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          Rodrigo Marques   -   1972   -  Angra dos Reis - RJ
          Administrador   -   Cético
549, 556, 602, 603, 605, 606, 614, 620, 649, 656, 667, 680, 720

            r o d m a r q 7 2       y a h o o . c o m . b r
Caro Marcus, estou aqui para fazer algumas perguntas/sugestões sobre O Planeta Fantasma, que vão ser mais sobre a coluna lateral de informações, já que o decorrer da estória está legal e seria uma intromissão nos seus escritos:

1 - No capítulo 07 tem uma descrição sobre aura e suas cores, cada uma com suas características: Quando alguém tem uma aura com decaimento para outra cor, significa que poderá desenvolver habilidades das duas cores? Pode se ter alguém com decaimento para mais de duas cores? Existiria algum ser com auras de outras cores, como por exemplo, cinza/prateado, ou ainda negra (seria difícil imaginar qual seria as habilidades nestas situações, já que a cor negra por exemplo, significa a ausência e negação, já que não reflete nada)?

2 - Em sua coluna lateral, você poderia colocar, quantos seres humanos existem naquele tempo, em quantos planetas, e como se relacionam diplomaticamente entre si e com outras espécies, se existe alguma espécie de ONU entre Terra e os outros mundos, além de colocar como foi o primeiro contato dos terrestres com inteligências extraterrestres, e a revelação de que outros humanos foram espalhados por outros mundos por essas inteligências.

3 - Também poderia falar de como foi o surgimento de nosso amigo Damiate e seus anjos estelares e como comandaram um império na América do Sul sendo que ele se parece fisicamente com um indígena amazônico. Ele é brasileiro? Gostaria que fosse, pois em hollywood sempre quando algum alienígena vai invadir ou visitar a Terra ele sempre começa por aquela nação do norte (se bem que Godzilla sempre atacava Tóquio).

4 - Como funciona o modulador mentônico dos anjos e porque só funciona em homens? Eles tem que carregá-lo para todo o lado? Podem ser tomados ou roubados? Como alguém é escolhido para se tornar um?

5 - Os RY sempre disparavam seus raios pelas mãos. Lunis e Dai-Haime também. Zentaris para disparar no monstrengo cheio de olhos, abriu os braços. Você imaginou alguma razão para eles dispararem por alguma parte do corpo? Por que não pelos olhos como o Ciclope? Ou pela boca como um dragão?

6 - Em um capítulo de Planeta Fantasma, Lunis, fala da religião de seu mundo dizendo que Samara Laksi (a patroa do Bentom) e mais Seilenia Lunax, duas antigas senhoras de Terrânia, são atualmente cultuadas como Deusas, entre outras do panteão. Como que isso aconteceu? Os Seilans não tem registros indicando que elas não eram seres divinos?

7 - De acordo com o que você já disse Damiate no decorrer de sua história, foi capaz de inúmeras violências na busca do que parece ser uma Super-humanidade. Seus atos parecem ter custado a vida de bilhões de seres. Ele nunca recebeu alguma condenação por isso? Não é visto como genocida e louco pelos outros?

8 - Quem é a mulher de Damiate? Edikar se refere a ela como "uma antiga personagem de lendas do início do século XX da Terra". Como se conheceram e passaram a se relacionar? Porque no final de Alice, Damiate fala que seria "uma covardia" usar sua mulher para fazer o Teli mudar de idéia?

9 - Em Raio Y, não teria sido mais fácil e barato construir espadas espaciais do que os fotosilicônicos?

Muito obrigado e até logo.
Segunda, 10 de Agosto de 2009

Tema: Ficção Científica, Universo DAMIATE, Raio-Y, Aura
Planeta Fantasma, Espada Espacial, TERRANIA
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.615
- Resposta: 4.004
Olá Rodrigo. Obrigado por mais essa mensagem. Já é a quarta vez que você consegue ficar no cabeçalho de uma página! Tomei a liberdade de numerar os seus tópicos para facilitar a referência. Vamos lá.

1 - Nunca pensei num decaimento bilateral, mas de fato uma Aura Ciano poderia sim cair para Azul ou Verde dependente de alguma circunstância em especial. Vou pensar nisso. E sim, é possível desenvolver poderes associados aos espectros de aura na frequência de decaimento. Embora, como já dito, a relação entre espectro e poder não é tão direta. Quanto a auras negras, não existem, nem mesmo cinza, porque as auras são cores puras do espectro. Ademais, não existe cor prateada ou dourada, pois superfícies como ouro ou prata tem apenas uma cor amarela ou branca associada a reflexão. Luz não pode refletir imagem, somente superfícies sólidas, e as auras são como luz. Há, porém, metanaturais que emanam névoas escuras, como se fosse uma aura negra, mas na realidade nesses casos a aura é Branca! Apenas está modulada para aparecer invertida, neutralizando a luz ambiente.

2 - Parte destas informações já estão na coluna do Capítulo 1, onde se lê a estimativa de 40 bilhões de Antropônicos na galáxia. Bem como no Capítulo 6, que descreve as outras espécies da Hexaliança, que era uma espécie de ONU. Quanto aos primeiros contatos, é complicado, porque em geral não existe um primeiro encontro oficial. Na época em que ocorre a estória, as relações diplomáticas são baseadas em embaixadas, não havendo uma inter organização específica.

3 - As 'origens' de DAMIATE são algo que hesito muito em explicar, mesmo porque ainda estão em concepção, mas pode-se dizer que ele 'nasceu' no Brasil sim. Já os anjos, penso seriamente em contar as estórias de todos eles num pacote de contos curtos.

4 - Os moduladores mentônicos não funcionam só em homens, apenas DAMIATE demorou para descobrir como fazê-los funcionar em mulheres. Eles ficam permanentemente dentro do cérebro, embora não de modo 'físico', pois eles são parcialmente etéreos. É impossível removê-los fisicamente. Eles só podem ser tomados à força por um outro Anjo que já os teve. Por exemplo, Antares cedeu o seu modulador a Zentaris, e em tese, poderia tomá-lo de volta. Um candidato a Anjo tem que passar por uma pré-seleção que prove sua capacidade de concentração, auto-controle, responsabilidade e força psicológica. E depois tenta fazer a função mental com o modulador. Mas menos de 1% das pessoas realmente consegue fazê-lo permanentemente. Alguns o fazem temporariamente sem conseguir despertar qualquer poder e outros até enlouquecem na tentativa. Em síntese, não é pra qualquer um. Te garanto que é muito mais difícil e seletivo do que o Anel dos Lanternas Verdes. Mas há algumas surpresas.

5 - O disparo de energia é feito por meio da aura, ou com intensa participação da mesma. Como ela envolve o corpo, fica muito mais fácil canalizar o disparo por um dos braços, que cria uma 'ponta' natural de aura concentrada. (Só vale para disparos. Telecinésia, teletermogenia, por exemplo, dispensam o uso das mãos.) Não que seja impossível disparar de outras formas, mas seria bem mais difícil além de menos versátil.

6 - Na verdade, elas meio que eram seres divinos. Além do mais, é comum a divinização de grandes personalidades do passado mesmo em nosso mundo real. Que dizer do que aconteceria com Hipermetas notáveis de um passado distante. E os registros sobre o passado de TERRANIA são muito fragmentados, além de serem mitificados propositalmente pelas governantes de SEILA.

7 - Isso será abordado nos próximos capítulos.

8 - Na verdade eles não são um casal. DAMIATE não tem qualquer impulso sexual nem inclinação afetiva similar. É uma pura e simples aliança estratégica, pois ambos viram que estavam diante de alguém que era melhor ter como aliado do que como possível adversário. O resto deixo em suspense.

9 - Tecnicamente, Espadas Espaciais são naves Madre-Terrestres criadas por volta da Terceira Guerra Celestial, e sua principal característica é o sistema de super computação não mental, 'inteligentíssimo' apesar de não ter qualquer Intencionalidade, e inacessível aos cientistas de ORIZON 5 na época, e desnecessários, visto que não estavam preocupados com ataques telepáticos. Eles tinham sim várias naves automáticas de combate, muito similares em estrutura. Algumas até aparecem em Raio-Y. Mas o máximo que podiam fazer era deixar os humanos em pé de igualdade com os Ians. Os Hipermetas foram criados exatamente para virar a vantagem de vez, e foram possíveis graças a conhecimentos que até a época de ALICE 3947 ainda são ausentes na Mãe-Terra.

Boa notícia. O site CLUBE DE AUTORES provavelmente vai me permitir publicar As Senhoras de TERRANIA. Já estou adaptando o livro, mas ainda deve demorar um pouco.
Amigavelmente
14 de Agosto de 2009
   
          Mario Campos de Jesus - 1963 - Seropédica-RJ
          Tecnico em Contabilidade
217, [217.1, 217.2, 217.3], 228, 362, 575, 579, 622, 690,

mariocamposdejesus       u o l . c o m . b r      
Oi, Marcus, gostaria de fazer algumas colocações sobre assuntos que li em seus diálogos com os assinantes do livro de visitantes, para ter a sua posição.
Se não entendi mal, em resposta a uma mensagem, você considerou relativos os conceitos de Bem e Mal. Ao usar uma analogia com os números oito e oitenta onde há setenta e um entre eles, apenas contando os inteiros, você quis dizer que o Bem e o Mal seriam apenas os extremos de uma régua, algo assim, se não me engano, e que existiriam dessa forma meios termos entre eles. Imaginei então que poderíamos substituir cada número inteiro por um grão de milho e que cada grão poderia ser moído e dividido em uma imensa quantidade de partículas e formar uma escala com ínfimas frações. Mas quando olhasse para essa escala não conseguiria enxergar as partículas de pó, as micro medições a olho nu; e então o que me adiantaria se não é possível ler os resultados? Essa é a questão. O ser humano não pode, na prática, ir além da sua percepção. O Universo pode ser infinito, mas como nossos meios de viajar até muito longe é limitado ele nos parece finito. O conceito de Bem e Mal são relativos, mas, na prática, não temos como avaliar as menores nuances. Todos os motivos atenuantes de um assassinato, por exemplo, é impossível considerar, por inúmeros motivos que não nos cabe conhecer na sua maioria. Então sugiro que raciocinemos estes conceitos dentro do que podemos ver, que afinal é o que importa, pois no Universo, até “onde podemos comprovar”, somos os únicos, e o nosso ponto de vista é que prevalece, pois, nesse caso, é a nossa consciência observadora que faz sentido a existência de tudo. Talvez para o Universo, ou até mesmo para o Criador, não faça diferença um estupro, uma traição, uma mentira; mas para nós faz. E é à nós que interessa fazer diferença e não às pedras. E é isso que importa. Então o Mal seria essas coisas indesejáveis que citei acima, mas se de alguma forma elas podem ser relativas, para nós não são. Se alguém é traído pelo conjugue, no nosso ponto de vista é errado, é até passível de processo judicial. No mesmo caso da injúria, difamação, racismo, falso testemunho, etc, etc, é possível processar o causador. São males indiscutíveis, nunca relativos pelo ponto de vista humano. Ficaria assim a escala: Em cima O Bem (AMOR), em baixo O Mal (não amor) e no meio, entre eles, mais ou menos Bem/Mal, contudo numa gama indetectável ao sentido humano. O que acha? Vale apena continuar este assunto? Não sei se contemplei bem todas as possibilidades, ou se fui muito simplista. Mas se você discordar dê-me um exemplo de uma situação em que exista uma nuance entre esses dois conceitos que fosse possível, não na teoria, mas na prática, avaliarmos.
Estou achando tudo isso bem complicado e tenho a impressão que estou esquecendo alguma coisa e por isso também é que peço a sua opinião. Mas o meu objetivo principal é defender que embora não possamos avaliar a totalidade dos detalhes de uma situação mesmo assim podemos fazer um julgamento dentro das nossas limitações humanas; e que também podemos afastar uma boa parte dos excessos de relativismo que acaba por tirar o sentido conhecido de muitas coisas e sugerir que a vida prática que a maioria das pessoas vive é um estado de ignorância do que é “verdade”.
A propósito, este raciocínio do limite prático da nossa percepção poderia ser aplicado na questão em que se defende que a presciência do Criador não prejudica o nosso livre arbítrio, pois temos esta sensação (percepção) que sempre que deparamos com algo a escolher somos nós mesmos que decidimos, e é o que importa: a sensação que somos nós que o fazemos, que somos livres, e então na prática somos. Aliás, este princípio pode até ser aplicado em outras questões filosóficas. Para você entender o quão longe penso chegar, vejamos este exemplo: Quando observamos uma colônia de formigas podemos nos sentir como deuses diante delas, pois temos as suas vidas em nossas mãos (melhor diria, em nossos pés que a esmagam); ao passo que quando olhamos para as estrelas nos sentimos menores que um grão de poeira no Universo. Até o deus de Conversando com Deus de Neale Donald Walsch, parece deixar em aberto a possibilidade de que ele poderia não ser o supremo do Universo Infinito, mas que apenas pensasse que fosse para esse nível do Universo em que ele conhece. Talvez os seus e os nossos vôos de imaginação, Marcus, deveriam ser repensados, e muitas questões que parecem complicadas e ou insondáveis poderiam ser entendidas se levarmos em conta os níveis onde as coisas se passam e onde o nosso contexto humano está. Talvez essa minha idéia não seja nada original, e já tenha até um nome no campo da filosofia, mas para a minha percepção, no nível de um amador, ela o é.

