Universidade de Brasília - Instituto de Ciências Humanas - Departamento de Filosofia
Disciplina de Epistemologia das Ciências Humanas - Professor Rogério Basali
Novembro de 2006













HUMANOS OBJETOS
Uma Breve Reflexão sobre a Pretensão de Objetividade nas Ciências Humanas

[ aproximadamente 34.150 caracteres]















Marcus Valerio XR
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ÍNDICE


INTRODUÇÃO
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CRISE DE IDENTIDADE FILOSÓFICA
Página 04


O ABISMO OBJETIVO - SUBJETIVO
Página 06


A ÉTICA DA OBJETIVIDADE NAS HUMANAS
Página 09


CETICISMO, COMPLEXIDADE, RIZOMA E LIBERDADE
Página 12


BIBLIOGRAFIA
Página 18

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INTRODUÇÃO

O assunto desta breve dissertação se justifica devido ao título da disciplina em questão. A frase "Epistemologia das Ciências Humanas" desencadeou em mim uma reação imediata, visto que há muito tenho uma série de idéias germinais sobre o tema que não tiveram antes chance tão apropriada de se manifestar.

Minha tese é bastante simples, se considerarmos que a Epistemologia é movida pela pergunta kantiana "O que podemos conhecer?", minha tendência é sempre responder: "muito pouco", para qualquer área do conhecimento, a começar pela filosofia e passando pelas ciências naturais. No caso das ciências sociais, me é inevitável dizer: "menos ainda!"

Isso deriva, antes de tudo, de uma postura cética, que me era latente desde antes do ingresso no curso de filosofia da UnB, há quatro anos atrás, e que foi mais e mais consolidada à medida que me envolvi com a epistemologia. Esse ceticismo é, porém, mitigado, similar ao humeano, e não o ceticismo artificial que costuma ser usado como um pólo oposto para uma apresentação didática do projeto epistemológico. Trata-se de um ceticismo que não tem efeito algum sobre a produção e aquisição intelectual ou sobre as ações sociais, mas tão somente, estabelece uma dúvida saudável sobre temas cujo excesso de certezas tendem a ser prejudiciais. Além de, é claro, resistir a toda e qualquer forma de pretensão absoluta e transcendente de conhecimento.

Apesar de ao longo da disciplina terem sido desenvolvidas muitas idéias interessantes, e de minha pretensões de me aprofundar em algumas delas, terminei por decidir-me a me lançar justo neste meu primeiro impulso, ocorrido ao ver pela primeira vez o nome da disciplina, sem, é claro, desconsiderar alguns elementos tão bem abordados em sala de aula.

Ademais, visto que este deve ser meu último semestre de graduação, há uma circularidade poética neste tema, visto que esteve presente no primeiro texto que desenvolvi no curso de filosofia, na disciplina de Introdução à Prática Filosófica, onde critiquei a pretensão das áreas de humanidades em reivindicarem para si o título de "ciências", fazendo antes de tudo uma crítica à sua relação com seu objeto de estudo, os humanos, que não poderia ser objetiva. Tal crítica, viria a encontrar poderoso reforço de um texto de Karl-Otto Apel, no livro Transformação da Filosofia I, 1 onde o autor faz uma brilhante exposição demonstrando que pretender a objetividade em ciências humanas teria resultados fundamentalmente anti-éticos, visto que implicaria em reduzir os humanos a objetos.

Assim, passemos agora a uma breve exposição dos motivos que me levaram ao interesse, desenvolvimento e consolidação dessa posição.

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CRISE DE IDENTIDADE FILOSÓFICA

Um dos meus dois primeiros documentos no curso de filosofia, em disciplinas do departamento, foi Monografia de Introdução à Prática Filosófica 2, sob orientação da professora Ana Miriam Weunsch. Além de outros objetivos, o texto me permitiu desenvolver uma noção daquilo que chamo de crise de identidade na Filosofia, um fenômeno social acadêmico que resulta numa obscuridade sobre qual seria o lugar, e o papel, da filosofia no mundo atual, resultando inclusive em ilusões delirantes quanto a seu fim, e cuja melhor explicação que encontrei seria nada menos que uma confusão conceitual com as áreas de ciências naturais e humanas.

A tese que desenvolvi diz que, basicamente, essa perda de sentido deriva nada mais do que do fato que todas as áreas da filosofia que desenvolveram aplicações mais imediatas, e supostamente pragmáticas, passaram a ser chamadas de "ciências". Como sabemos, a Filosofia já foi Física, Matemática, Antropologia, Psicologia, Política e etc. Todas essas áreas, porém, se desmembraram, estando entre as primeiras delas a Matemática e a Física, que juntas, e separadas da Filosofia, obtiveram sucesso estrondoso.

As Ciências Naturais então se tornaram a nova e revolucionária promessa de lançar o conhecimento humano a níveis jamais pensados, objetivo que, de fato, foi grandemente atingido. Essa euforia parece ter contaminado diversas outras áreas resultando num ensejo positivista. À medida que mais e mais ciências naturais foram obtendo crescimento, a tendência foi pressupor que o mesmo modelo poderia ser aplicado a qualquer disciplina.

