tolerância às drogas;
- Propagandeador do uso de drogas no mundo, em infindáveis retratações hollywoodianas de seu consumo (álcool incluso) contribuindo para sua normalização;
- Fornecedor de armas para o narcotráfico do mundo, sem as quais os cartéis jamais teriam tanto poder;
- Fornecedor dos meios econômicos do mundo, dólares e paraísos fiscais (no caso até mais a Inglaterra), para o dinheiro sujo ser movimentado e lavado;
- Quem mais lucra com a Guerra às Drogas no mundo, vendendo equipamento e "inteligência" para as polícias;
- Maior beneficiário da existência de viciados e apenados envolvidos com drogas, que são enviados para presídios privatizados para trabalhar como escravos dando lucro aos seus proprietários;
- E, por último: o Talibã praticamente tinha acabado com a produção de heroína no Afeganistão, aí os EUA invadiram, e jorrou rios de heroína pro mundo inteiro enquanto eles estiveram lá. Quando foram embora, o Talibã acabou com a produção de heroína de novo. (Por isso lá nos EUA a heroína foi substituída pelo Fentanil).
O pior não é nem serem canalhas a ponto de dizer que estão interessados em combater narcotráfico. O PIOR é ser canalha ao ponto de fingir acreditar!
16 de Agosto
Pra quem ache que esse assunto não deveria ser mais pautado que os temas mais "sérios", entendam que temos aqui um projeto de engenharia social do mesmo naipe dos que que trazem consequências eleitorais, políticas, sociais e econômicas diretas, mas sendo feito num âmbito mais limitado. E parcialmente mais fácil de entender justo por ter como alvo uma obra ficcional, que jamais poderia ter a complexidade da realidade.
Como digo no meu vídeo Falsificando a Ficção, a capacidade de fazer pessoas verem num filme o contrário do que está sendo mostrado exige mais técnica do que fazer o mesmo com a realidade, que é muito mais multifacetada e interpretável. Se alguém pode fazer você assistir a menos de duas horas de filme e te fazer ver o absoluto contrário do que está sendo mostrado, então fazer você ver o que ela quiser na realidade é moleza!
E aí caímos nas guerras de narrativas, na polarização e nos ataques mútuos infinitos entre subjetividades inesgotáveis que estão dispostas a ir às últimas consequências para sustentar a ilusão. Por isso, como sempre faço para a realidade em si, só nos resta apelar pros números, que nos mostram que a única intepretação objetiva possível é que a bilheteria do novo Superman de James Gunn é catastrófica.
Arrecadou menos que os três filmes da versão anterior cujo objetivo principal sempre foi superar: U$ 586.6 milhões nesse exato momento, contra U$ 668 de Homem de Aço (2013), U$ 874 de Batman Vs Superman (2016) e U$ 661 de Liga da Justiça de Joss Whedon (2017), que foi considerado quase universalmente um fracasso. NÃO! Mesmo ainda em cartaz há 35 dias, NÃO HÁ NENHUMA possibilidade dele ir muito além disso. TALVEZ ainda chegue a U$ 600 milhões.
Assim, o filme deu prejuízo ao estúdio, pois com um orçamento de U$ 225 milhões, e um custo de marketing entre U$ 100 e 200 milhões, fará no máximo o dobro disso nas bilheterias, sendo que a maior parte do lucro fica com os cinemas e distribuidoras, então, já será um milagre se conseguir ficar no 0 x 0.
Mas eu ainda digo que é pior, pois estou certo que o gasto de shadow marketing eleva muito mais esse custo, pois certamente não deve ter sido barato subornar milhares de influenciadores digitais para se ajoelharem e louvarem esse filme como se estivessem diante da Nova Revelação, gerando então o efeito multiplicador que conduz grande parte do público.
Tudo isso para esse resultado pífio que, nunca se pode deixar de lembrar, NÃO ESTÁ SEQUER CORRIGIDO PELA INFLAÇÃO, o que tornaria a diferença ainda mais constrangedora, e nos faz lembrar então que o atual filme levou aos cinemas MENOS PÚBLICO. Alguns portais estão falando em 1/3 a menos, e uma das coisas que mais está em voga na guerra entre os DeceptiGunns (os fans do diretor James Gunn) e os Snydetes (fãs do diretor Zack Snyder, que criou a franquia anterior) é os primeiros dizerem que estão indo várias vezes assistir ao filme.
Então, sobretudo como um projeto de apagamento do Snyderverse, que na absoluta contramão foi sistematicamente sabotado pelo próprio estúdio, temos um fracasso retumbante, só menos evidenciado pelo fato de legiões de influenciadores continuarem contratualmente, ou esquizofrenicamente, obrigados e se derramar de elogios hiperbólicos ao filme, agora apenas a cada meia hora. Outrora a cada minuto.
Como nada disso, porém, consegue fazer a bilheteria alavancar, eis que surge uma nova e revolucionária modalidade de manipulação perceptual de público, dizer que o filme é um sucesso... domesticamente, ou seja, nos EUA, onde de fato estão os únicos números que de fato podem ser visto sob melhor ótica, desde que não corrigidos pela inflação.
Embora a diferenciação entre a bilheteria interna e a internacional sempre tenha sido feita e observada, JAMAIS havia se classificado um filme em qualquer escala com base apenas na bilheteria nacional, muito menos sendo celebrado com base nisso. Todas as listas de maiores bilheterias de todos os tempos são SEMPRE internacionais!
E como nada é tão ruim que não possa piorar, o filme acaba de ser liberado para streaming pago, hoje mesmo, 35 dias depois de chegar aos cinemas. E basta que você não vá sozinho ao cinema para ser muito mais barato pagá-lo para ver em casa.
Sim, isso irá derrubar ainda mais qualquer chance da bilheteria aumentar, o que mostra que o foco doméstico não passa mesmo de desespero, porque agora precisam compensar o prejuízo o quanto antes com a desculpa constrangedora de que isso se deve ao timing da nova temporada de Peacemaker! SIM! Estão dizendo isso mesmo! O próprio Gunn o disse!
Das muitas métricas para testar se um filme está sendo mesmo um sucesso, talvez nenhuma seja melhor do que a velocidade com que ele chega no streaming.*
Como eu disse antes, a iniciativa de corromper o arquétipo máximo da masculinidade iria dar errado, mas conseguiria causar um estrago.
*Não estou localizando onde em comparei Homem Aranha Sem Volta para Casa (2021, que faz quase 1.9 bilhão, com Dr Estranho no Multiverso da Loucura (2022), que fez 0.9 bilhão, e a velocidade surpreendente com que este último chegou nos streamings. Um dos posts onde falei algo parecido foi este aqui.
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