Sábado, 1 de Agosto de 2009

Tema: Ética, Bem e Mal, Relativismo, Empatia

Número de Caracteres
- Mensagem: 3.921
- Resposta: 4.144
Olá Mario. Seja bem vindo novamente.
Você faz aqui, basicamente, um levantamento de algumas questões centrais na Ética, embora as tenha apresentado de uma modo peculiar. Creio então que melhor seria lançar alguns conceitos gerais que costumam ser encontrados entre os filósofos, e que estejam de acordo com minha opinião, bem como acrescentar alguns de minha autoria.
É primeiro lugar tome cuidado com a afirmação de que "Não existam Bem ou Mal", com sua relativização ou analogias como a da régua. Para simplificar melhor, exponho a opinião clássica medieval.
Acredito que EXISTE O BEM! Ele á algo em si. Mas o Mal, por outro lado, é apenas sua falta, não sendo algo em si. A grande diferença do Maniqueísmo é que neste ambos são coisas em si. São entidades autônomas. Mas, nesse outro modo de pensar, o Bem é como a Luz. É sim alguma coisa, mas a escuridão é apenas sua falta. Não existe, então, uma força do Mal, há apenas coisas que, por falta de iluminação, tropeçam, caem, tomam uma coisa por outra e incorrem em inúmeros erros.
Quanto a relativização, entenda que há limites. Ela também deve ser relativizada, ou se tornaria um valor absoluto. Num critério geral, costumamos dizer que uma traição amorosa é ruim porque normalmente está associada a causação de sofrimento, mas é claro que há exceções, e nesse sentido é claramente relativizável.
Mas há uma instância onde tal relativização cessa, que é o íntimo humano. Quando uma pessoa sofre, ela está de fato sofrendo. Não dá pra relativizar isso. Não posso chegar para você é dizer que seu sofrimento por ter sido traído ou por ter perdido um ente querido é relativo. Ele poderá desaparecer, claro. Poderá, ao final, ser largamente compensado por outras coisas. Ele pode ser merecido, mas nada disso muda o fato de que é, naquele momento, sofrimento, e nesse sentido é absoluto. Isto é: Indissolúvel.
Além desse nível é que pode-se aplicar a relativização, mas já há um limite muito claro. Nem mesmo toda a autoridade científica, filosófica e religiosa da Terra em todos os tempos, combinada, tem qualquer competência para violar a intimidade humana no que se refere a realidade de seus estados mentais. Diria até mais. Nem mesmo Deus teria! O máximo que ele poderia é mudar seu estado mental, mas jamais caberia a Ele dizer que alguém que sofre não está sofrendo.
Isso deve ser entendido, claro, a nível de fenômeno mental íntimo. Pode ser que você não esteja fisicamente num deserto morrendo de sede, pode ser que esteja apenas sonhando em ter tomado um tiro, mas você "sente" algo, e esse sentimento em si é absolutamente real. Na verdade, é, definitivamente, a coisa mais real possível.
Outra coisa que devemos considerar é que a coletividade exige ações que nem sempre se conformam com cada individualidade. Uma lei socialmente justa não necessariamente o será para cada caso em que se aplique. Pode ser justo que negligência com a pensão alimentícia resulta em prisão imediata, num sentido social, pois isso evita que milhões de crianças fiquem se receber o dinheiro necessário a seu sustento. Mas é claramente injusto que num caso específico, um pai seja preso por ter atrasado a pensão por um motivo de força maior que não conseguiu ser provado em tempo hábil, principalmente se o foi muito mais por uma vingança pessoal da ex-esposa do que por uma real necessidade financeira.
Ou seja, o fato de injustiças como essa ocorrerem não torna a lei em si injusta. Para isso existem juízes, julgando cada caso, e mesmo assim sujeitos a todas as flutuações que a percepção humana está sujeita.
Recomendo não insistir em pensar em solucionar todos esses problemas com uma regra geral ou um sistema específico. Podemos aperfeiçoar nossos códigos civis, sistemas jurídicos e teorias éticas, mas é flagrante que jamais resolveremos todos os problemas. Sempre teremos que julgar casos específicos exatamente devido a relatividade inerente de tudo.
Relatividade esta que só é detida exatamente na caixa preta mental humana, inacessível a qualquer abordagem objetiva. O curioso é que, como sempre, os parâmetros absolutos são sempre inatingíveis, quer sejam divinos, ou meramente psicológicos. Subjetivos.
Nunca poderemos saber se o que o outro sente é real, só ele realmente o sabe. Estamos sempre sujeitos ao engano ou à simulação. Temos, porém, uma capacidade que, embora não infalível, é bastante eficiente para nos conectarmos uns aos outros, que é a Empatia. Base de minha teoria ética.
Por isso acho muito mais interessante ancorar teorias éticas no que há de mais forte no ser humano, suas emoções. Embora a razão seja um guia confiável, ele sucumbe facilmente à força das emoções, portanto é principalmente elas que devemos aperfeiçoar, em especial pelo cultivo de uma laço de solidariedade e amor com nossos semelhantes, e diferentes.
Empatia é a capacidade de nos identificarmos com os sentimentos alheios, tornando muito mais fácil compreendermos seu ponto de vista e aceitarmos suas necessidades.
Nesse sentido, é exatamente o oposto da sensação de sermos superiores, ou inferiores, mas sim equivalentes, sabendo que todos podem sentir felicidade e tristeza, o que nos une de uma forma inviolável.
Sei que não é bem o que você perguntou, mas não me pareceu possível responder de outra forma.
Qualquer coisa, esteja a vontade.

Amigavelmente
14 de Agosto de 2009
   
          Paulo Cesar Tenorio Cavalcanti-1965 - Vicente Pires-DF
          Servidor Público - Espírita
234 248 300 313 320 349 371 420 427 476
480 483 490 495 559 564 574 586 608 629
              j a s p h       i g . c o m . b r
Olá Marcus. Já conheço bastante seus inteligentes argumentos. No entanto notei que tu não tens nenhuma matéria referente ao grande físico quãntico Emit Goswami. Que vem conciliando a física quântica com a espiritualidade. Tem diversos livros sobre este tema os mais importantes são: Universo auto consciente, A física da alma (lida com a reencarnação do espírito, que ele chama de consciência) , Deus não está morto, etc. Todos lidam com a nova física, Evolução e a força criadora do universo que é a consciência.

Muito boa matéria, cabe, sem sobra de dúvidas, cabem bastantes reflexões nestes estudos.

Grande abraço.

Terça, 21 de Julho de 2009

Tema: Amit Goswani, Física Quântica, Espiritualidade

Número de Caracteres
- Mensagem: 519
- Resposta: 2.460
Grande Paulo César Tenório! Há quanto tempo!? Quase dois anos, para ser mais exato.
O físico e espiritualista Amit Goswani é meu conhecido de longa data. Seu livro O Universo Auto Consciente, foi um dos primeiros que li em minha fase pré-filosófica, isto é, quando comecei a pensar em me definir como um pensador, lá pelo idos de 94 ou 95.
Fui fortemente influenciado pelas idéia do autor, e um delas em especial, o Idealismo Monista, continua sendo meu modelo de universo favorito, que prefiro chamar de Monismo Mentalista.
Mas quanto a conciliação entre Física Quântica e Espiritualidade Oriental, tenho para dizer o que mesmo que já disse em algum lugar a respeito de Frijot Capra, trata-se de um abuso de analogia. Na melhor das hipóteses, há felizes coincidências entre algumas consequências de interpretações da Física Quântica e alguns elementos de Filosofia Oriental, em especial Taoísmo. Mas achar que tais tradições orientais sejam corroboradas pelas recentes considerações da Mecânica Quântica é no mínimo um tremendo mau entendido.
Todo ele se baseia, fundamentalmente, em confundir as dificuldades de mensuração física envolvidas no Princípio da Incerteza, em especial no Colapso de Função de Onda, com a idéia ingênua de que "conhecer" algo sobre a mensuração altera o comportamento da partícula. É impossível, por exemplo, saber com precisão se uma certa partícula está em tal ou qual "posição" e "direção" porque para detectá-lo é necessário adicionar algum tipo de energia, pois como tais partículas são pequenas demais, não temos como detectá-las sem fazê-las interagir com outras partículas, o que altera seu comportamento e dá um golpe fatal em qualquer possibilidade de controlar quânticamente qualquer sistema físico.
Como essa idéia foi transformada na noção de que "tomar consciência" de algo "altera o comportamento da partícula" (apresentada também no romance A Profecia Celestina) é algo que ainda me é desconhecido.
Procure estudar sobre física quântica em fontes científicas, e nada encontrará que possa ser associado a espiritualidade. Somente fontes místicas e religiosas fazem isso, em geral nada apresentando a não ser noções errôneas. Sinto muito, mas até agora não há, por parte da ciência, qualquer sombra de confirmação do mundo espiritual, e sinceramente penso que nem poderia ser diferente.
Em minha hipótese do Monismo Mentalista, seria absurda qualquer evidência física do mundo Mental puro porque este, por definição, não pode ser detectado de maneira alguma por qualquer meio físico, sendo única e exclusivamente um fenômeno mental, só sendo detectável, talvez, por outras mentes. Mas isso é uma outra estória.
O livro de Goswani, apesar disso, me foi muito útil. Aprendi muito sobre religiões e espiritualidade, e me ajudou a abrir minha mente aos poucos. Hoje, porém, creio que ficou numa fase que dou por mais ou menos por superada.
Obrigado pela mensagem e tente não sumir.

Amigavelmente
12 de Agosto de 2009
   
          Mensagem removida a pedido do visitante
Terça, 21 de Julho de 2009

Tema: História, Consenso Acadêmico, Jesus Cristo,
Jesus Histórico
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.011
- Resposta: 675
Olá...

Desculpe pelo mau entendido mas eu realmente esperei que você deduzisse os motivos da mensagem não ter sido respondida. É simples, na Mensagem 717 apresentei um conceito que nomeei de Inversão de Paradoxo, que consiste em localizar o ponto mais vulnerável de seu sistema e expô-lo de um modo invertido, impedindo que seu adversário o pegue de surpresa e ao mesmo tempo colocando-o na defensiva.

Está implícito nisso, talvez até explícito, a afirmação de que essa vulnerabilidade é exatamente a ausência completa de suporte histórico para existência de Jesus Cristo.

Você então sintetiza sua questão colocando que a mesma, por outro lado, é um consenso no mundo acadêmico, e aí será a minha vez de perguntar:

DE ONDE VOCÊ TIROU ESSA IDÉIA!?!?

Portanto, não hã o que responder, mas sim perguntar.

Amigavelmente
11 de Agosto de 2009
   
           Daniele  -  Recife-PE  -  1982
      Pedagoga e estudante de Direito.
      Cristã

    D a n i s h a l l o n       h o t m a i l . c o m
CARO MARCOS,
Concordo que não há como estabelecer uma validade cientifica da bíblia, pois há uma dicotomia entre os conhecimentos científicos e os exposto na bíblia .
Bom, a tão falada ciência acadêmica, nada mais é do que testada e estabelecida por homens, homens esses que vivem numa profunda contradição em relação aos seus próprios achados científicos. Homens teoricamente iguais aos que escreveram a bíblia, porém de fato diferentes, pois os cientistas buscam a explicação dos acontecimentos motivados pela curiosidade ou pelo financeiro, enquanto aqueles revelarão algumas explicações por meio inspiração divina, visto que, na época que escreveram passagens que citavam a redondeza da terra, a sua suspensão sobre o nada, entre outras, só poderiam ser conhecimentos revelados a eles por meio de DEus, pois não haviam nem como cogitar outra hipótese neste tempo.
A bíblia é a verdade de DEUS e não a verdade humana, por isso, nunca foi e nunca será de fácil compreensão e explicação assim como a ciência é. DEus que criou o homem e este criou a ciência, então acredito que querer estabelecer cientificidade no contexto bíblico é diminuir e empobrecer demais a verdade da bíblia,é querer explicar DEus com a ciência do homem, inútil isso! A imensidão do poder de DEus não pode ser explicada por homens, não temos essa capacidade, por isso, que cientistas vivem querendo invalidar o que tem escrito na bíblia, pois não conseguem adequar a uma lógica humana os acontecimentos divinos da bíblia e nunca vão conseguir. Contudo, uma coisa é certa, ninguém deixara de está frente a frente com DEus, por mais que ignorem sua existência. Ciência neste dia? De nada valerá a explicação racional e lógica do mundo acadêmico, pq transcenderá o entendimento humano.

Segunda, 20 de Julho de 2009

Tema: Bíblia, Deus, Ciência, Fé, Revelação, Adequação
Petição de Princípio
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.472
- Resposta: 2.882
Cara DanielA...
Achei interessante o modo como sua mensagem aplica a circularidade de uma boa petição de princípio, isto é, ao invés de argumentar a favor de algo que se pretende demonstrar, o toma por certo, e estabelecendo-o como princípio, avalia os argumentos adversários.
Embora eu nunca tenha tomado a iniciativa de demonstrar a inadequação da Bíblia à Ciência (o que faço é demonstrar que as afirmações de inerrância científica são errôneas), talvez esteja na hora de pensar em termos de uma oposição entre quem tem acesso a uma 'verdade' externa ou não.
Você delineou bem algumas distinções entre os cientistas e os homens de fé, e ficarei com as seguintes características principais: Os primeiros são movidos pela curiosidade, que é desejo de conhecimento, os segundos são movidos pela certeza de que estão divinamente inspirados.
Os cientistas usam métodos complexos para averiguar a natureza, testes, experiências, desenvolvem teorias e apresentam resultados. Este últimos, por sinal, são inegavelmente úteis. Assim, podemos aceitar como verdadeiras várias de suas alegações pelo simples fato de gerarem resultados bastante concretos, como a tecnologia que permite nos comunicar como fazemos agora. Eles tem alguma 'verdade' afinal.
Os autores da Bíblia nada mais fizeram do que escrever, coisa que qualquer um, em qualquer lugar, pode, bastando apenas não serem ágrafos e disporem de instrumentos riscadores e base onde se riscar. Eles também alegam ter não apenas 'verdades', eles pretendem ter A VERDADE, reivindicando inspiração divina, mas a grande questão é: POR QUE ACREDITAR NELES?!
São dados muitos argumentos, e no texto É a Bíblia Divinamente Inspirada? eu analiso os mais comuns, mostrando que não há qualquer bom motivo para se ter certeza dessa alegação. A afirmação de Inerrância Científica, por exemplo, é o que eu contestei em Bíblia X Ciência, que possivelmente você deveria ter lido, já que suas afirmações parecem apontar isso. Só é estranho que o tenha feito e ainda tenha dito "...na época que escreveram passagens que citavam a redondeza da terra, a sua suspensão sobre o nada, entre outras, só poderiam ser conhecimentos revelados a eles por meio de DEus, pois não haviam nem como cogitar outra hipótese neste tempo.", como se não fosse EXATAMENTE isso que é contestado com diversos argumentos no texto.
Você solenemente faz aqui o que costumo descartar como mensagem, por simplesmente ignorar os argumentos e repetir a afirmação que foi contestada (violação da Regra de postagem 6). O que me levou a responder sua mensagem é o modo singelo como o faz, tomando irracionalidade, obscuridade e incoerência como provas de divindade.
À mim são completamente inúteis comentários como o do último parágrafo, exceto sobre a inutilidade de tentar cientificizar a Bíblia, que é idéia dos defensores da Inerrância Científica. Não estou em posição de me sentir pressionado por ameaças sutis de me confrontar com um deus que defende interesses de algumas pessoas.
Se há um Deus, que necessariamente transcenderia o conhecimento humano, ele estaria também muitíssimo além da ingenuidade de quem toma crenças irrestritas em fábulas como evidências de espiritualidade superior, e muitíssimo mais dos que se consideram detentores de verdades supremas e proprietários exclusivos dos elementos que permitiriam acessar o transcendente.
Se estaria além da razão, muitíssimo mais estaria da ignorância.
Amigavelmente

11 de Agosto de 2009
   
          Diego Barros Maia - 1982 - Brasília-DF
          Servidor Público
          Espiritualista
501 532 560 567 604 630 631 704 722
              d b m a i a       y a h o o . c o m
Saudações, meu caro Marcus! Escrevo para comentar a respeito do texto A DEFESA DO "DEMÔNIO" e sobre a discussão já iniciada com o visitante Reinaldo Gonello. Acredito que irá gostar desta mensagem. Primeiro, porque o defenderá das críticas em relação a uma suposta falta de qualidade de seu texto por imprecisões jurídicas. Depois, porque se presta a fazer aquilo que ninguém fez ainda, coisa inclusive que sempre quis fazer desde que li o texto em questão, já há um bom tempo: criticar o seu famigerado quadro bege.
A questão da suposta violação ao direito de não produzir provas contra si mesmo com a utilização do bafômetro me intrigou a um ponto que quase a utilizei como tema de minha monografia de final de curso de Direito. Percebi, da mesma forma que você, a hipocrisia de se invocar um princípio tão fundamental à democracia e à liberdade humana para justificar uma conduta tão ilícita e perigosa à sociedade quanto a embriaguês ao volante. Acabei por rejeitar o tema por ver que a sua solução era por demais simples, não merecendo maiores preocupações a respeito, como se verá a seguir.