Ocorre porém um limiar entre essas ciências naturais, físicas, que lidam diretamente com o mundo material, e as áreas do conhecimento que se dispuseram a estudar o ser humano, quer como indivíduo ou coletivo, quer no presente ou no passado. Esse limiar foi entendido como sendo uma diferença entre o nível de objetividade.

Tal limiar levou à nomenclatura que dividiu as áreas de ciências naturais, lamentavelmente ainda chamadas por alguns de "exatas", e a áreas de humanidades, lamentavelmente ainda chamadas por alguns de "ciências".

Esse é o meu ponto. A crise de identidade filosófica se dá basicamente por que a maior parte das áreas da filosofia foi travestida de "ciência", restando ao departamento de filosofia somente as partes que ainda não foram beneficiárias, ou vítimas, deste mascaramento, por ainda serem incipientes demais, ou fundamentais demais.

O "cientista" de humanidades seria então um filósofo que se pretende livre dos labirintos de possibilidades da filosofia, sonhando com uma objetividade comparável à dos cientistas naturais, e esperando obter em sua área de conhecimento resultados quase tão seguros quanto os obtidos pelos físicos.

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Em parte, isso deve derivar da simples palavra "ciência", que pode ser traduzida como "conhecimento", ao passo que filosofia traduz-se como mero "amor à sabedoria". Enquanto o filósofo está claramente consciente de suas limitações epistemológicas, em geral, o "cientista" de humanidades costuma achar que possui um estudo da realidade que lhe dá garantias muito maiores e confiáveis, quando não certezas.

Diversos subterfúgios são usados para maquiar essa atividade, impedindo que sua fragilidade epistêmica fique óbvia. A primeira delas é investir em pesquisas, coisas que em geral o filósofo não faz. Essas pesquisas seriam o equivalente das experiências científicas, dando ao estudioso da área de humanas a sensação de estar baseando suas teorias e conclusões num suporte concreto e objetivo.

Outro subterfúgio seria usar uma linguagem obrigatória à todas as ciências naturais, a Matemática, única disciplina que merece, de fato, o nome de ciência exata. Como seus "objetos" de estudo são humanos, o "humanólogo" introduz sobre suas pesquisas as Estatísticas, com elaboradas curvas e meticulosos desvios que lhe permitem um elegante uso de expressões matemáticas, com direito a vistosas fórmulas que ostentam letras gregas.

O resultado final é um simulacro de ciência natural que aparenta dar aos objetos humanos tratamento tão eficiente quanto o dado aos objetos das ciências naturais. Em síntese, é o filósofo que coleta dados e usa cálculos para elevar seu estudo além do mero campo da fundamentação, das incertezas, e do a priori.

Não pretendo dizer, porém, que não haja mérito na metodologia das humanidades, visto que muitas das conclusões e resultados fornecem meios relativamente razoáveis de lidar com o mundo social, e isso é, sem dúvida, uma dos resultados positivos da aplicação de pesquisas e estatísticas. Minha objeção é de ordem puramente epistemológica. Se nem os cientistas naturais, por vezes, sentem realmente seguros sobre o estatuto de certeza de suas descobertas, menos ainda deveriam sentir-se os cientistas de humanidades.

Parece-me, todavia, que é possível encontrar mais pretensão a certezas nos departamentos de ciências sociais do que nos naturais.

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O ABISMO OBJETIVO - SUBJETIVO

Nada disso, porém, pode saltar o abismo que separa as humanidades das ciências naturais, abismo este, creio eu, principalmente caracterizado pela disparidade do nível de complexidade dos alvos de estudo, e o ponto alto desta complexidade, mais do que a simples organização física, é quando emerge a dimensão psicológica e cultural, que torna os seres humanos absolutamente irredutíveis a qualquer pretensão de objetividade.

Por exemplo, duas hipóteses físicas rivais podem ser desenvolvidas, uma prevendo condições A, e a outra B, a respeito da temperatura e pressão à qual uma determinada lâmina de vidro específica sofrerá trincamento. Se todos os elementos envolvidos forem devidamente controlados, o que não é difícil em experiências simples, e a experiência for minimamente repetida para prevenir prováveis erros isolados, é possível saber qual das hipóteses está correta.

O mesmo é muitíssimo mais complicado no caso humano, se, por exemplo, pretendemos descobrir sob que condições de pressão psicológica e estresse "um determinado" ser humano irá entrar em colapso mental. O nível de complexidade humano proíbe qualquer limiar claro. Uma lâmina de vidro específica sempre será previsível, um ser humano, mesmo "específico", dificilmente é. É certo que há um nível acima do qual praticamente todos, ou literalmente todos, os humanos apresentarão tal reação, bem como um nível mínimo abaixo do qual nenhum reagirá. Mas de mesma forma, há um nível de condição na qual qualquer lâmina de vidro também reagira de tal forma, e no entanto, é relativamente fácil estabelecer um limiar próximo entre uma reação específica e a não-reação, ou outra reação, limiar que pode ser estendido a qualquer situação.