De fato, muito embora o princípio da vedação a auto incriminação, embora não esteja expressamente previsto na nossa Constituição, é doutrinariamente aceito e até indispensável a proteção das instituições democráticas. Entretanto, toda interpretação de um princípío deve ser teleológica, ou seja, voltada para as finalidades e valores que aquele princípio visa proteger quando invocado. Podemos encarar, grosso modo, o princípio em discussão como uma proteção contra a tortura. Tal como assinalado pelo visitante Reinaldo Gonello, "Historicamente é um instrumento democrático contra a tortura, método investigativo bastante praticada na época da Inquisição e ainda hoje por governos não-democráticos." Isto não significa dizer, contudo, que o Estado não possa obrigar o cidadão à agir de determinada forma seja durante uma investigação ou em outro momento qualquer.
Ora, o Estado está sempre a obrigar determinada conduta de seus cidadãos. Somos obrigados a pagar impostos. Somos obrigados a não andar nus em plena rua. Até uma simples placa de "vire à direita" obriga o motorista a trafegar naquela direção mesmo contra sua vontade. Daí a se concluir que o Estado pode forçar o cidadão a adotar determinadas condutas, desde que não esteja ferindo sua dignidade de ser humano ou outra norma estabelecida.
Portanto, não há como defender sensatamente aplicação de tal princípio ao caso da negativa ao teste de alcoolemia.Isto porque a simples utilização do bafômetro nunca poderá ser classificada como tortura, ou prática aviltante da diginidade da pessoa humana por parte do Estado. Como bem demonstrado por você em seu texto, não passa de uma aferição da quantidade de álcool no sangue de uma pessoa. Por isso, na minha opinião, constitui sim desculpa de bêbado recusar-se a utilizar o bafômetro alegando-se não ser obrigado a produzir prova contra si mesmo. Vou mais além, a própria invocação do princípio em tal situação já implica em admissão da culpa, pois aquele que não está acima dos limites estebelecidos não teria motivo para recusar um teste tão simplório.
Então fique traquilo, Marcus. Juridicamente, seu texto nada está a dever quanto a essa questão, até porque, extremamente racional e sensato. Racionalidade esta que o Direito nunca poderia negar.
A meu ver, se alguma crítica pode ser tecida ao texto do ponto de vista jurídico, é exatamente em relação ao seu quadro bege, questão que você já tinha previsto. E a crítica cabe exatamente pelo sentido da palavra "prova" em Direito. No seu texto, defende você que "PROVA, nesse sentido, é demonstração, evidência, mostrar o existente. Ou seja, a PROVA simplesmente evidencia algo que é existente, e assim, não poderia, jamais evidenciar algo que não existe!".
Contudo, conforme esclarece o jurista Guilherme de Souza Nucci, a palavra "prova" em Direito admite no mínimo três sentidos, a saber: "a) ato de provar: é o processo pelo qual se verifica a exatidão ou a verdade do fato alegado pela parte no processo (ex.: fase probatória); b) meio: trata-se do instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo (ex.: prova testemunhal); c) resultado da ação de provar: é o produto extraído da análise dos instrumentos de prova oferecidos, demonstrando a verdade de um fato." (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo penal e Execução Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 351)

Acredito que quando se utiliza do brocado "ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo" está-se falando da prova em seu terceiro sentido, ou seja, o resultado da ação de provar. Assim, é óbvio que a evidência já foi produzida com o ato ilícito. Mas para que aquela evidência tenha a capacidade de provar a materialidade do delito e o nexo causal que o liga ao agente é necessária a intervenção do Estado na coleta e reunião das evidências durante a investigação. Daí afirma-se nesse sentido, que estar-se-ia produzindo prova quando, por exemplo, examina-se uma evidência deixada no local do crime e junta-se ao processo, ou quando um suspeito confessa ter praticado determinado ato criminoso.
Concluo, então, que não há nenhuma falha lingúistica com o princípio da não produção de prova contra si mesmo. O que há é apenas a má-fé na sua utilização.
Ah, e para finalizar, eu moro em Brasília! Gostaria muito de encontrá-lo para discutir essa e tantas outras questões, inclusive a da invisibilidade do planeta fantasma (achou que ia me esquecer, né? hahahahhahha)

Um forte abraço, meu amigo!
Diego
Segunda, 13 de Julho de 2009

Tema: Legislação, Álcool, Lei Seca, Direito, Prova

Número Aproximado de Caracteres
- Mensagem: 4.650
- Resposta: 3.316
Olá Diego.
Antes de tudo, mil desculpas por demorar tanto a responder, principalmente depois de responder as mensagens anteriores quase instantaneamente. Mas Planeta Fantasma, Qualificação de Mestrado, um denso novo texto no EVO.BIO, e algumas discussões pesadas que estou travando por e-mail, incluindo uma com um grupo de acadêmicos dos quais um será membro de minha banca examinadora, e outras coisas, me deixaram mesmo muito ocupado no pouco tempo que estou tendo para usar meu computador. Pois, apesar de estar em casa, recebendo bolsa de mestrado para escrever, meu bebê não dá muita importância para isso, e quer atenção o tempo todo.

Finda as desculpas, só posso admitir que sua mensagem só não está perfeita porque não acredito em perfeição. Inclusive não tenho o que objetar, nem mesmo sobre seus comentários sobre o quadro BEGE. (Só não entendi o 'famigerado'.)
De fato, era evidente que a contestação deveria se centrar na questão pericial, que é o resultado do terceiro significado que você citou, mas isso levaria necessariamente a debater os artigos sobre prova pericial no Código Civil como, como por exemplo o 231 "Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa." e 232 "A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame." que é inclusive citado no texto. O que, a não ser que se negue o fato óbvio que a situação é absolutamente aplicável ao caso do bafômetro, daria um Xeque-Mate na discussão.
Isso aconteceria porque, uma vez admitida a noção de que produzir prova seria exatamente realizar a perícia, independente de ter havido crime ou não, só seria possível se esquivar da obrigatoriedade se houvesse um princípio que afirmasse que "ninguém é obrigado a colaborar na realização de perícia", o que seria absurdo, pois nenhum policial de trânsito poderia sequer pedir para examinar sua carteira de habilitação ou que se abrisse o porta malas do carro.
E é por isso que você tem razão, é má-fé mesmo. Para ser mais preciso, trata-se de uma sofisma ardiloso que simplesmente distorce e confunde conceitos.
Eu costumo deixar alguns argumentos com uma ou outra brecha, e esperar que o crítico morda a isca, e então dar o golpe fatal. Acho que nesse caso, porém, não deu certo, nenhum estudioso de direito cairia na armadilha, provavelmente antevendo claramente o que isso resultaria, mesmo porque há havia citado o Artigo 232. Daí, é clara e esperada a recusa a discutir o conteúdo NUCLEAR do texto A Defesa do "Demônio".
Essa caminho também automaticamente neutralizaria qualquer alegação que se relacionasse à depoimento, ou direito de ficar calado.

Agora eu faço uma aposta. Acaba de ser alterada a Lei 8.560/92 especificamente para o caso de ações de reconhecimento de paternidade, que aplica o Artigo 232 de forma direta ao caso. Antes era só jurisprudência, e bom senso, agora é lei! A situação é ABSOLUTAMENTE análoga à questão do álcool, que também é lei.
O que eu aposto é que não haverão tentativas de usar o mesmo argumento em defesa dos pais safados que querem se esquivar de suas obrigações parentais. Nenhum argumento de que tal redação é inconstitucional e nenhuma ação coordenada para levar ao Supremo a questão. E mesmo se houver, seriam casos isolados e insignificantes, sempre movidos por um advogado de defesa do réu, e não uma ação direta de inconstitucionalidade aplicada ao caso geral.
Isso apenas prova o que venho falando. A força que a apologia do álcool tem em nossa sociedade é terrível! Ela é capaz de subverter não apenas o juízo do ébrio, mas também do sóbrio em plena posição de mover ações jurídicas com ar de seriedade. NADA HÁ QUE SE COMPARE! É UM FANATISMO INACREDITÁVEL!
Por sorte, creio que possibilidade da ADI 4103 lograr êxito é nula. O STF pode ter seus problemas, mas ninguém ali é suficientemente retardado para cair nesse logro. A ABRASEL e companhia poderiam ter ficado quietos, exercendo seu direito de ficar calados!

Amigavelmente

5 de Agosto de 2009
   
          Reinaldo Gonello   -   1979   -   Porto Alegre-RS
          Advogado   

    731, 732
            g o n e l l o       b o l . c o m . b r
Prezado Marcus,
Obrigado por responder. Eu acredito que é das discussões (no sentido acadêmico) que nasce o verdadeiro conhecimento.
Apenas quero lembrar que eu nunca falei em derrubar a Lei Seca. Na verdade a Lei Seca é uma série de alterações do Código de Trânsito Brasileiro. Se ela fosse derrubada, voltaríamos ao texto anterior que é muito pior.
Eu simplesmente penso que, em situações sem acidente, o art. 306 é inócuo frente a Constituição.
Em matéria administrativa o seu carro será recolhido e sua permissão para dirigir será suspensa por 12 meses, além de pagar multa. Isso é o que acontece atualmente, seja soprando bafômetro ou recusando-se, pois basta o testemunho de um agente do Estado.
Mas em matéria criminal, que é do que trata o art. 306, é completamente ineficaz. Basta o cidadão se recusar para que o dispositivo não seja aplicado, pois trata-se de Direito Penal. Um agente do Estado não pode, com um simples testemunho, ter o poder de tirar a liberdade de um cidadão. A menos que estejamos em uma ditadura.
Para entender por que é ineficaz, é necessário entender o conceito de "não fazer prova contra si mesmo" e o problema do álcool.
Quando que um bêbado é perigoso ao volante? Sempre. O perigo pode não ter se materializado em um acidente, mas a possibilidade estará presente. Mas como comprovar esse perigo?
Então é isso que a Constituição quer. Enquanto o Estado não comprovar o perigo, ela permitirá que o cidadão dirija bêbado. Estatísticas são estatísticas. O Estado é muito "artificial" e poderoso para poder interferir na liberdade do cidadão quando bem quiser.
Existem diversas outras situações em que um condutor também está colocando sua vida e a de outros em perigo. É o caso do paciente que toma remédios tarja preta, da pessoa estressada, da pessoa com sono e até do idoso. Mais uma vez repito: o ser humano é muito complexo. Nenhuma lei irá prever todos os perigos. Quantos acidentes são causados entre pessoas que não beberam?
Nós cidadãos sabemos como é perigoso. Teoricamente nada impede que um cidadão impeça o outro, que está bêbado, de dirigir. Mas a Constituição serve para limitar os poderes do Estado. É por isso que o Estado está amarrado, ele só pode tirar a liberdade de um cidadão em último caso, mediante provas. Assim é no Direito Penal.
Na área do Direito Administrativo isso já não ocorre. O "direito de conduzir veículos automotores" é uma concessão do Estado, que pode recolher quando bem quiser, tendo em vista o bem comum. Alias, existem alguns veículos que nem necessitam de autorização, como a bicicleta motorizada. O Estado apenas administra alguns bens produzidos pela indústria (automóveis, armas, rojões, serra elétrica, etc) e o seu uso em via pública.
Nenhuma lei pode impedir que você dirija bêbado na sua fazenda ou em um estacionamento de Supermercado.
Uma coisa é restringir condições para o uso de equipamentos em via pública, outra coisa é penalizar o próprio cidadão por esse uso indevido.
Eu penso que, apesar de não ser o ideal, a lei está bem do jeito que está. Ou seja, o automovel é recolhido e o cidadão fica 12 meses sem dirigir. Pra que prender, se não houve acidentes?
Quando o condutor bêbado se envolve em um acidente, neste caso sim basta o testemunho de um agente do Estado, pois o perigo já se materializou. Aí sim o art. 306 é aplicado. Caso contrário, sem acidente, trata-se de crime futuro, onde o cidadão seria penalizado por algo que ainda não ocorreu, coisa que não se admite em uma Democracia.
Talvez você não tenha entendido uma diferença entre Direito Penal e os outros ramos. O Direito Constitucional tem como uma das maiores missões "controlar" o poder estatal de penalizar. O Direito Penal diz COMO o Estado irá penalizar e POR QUE, enquanto a Constituição diz em que ocasiões ele poderá faze-lo. Fico limitado aqui por falta de espaço, mas é basicamente isso.
A questão de classificar a análise do hálito como sendo prova testemunhal ou pericial não é tão importante para definir a possibilidade de o Estado penalizar o cidadão privando-o de liberdade. O que importa é que esta análise do hálito, esta prova, de alguma forma exigirá uma ação do dono do corpo analizado. E isso é fazer prova contra si mesmo. Como pode o Estado forçar alguem a fazer algo para ajudar este próprio Estado a acusa-lo perante um juiz? Mas se serve de consolo, o Direito Administrativo já o privará de dirigir e penalizará no bolso em qualquer situação, com ou sem acidente.
O problema está em como previnir que alguem beba e dirija, e não como o Estado poderá puni-lo caso este mesmo Estado o flagrar nessa situação.
Como previnir que alguem beba e dirija? Que alguem cuide o remédio que irá tomar antes de dirigir? Que tenha dormido bem antes de dirigir? Que tenha a capacidade de reconhecer que está idoso demais para dirigir sem colocar em risco a vida de outros? Que Lei seria capaz de fazer isso? Nenhuma. Só a Educação moral e intelectual. Chega de leis burras!
Por fim, reafirmo que deveria ser bom retirar o texto ou modifica-lo para deixar menos ofensivo aos críticos da "Lei Seca". Dizer que defendem o demônio é no mínimo engraçado, talvez alguns mais ofendidos digam que é uma estupidez.