Os humanos, evidentemente, reagem de modo muito menos previsível, o mesmo estímulo que pode levar um a loucura pode fortalecer outro. O mesmo pode-se dizer da sociedade. E se já não bastasse a simples complexidade intrínseca ao ser humano, que já é elevada mesmo em condições precárias, que dizer dos níveis de complexidade que se somam quando o ser humano está em condições onde pode exercer grande parte de suas mais altas faculdades?

As pesquisas em ciências humanas, muitas vezes, trabalham com entrevistas, estando então sujeitas a uma série de flutuações, oriundas de humores obscuros e intenções invioláveis, que podem facilmente arruinar uma ostensiva pesquisa. Se mesmo as pesquisas eleitorais, extremamente simples do ponto de vista da complexidade da opinião envolvida, já estão sujeitas a margens de erro consideráveis, como esperar que questões muito mais complexas, como as relativas ao comportamento coletivo, posturas políticas, ou posições sobre temas polêmicos, como o aborto ou a proibição do comércio legal de armas, sejam capazes de nos fornecer uma descrição apropriada da realidade? Este último caso por sinal, o referendo sobre o estatuto do desarmamento, ilustrou bem o grau de disparidade entre as estimativas e o resultado final.

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Existem muitos recursos que tentam driblar essas dificuldades. Grupos de controle, abordagens duplo-cego, e os famosos placebos, no caso de pesquisas com medicamentos. Mas mesmo assim, não é difícil notar que há grande dificuldade em prever o comportamento das massas, e do indivíduo.

De certa forma, as disciplinas de humanas compartilham do sonho romântico de Isaac Asimov. No livro de Ficção Científica A Fundação 3, Asimov trabalha com a idéia de uma Psico-História, um método onde é possível, mediante uma análise criteriosa dos dados, prever com exatidão como se darão os eventos sociais futuros em escala ampla. Como seu romance é ambientado num futuro muito distante, onde a humanidade nem sequer sabe qual seu planeta de origem, e num âmbito galáctico, Asimov está a considerar uma população de muitos trilhões de seres humanos, e enfatiza que a Psico-História é mais confiável em suas previsões quanto maiores forem os contingentes populacionais envolvidos, sendo que é o indivíduo o totalmente imprevisível.

Essa ilustração está de acordo com a pretensão estatística em obter a máxima confiabilidade em abordagens maiores, tendo em vista o fato óbvio de que não se pode generalizar a partir de uma amostragem demasiado pequena, ainda que esta seja, infelizmente, uma insistente tendência humana geral.

No entanto, o aumento do tamanho da amostragem parece ignorar um outro fator de complexidade. O que indica serem os humanos não meras partes de um todo, mas poderem ser, como um indivíduos, ainda mais complexos que o todo, ao mesmo tempo que o todo não seja a mera soma de suas partes. Asimov também considerou esse fato, pois introduziu em seu romance um indivíduo cujo grau de anomalia destruiu a capacidade das previsões psico-históricas.

Sem querer, no entanto, entrar no mérito da subjetividade humana, e suas implicações dificilmente atingíveis, parece possível apenas na observação do nível de complexidade frustrar intentos de objetividade em áreas humanas e sociais.

Numa escala de gradação, podemos considerar que a única disciplina que permite precisão absoluta seja a Matemática. E que, não a toa, não pode ter aplicação direta alguma ao mundo real. Tais aplicações surgem na Física, Astronomia, Química e etc, sempre, porém, com um grau mínimo de incerteza quando saímos do âmbito de controle laboratorial. Casos como o da Geologia, ou Meteorologia, por exemplo, ilustram como ciências, mesmo tendo sólida base em matemática e teorias de alto nível de objetividade, tem grandes dificuldades de previsão.

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Já nas ciências biológicas notamos um grande incremento de complexidade, e não somente pelo elevado número de entes, e vastidão da amostragem, como nos casos imediatamente anteriores, mas também pelo nível de variedade de objetos envolvidos. As estruturas biológicas são tão complexas que um simples vírus pode demorar décadas para ser devidamente isolado, estudado e dominado.

É também na biologia que temos a introdução de estatísticas e pesquisas comportamentais numa disciplina tida como natural. O estudo de populações, migrações, evolução e etc, lança essa ciência num universo de complexidade impossível de ser abarcada mesmo pela mais sofisticada matemática.

As Teorias do Caos têm sido meios de tentar administrar tais dificuldades.

A Psicologia, por sua vez, tem estreitos, e por vezes incômodos, laços com a Biologia. Ora numa harmônica relação comportamentalista ou cognitiva, ora em inamistosas relações psicanalíticas. O importante, entretanto, é observar o quanto de complexidade se adiciona ao estudo pela simples consideração de uma verdadeira caixa-preta, a mente humana.

Pode parecer poético, mas talvez seja apropriado afirmar que o limiar mais claro a separar as ciências naturais das humanas seja equivalente ao abismo que separa os animais dos humanos.

O salto para a Antropologia, em especial a Etnologia, e Sociologia e Economia, e talvez o mais extremo, a História, vai cada vez mais levando as áreas do conhecimento a campos de estudo mais e mais imprevisíveis, caóticos e incontroláveis.

Quase tudo aquilo que outrora fora objeto de estudo da filosofia, agora se transferiu para disciplinas que tem nas ciências naturais uma inspiração metodológica, no entanto, a inadequação deste método forçosamente conduziu a um afastamento maior com relações a pretensões típicas das ciências naturais, em especial, a previsão. 4

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A ÉTICA DA OBJETIVIDADE NAS HUMANAS

Concedo a Karl-Otto Apel o crédito por me provocar um autêntico êxtase intelectual, ao me deparar com sua abordagem da falácia cientificista. Partindo da brilhante análise deste autor, estendi-me para uma crítica ampla da pretensão de objetividade nas humanidades, não apenas devido ao grau de discrepância de seus objetos em relação aos das ciências naturais, mas antes de tudo pelo simples fato de tratar seu foco de estudo como "objetos".

Ora, uma das principais preocupações de muitas pesquisas de comportamento é exatamente evitar que os participantes tenham demasiado conhecimento sobre os objetivos do estudo, caso contrário, tendem a alterar suas respostas. Não são raras as vezes em que o pesquisador de comportamento deve se infiltrar nos grupos que pretende estudar, de modo sutil, ou aceitar o fato de estar de imediato contaminando sua amostragem. O que decorre é que muitas vezes é pretendido um estudo eficiente sobre comportamento humano que só pode ser obtido com a manutenção da ignorância dos pesquisados sobre, ao menos, alguns dos objetivos da pesquisa.

Na realidade, é trivial que os humanos tendem a mudar seu comportamento ante a simples desconfiança de que estejam sendo observados, e assim, não raro mascaram os resultados da amostragem. Uma pesquisa, o mais dissimulada possível, por vezes é inevitável.

O mesmo pode acontecer com os animais superiores, porém o mesmo animal que manifesta uma reação defensiva imediata ante a simples visão de um humano, permanece ingenuamente inocente perante uma discreta câmera, por exemplo. O mesmo não se dá com os humanos, que tem muito mais meios de desconfiar que estejam sendo estudados, e assim, é inevitável que ou revelamos aos estudados a existência e natureza da pesquisa, ou estaremos, sempre em algum grau, com um dilema ético envolvido.

Participar consciente, livre e espontaneamente de uma pesquisa dificilmente é feito sem algum grau de distorção do comportamento ordinário. Muitas pessoas, inconscientemente, alteram seu comportamento, omitem dados por receio ou precaução, fantasiam ou exageram, ou mesmo mentem deliberadamente. Temos alguns exemplos notáveis de terríveis distorções em pesquisas sobre comportamento social que foram capazes de ludibriar a comunidade acadêmica durante décadas, como o estudo de Margaret Mead sobre as adolescentes de Samoa. 5

Porém, promover uma pesquisa sem o conhecimento, e conseqüentemente sem o consentimento, dos pesquisados, envolve algum grau de manipulação e dissimulação. Até que ponto é correto, do ponto de vista ético, transformar seres humanos em objetos de estudo sem sua explícita autorização?

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É possível apontar uma relação inversa entre o nível de objetividade e a ética da relação envolvida numa pesquisa. Ou seja, quanto maior a pretensão ao conhecimento seguro, e inevitavelmente objetivo, maior tende a ser a violação ética, visto que pressupõe uma objetização do ser humano.

É evidente que num nível mínimo, isto e possível no que se refere à dimensão mais sólida dos humanos. Pesquisas que dizem respeito ao biológico sempre terão muito maior possibilidade de precisão. Mesmo assim, é inevitável se defrontar com a interferência do subjetivo diretamente sobre o objetivo, da "mente sobre a matéria". Grupos de controle e aplicação de placebos são necessários no teste de eficiência de medicamentos por exemplo, visto que muitas pessoas desencadeiam sensações ou mesmo sintomas ante a simples idéia de ter tomado um medicamento. Mesmo isso, no entanto, ocorre sem o devido grau de conscientização do paciente, que não sabe se está tomando o medicamente real ou o placebo.

Estudos desenvolvidos sobre populações silvícolas, por outro lado, podem ser desenvolvidos com maior resguardo da objetividade, visto que é possível manter os pesquisados num distanciamento maior dos objetivos da pesquisa, na medida em que seu distanciamento cultural seja mais significativo. Mesmo assim, o nível de envolvimento do pesquisador com a comunidade silvícola possui delicadezas limítrofes. Malinowski, 6 por exemplo, enfatizava que o antropólogo não podia estar muito distanciado da comunidade a ser estudada, pois não compreenderia muitos de seus aspectos, mas, por outro lado, não podia estar demasiado imerso,visto que isso eliminava a objetividade.