Segunda, 13 de Julho de 2009

Tema: Legislação, Álcool, Lei Seca, Direito, Prova

Número de Caracteres
- Mensagem: 4.289
- Resposta: 6.765
Caro Reinaldo. Pela primeira vez na história deste site alguém consegue emplacar 3 mensagens seguidas, e ainda por cima sobre o mesmo tema!
Bem então voltemos a esse debate surgido com meu texto A DEFESA DO 'DEMÔNIO'.
Nunca me preocupei com essa questão específica da separação entre a esfera administrativa e a penal, pois meus dois alvos sempre foram a questão da 'prova contra si mesmo' e a pura eficiência da lei. Para a segunda, estatísticas nesse caso são muito mais do que dados, são VIDAS!
Se é fato que a medida tem diminuído o número de mortes, é de interesse do bem maior que ela seja revertida? Você fala como se a remoção das medidas que a caracterizaram, a redução do limite de 0.6 para 0.2, a obrigatoriedade do teste ou a imputabilidade de culpa mediante sua negação, e por fim a penalização, que são o que tem de fato caracterizado essa nova legislação, não estivessem diretamente relacionados a uma redução factual do número de mortes.
Ocorre que a eliminação de qualquer um dos elementos, incluindo a criminalização, reduziria a eficácia da medida, e ainda que ela contivesse algum grau de inconsistência com os direitos humanos fundamentais e o estado democrático de direito, o que não creio que tenha, haveria que considerarmos o bem maior. Portanto, ao invés de pensar em Aristóteles ou Kant, que é muito influente no meio jurídico, acho que é caso de pensarmos em Jeremy Bentham, Stuart Mill e seus conterrâneos e contemporâneos utilitaristas.
Qualquer que seja o dano que tenha ocorrido ao bem público com a adoção da medida, ele seguramente é compensado com imensa vantagem pelo benefício. Basta perguntar a você mesmo. Imagine que a lei fosse derrubada, e que então seu filho fosse morto por ação direta de um motorista bêbado que já foi flagrado antes, mas pôde continuar livre. Qual seria a sua sensação?
Você pode contrapor com a idéia de pessoas que teriam sido duramente penalizadas por um infração que talvez nunca tivesse resultado em mortes. Mas mesmo sofrer uma prisão arbitrária por alguns anos ainda é um mal menor do que morrer. Principalmente porque o preso foi diretamente responsável pela sua situação, tendo tido a livre escolha de dirigir sob efeito de álcool, ao passo que a vítima não teve escolha alguma.
Essa simples percepção da livre escolha é suficiente para aniquilar todas as comparações que você fez, que foram no mínimo imprudentes.
Quem toma remédios tarja preta sofre de alguma condição que os faz necessários, e lembre-se que caso sua capacidade de dirigir seja afetada, ela poderá ser penalizada também. Sofrer estresse não é normalmente algo que esteja no nosso controle, somos vítimas passivas de situações assim. O mesmo pode ocorrer com estar com sono, bem como pode ser considerado imprudência criminosa dirigir após passar dias sem dormir. E a idade avançada também é controlada pela legislação, que exige que se faça testes periódicos para que se comprove a capacidade de continuar dirigindo.
Porém, mais importante que tudo isso, é que todas as condições citadas quase sempre não são resultado de nossa livre escolha, são males que nos afligem e sob os quais normalmente não temos controle. Situação TOTALMENTE DIFERENTE é ingerir álcool e dirigir, que é um ato totalmente sob controle de nosso livre arbítrio.
Envelhecer, ficar estressado, ter sono ou ficar doente são condições inevitáveis que nos acometem. Não tem cabimento comparar isso com ingerir álcool ou outras drogas completamente desnecessárias e nocivas.
Ainda menos aceitável é afirmar que o perigo potencial deva ser ignorado por não ter sido concretizado. Até a sabedoria popular tem algo a dizer sobre isso. Não há argumento que possa ser levantado para negar o fato de que, de maneira geral, dirigir sob efeito de álcool é sim perigoso, aumentando inequivocamente os riscos de um acidente. Pretender que a lei espere que o dano aconteça para só depois agir é condenar à sociedade à uma sorte que seria perfeitamente evitável. Sempre lembrando que está em nosso pleno poder não dirigir embriagado.
Sob a questão da penalização administrativa, ficou evidente que ela é pouco eficiente para conter a mortalidade. Pelo fato ÓBVIO de que sendo o juízo a primeira vítima do álcool, é de uma ingenuidade preocupante achar que o ébrio que já teve a carteira caçada seria só por isso impedido de dirigir.
Portanto, embora o estado não possa impedir ninguém de se estressar, envelhecer, adoecer, ter sono ou coisa que o valha, ele PODE SIM impedir que se dirija embriagado, ao menos em tese, bem como poderia até mesmo proibir completamente bebidas alcoólicas. Ainda que fosse inviável, é possível, ao passo que legislação nenhuma impediria o envelhecimento ou as doenças.
Percebo também que você se coloca numa posição que aparenta possuir alguma vantagem teórica, como se estivéssemos apenas especulando e não discutindo um caso concreto. Ocorre que a legislação brasileira aceitou essa nova legislação e é bem provável que ela continuará vigorando. Assim, de um modo ou de outro, nossos juristas tem entendido que ela é válida. Portanto, não adianta apelar para minha não especialização em direito, por que eu posso apelar para a especialização da instância jurídica que a está validando.
Fora isso, só nos resta discutir a nível conceitual.
Voltando ao perigo potencial, é descabido esperar que exista um direito de dirigir bêbado, que só deve ser penalizado na ocorrência de acidentes, quando temos inúmeras situações perfeitamente correlatas onde o perigo potencial é mais do que suficiente para a penalização. Como andar armado sem porte de arma, mesmo que nunca se atire em ninguém, ou estocar grandes quantidades de explosivos em casa, mesmo que eles jamais explodam.
Em nome da possível não concretização da ameaça, poderíamos deixar todos andarem às ruas com armas na cintura contando com o seu bom senso? E isso sem contar que mesmo estando armado, o bom senso é bem menos afetado do que estando bêbado, e que pode haver utilidade comprovada, e até benefício público, em permitir cidadãos armados, ainda que seja improvável. Por outro lado, não existe benefício algum, nem público nem individual, em dirigir bêbado.
Por fim, voltando a questão da prova contra si mesmo, ainda não vi que argumento você poderia me oferecer para contestar minha abordagem. Ainda que o cidadão tenha que se submeter e colaborar com o teste de alcoolemia, ele também deve fazê-lo ao se expor a um reconhecimento facial de vítimas de crime. Então um suspeito poderia se recusar a mostrar seu rosto em nome do 'princípio de não produzir prova contra si mesmo'?
E nem entramos na discussão semântica, que é a meu ver o mais importante.
Enfim, como eu já disse, esse texto VAI FICAR NO AR, se houver erros posso corrigí-los, mesmo assim não terá seu teor alterado. Continuará defendendo a "Lei Seca" e provocando ânimos ao chamar 'álcool' de 'demônio', que é, como já expliquei em A Droga da Incoerência, uma tradução possível para o árabe, onde não a toa são muito menos tolerantes com álcool do que nós.
Nesse mesmo texto deixei bem claro meus motivos de porque sou fortemente indignado como a forma como o consumo de álcool é defendido a todo custo em nossa sociedade, mesmo que seja às custas de vidas inocentes.
Não vi iniciativas jurídicas comparáveis para defender os usuários de armas de fogo após a nova legislação de controle de armas e munições, nem para quem se recuse a fazer testes de paternidade e não queira, por isso, ter sua obrigação parental reconhecida automaticamente. Não vimos nenhum desses argumentos de 'não produzir prova contra si mesmo', para aqueles que são obrigados a ser revistados correndo o risco de serem incriminados por portar armas, drogas ou mercadorias roubadas.
O fato de que tais argumentos surjam agora para defender o 'direito' de dirigir embriagado é no mínimo suspeito. E se esses apolegetas do álcool se sentirem atingidos pelo meu texto, era exatamente essa a intenção.
O que me faz pensar que ele incomoda não por ser juridicamente equivocado ou por me fazer passar vergonha. Mas sim porque talvez forneça argumentos fortes contra a apologia etílica.
Amigavelmente
16 de Julho de 2009
   
          Reinaldo Gonello   -   1979   -   Porto Alegre-RS
          Advogado   

    731
            g o n e l l o       b o l . c o m . b r
Prezado Marcus,
Meu "abraço etílico" foi uma brincadeira, um tipo de ironia.
Eu estava bem sóbrio quando li a seguinte frase do seu texto: Aqueles, no entanto, que tiveram a curiosidade de examinar tal princípio diretamente, tiveram uma espantosa surpresa: O TAL PRINCÍPIO NÃO EXISTE!!!
Isso foi escrito por você, inclusive com as letras maiúsculas. Confesso que não li até o fim pois percebi que você estava desenvolvendo seu raciocínio em cima de premissas erradas, por isso resolvi lhe escrever.
Então se você, agora, alega que não negou o princípio, só posso crer que talvez seus pensamentos nem sempre acompanhem o que suas mãos escrevem.
Mas brincadeiras à parte, vou agora "falar" sério. Eu não sou contra o espírito ou as intenções da Lei Seca, sou contra todas as "leis burras". E essa é mais uma.
Esta lei, na ânsia de proteger a vida humana, acaba não se adequando ao sistema de normas e princípios e, por consequência, sempre irá ferir algum direito garantido pela Constituição, que também protege a vida humana e outros valores igualmente importantes, como a Democracia.
Obviamente a mistura de álcool e direção é um risco alto para a socidade. Mas enquanto não se cria uma lei eficaz para combater esta prática, o que realmente funciona é a educação das pessoas.
A melhor lei é aquela que vem da própria mente, de dentro do ser humano, e o "força" a ser um bom cidadão: a moral.
Peço licença para entrar na sua área (a Filosofia) e lembrar de Aristóteles. Sou a favor do pensamento aristotélico de que uma das funções essenciais do Estado é educar os cidadãos para conviver em sociedade. Nenhuma lei é mais eficaz do que sua própria consciência.
Eu não quero um Estado decepando minha liberdade e me dizendo o que eu posso ou não posso fazer. Meu livre arbítrio, eu ja nasci com ele, não foi o Estado que me concedeu. Os legisladores e o povo em geral, quando pensam numa nova lei, sempre esquecem destas coisas básicas pois estão sempre focados e indignados com o problema em questão. Daí acaba surgindo as leis burras.
No Brasil, a legislação criminal é assim: morreu uma atriz chamada Daniela Perez? Pronto, vamos criar a Lei dos Crimes Hediondos, mesmo que fira a Constituição. Ta todo mundo bebendo e dirigindo? Vamos fazer como nos EUA e criar uma Lei Seca, mesmo que lá o sistema jurídico seja completamente diferente.
Quem se opõe, está defendendo o demônio! Quem se opõe são bandidos, drogados, viciados, bêbados, que não merecem viver conosco. Na legislação e na mente do povo brasileiro as pessoas se dividem entre as do bem e as do mal.
Um pouco de psicologia: isso é descontrole emocional. O cidadão se revolta com um problema, fica indignado, e exige leis radicais. O cérebro vira um mero escravo do coração. A emoção domina a razão. E isso, misturado às Leis, é tão perigoso quanto o álcool ao volante.
Mas ainda bem que temos o Poder Judiciário para controlar os excessos. Lei nem sempre é o remédio para todos os problemas. O ser humano é muito complexo para ser tratado como um programa de computador, com regras pré-definidas. Um homem livre e moralmente educado é um cidadão perfeito, é um ser humano completo.
Por isso, meu amigo, repito que o seu texto Em defesa do demônio é uma piada de mau gosto. Além de equivocado, baseando-se em premissas erradas e desconhecimento do assunto, é ofensivo para aqueles que são contra os abusos e burrices da Lei Seca.
Não se deve criticar algo por pura emoção, senão o raciocínio tende a ser radical e, por consequência, falho. Por isso sugeri que retirasse o texto do site. Afinal é você quem deve estar passando vergonha (mesmo sem perceber, ainda que suas intenções sejam boas).
Um abraço.

Domingo, 12 de Julho de 2009

Tema: Legislação, Álcool, Lei Seca, Direito, Prova

Número de Caracteres
- Mensagem: 3.035
- Resposta: 3.631
Olá de novo Reinaldo. Obrigado por continuar no assunto.
Você tem sorte de receber respostas quase imediatas às suas mensagens, a maioria dos visitantes espera semanas. (Aconteceu porque consegui limpar os Livro de Visitantes).
Obrigado por confessar não ter lido até o final, e até entendo seus motivos. Só acho que poderia ter continuado pelos menos mais algumas linhas, pois imediatamente após essa frase citada, está escrito Ao menos, não diretamente., e logo em seguida está sendo explicado que o mesmo deve ser interpretado, bem como citadas algumas fontes que permitem tal interpretação. Talvez eu deva colocar tal frase de modo menos brusco, não o fiz porque já tive uma boa cota de examinadores deste texto. Quando o escrevi eu estava dando aulas para uma turma de direito na UnB, por sinal, e o comentamos por e-mail e pelas aulas, onde tive uma boa cota de críticos, todos etílicos confessos, devo dizer.
Perguntar se você estava sóbrio foi também uma ironia, e obrigado por manter o bom humor. Vamos falar sério agora.
Em nada discordo de suas colocações a respeito da educação, da força moral pessoal como a melhor legislação, e até mesmo do perigo de leis burras. Meus textos Droga de Elite, Voto Certo - Tiro e Queda e Guerreiros Digitais versam exatamente sobre o problema de legislações equivocadas.
Infelizmente, as leis costumam ser proporcionais à situação em que se encontram. Por uma questão cultural, o povo brasileiro, entre suas inúmeras outras qualidades, tem esse defeito de colocar seu direito a diversão acima de qualquer outro direito, a ponto de perturbar a paz noturna com festas barulhentas em plena véspera de dia útil, e ainda se sentir ofendido porque alguém exigiu que cumpra a legislação e abaixe o volume do som.
Neste caso, ao menos parece que ninguém está morrendo, mas é absolutamente descabido esperar que seja o mesmo caso numa infração que ceifa milhares de vida ao ano. Ainda que a lei seja burra, é fato objetivo que ela reduziu o número de mortes, e derrubá-la significaria, EVIDENTEMENTE, AUMENTAR NOVAMENTE O NÚMERO DE MORTES!
Se ela não funcionasse, eu me calaria, mas funciona, e por mais problemática que pudesse ser em relação a questões do estado de direito, não mudaria o fato de que está salvaguardando o maior bem jurídico possível, a vida humana.
Não posso negar que possa ter cometido algum erro grave em minha interpretação do assunto, como aliás já me disseram algumas vezes. Mas algo que não acredito de modo algum é em conceitos que só podem ser entendidos por quem passou por anos de dedicação a alguma área específica, exceto na matemática ou física avançada, talvez. Por isso, se há um erro grave no meu texto, eu requisito encarecidamente que me diga qual é.
Além do mais, meu argumento CENTRAL continua intocado por você. O que é curioso, visto que sempre achei que seria o ponto mais atacado, mas até hoje ninguém sequer o comentou, se limitando a questionar a existência e a validade do princípio de não auto-incriminação.
Mas volto a afirmar, mesmo que o princípio estivesse explicitado desta forma, bem como ocorresse até mesmo um entendimento do STF derrubando essa lei exatamente com esse argumento, isto em nada mudaria a minha tese de que FAZER UM TESTE DE ALCOOLEMIA NÃO É DEPOR CONTRA SI MESMO! Da mesma forma como não o é extrair uma impressão digital, ter sua casa revistada por mandado judicial ou se expor a um reconhecimento facial numa delegacia.
Portanto, meu texto A defesa do demônio pode até ser de mau gosto, mas não é uma piada ao menos até que alguém me mostre qual é a graça, ou seja, a falha conceitual. Digo que talvez um entendimento maior dele exija os outros textos precedentes, A Lei Sóbria X Os Adoradores do Demônio e A Droga da Incoerência.
Não posso concordar que fui puramente emocional, mas não tenho vergonha alguma em admitir que fui fortemente emocional, o que nunca será um problema se a racionalidade não for afetada. Se foi, possibilidade que não nego, por favor, me diga onde.
Não retiro textos do ar por princípio, mas se for convencido de que possuem erros, eu faço apontamentos indicando e corrigindo os erros, SEM FINGIR QUE ELES NÃO EXISTIAM. Portanto, não tenha receio de que o mudarei sim caso consiga me mostrar onde ele fracassa.
Não tenha vergonha, por que até agora eu também não tive.
Pena que não moramos perto para que possamos tomar uma bebida juntos.
Amigavelmente
13 de Julho de 2009
   
          Reinaldo Gonello   -   1979   -   Porto Alegre-RS
          Advogado   


            g o n e l l o       b o l . c o m . b r
Prezado Marcus,
Pesquisando sobre um tema jurídico me deparei com um texto seu chamado A DEFESA DO 'DEMÔNIO' com data de 02/09/08 na seção ENSAIOS.
Talvez você ja deva estar imaginando que eu irei criticá-lo. Posso lhe adiantar que esta será uma crítica construtiva. Mas antes quero lhe parabenizar pela boa intenção em defender a vida humana, mesmo que aventurando-se em uma área desconhecida para você: o Direito.
Eu entendo sua preocupação em defender a chamada "Lei Seca" tendo em vista o nobre objetivo da mesma, que é salvar vidas humanas. Mas acredito que ao exagerar nesta defesa você tenha cometido uma enorme gafe, mesmo sem saber.
Você não pode inconscientemente rotular algo como sendo "do mal" (o principio da vedação da auto-incriminação) só porque contraria uma outra coisa que é "do bem" (a "Lei Seca"). Ou, pior ainda do que o rótulo, negar a existência. Na verdade não é bem assim.
O princípio da vedação à auto-incriminação, pelo qual se diz que ninguem é obrigado a produzir provas contra si mesmo, existe sim e é "do bem". Não é desculpa de bêbado.
Aqui no Brasil ele é uma construção doutrinária. Já nos Estados Unidos está expressamente mencionado na Constituição de lá, pela Quinta Emenda.
Trata-se de um conceito jurídico a favor da Democracia. Historicamente é um instrumento democrático contra a tortura, método investigativo bastante praticada na época da Inquisição e ainda hoje por governos não-democráticos.
As leis formam um sistema e, como tal, elas não podem conflitar entre si. Daí existem os princípios, que são valores lógicos que orientam as interpretações das leis de forma a garantir a adesão ao sistema.
A Constituição escrita é a materialização de um sistema de normas constitucionais cuja fonte não é apenas o texto legal mas também os princípios e doutrinas universalmente aceitos e estudados, além dos pactos internacionais como você bem mencionou no seu texto.
O princípio da vedação à auto-incriminação é parte do sistema Constitucional brasileiro. Não está expressamente citado no texto legal, mas deriva de um princípio maior que é o da Ampla Defesa. O inciso LV do artigo 5 da Constituição termina assegurando o princípio da ampla defesa "com os meios e recursos a ela inerentes". Ou seja, se você em determinada ocasião é obrigado a se auto-incriminar, como poderá ter ampla defesa? Como poderá se defender de si próprio perante o julgador?
Vou interromper o raciocínio por aqui para simplesmente lhe afirmar que o princípio citado, cuja existência foi pateticamente negada por você, existe sim e ele não é contrário à defesa da vida humana e tampouco deve ser considerado desculpa de bêbado. É um princípio compatível com a Democracia. Você é contra a Democracia?
Como este não é o espaço adequado para aulas de Direito, sugiro dar uma olhada neste excelente texto da OAB/SP sobre exatamente este tema: O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO UNIVERSAL À AUTO-INCRIMINAÇÃO.
Se pela ótica da ciência jurídica a "Lei Seca" é defeituosa neste ponto, pois a Constituição permite que o cidadão se negue a fazer teste de alcoolemia, isso não significa que quem aponta os defeitos desta Lei esteja contra a vida humana ou fazendo apologia ao uso do álcool, como você sugeriu no seu texto ao criticar aquele artigo do site Ambito Juridico.
Enquanto diversos juizes por todo o Brasil e no exterior, desembargadores, advogados, promotores, estudantes de Direito, de diversas idades e classes sociais, não só estudam como tambem utilizam este princípio consagrado, como pode um cidadão formado em Filosofia emitir uma opinião afirmando que tal princípio não existe?
Quando falamos de assuntos técnicos que desconhecemos, corremos o risco de estarmos sendo ridículos.
Sinceramente, eu sugiro retirar esse texto do seu site para não passar mais vergonha.