Somente enquanto organismo, os humanos podem ser tornados objetos relativamente passíveis de estudo seguro, mas enquanto mais que um complexo sistema biológico, o ser humano resiste a qualquer tentativa de transformação em um dado estatístico. Suas sutilezas psíquicas erguerão um obstáculo intransponível a um resultado final que possa ser confiável. Mil dados estatísticos poderão conter mil anomalias, diferente do objetos de estudo puramente passivos.

Pretender usar amostragens cada vez maiores para driblar esse obstáculo pode ser, no máximo, uma melhora aproximativa que mesmo assim torna qualquer possibilidade de generalização ainda mais vulnerável ao velho problema da indução popperiano.

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Curiosamente, é importante notar que os grupos humanos que mais costumam chamar a atenção dos antropólogos são aqueles socialmente desfavorecidos. Uma postura justificável, uma vez que muitos destes estudos visam levantar informações para ações afirmativas e políticas sociais, além de, é claro, serem mais numerosos. É muito provável também que os grupos de maior possibilidade de oferecer uma pesquisa mais confiável são aqueles mais humildes, visto que suas potencialidades humanas, estando mais prejudicadas, limitam seu espaço de realizações, tornado-os mais previsíveis.

Se isso for verdade, então teremos uma tensão entre o nível de precisão de uma pesquisa social, e o nível de emancipação do segmento social em questão. E enfim, como pergunta Apel, como podemos pretender uma sociedade emancipada se insistirmos em usar métodos de pesquisa que, em última instância, visam excluir as pessoas das premissas da própria pesquisa em si?

É claro que, não obstante, cientes destes dilemas muitos pesquisadores não recorrem a pesquisas com índices elevados de dissimulação. Isto porém, leva ao problema oposto, que é o de abrir a guarda para a incontrolável subjetividade humana e suas misteriosas intenções.

Enfim, o dilema ético é mais um dos motivos pelo qual as disciplinas de humanidades, por mais úteis que possam ser, não podem pretender a objetividade, e nem sequer se aproximar da precisão das ciências autênticas. O motivo, em resumo, pode ser entendido pelo fato de que elas não são, de fato, ciências, mas sim vertentes da filosofia, e sendo assim, a questão relativa à epistemologia das ciências humanas termina por estar muito próxima, senão dentro, da epistemologia na própria filosofia em si.

O resultado final, pode ser um ceticismo desanimador, ou animador, dependendo da postura envolvida.

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CETICISMO, COMPLEXIDADE, RIZOMA E LIBERDADE

Pessoalmente, com todas as vertentes em filosofia, só consigo me identificar plenamente como um cético, num estilo próximo ao de Hume, porém com as sutilezas do flerte com o solipsismo,7 e com um passo voluntário e consciente para fora deste, mesmo considerando que tal passo é um mero ato de crença, guardando, talvez, alguma similaridade com a intersubjetividade dos fenomenologistas.

Este ceticismo admite como certo somente três coisas. A própria existência como um ser sensível e pensante, a existência de fenômenos com o qual este ser, que chamo de mente, interage, e o fato de que em geral tais fenômenos escapam quase totalmente ao nosso controle, o que leva então às possibilidades que incluem o naturalismo ou o idealismo. A impossibilidade de certeza, no entanto, me impede de qualquer realismo a respeito de qualquer ente fora da mente, só posso ser, então, instrumentalista.

Dessa forma, não posso aceitar posturas epistemológicas demasiado saturadas de entusiasmo com relação a universais, entes externos, ou o próprio realismo científico. Portanto, se mesmo para as ciências naturais, não concedo chance alguma ao realismo, e resguardo a dúvida terminal sobre o real, não poderia ser diferente para as ditas ciências humanas.

Assim, minha postura sobre a Epistemologia das Ciências Humanas pode ser resumida na idéia de que suas possibilidades de conhecimento vão muito pouco além, se é que vão, das possibilidades da Filosofia, estando sujeitas, então, a praticamente o mesmo grau de dúvida, não podendo ser consideradas, de fato, um meio termo equilibrado entre a Filosofia e as Ciências Naturais.

Estas últimas, embora seguramente com graus de dúvida muitíssimo menores no que se refere à pragmática empírica, podem alçar vôos maiores no que se refere a universalidade, nomologia, ou pretensões de objetividade, mas mesmo estas também não podem pretender atingir um conhecimento seguro.

Antes de retomar ao ceticismo gostaria de reiterar minha desconfiança que mesmo numa concepção de natureza realista, e fisicalista, creio ainda ter bons motivos para ser pouco otimista com relação a possibilidade de conhecimento seguro. Não se trata de um mero problema de indução, mas do problema da complexidade e da ordenação.