Parabéns pela boa e nobre intenção, mas tente estudar "Direito" antes de tornar pública uma opinião sobre um assunto tão sério.
Um abraço etílico.

Sábado, 11 de Julho de 2009

Tema: Legislação, Álcool, Lei Seca, Direito, Prova

Número de Caracteres
- Mensagem: 3.284
- Resposta: 3.461
Caro Reinaldo...
Obrigado por seus comentários sobre o texto A DEFESA DO 'DEMÔNIO', e pelo link, que porém NADA tem haver com o tema, pois trata unicamente da questão dos depoimentos, quando texto tem como uma das principais características mostrar que a questão do teste do bafômetro NADA tem haver com depoimentos, mas simplesmente no sentido de PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. Perícia é algo claramente distinto de Confissão, como rege o Código Civil no Art. 212.
Assim Embriaguez ao volante; exames de alcoolemia e teste do bafômetro, ainda é o melhor que conheço sobre o tema. Agradeço sua boa vontade e louvo sua cortesia. Mas, talvez influenciado pela mensagem que recebi abaixo, lamento sua associação de conceitos como "do Bem" e "do Mal", que tem a recorrente capacidade de me incitar a abandonar textos toda vez que a vejo.
Em meu texto não há crítica alguma ao princípio da não auto-incriminação a não ser pela dificuldade de ser percebida por um leitor leigo, e por sua associação ao exame de alcoolemia, que NÃO É um violação deste princípio.
Tudo o que você diz das linhas 19 a 46 está claramente reconhecido, abordado e analisado, mas você claramente não prestou atenção a isso, pois afirma: "...o princípio citado, cuja existência foi pateticamente negada por você, existe sim e ele não é contrário à defesa da vida humana e tampouco deve ser considerado desculpa de bêbado. É um princípio compatível com a Democracia. Você é contra a Democracia?"
Se eu fosse contra a democracia não teria escrito um texto intitulado Em Defesa da Democracia, e não neguei a existência do princípio, e sim sua obviedade e que se aplicasse ao caso em questão. Escrevi: "...esse conceito na realidade aponta, de modo razoável, é uma restrição contra as "provas forjadas"." , e também "...o Legislador pretendeu ao estipular os princípios de Presunção de Inocência, do direito de Ficar Calado e de não Depor contra si mesmo, foi evitar que pessoas pudessem ser obrigadas a confissões forçadas, mediante tortura ou ameaça, ou que seu silêncio fosse tomado como evidência de culpa ao mesmo tempo que qualquer coisa que dissessem pudesse ser usadas contra elas.
Assim, esse "direito de não produzir prova contra si mesmo" só faz sentido quando o produzir em questão está sendo entendido no sentido de FORJAR, isto é, construir uma FALSA PROVA, o que, definitivamente, não é o caso das perícias técnicas em questão."
Eu diria isso de algo que neguei existir? E desta última frase que retiro o entendimento de que você, ainda que tenha lido o texto até o fim, este parece ter entrado por um olho e saído por outro, pois o NÚCLEO, que está destacado num quadrilátero BEGE e em fonte AMPLIADA, é exatamente o questionamento da identificação improcedente do conceito de EXTRAIR algo do de PRODUZIR algo, que ainda por cima está associado no sentido de FORJAR, produção fraudulenta.
Ainda que eu tivesse negado um princípio que fosse claro e evidente na constituição, isso em nada afetaria o ponto central do texto, que é a crítica à comparação do teste de alcoolemia, uma extração de uma evidência, com a idéia de Forjar uma evidência falsa, ou mesmo do mero sentido de produzí-la.
Não é argumento jurídico, mas semântico. E o Direito, que nem me é uma área desconhecida, jamais poderia, por sua forma, destruir os fundamentos da racionalidade. É inútil tentar me pressionar com uma credencial jurídica quando o cerne do assunto é meramente linguístico, pois ninguém tem o direito de atropelar a racionalidade. Bem como não adianta um PHD em Antropologia dizer algo como "não existe natureza", porque isso continuará não fazendo o menor sentido.

Portanto, não afirmei a inexistência do princípio, só neguei que se aplique ao caso com um argumento linguístico. E o seu "abraço etílico" só serve para reforçar ainda mais a suspeita de que argumentações como essa não estão nada mais do que fazendo apologia do álcool.
Leia A Lei Sóbria X Os Adoradores do Demônio para ver que há bons motivos para suspeitar dessas iniciativas.
Agradeço sua preocupação e honro sua sinceridade. Mas (leve na brincadeira por favor) fico me perguntando se você realmente estava sóbrio quando leu este texto.

Amigavelmente
11 de Julho de 2009
   
           Ana  -  São Paulo  -  1967
      Historiadora e arquiteta

      e-mail falso
                a a a f f f       y a h o o . c o m
Prezado Marcus Valério,
Sem querer fui parar em teu site e lí um belíssimo ensaio sobre o maniqueísmo. Após estudá-lo com afinco, me atrevi e resolvi continuar a ler teus escritos.
No entando, pude notar que você é um MANIQUEISTA no sentido integral do termo. Por que criticar o maniqueísmo se você é o exemplo dele?

Colocando os EUA como o diabo e os "países socialistas" como Deuses;
A direita como o mal, a Esquerda como o bem;
Revistas de conteudo nefasto e revistas "verdadeiras". Você determina o que é a verdade? Ditaduras do bem e ditaduras do mal? FHC é Lúcifer e Lula Jeová?
Que hipocrisia!!!

Interessante as contradições da vida não é mesmo?
Ainda lí a baboseira de que Rússia e China estão pósperas graças a terem sido socialistas. Pelo que me consta o muro caiu porque os baldrames estavam PUTREFATOS e não porque estavam rompendo o lacre para a modernidade não é mesmo?
Teu próximo texto deveria ser denominado: Mea culpa - Hipocrisias Vermelhas.
Continue escrevendo sobre filosofia porque ai você tem seu brilho. Mas não se esqueça que você pode se enquadrar em preceitos que julga.

Quarta, 1 de Julhoo de 2009

Tema: Maniqueísmo, Política, Ideologia, Esquerda, Direita, EUA, URSS, socialismo, comunismo, Rússia, China, Lula, FHC
Número de Caracteres
- Mensagem: 908
- Resposta: 4.970
Prezada Ana...
Só por ter dado um e-mail falso, eu já poderia não responder sua mensagem, além do que o poderia ser também pseudônimo, visto que 'Ana', ou 'Ana Paula', por si só, não é um Nome Completo, que teria que ser pelo menos algo do tipo 'Ana Paula Silva'. Mas a mensagem em si é válida, apesar de seu tom agressivo.
Quanto a suas acusações, vamos aos fatos:

1 - Desafio você a encontrar uma única frase, mesmo isolada e fora de contexto, onde eu tenha sequer insinuado que os países da Cortina de Ferro fossem algo próximo de santos. Já disse coisas boas sobre eles sim, mas também já disse coisas ruins;

2 - O único texto onde talvez você poderia deduzir uma crítica dura aos EUA seria 50 Milhões de Cretinos, mas é evidente, para qualquer em que saiba ler, que o texto é uma crítica antes à um parte dos EUA, no caso os 50 milhões que reelegeram George W. Bush, bem como uma crítica feroz ao seu governo. E não só nele, mas em várias outra partes deste site, você verá elogios ao governo de Bill Clinton, que pode ter tido sim seus problemas, mas comparado ao Bush era mesmo um santo;

3 - A "trilogia" O Silêncio dos Inocentes, O Grito dos Culpados e Difícil pra Chuchu, analisa basicamente nossa situação aqui no Brasil. Embora eu, sendo centro-esquerda, social democrata, etc, evidentemente seja muito mais favorável ao governo Lula, também já teci várias críticas ao mesmo, bem como também elogiei elementos do governo tucano, ainda que entre as severas críticas;

4 - O texto Heróis Capitais você deve ter lido, pois fez referência a um assunto que foi abordado lá. Só que eu NUNCA DISSE "Rússia e China estão pósperas graças a terem sido socialistas", e sim que "Mais da metade do sucesso desta liga salvadora pode muito bem ser o resultado direto do socialismo que imperou no passado e ainda vigora em grande parte.". Que Liga Salvadora? A que a própria revista apontou como os novos heróis do capitalismo. Portanto, o máximo que eu teria dito é que mais da metade desta prosperidade PODE ser devido ao socialismo.
Se você não conseguir notar a diferença, tenho uma ótima explicação do porquê, mais ao final;

5 - Fora esses, alguns textos que também podem ser destacados estão nos periódicos de 11 de Setembro de 2004, 6 de Novembro de 2004, 1 de Outubro de 2008, 17 de Dezembro de 2008 e, é claro, o que deflagrou sua furiosa reação, 29 DE JUNHO de 2009, onde afirmei o um puro e simples fato histórico que por mais anti-esquerdista que se seja, NÃO SE PODE NEGAR. Assim como não se pode negar o fato de que a redução da desigualdade na Rússia FOI SIM um resultado do socialismo, bem com seu desenvolvimento tecnológico. Assim como não se pode negar que o planejamento familiar FOI SIM o principal responsável pela contenção da miséria crescente na China.
Pode-se dizer que isso não compensa outros problemas, pode-se justificar os motivos que levaram a dinâmica das ditaduras terem sido da forma que foram, e pode-se até mesmo argumentar que isso em nada contribui para torná-las umas melhores que as outras.
Pode-se emitir opiniões válidas que mostrem que nem sempre uma democracia e preferível a uma ditadura, o que eu concordo, bem como haver motivos legítimos para derrubar um sistema democrático. Tudo bem.
SÓ QUE VOCÊ TEM QUE ARGUMENTAR! E não só xingar. E só quem falou em ditaduras do Bem e do Mal foi você.

6 - Por último, alguns outros textos meus podem ajudar a esclarecer algumas questões, entre eles o diálogo com Gustaf Dantas nas mensagens 654, 679, 689, 697 e 701.
Mas os textos MAIS IMPORTANTES para quem realmente porventura se interessar pelo que penso a nível filosófico, então há a monografia que se estende numa sequência de ensaios que começam por Em Defesa da Democracia.

Quem conhecer um mínimo do que penso e escrevo neste site irá estranhar muito sua mensagem. É claro que sou esquerdista, é claro que assumi um lado do debate e especialmente me defino como um PROGRESSISTA, jamais como um revolucionário. Isso implica em ter opiniões.
Mas você me acusou de dividir o mundo político econômico entre o Bem e o Mal e de considerar a esquerda composta por Anjos e a direita por Demônios, quando em praticamente todos esses textos há diversas passagens que mostram o exato contrário. Mais uma vez, DESAFIO VOCÊ a pescar trechos que validem sua acusação, e assim, se digo que ele é insustentável, está na hora de explicar por que.

Talvez por uma deficiência em meu texto O que há de errado com o Maniqueísmo, não tenha ficado claro que uma das maiores características do mesmo, ao não aceitar meio termos, é a intolerância com qualquer posição não extrema (tema que tratei Em Defesa do Agnosticismo e até no Planeta Fantasma).
Um extremista de esquerda não irá aceitar qualquer concessão ao liberalismo ou ao conservadorismo, e em diversas ocasiões nesse site eu sustento opiniões tanto LIBERAIS (Homossexualismo e Liberdade, Direito ao Legítimo Ataque, Guerreiros Digitais) quanto CONSERVADORAS (O Que Penso sobre o Aborto, A Pílula Dourada, Voto Certo, Tiro e Queda). Portanto, uma extremista de esquerda que seja maniqueísta certamente me lançaria direto para o outro lado do muro, me considerando um defensor das elites, retrógrado e inimigo da revolução.
E o Extremista de Direita que for Maniqueísta fará EXATAMENTE como você fez! Qualquer declaração que não seja integralmente admitida por sua ideologia, imediatamente jogará o declarante na ideologia extremamente oposta, é por isso que, apesar de não achar nenhuma declaração que sustente sua afirmação (de que tratei a esquerda como o Bem e a direita como o Mal), o simples fato de eu não ser totalmente adepto de seu ponto de vista lhe fará me ver como adepto de um ponto de vista completamente oposto.
Simples.
E se sou dono da Verdade? Deveria ler A Verdadeira Verdade, que lhe mostrará definitivamente. Isso é coisa de religiosos. Especialmente conservadores, o que inclui católicos muito fervorosos.
Obrigado pela mensagem, e não se esqueça que você também pode se enquadrar em preceitos que julga.

Amigavelmente

10 de Julho de 2009
   
          Romero C. Freitas   -   1975   -   São Paulo
          Tecnólogo   -   Ateu


    r o m e r o c f       i g . c o m . b r
Olá Marcus Valério XR.
Gosto muito de ler seus textos e às vezes os compartilho com alguns amigos. Eu concordo com a maioria das suas opiniões e é muito interessente filosofar um determinado assunto e depois ler alguém, que tem idéias similares, colocar isso no papel de uma forma mais clara e legal de ler.
Bem, lendo o seu texto E o 'Código' dá 20, no parágrafo 22, você comenta que não admite que algum crítico de arte/cinema diga o que você pode ou não ver, que em uma outra ocasião você dirá o que pensa dos críticos, principalmente aqueles do cinema.
Eu tenho uma opinião parecida, mas menos brava. Não leio críticas simplesmente por medo de saber informações que seriam mais legais se descobertas assistindo o filme. Assim prefiro lê-las depois do filme, apenas para comparar com a minha opinião.
Mas fiquei curioso sobre qual era sua opinião sobre críticos de cinema, mas não localizei algum texto sobre isso no seu site. Você já escreveu sobre isso? Se não, ainda pretende?
Um abraço.
Romero C. Freitas
Quinta, 18 de Junho de 2009

Tema: Crítica de Arte, Estética, Filmes

Número de Caracteres
- Mensagem: 835
- Resposta: 1.025
Caro Romero...
Não. Eu ainda não tinha escrito nada específico, embora o assunto estivesse entalado há muito tempo. Graças ao seu incentivo, arranjei um tempo e aí está:
A Situação Crítica da CRÍTICA vem sanar uma notável ausência que incomodava muito a mim mesmo. E não é a única, entre os ensaios que tenho pretendido escrever há muito tempo, entre eles um sobre as alterações dos títulos dos filmes pelas distribuidoras nacionais.
É em grande parte um desabafo, pois acho que apreciar obras de arte é um exercício pessoal que deve ser autônomo. E a crítica, em especial a profissional, parece uma agressão a essa autonomia, não devido a sua simples existência, mas a premissa subjacente de que a mesma serviria para "orientar" as pessoas na hora de escolher o que vão apreciar.
Adicionei também algumas críticas dos poucos filmes, dentre as grandes ou prestigiadas produções, que realmente posso dizer que não gostei. Mas cuidado, está cheio disso que você falou, "informações que seriam mais legais se descobertas assistindo...", que na absoluta falta de um termo bom em português, usamos o termo inglês SPOILERS.
Fica, então, atendido o pedido, e obrigado por me dar o incentivo necessário para levar avante esse projeto.
Amigavelmente
10 de Julho de 2009
   
          Herberti Vidor Pedroso   -   1962   -   Belo Horizonte-MG
          Pastor evangélico - www.arquivosdoreino.blogspot.com
          Cristão evangélico
    721
h e r b e r t i e a n a       g m a i l . c o m    
"Não que os elementos em que se baseiam a fé cristã sejam falsos, eu não estou afirmando isso e nem me comprometo com nenhum ponto de vista específico. Mas o motivo pelo qual Dois Bilhões de seres humanos na Terra se dizem cristãos nada tem a ver com exame histórico ou raciocínio criterioso, e sim pura e simplesmente por inércia sócio-cultural. São cristãos porque seus pais o foram, e seus avós e bisavós. São por pura tradição e densidade cultural de um sistema de idéias que ajudou a construir nossa civilização, e que tem a curiosa propriedade de ser nada aberto a questionamento."
Prezado Marcus Valério,
Lendo o artigo O Código Dá 20, notei este trecho e desejo comenta-lo. No belíssimo filme Contato, há uma cena muito boa: A doutora Eleanor Arroway acabava de ser preterida na escolha para representar a humanidade e favor de seu antigo mestre, Dave Drummlin, o típico mal caráter. E isto aconteceu porque seu ex namorado, Palmer Joss, a havia constrangido perante a comissão com uma pergunta que expôs seu ateismo. Depois, ela o confronta e lhe pergunta porque ele tinha feito aquilo. A resposta do personagem Joss é ótima: "Ellie, eu não poderia mandar como nosso representante alguém que acredita que 95% da humanidade sofre de uma ilusão coletiva."
Acho que é mais ou menos a mesma situação. Dois bilhões de pessoas, como você disse, padecem desta ilusão chamada cristianismo. E neste universo de pessoas, certamente há gente de todo o tipo: gente muito inteligente e gente muito estúpida, gente analfabeta e gente muita graduada, gente crédula e gente questionadora, enfim, a humanidade. Apenas acho muito temerário de sua parte, afirmar que todos o são por inércia. Desde o século XVIII, pelo menos, o cristianismo tem sido alvo da artilharia humanista, que apesar de ter provocado muitos danos, não abalou as estruturas básicas do reino do Cristo entre os homens.
"No mínimo 99,9999% dos cristãos jamais examinou sua crença criticamente. Jamais se preocupou em verificar se possui coerência histórica, embasamento científico ou simplesmente sustentabilidade lógica. Não se preocupam com isso e nem sequer deveriam. Religião é subjetiva, não se baseia em razão mas sim na necessidade humana. E enquanto for assim, tudo bem. Mas eis que de repente, essas mesmas pessoas reagem ferozmente quando alguém ousa lançar essa reflexão sobre o cristianismo, e começa a pensá-lo e questioná-lo."
Peço licença para apelar à Dra.Arroway novamente: "Eu... tive uma experiência. Não posso prová-la, não posso sequer explicá-la, mas tudo que sei como um ser humano, tudo que faz parte de mim me convence que foi real! Algo maravilhoso me foi dado, uma coisa que me transformou para sempre... Uma visão do Universo, que nos mostra, inegavelmente, o quanto somos pequenos e insignificantes, mas também o quanto somos... raros e preciosos. Uma visão que nos mostra que pertencemos a algo maior que nós mesmos, que nenhum de nós está sozinho. Eu gostaria que... todo mundo, ao menos por um instante... pudesse sentir... esse encanto, humildade e esperança. Mas... isso continua apenas a ser meu sonho."(do filme Contato).
Entendo que o "ferozmente" é apenas uma figura de linguagem, um recurso retórico. Que há religiosos ferozes e até violentos eu sei. Mas o que eu também sei é que, os religiosos tem o direito de discordar daqueles que duvidam de suas experiencias religiosas. Tanto quanto um humanista tem o direito de indignar-se com o uso do termo "Deus" nas situações cotidianas. Quanto ao embasamento científico, o cristianismo, não está tão desprotegido assim: existem 2000 anos de fatos históricos que não podem simplesmente serem desprezados; toda a cultura ocidental está alicerçada sobre a pessoa do Nazareno. Ou isto, ou teremos que admitir que o arcabouço histórico que conhecemos originou-se de um engano, ou pior, de uma mentira. E o que dizer das milhões de pessoas que mudaram radicalmente estilos de vida devido à mensagem evangélica? Como devemos então nos posicionar diante de importantes eventos históricos movidos exclusivamente pela paixão a Cristo e sua mensagem (p.e., Reforma Protestante)?
Cordialmente,
Herberti
Terça, 16 de Junho de 2009

Tema: Cristianismo, Religiões, Tradição, História, Crenças, Ceticismo, Inércia Sócio-Cultural
Número de Caracteres
- Mensagem: 3.468
- Resposta: 4.933
Prezado Pastor...
Antes de tudo obrigado por sua outra mensagem, atendendo meu desejo de ouvir alguns belos ensinamentos espirituais.
Quanto a esta mensagem aqui, espero que entenda que há sim o uso de figuras de linguagem e recursos retóricos, visto ser o texto O Código Dá 20 um ensaio sem a pretensão formal das Monografias.
Também gostei muito do filme Contato, e considero suas colocações perfeitamente pertinentes e sensatas. Talvez eu tenha me expressado de modo descuidado, como o próprio Fábio Duarte Ribeiro já apontou. Ao falar na inércia sócio-cultural estou englobando aqueles que são cristãos por nascerem em lares cristãos, que seguramente constituem no mínimo 90% dos casos, mas também aqueles que se convertem ao cristianismo por ser esta a opção cultural de seu contexto, o que é o caso da totalidade dos convertidos.
Aqueles que aderem a religiões originárias de outros contextos culturais são numericamente quase insignificantes. Vejamos nosso país. Se somarmos islâmicos, hindus, budistas e outras designações orientais, não obtemos sequer 1% da população, e praticamente todos são imigrantes ou descendentes. É muitissíssimo raro alguém que, criado como católico, num local de maioria cristã, em dia se torne um autêntico budista.
Portanto, é a inércia sim que arrasta essas pessoas na maré cultural da religiosidade local. Mudanças do Catolicismo para o Protestantismo, ou mesmo para o Kardecismo, também são pouco relevantes, visto que conservam os mesmo elementos culturais fundamentais. Não há uma ruptura de base como seria uma mudança para o Hinduísmo.
Por outro lado, o que ocorre de mais significativo em termo de movimentos nesse sentido são as pessoas que saem das práticas religiosas por completo, se tornando atéias, agnósticas ou teístas sem religião específica. Essa continua sendo a porcentagem populacional que mais aumenta historicamente, e por quê? Por isso é um resultado muito comum de uma análise crítica sobre as bases históricas, conceituais e sociais dos sistemas religiosos.
Por isso que afirmei que a análise criteriosa dos fundamentos sócio culturais da religião não pode levar alguém da prática não religiosa para a prática religiosa, exceto em casos tão raros e exóticos que sequer apareceriam numa estatística. Por outro lado, a maioria das pessoas não religiosas são o resultado EXATAMENTE disso. Mesmo que, muitas vezes, tenham feito um análise superficial, tiveram ao menos a disposição de fazer uma análise crítica, isto é, ver antes de crer.
Também não estou dizendo, DE MODO ALGUM, que os religiosos jamais tem uma análise crítica de sua própria religiosidade. Muito deles tem sim, embora sejam minoria. Mas acontece que não foi essa análise que os levou à religiosidade, no nosso caso específico, não é essa análise que os leva a ser cristãos, mas sim algum outro motivo. Em minha família tenho vários exemplos de convertidos ao protestantismo, alguns dos quais tinham conhecimentos razoáveis das premissas históricas da religião. Mas TODOS se converteram por motivos sentimentais, sempre em momentos de crise amorosa, conjugal, financeira, problemas com drogas ou com a justiça. Ou seja, mais uma vez, os motivos pelos quais se dizem cristãos nada tem a ver com exame histórico ou raciocínio criterioso, e sim pura e simplesmente por inércia sócio-cultural. Quer seja tendo sido criados numa religião, ou nesse caso tendo se convertido à uma opção que já fazia parte de sua cultura local, e cujos elementos mais evidentes já lhes eram vastamente familiares desde a mais tenra infância.
Quanto à citação do filme Contato, por mais comovente que seja, tem pouco valor para sustentar a validade de uma crença, visto que para a grande maioria das pessoas, um relato absolutamente sincero e de uma profunda experiência mística pessoal é indistinguível de um que não seja sincero mas seja representativamente convincente. Ademais, o mesmo poderia ser dito a favor de qualquer experiência. Mesmo o ateu poderia dizer exatamente o que disse a Dr. Arroway para sustentar sua crença num universo holístico e integrado, sem deus. Bem como poderia apelar a profundos sentimentos e intuições para justificar sua postura de não crença.
Já os 2 mil anos de história passadas APÓS o advento do cristianismo não podem servir de confirmação ao mesmo. Fatos posteriores não podem ser usados como demonstração causal de fatos anteriores, e não seria surpresa alguma que todo o arcabouço civilizacional fosse erguido sobre algo irreal, visto que temos exemplo inúmeros disto na história e continuamos tendo até hoje [Ou todas as crenças de todas as outras tradições religiosas de todos os tempos tem base real?], como as incríveis mitologias ufológicas, paranormais e delirantes, como Terra Oca, Triângulo das Bermudas, etc, que continuam surgindo a todo tempo sem ter qualquer base factual que as justifique além do simples mito.
Isso já explica os importantes eventos históricos movidos exclusivamente pelo cristianismo, e as pessoas que mudam suas vidas devido a religião, e não somente sua mensagem, mas sobretudo sua força sócio cultural. Note que inexistem conversões solitárias, e sim sempre incentivadas, suportadas e recompensadas por um grupo social receptivo.
Tudo isso está de acordo com o conceito de Inércia Sócio-Cultural, que é a força com que a tradição move a civilização mesmo que esta não preste atenção conscientemente a seus elementos mais típicos.
Finalizando, só quero relembrar que minha posição é CÉTICA. Eu nunca diria que o cristianismo, ou qualquer tradição, é falsamente baseado, bem como também jamais direi que é verdadeiramente baseado, porque o ceticismo é simplesmente o resultado da constatação de nossa impossibilidade de certezas. Por isso sou Agnóstico, por isso sou Epistemologicamente Instrumentalista.
Novamente, muito obrigado por sua atenção e parabéns pelo seu blog.
Amigavelmente
7 de Julho de 2009
   
          Samuel Leme    -    1988    -    São Paulo - SP
          Ilustrador
          Agnóstico
    708
s a m u e l s h e e p       g m a i l . c o m    
Olá, Marcus! Obrigado por responder meu comentário! Com relação a sua resposta, gostaria de fazer novos questionamentos. Você afirmou:
" '...não se pode sequer afirmar que o universo seria um desperdício.', você está fazendo uma afirmação com sentido, mas como já vimos, a ausência de sensciência anularia o próprio sentido, e sendo assim, a sua afirmação está tão sem base quanto a minha ou quanto a dos apologetas da "glória" independente da sensciência. Ou seja, você tão pouco pode afirmar que 'não se pode afirmar'."
Na verdade, minha afirmação foi em relação à nossa postura, e não a uma suposta realidade em-si. Ou seja, independente de haver um cosmos em-si ou não, nós temos acesso, com absoluta certeza, apenas ao nosso universo.
Usando uma metáfora, poderíamos imaginar que nós, humanos, estamos num lugar escuro, apenas com uma lâmpada sobre nossas cabeças. A partir de onde a luz acaba, não sabemos o que pode haver, ou se realmente há algo: podemos apenas afirmar sobre nossa própria situação, que é a de não saber o que há além. Ora, com essa atitude não foi afirmado nada sobre o ser da realidade em-si; apenas resgatou-se a realidade à qual temos certeza de termos acesso - a nossa própria; ficou-se em suspenso acerca de uma provável realidade além.
Logo, não sai do círculo antropocêntrico, apenas tomei uma atitude dentro dele, enquanto você e os adeptos do VHEMT afirmaram coisas sobre a realidade em si, um afirmando que o mundo teria glória sem nós - como se houvesse um valor em-si encrustrado no universo - e o outro afirmando que o universo seria inútil e caótico - como se o cosmos pudesse ser inútil e caótico em-si. O fato é que não dá pra usar o universo pra nos valorizar ou não, pois ele é inerte; não somos a maior realização do cosmos, somos a maior realização para pessoas que consideram ser sensciente uma coisa boa; no entanto, não o somos para quem considere o contrário. Assim, o seu posicionamento, e o dos adeptos dessa seita, são simplesmente equivalentes - não há nenhuma dado objetivo capaz de possibilitar a escolha por uma ou por outra opção, infelizmente.
Finalmente, mesmo que houvesse algum valor objetivo em nossa existência, isso em nada colaboraria para que a valorizássemos necessariamente, pois o valor se tornaria uma "coisa", e teríamos que tomar uma atitude valorativa com relação a ele. É como esperar que, por uma pessoa ou um Deus nos valorizar, por exemplo, necessariamente tenhamos que nos valorizar, ou devamos fazê-lo.
Abraços!
Samuel Leme
Quinta, 11 de Junho de 2009

Tema: Humanidade, VHEMT (Movimento Humano pela
Extinção Voluntária), Antropocentrismo, Sensciência
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- Mensagem: 2.080
- Resposta: 2.690
Oi de novo Samuel. Obrigado por escrever novamente.
Bem. Se eu entendi sua colocação, podemos dizer que o VHEMT tem uma posição afirmativa sobre valores subjetivos não humanos, e eu tenho uma posição negativa. Você, então, teria uma posição neutra.
Tudo bem, só acho que posso sustentar que a afirmação do VHEMT é contraditória, pois como já disse, nega a própria premissa não qual se baseia. Portanto as posições não seriam equivalentes, até porque nunca pensei em fazer uma declaração realista, visto ser um cético, mas sim, baseada no ponto de vista antropocêntrico. Para expressar melhor minha idéia, posso transcrever a frase adicionando elementos originalmente ocultos.
A HUMANIDADE é a ÚNICA coisa que NOS faz sentido no Universo, a salvo possíveis outros seres senscientes análogos, aos quais o conceito de humanidade certamente poderá ser estendido. Ela NOS é SIM ESPECIAL. É SIM A MAIOR realização de uma natureza evolutiva PARA NÓS! Sem seres senscientes, humanos, para viver neste Universo, ele seria PARA NÓS um completo desperdício de Cosmos, e melhor NOS seria ser revertido ao Caos. * Um mundo como o nosso, que não tivesse a possibilidade de ser objeto de relação com seres auto-conscientes NOS seria tão inútil e dispensável quanto o é um corpo humano sem cérebro. Para um ser humano que pretendesse viver nesse corpo.
O * merece uma explicação. É que voltando a ser Caos, o universo recomeçaria novamente, numa nova forma, com chance de gerar novos seres senscientes.
Pensei que ao dizer que estava fazendo uma declaração antropocêntrica estivesse esclarecendo que tudo o dito o é do meu ponto de vista, extensível a qualquer humano, e nunca pretendi que ele tivesse qualquer valoração não humana.
Realmente não dá pra usar o universo para nos valorizar, nós é que temos que NOS valorizar, bem como valorizar o universo. E fora de nós mesmo, pouco importa que outros nos valorizem, um Deus por exemplo. Para piorar, quando o VHEMT faz suas declarações, elas pretendem ser universais, porém, sendo depreciativas, terminam por ser autoritárias.
Se eu disser que você TEM valor, o que tem pelo simples fato de ser humano, você, porém, tem todo o direito de recusar esse valor para si mesmo, mas não pode recusá-lo para os outros. Mas a declaração deles é baseada na proposta de que eles, e nenhum de nós, tem qualquer valor. Ou seja, se depreciar é uma opção dele, mas ele arbitrariamente diz que TODOS, a humanidade são tão sem valor que não deviam NEM EXISTIR! E baseado em quê ele faz isso? Baseado num julgamento de valor que só pode ser feito por um ser humano, só sendo possível à mesma condição humana a que ele está negando o simples direito a existência.
Enfim. E mais uma vez de um ponto de vista antropocêntrico, não se trata apenas de um juízo estético, pois podemos criar diversos argumentos analíticos para nos valorizar, como apelar à complexidade, visto sermos os seres mais complexos do universo que conhecemos, ou à capacidade de reflexão, aparentemente ausente em tudo o mais.
Dito isso, só me resta a satisfação de ver que o site do VHEMT está, pelo jeito, abandonado, tendo sido atualizado apenas em 2001. Tomara que seja um assunto encerrado. Nunca é cedo demais para desistir de uma idéia infeliz.