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Ao longo de nossa história cultural, praticamente tudo foi posto em xeque, mas uma das pressuposições dominantes em, creio, toda filosofia e ciência ocidental é a idéia de que o universo é predominantemente ordenado, com regularidades que podem ser descritas como leis naturais, e sujeito a métodos de investigação que nos permitam segurança em nossa imagem de como é a realidade.

Num âmbito restrito, é uma pressuposição aceitável, pois funciona. Aliás, tal pressuposição parece equipar o aparelho cognitivo mesmo, e ao menos, do grupo dos animais de sangue quente. Caso contrário, condicionamento, traumas e aprendizado seriam impossíveis. Ou seja, é a tendência a supor que o mundo tem regularidades, que o que aconteceu de um modo num certo momento, poderá se repetir dando-se as mesmas condições.

Hume e Popper exploraram alguns dos problemas da produção de conhecimento por indução, e de sua insuficiência para a certeza, mas quero ir um pouco mais além, e retomar uma linha de raciocínio com a qual fechei minha Dissertação Filosófica 2 de Graduação. 8

É a respeito da premissa de ser o universo predominantemente ordenado. Embora se admita a existência de vários graus de desordem na natureza, costumamos achar que a ordem presente é suficiente não apenas para nos permitir conhecimento, mas até mesmo para deduzir a universalidade, se não a idéia de um ordenador primordial.

Nossas melhores teorias científicas ousam pressupor a regularidade das leis naturais para todo o universo, e ao longo de todo o tempo, propondo modelos que nos permitem prever como o universo foi, e será. As disciplinas de humanidades não são muito menos pretensiosas, os economistas não desistem de fazer projetos e planos econômicos, os sociólogos de projetos sociais de longo prazo, os políticos tem projetos políticos de governabilidade, e os arqueólogos esperam entender civilizações há muito desaparecidas.

Tudo isso, sem dúvida, é válido do ponto de vista pragmático, aumentando nossas chances de sucesso existencial, mas mesmo assim, não pode nos garantir certeza alguma, e dessa forma, nosso conhecimento só pode ter valor instrumental, pois, há muitos bons motivos para pensar que o universo, não só o humano, mas mesmo o material, escapa em muito à nossa capacidade restritiva modelar.

Nossas imagens de natureza deveriam ser vistas exatamente como a palavra sugere, "imagem", um ato de imaginação, podemos de fato propor modelos e teorias, mas sempre tendo em mente sua característica imagética, virtual.

No entanto nossa tendência para a universalidade é algo mais pretensiosa do que isso, e tal pretensão parece ter como base a idéia de um universo predominantemente ordenado, ou não faria sentido qualquer pensamento a respeito de previsibilidade e regularidade. Quero, então, nesse momento, fundir minhas intuições iniciais a respeito desta questão da pressuposição de universalidade e ordenação, com o conceito ao qual fui introduzido na corrente disciplina, o conceito de Rizoma.

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Ora, a ordenação pode ser melhor entendida como um sistema de derivação hierárquico. Nossas noções de ordenação universal costumam ter como base uma filogênese, com processos dando origem a processos seqüenciais cada vez mais complexos. Supomos um universo inicialmente simples, no qual sucedem eventos que aumentam sua complexidade, pressupomos que nossas estrelas derivaram de um evento singular primordial, e destas derivaram-se os planetas, nos quais surgiram a geografia, e no nosso caso, todo um biossistema.

Em suma, o processo todo pode ser visto como uma árvore. A Árvore da Vida, não a do Gênese, mas a da taxonomia evolutiva biológica, é exemplo de um sistema de derivação por ramificações que seguem, cada qual rumo a novas modificações. De forma similar podemos entender nossas genealogias culturais, históricas, étnicas, de movimentos filosóficos, religiões e arte.

Organizamos nossa sociedade sobre modelos ramificados, em geral com curiosas características de transmissão de poder, descendentes, centralizadores, e cujo desenho conceitual pressupõe claramente uma perfeita noção de ordem controlável. Em nossos modelos e esquemas, podemos idealizar um universo meticulosamente previsível e ordenado, com organogramas capazes de definir e explicar toda uma sociedade.

Que esses modelos são falhos, é mais que trivial. Mas porque o são? Provavelmente o fato, também trivial, que a realidade é muito mais complexa que nossos modelos. Ora, quando uma realidade específica em si, é simples, ou passível de real simplificação, os modelos normalmente funcionam. Compreender regras simples são suficientes para que toda partida de jogo da velha termine em previsível e tedioso empate, regras mais complexas podem garantir vitória certa num jogo de damas, e algoritmos super complexos podem dominar as possibilidades em um tabuleiro de xadrez.

Assim, parece evidente que o que nos impede de desenvolver sistemas de regras suficientemente avançados para abarcar situações ainda mais complexas, é, inicialmente, a própria complexidade em si. No entanto, não uma simples complexidade, pois um jogo de xadrez pode ser complexo, mas uma complexidade que está além da ordenação redutiva.