Amigavelmente

7 de Julho de 2009
   
          Paulo Gavilan Neto  -  1988
          Laguna Carapã-MS    -    Auxiliar Contábil
          Cristão

      p a u l o _ 8 8 9 5       h o t m a i l . c o m
Caro Marcus, eu li o seu artigo a respeito de Ficção Cientifica, a fim de procurar inspiraçoes para uma historia que eu e um amigo estamos escrevemo, jah temos a ideia, temos uma parte da historia, mais nao sabemos a forma correta de comerçar o conto.
Posso lhe dizer que os fatos se iniciam no seculo XXI, havia um imperio que reinava sobre boua parte do universo, inclusive o sistema solar, ao perceber que o avanço humano dentro do sistema solar seria irremediavel, a rainha do imperio resolve resguardar seu povo em seu local de origem, um ponto distante onde praticamente nenhum humano poderia chegar, Seo povo jah naum era mais livre... anos depois, em virtude de um olocausto terrestre, os humanos jah naum abitavam mais seu planeta, e sim estaçoes espaciais. surge entaum um rapaz, vindo da imperio, Este era Ibrido, filho da Rainha com um Humano escolhdo a dedo. para sua misão, se infiltrar e reestabelecer o imperio entre os humanos, e espalhalo por todos os cantos possiveis do universo...
bom este é uma breve mensão da historia, e seus artigos me ajudaram muito a compreender varias coisas, gostaria de lhe agradecer.
e gostaria que me dissece: como iniciar a resposta, jah que eh minha primeira historia, tenho a historia, mais gostaria de me basear em algo para inicila, entao gostaria que me indicasse um livro, ou site. para eu ler e inteder melhor os principios desse mindo ficticio....
obrigado.
Segunda, 8 de Junho de 2009

Tema: Ficção Científica, Literatura, Produção Literária, Criatividade, Escrita
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.174
- Resposta: 6.563
Olá Paulo...
Obrigado por se interessar pelos meus textos sobre Ficção Científica, e me faz um pedido interessante, embora difícil.
O primeiro conselho que posso dar, com todo respeito, e que você precisa aprender a digitar. Você TEM QUE ESCREVER CORRETAMENTE! Nada de miguxês, msnês, e qualquer outra forma dessa escritazinha pseudo econômica que só faz prejudicar a capacidade de digitação. Sua mensagem beira a incompreensível, e se me disser que na realidade escreve melhor e só usou esse estilo porque aqui não seria importante escrever bem, então dê uma lida na regras de postagem.
Não há desculpa para usar esse estilo de digitação, e normalmente eu desconsidero mensagens nesse feitio. Com o tempo, e a prática, você aprenderá a digitar corretamente muito mais rápido do que qualquer dependente de messenger que cata milho para fazer abreviação estapafúrdias.
Dito isso, posso dizer que primeiro é preciso saber que estilo narrativo será usado. Se contará a estória em Primeira ou Terceira Pessoa. (Também existe o estilo em Segunda Pessoa, mas, sinceramente, acho que não funciona.)
Na Primeira Pessoa (ex: A Máquina do Tempo)você tem uma introspecção muito mais profunda com o personagem, que é o próprio narrador, podendo explorar com mais intensidade suas sensações. Na Terceira Pessoa (Raio-Y), a abordagem é mais abrangente, e o narrador é um ser impessoal, onisciente, do qual nenhum personagem pode se esconder. Mesmo nessa Terceira Pessoa, você ainda pode usar um estilo mais próximo de um personagem principal (Além da Ressurreição), ou um mais geral (A Espada de Cristal).
É claro que é possível também intercalar as formas de narrativa (Os Crononautas), inclusive usar várias primeiras pessoas, uma em cada sequência (Alice 3947). E além disso é possível também usar um estilo mais próximo ao de relatórios ou reportagens, onde não há na verdade personagens. Um exemplo é meu conto Os Progenitores. Esse mesmo estilo mais descritivo, e menos interativo, também pode ser usado em Primeira Pessoa (Seculários de um Homem Milenar).
Você não precisa decidir exatamente qual será a narrativa antes de começar. O interessante é simplesmente começar a contar a estória, do jeito que vier a sua mente, e depois se dar conta do modo que você está usando, e então, com essa atenção, aperfeiçoá-lo. Um modo interessante e ler um livro qualquer que você goste muito. A tendência e logo depois você começar a imitá-lo. Não tenha vergonha disso, siga em frente se inspirando no estilo, e aos poucos vá fazendo modificações e criando um modo próprio.
Além disso, há 3 aspectos fundamentais para escrever um boa obra de FC. Os dois primeiros são comuns a toda e qualquer estória, que é os personagens e o "roteiro". A não ser no estilo mais "reportagem" ou "relatório", é SIMPLESMENTE IMPOSSÍVEL fazer uma boa estória sem personagens envolventes e convincentes. Friso isso para que não se caia no erro de não dar muita importância a isso pensando que outras qualidades do texto possam compensá-lo, porque acredite. NÃO PODEM.
Inspire-se onde puder. Em pessoas reais, em você mesmo, em outros personagens fictícios. Não importa. O importante é que você goste do personagem, que ele seja plausível, coerente. Muito cuidado com personagens que subitamente parecem mudar de comportamento. E sobretudo, muito cuidado para não gerar expectativas demais em um certo personagens. Uma das coisas que mais estragam uma estória e se decepcionar com um personagem central.
O roteiro não tem que ser previamente determinado. É importante que você tenha as linhas gerais, saiba, por exemplo, alguns dos grandes eventos das estória. O resto pode ir fluindo naturalmente. É parecido com saber o mais básico sobre a história, por exemplo, e só depois ir descobrindo os detalhes. Por exemplo, todos sabemos que foi proclamada a República no Brasil em 1889 de um certo modo. Mas o detalhes dos acontecimentos só aprendemos com um contato mais íntimo com as fontes históricas.
Escreve uma estória é parecido. Vá desenvolvendo o texto tendo em mente o seu objetivo, mas construindo o caminho. Claro que você também pode, se achar válido, mudar o destino final e revolucionar totalmente uma estória que antes tinha um certo propósito e depois acaba dando em outro. Não se assuste. A estória que escapa ao controle divino do autor e começa a se construir quase por conta própria não é um sinal de preocupação. Muito pelo contrário.
O terceiro aspecto, mais específico da FC e FF é a ambientação. Numa estória pautada no mundo como o conhecemos, a ambientação já está dada. É um cidade qualquer, num bairro qualquer, num certo tempo que já conhecemos, do presente ou do passado. Mas em ficção supra realista você terá que criar uma ambientação diferente, ou caso parta de um modelo do mundo real, terá que ir se acostumando ao fato de que esse mundo irá sendo alterado pelas características de sua estória. A não ser que pretenda fazer uma abordagem mais curta, e discreta. Mas você está pensando claramente no futuro, numa amplitude galáctica, então tem que ser muito cuidadoso com a construção desse universo.
Formule primeira algumas regularidades. Coisas que você sabe que são comuns, e por que o são. Como você pretende escrever Ficção Científica, as tecnologias e situações que não são prováveis em nosso mundo real, tem que ser convincentes. Isso significa ser RACIONAIS. Tudo tem que fazer um mínimo de sentido. Você não precisa especificar detalhes, só não pode se permitir dar margens a contradições.
Você pode se basear em nossa tradição científica atual, ou pode subvertê-la, inventando conceitos diferentes, baseados numa outra visão de universo. Mas tome muito cuidado para não deixar furos inexplicáveis, e se achar alguma coisa incoerente, não demore a explicá-la.

Mas eu sei que você me perguntou nada disso. Você quer saber COMO COMEÇAR.
Isso depende muito do estilo narrativo. Por exemplo, em primeira pessoa, você pode começar como se fosse as memórias do personagem. Que está lembrando os fatos, como num desabafo, numa confissão. Ou você pode pensar na forma de um diário. A diferença e que na primeira forma, o narrados já sabe, no momento em que começa a escrever, tudo o que vai acontecer, por vezes até adiantando algumas coisas. No diário, evidentemente, não.
Em terceira pessoa você também pode usar uma narrativa no futuro, isto é, aquela que conta a estória como se a estivesse relembrando. Ou a narrativa no presente, que acompanha os fatos passo a passo.
Um recurso comum é começar com um evento marcante. Por exemplo, descrevendo uma batalha, uma sequência de ação qualquer que tem uma grande importância na estória. Depois você entra na narrativa de um modo que pode ser até uma ruptura. Quase como se mudasse de assunto, e depois conectar os eventos. A narrativa pode ser linear, sempre respeitando a ordem cronológica dos eventos, ou pode adiantar algumas coisas, as vezes avançando, ou recuando, no tempo.
Não são poucas as estórias que começam contando os eventos finais, e depois voltam, explicando como as coisas foram se encaminhando para aquela situação.
Enfim, tudo depende muito de diversos fatores, e ainda tenho muito pouca informação para saber dar um conselho mais preciso sobre a sua estória. Notei que sua estória parece seguir a fórmula clássica da saga do herói, isto é, um ser descendente de pessoas especiais, que nasce com um missão pronta, devendo segui-la para mudar a ordem de coisas. É algo que examinei em minha monografia Heróis da Areia, que recomendo que leia antes de começar.
Este é o texto que indico. Já, para a ambientação física, posso sugerir os demais textos de minha secção de Ficção Científica, em especial Filosofia da Ficção Científica.
Por enquanto é só. Se precisar de mais alguma coisa, o ideal é que me dessa algumas informações adicionais. E, não se esqueça. Se esforce para escrever corretamente.
Amigavelmente
5 de Julho de 2009
   
          Fábio Duarte Ribeiro  -  1986
          Machado-MG    -    Universitário
         
706, 709, 711, 714, 718, 723
    f a b i o d r i b e i r o       y a h o o . c o m . b r
Olá novamente Marcus, e obrigado por me responder. Devo adimitir que me expressei mal em minha mensagem em algums termos, como o "VULNERÁVEL" e outras expressões, o que fez com que voce talvez não tenha absorvido exatamente o que eu queria explanar. Vou tentar me expressar melhor, com mais cautela, pois as diversas experiências com diálogos que já tive estão me mostrando o quanto é importante para um argumento a adequação correta dos termos. Quero deixar claro que minha preocupação são com os cristãos mais flexíveis, que não se ocupam de nada mais a não ser viver sua crença sem maiores pretenções, até mesmo porque acho que o outro tipo, os intolerantes, se por ventura experimentarem toda sorte de frustrações pscicológicas, fizeram por merecer! Vejamos então:

Você me disse que não atacou a figura de Cristo, e sim as críticas do fundamentalismo. Concordo que seu objetivo foi reagir as críticas, mas seu argumento dizia: Curioso que tais cristãos parecem se esquecer que NÃO HÁ NEM UMA ÚNICA evidenciazinha mínima de que cristo tenha sequer existido, a não ser o próprio evangelho e comentários deste. Para mim, isso foi tentar refutar a existência de Cristo, o que para mim, não faz muito sentido, pois não é necessário ter evidências concretas ou pensamento lógico para se ter fé em algo. Quando me expressei, e de maneira errônea dizendo que o ser humano é "VULNERÁVEL" ao pensamento racional, queria dizer que mesmo estando contido de uma crença, ainda há lacunas para a razão, há um potencial para o pensamento racional intrínseco na natureza Humana que apanas esta "adormecido", e que pode ser "despertado" com uma boa argumentação, e é esse tipo de argumento que me preocupa, o que pode ter o poder de causar algum tipo de frustração em um cristão despido da tipica arrogância fundamentalista, um cristão que vive sua fé sem incomodar ninguém, ainda mais quando o argumento tenta invalidar a base de sua crença, um personagem com características realmente éticas capaz de inspirar um cristão a abandonar o deus sádico e paranóico do Antigo Testamento e assumir uma postura mais coerênte e empática.

Em outra ocasião quando disse que: Então quer dizer que o adolescente pode ofender livremente sem qualquer retaliação? E se ele decidir agredir fisicamente? Também temos que apanhar quietos? Concordo com você, não temos que nos render a uma agressão fisica, mas acho que teríamos que comparar se a investida fundamentalista em questão contra o livre pansamento humano tem alguma equivalência com uma agressão física. Em minha opinião não, a não ser que tivesse sido feito alguma movimentação que se desdobrasse em atos de agressão física ou vandalismo, o que no contexto abordado não aconteceu. Você tem todo o direito de retaliar com seus agumentos sim, mas acho que não em um aspeco tão essêncial ao cristianismo que é Cristo. Se pelo menos tal argumento se limitasse a sugerir apenas uma característica mais humana a Cristo, até ai não vejo problemas, mas sugerir sua inexixtência, achei insensato. Quanto a comparação que fiz do alcolatra em recuperação, quiz dizer que a abstinência e a fé em Cristo são respectivamente estados comportamentais e pscíquicos benéficos para o ex-alcolatra e para o crente que optou seguir a Cristo sem nenhum tipo de coação, mas apenas movido pela sua palavra de conforto.

Concluíndo, mais do que com a pretenção de defender minha opinião reescrevendo meu raciocínio de maneira mais clara, o fiz também para um exercício, vc não da mole! Mas é bom dialogar com vc, sua sinceridade e inteligência me ajudam a aprimorar minhas idéias.
Amigavelmente!
Quinta, 4 de Junho de 2009

Tema: O Código da Vinci, Religião, História, Jesus Cristo, Fé, Razão, Moral, Filmes, Livros, Fundamentalismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 3.010
- Resposta: 4.863
Prezado Fábio...
Obrigado por escrever novamente e esclarecer maus entendidos. Pretendo fazer o mesmo então.
Na frase que você destacou eu escrevi "TAIS cristãos". Portanto, não seria uma generalização, mas apenas certos grupos. Quais? Aqueles das frases imediatamente anteriores. " Mas certos cristãos não podem tolerar isso, qualquer vaga insinuação de que seu personagem mitológico seja uma vírgula diferente daquilo em que acreditam não pode ser perdoada, e mobilizam-se contra uma das maiores conquistas da civilização ocidental contemporânea: A liberdade de crença, idéias e expressão. Mas o que mais me impressiona são os adjetivos que o livro de Brown tem recebido, de "absurdo" a "historicamente errado".
Assim, esses "certos cristãos", são exatamente do que estamos falando. Aqueles que acham que podem partir para o ataque sobre uma obra de ficção, cuja plausibilidade histórica é porém razoável, tendo como base uma obra de ficção sem plausibilidade histórica alguma.
Sinceramente acho que é o tipo de situação onde os cristãos deveriam ficar quietos, talvez "oferecendo a outra face". Mas não foi isso que ocorreu. Note que eu estava falando não nas críticas francas e abertas daqueles que simplesmente se posicionaram com base em sua fé e apenas exercitaram seu direito de não gostar de algo e criticá-lo, mas sim daqueles que, a exemplo de criacionistas, se fingem de não interessados e fazem críticas DO PONTO DE VISTA "HISTÓRICO".
Assim, o problema todo aí não é o cristianismo, mas a História! Nesse ponto o livro de Dan Brown tem plausibilidade incomensuravelmente superior. É o mesmo caso do criacionismo. Que alguém goste da narrativa da Gênese e não goste da idéia de evolução é uma coisa, mas daí a afirmar que a Evolução é absurda e a Criação mais provável cientificamente já não é nem mais piada.
Ademais, eu já sou bem versado em ceticismo para achar que isso seria uma tentativa de refutação da existência de cristo, visto que apenas afirmei que a mesma não tem evidências, e sei muito bem que AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO É EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA.