E tal condição não deve se dar apenas pelo número imenso de variáveis e entes envolvidos, mas talvez pelo fato, até mesmo simples, de que é impossível cobrir todas as possibilidades, ou seja, tende ao infinito o número de fatores envolvidos. E assim, faz sentido que tal tendência se dê pelo fato de que a partir de um determinado ponto, seja possível atingir qualquer outro, pois o sistema está aberto a todo o universo.

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Por conseguinte, decorre que a impossibilidade de reduzir determinados sistemas a um esquema previsível ocorre porque é impossível destacar esse sistema de seu contexto, que por sua vez possui ramificações virtualmente infinitas que se estendem em todas as direções.

Portanto, ao invés de uma concepção arbórea, uma imagem que mais se aplica a essa situação é o conceito de Rizoma de Deleuze, 9 onde não temos uma árvore definida, nem uma filogenia hierarquizada, mas sim um entrelaçado de elementos interconectados, o que resulta numa estrutura muito mais próxima da idéia de caótica do que a de ordenada.

Essa estrutura de alta complexidade, que não se esgota na complexidade mas sim na virtualmente infinita cadeia de conexões, não pode ser reduzida por modelos ordenados. Isso explica porque, dentre as ciências naturais, a geologia, meteorologia e biologia, por exemplo, tem muito mais dificuldade de realizar previsões do que a física. Explica ainda mais porque os "objetos" humanos das ciências sociais escapam ainda mais a qualquer controle, e explica melhor do que isso, porque o objeto da filosofia é tão indomável, pois trata-se do universo dos conceitos e dos símbolos, cuja imaterialidade intrínseca o torna impossível de ser cerceado, e cuja isenção das limitações materiais lhe permitem associações, correlações e transformações imprevisíveis.

A idéia de Rizoma tem similaridades com outras idéias bastante vanguardistas, como o conceito de redes neurais, que rompe o modelo arbóreo lógico hierárquico no intuito de compreender melhor os processos cerebrais. Também a Teoria do Caos, que visa lidar com sistemas altamente complexos, ou a Teoria da Simbiogênese, a Memética, e outras áreas que enfatizam o entrelaçamento de entidades numa rede altamente complexa e caótica.

Mas talvez o melhor paralelo rizomático, e diretamente ligado a questões de conhecimento e democratização da informação é a Internet, como foi frisado em diversas ocasiões em sala da aula.

Quando observamos um livro, podemos notar que se trata de um conteúdo linear, e em geral filogênico, onde o autor cria um caminho, uma linha de raciocínio a ser seguido pelo leitor. É certo que muitos adicionam notas de rodapé, e referências que permitem o leitor ir além da obra, mas raramente estamos em condições de migrar habilmente para um outro livro.

O Hipertexto pode ser bem diferente. Adicionando links, cria-se um vasto horizonte de transcendência da obra, que permite ao leitor até mesmo chegar de imediato as referências. Ou seja, o grau de liberdade para trilhar o próprio caminho é muitíssimo mais amplo, e isso sem contar os diversos recursos audiovisuais que podem ser adicionados.

Nesse sentido, a expansão rizomática é a própria World Wide Web, um universo fundamentalmente caótico de informação, onde pode-se encontrar, virtualmente em ambos os sentidos, de tudo. Essa inovação pode recuperar em parte algo perdido com o advento dos livros, há milhares de anos atrás.

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Ora, antes da escrita tínhamos a tradição oral, um sistema que, apesar de todas as suas limitações, tinha a característica de ser sensível ao contexto. O orador estava em contato direto com sua platéia, e evidentemente reagia a ela, podendo mesmo adaptar seu discurso. Isso seguramente contribuía para a constante mutação da informação ao longo do tempo, resultando, entre outras coisas, na variabilidade cultural.

Os livros, apesar da vantagem de não perderem o conteúdo original de suas idéias para a inevitável marcha adaptativa da história, tem, por outro lado, essa insensibilidade ao contexto, o que faz com que sua leitura num âmbito cultural diferente seja sempre uma experiência que pode tender a um choque de mentalidades que dificulte o entendimento da obra, desencaminhando sua essência.

Isso, como foi dito em aula, permitiu o surgimento do conceito de conhecimento universal, imutável, totalizante. Só isso permite que se constituam religiões que, com base em livros sagrados, pretendem verdades eternas em todo e qualquer contexto, resultado nos conflitos conceituais com o avanço do conhecimento e transformações da sociedade.

O hipertexto, por sua vez, pode vir a recuperar algo da antiga sensibilidade, e ainda não o fez de modo mais eficiente devido à tendência de ainda ser feito tendo como molde os velhos livros materiais. Por enquanto, a resistência conservadora, ou pelos menos inercial, à inovação ainda é grande. Nossa própria Universidade ainda não parece ter despertado para as imensas possibilidades da informação digital livre e acessível. A maioria dos professores ainda recorre às problemáticas cópias impressas para fornecer material de aula, mesmo devido a carência de disponibilidade de textos virtuais, muitos dos quais ainda sobre controle autoral das editoras.

Mas já é perfeitamente possível disponibilizar vastos materiais de estudo em sites gratuitos na internet, e considerando que grande parte das obras já são de domínio público, articular todo o conteúdo didático de modo acessível a todos, que tenham acesso a internet, é claro. Nesse sentido, a inclusão digital será ação da maior importância.

Além disso, cabe ainda aos escritores aperfeiçoarem seu modo de elaborar textos, facilitando ao leitor que busque por mais informação. Mas mesmo que não o faça, já existem meios muito eficientes de, partindo de um único texto, utilizar as informações para consultar outras fontes, num processo rizomático que tende virtualmente ao infinito.

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Cabe a inquietação de que isso não irá, de alguma forma, prejudicar a capacidade de concentração e linha de raciocínio das futuras gerações, mas isso é somente um contra ante uma miríade de prós.

Com isso, o conhecimento e a produção cultural humana se abrem de modo jamais imaginado, é possível cobrir um universo de informação de um modo que as bibliotecas jamais poderiam fornecer. Talvez, a facilidade com que se poderá encontrar informações relacionadas, e antagônicas, favoreça a flexibilização do conhecimento de modo a incentivar a confrontação de posições diferentes. Num cenário ideal, mais do que nunca temos a chance de oferecer a humanidade a possibilidade de se defrontar com o conhecimento, examinar os pontos de vista divergentes e, talvez, contemplar a vastidão da cultura humana e ao mesmo tempo sua pequenez diante de um insondável e incontrolável universo.

Infelizmente, muitos dos velhos processos de retenção do conhecimento tentam se agigantar para deter o futuro, desde a simples censura, quer seja meramente familiar ou institucional nacional, quer seja o mero excesso de informação inútil tornando mais difícil a localização de informação relevante. Já não bastasse isso para obstacularizar o acesso ao conhecimento, ainda temos o baixo nível geral da sociedade no que se refere a processar, ler, entender informações, sendo pouco eficiente no sentido de distinguir informações confiáveis de boatos, falácias e toda sorte de tolices. Mas para isso, sim, temos disciplinas sociais que podem nos prestar algum auxílio. Mais difícil deverá ser a superação do mau hábito de se contentar com somente uma vertente de pensamento, o que leva a maior parte das pessoas a buscar estudar somente aquilo ao qual já estão dispostas a aceitar como verdadeiro.

Isso nos leva de volta ao tema que deu início a esse capítulo final. Uma consequência benéfica do ceticismo é que ele dificilmente permite que as pessoas se dediquem exclusivamente a um tema em detrimento de outros, exceto, talvez, o próprio ceticismo em si, mas esse ceticismo não advoga posições fortes com resultados pragmáticos conflitivos, e sim somente posturas epistemológicas.

Advogando uma posição cética, não há como ser um teísta ou um ateísta, nem se comprometer com uma posição realista ou outra, com uma religião ou outra, ou um sistema ideológico e não outro. É nisso que reside a liberdade em questão. O cético, ao não se comprometer com uma visão específica do universo, não o reduz a somente uma possibilidade, pelo contrário, está aberto a várias.

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Talvez pela compreensão de que o universo é demasiado complexo para ser simplificado e permitir qualquer garantia epistemológica, resulta num universo em aberto, sensível mesmo a uma escolha consciente de sua subjetividade, e alerta para evitar certezas que tendem a desenvolver posturas rígidas baseadas em visões de realidade que não se sustentam epistemicamente, que sejam racionalmente frágeis. Ao contrário do que muitos costumam pensar, advogo um ceticismo otimista, que tem na própria premissa de impossibilidade do conhecimento objetivo factual, a possibilidade da construção voluntária, dinâmica e cooperativa do conhecimento. Construção esta que nos permite a abertura e a revisão, e adequação mais apropriada à nossas necessidades.

Assim, o conhecimento se dará como uma teia colaborativa, uma estrutura que não deriva de raiz metafísica suprema e universal, mas que se realiza num rizoma dinâmico. É aceitação do Devir, e não a pregação do Ser.

"O que podemos conhecer?" Quer em humanas ou naturais, pouco. Mas o que podemos construir?! Isso sim, é muito!



Marcus Valerio XR
30 de Novembro de 2006





BIBLIOGRAFIA

1 - APEL, KARL-OTTO. Transformação da Filosofia I, página 17 Edições Loyola, SãoPaulo, 2000.

2- Monografia de Introdução à Prática Filosófica.

3- ASIMOV, Isaac. Fundação. Editora Hemus, São Paulo, 2002.

4- CARR, E.H. O Quê é História? Capítulo 3. Editora Gradiva Portugal, 1981.

5- HELLMAN, Hal. Grandes Debates da Ciência. Capítulo10. Editora UNESP. São Paulo. 1999.

6- MALINOWSKI, Bronislaw. Os Argonautas do Pacifico Ocidental. 1922.

7- Hermenêuticas Solipsistêmicas.

8- Kosmos e Telos

9- DELEUZE, Gilles. Bergsonismo. Editora 34, São Paulo, 1999.

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