Eu tenho uma opinião muitíssimo mais favorável à racionalidade. A Razão NUNCA é ruim! O CONHECIMENTO É SEMPRE BENÉFICO! Todos os problemas advindos deles são resultado da escassez, e não do excesso. Por isso ninguém pode ser 'vulnerável' à racionalidade, porque ela SEMPRE só trará benefícios. A única forma dela ser prejudicial é sendo incompleta.
O cristão que for receptível à razão, e realmente tiver uma fé profunda, ou uma necessidade, simplesmente usará a racionalidade para justificar sua crença, e quanto mais razão ele tiver, mais embasada, sensata e benéfica ela será, inclusive pela melhor percepção de sua necessidade dela. Ou, poderá chegar a conclusão de que não precisa de fé nem religião, mostrando que já tem racionalidade suficiente para dispensá-la.
É exatamente o exercício da razão que despe a arrogância fundamentalista, que relativiza o deus insano do Velho Testamento, e aumenta a coerência da postura. A relação entre o radicalismo religioso e a inteligência é inversa. E a Fé, que não é racional, nunca poderá ser afetada pela razão por pertencer a uma outra esfera de percepção. Basta que não se confunda fé com estupidez, pois aquele que tem fé de que sua existência não findará após a morte pode ficar tranquilo, porque a razão é impotente para demonstrá-lo positiva ou negativamente. Já aquele que acredita piamente que andaram gravando os sons do inferno com um microfone não tem fé, é apenas burro mesmo.
E ainda que haja tensões entre Fé e Razão, eu ainda ficaria com Kardec, que disse: FÉ VERDADEIRA É AQUELA QUE ENCARA A RAZÃO FACE À FACE.

Insisto que leia o O Direito ao Legítimo Ataque, e entenda que acho que NINGUÉM tem direito a atacar impunemente, não importa se física, verbal ou psicologicamente. Que alguém não se importe com certos ataques ou resista a tentação de revidar, pode ser sinal de virtude, só acho que a retaliação corajosa e bem direcionada faz muito mais falta no mundo do que a passividade expiatória.
O adolescente, ou a criança, que hoje agride impunemente é o adulto que fará o mesmo amanhã, e a não ser por milagre, a única coisa que aprende é que pode agredir cada vez mais. Mas o revide responsável sofrido numa idade mais tenra é o freio que a maioria das pessoas precisa para parar e pensar, e dar chance a razão agir ao invés de se acostumar a explodir emocionalmente sem nenhuma contenção. Não há um só caso de crime grave, exceto os insanos, que não seja o resultado de anos de acúmulo de experiências impunes de desrespeito a limites.
Com a religiosidade é a mesma coisa. Que fiquem em paz enquanto preguem e pratiquem a paz, mas quem vier pra arena tem que vir pra lutar, e não só pra bater.
Mais uma vez, em momento algum sugeri a inexistência de cristo, apenas afirmei a ausência de evidências que corroborem sua existência. Se alguém crê em cristo por fé, é um valor humano inviolável, mas se alguém crê porque acha que é historicamente comprovado, foi apenas vítima de desonestidade.
Se alguém pensa que a versão tradicional é o que lhe serve, tudo bem. Mas daí a vir dizer a um não crente, principalmente de forma velada, que um Cristo que anda sobre as águas, ressuscita e atravessa paredes é mais historicamente provável do que um que simplesmente se casou e teve filhos, aí já é abuso.
E pra finalizar, lembre-se do que eu disse.
"Não que os elementos em que se baseiam a fé cristã sejam falsos, eu não estou afirmando isso e nem me comprometo com nenhum ponto de vista específico. Mas o motivo pelo qual Dois Bilhões de seres humanos na Terra se dizem cristãos nada tem a ver com exame histórico ou raciocínio criterioso, e sim pura e simplesmente por inércia sócio-cultural.
Que uns milhares, ou mesmo milhões, tenham um Fé autônoma e esclarecida, é fato. Mas é mais fato ainda que a esmagadora maioria não tem.
Amigavelmente
3 de Julho de 2009
   
          Daniel Nogueira           1983           Curitiba - PR
          Tecnólogo da Informação


        s o l a r i s a k i r a       y a h o o . c o m . b r
Eu participo de uma comunidade na qual eu encontrei uma refeência a uma figura do seu site com o título de A Terra segundo a Bíblia e em todos os textos usados como exemplo, e ou instrução para a criação da imagem foram utilizadas de maneira incoerente com o contexto bíblico e por isso a imagem não deve ser levada a sério. Se você vê essa situação de outra forma gostaria de conhecer seu parecer.

Grato.


Domingo, 31 de Maio de 2009

Tema: Terra segundo a Bíblia, geocentrismo, Terra plana, Firmamento, Caos, Universo Aquático
Número de Caracteres
- Mensagem: 332
- Resposta: 1.189
Caro Daniel. Desculpe a demora em responder, eu estava aí, na sua cidade.
Bem, quanto ao infográfico em questão, você tem razão em parte, ele não está de fato plenamente coerente com o texto bíblico, pois contem ao menos dois erros.
As estrelas aparecem soltas num espaço aberto, quando deveriam estar fixas no firmamento, tal qual estão os figos numa figueira, Apocalipse 6:13. Ademais de acordo com Jó 37:18, o firmamento, "que é sólido como um espelho fundido", deveria estar representado na própria abóbada celeste.
Outro erro é que interpretei o ABISMO meramente como um vazio abaixo do mundo, mas na realidade é algo mais amplo, que se conecta com as Águas de Baixo e de Cima, que considero como um Caos Primordial, como está explicado na concepção bíblica do Universo Aquático.
Enfim, terei que alterar aquela imagem, colocando uma abóbada mais explícita, sólida como um espelho fundido contendo as estrelas, e mergulhar tudo dentro de um caos aquático com dois níveis, um superior e outro inferior.
Mas você não precisa esperar, há outros sites explicando com modelos ligeiramente distintos. Nenhum deles é perfeito, simplesmente por que há mais de uma descrição do universo na bíblica, que não se encaixam. Há algumas imagens em bible universe conception na busca de imagens do Google.
Acrescentando só uma última coisa. Você tem o direito, ou o dever de discordar, mas da próxima vez não se esqueça dos argumentos.
Amigavelmente
16 de Junho de 2009
   
          Fábio Duarte Ribeiro  -  1986
          Machado-MG    -    Universitário
         
706, 709, 711, 714, 718
    f a b i o d r i b e i r o       y a h o o . c o m . b r
Olá Marcus tudo bem! Dessa vez, venho fazer uma crítica sobre o seu texto O código da 20, não no texto em si, áte porque achei muito interessante e concordei em vários pontos, mas em outra questão.

Em determinado ponto do texto, voce reage ao fundamentalismo religioso, a inflexibilidade de alguns fiéis que laçam seus ataques ao livro e ao filme. Seus argumentos como sempre são poderosíssimos, mas acho que foram lançados contra o alvo errado! Jesus Cristo. Tudo bem que toda a discussão girava em torno desse personagem, mas antes de tentar refutar, submeter a tradicional visão de Jesus Cristo ao empirísmo histórico e lógico, deve-se refletir profundamente o que essa visão tradicional de Jesus Cristo representa para os cristãos.

Como voce mesmo disse, a religião e uma necessidade humana, mesmo que Jesus Cristo sequer tenha existido, esta crença tradicional não só esta enrraizada tão profundamente no coração dos cristãos como também não faria nenhum sentido buscar esperanças em Jesus se não houvesse a ressureição e a palavra de vida eterna.

Rebater as críticas dos fiéis, por mais que tais críticas sejam insensatas e agressivas , da maneira como voce fez, é para mim o mesmo que agredir verbalmente um pré adolescente imaturo que lhe dissese uma palavra de ofença. Não sei se era realmente sua intenção, pois sei que seu objetivo é combater o fundamentalismo religioso, e acho que crer em ressureição e milagres não é fundamentalismo,é apenas crença.

Pode parecer fraqueza na fé se um cristão se incomodar ou até mesmo perder a fé se refletir sobre seus argumentos, mas fato é que por mais convicto que uma pessoa esteja de sua crença, ela ainda é vulnerável ao pensamento racional, assim como um ex alcolatra pode estar vulnerável a uma boa garrafa de vinho se esta lhe for apresentada.

Voltando, o Jesus tradicional move a vida de milhões de cristãos, sua palavra acorda as pessoas para a vida, lhes da a força necessária para superar a nua e crua realidade do mundo material, eles creêm em algo que lhes é bom. Voce expos suas idéias com sinceridade, acho que foi insensato apenas nesse ponto, mas sei realmente qual é a sua intenção, também sou contra o fundamentalismo relgioso, mas não contra o significado de uma religião.

Amigavelmente!
Segunda, 25 de Maio de 2009

Tema: O Código da Vinci, Religião, História, Jesus Cristo, Fé, Razão, Moral, Filmes, Livros, Fundamentalismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.878
- Resposta: 6.983
Olá Fábio. Obrigado por chamar minha atenção para esse texto, pois vi que o mesmo surpreendentemente não estava linkado na página de ENSAIOS!
Bem... Esta mensagem está complicada. Vejamos.
Sempre foi minha preocupação preservar as crenças benéficas das pessoas. Se alguém encontra numa crença específica a força para ser uma pessoa melhor, não tenho a menor vontade de depor contra tal crença, mesmo quando absurda. Isso, no entanto, não deve ser entendido no sentido de conferir direito a alguém de, munido de tal crença, passar a agir de forma não condizente com tal benefício.
Se você ler meu texto O Direito ao Legítimo Ataque, verá que já fiz um crítica dura à noção de muitos religiosos de que, uma vez que tem direito a uma certa proteção cultural de suas crenças, achar que tem carta branca para partir para o ataque protegidos também de qualquer retaliação.
Além de se beneficiar pessoalmente de um sistema de crenças, alguns religiosos decidiram partir para uma cruzada contra o secularismo, a ciência, em especial a Teoria da Evolução, outras tradições religiosas, ideologias e etc. Até aí tudo bem, todos tem o direito de criticar. Porém, nenhuma dessas 'vítimas' goza, nem acha que deveria gozar, de uma regalia especial, com base legal, que lhes dá uma certa imunidade à críticas, que podem, dependendo do caso, ser até mesmo judicialmente acionadas.
Os religiosos, ao contrário, acham que não só tem direito a essa proteção, mas também acham que ninguém pode reagir a seus ataques, porque isso seria violar essa proteção original.
Vejo casos como o meu por exemplo. Após ver uma infestação de sites na internet atacado o evolucionismo, e não apenas com críticas, mas com ofensas duras (Já fui xingado de graça, e mais de uma vez, por ser evolucionista.), promovendo uma verdadeira cruzada que extrapola totalmente o âmbito religioso, e lançando-se no terreno puramente secular, decidi nada menos que por no ar um site defendendo o evolucionismo de tais ataques, bem como outras expressões culturais, e o puro e simples direito de pensar livremente.
Desde então, praticamente TODOS OS DIAS HÁ 10 ANOS, quase, recebo reclamações de pessoas que acham que eu ataquei o pensamento religioso, como se eu não tivesse mais o que fazer, como escrever Ficção Científica, Filosofia ou compor Músicas por exemplo. Ou seja, minha defesa é vista como ataque, e então enquadrada na categoria de ofensa. O Evolução Biológica é a prova viva disto.
O mesmo ocorre com a questão da Inerrância e Autoria Divina Bíblica. Após ver vários sites e publicações dizerem o que bem entendem para sustentar a crença, mesmo que isso envolva atacar grosseiramente personalidades históricas, instituições científicas e até universidades, decidi colocar no ar meus argumentos que mostram porque tais apologias não são sustentáveis, MESMO QUE EU NÃO ME POSICIONE de modo contrário à inspiração divina da Bíblia, mas sim a possibilidade de demonstrar tal inspiração. Não adianta. Estou sempre recebendo mensagens que dizem que foi idéia minha interpretar a Bíblia literalmente para demonstrar sua não cientificidade.
Está certíssimo que alguém queira ter direito a não ser atacado, e até entendo que alguém queira ter o direito de atacar, mas não entendo de modo algum que pensamento distorcido acha que deve ter direito exclusivo de ataque, proibindo aos demais de sequer se defender.
Já imaginou se no pique-pega o café-com-leite tivesse direito a "pegar" os outros?
Acho que aqui o caso é típico. O livro e o filme do Código da Vinci foram feitos para quem quiser usufruir deles. Ninguém será obrigado a ler o livro nem ver o filme, não vai ser sequer ensinado nas escolas nem ser distribuídos de porta em porta. Mesmo assim muitos acharam necessário montar eventos públicos com auditórios lotados, para "discutir" o livro de Dan Brown, como se ele algum dia tivesse pedido que alguém o levasse a sério.
Em outras feitas, como eu já disse, se acharam no direito de proibir, coibir ou constrangir a exibição de filmes tidos como ofensivos. Mas que diabos de autoritarismo é esse?!
Se os cristãos estivessem em suas casas e igrejas, vivendo e orando pacificamente e cuidando de seus afazeres, jamais me ocorreria perturbá-los, mas a partir do momento que acham que tem direito de perturbar a vida alheia, porque não posso reagir?
Agora, permita-me discordar de sua mensagem.
PRIMEIRO: Não tive como alvo Jesus Cristo! Onde foi que vistes isso?! Meu alvo foram as críticas hipócritas que, se fingindo de objetivas, não tinham outra intenção a não ser perturbar quem tenha gostado das obras em questão, se não seu legítimo acesso a elas. O máximo que fiz foi dizer que há outras interpretações plausíveis para a vida de Cristo. Noto então um velho argumento binário. Se você não aceita ipsis literis TUDO o que uma certa linhagem diz, então nada aceita e se torna um inimigo do conceito em si! É como dizer que quem não aceita o Deus bíblico literalmente, é necessariamente ateu, mesmo que seja muçulmano, judeu ou espírita.
SEGUNDO: Ter o direito de pensar e sentir o que quiser também é necessidade humana, e não exclusividade das religiões. Se alguém decidiu acreditar num viés específico que lhe foi determinado, problema dele. Mas se decide achar que tem o direito de atacar qualquer coisa que não se submeta a esse viés, problema nosso.
TERCEIRO: Então quer dizer que o adolescente pode ofender livremente sem qualquer retaliação? E se ele decidir agredir fisicamente? Também temos que apanhar quietos?
QUARTO: Milagres, ressurreição, etc, não são fundamentalismo. Fundamentalismo é, nesse caso, achar que só você está certo, tendo a prerrogativa divina, e se considerar na missão sagrada de submeter todo mundo a sua crença. Quem quiser proibir a si próprio de ver um filme que contesta algum dogma, que o faça, mas, mais uma vez, à medida que acha que isso está acima de qualquer outra coisa além de sua esfera privada estará na mesma proporção emulando teocracias.

QUINTO: Essa exige citação. "Pode parecer fraqueza na fé se um cristão se incomodar ou até mesmo perder a fé se refletir sobre seus argumentos, mas fato é que por mais convicto que uma pessoa esteja de sua crença, ela ainda é vulnerável ao pensamento racional, assim como um ex alcolatra pode estar vulnerável a uma boa garrafa de vinho se esta lhe for apresentada." COMO É QUE É?! VULNERÁVEL AO PENSAMENTO RACIONAL?! Quer dizer que ser capaz de raciocinar corretamente é SER VULNERÁVEL?! Peraí!? Não é contrário? Não seria "ser vulnerável à irracionalidade" o problema?!
E quer dizer que a pessoa que abandonou a razão é como O EX ALCOÓLATRA QUE ABANDONOU O VÍCIO?!?! É isso que a razão e para você. Um vício que devemos abandonar?!
Juro que há muito tempo não fico tão chocado com uma frase. Vou chegar ao ponto de citar o Reinaldo Azevedo, quando num de seus bons momentos disse que "Precisamos do Cristo não porque os homens se esquecem de ter fé, mas porque, com freqüência, eles abandonam a Razão e cedem ao horror." E daí eu só acrescento que, não abandonando a razão, a religião é dispensável.

ÚLTIMO: O Jesus tradicional de fato move a vida de milhões, mas nem sempre rumo à algo melhor. Para muitos ele é uma solução, não perfeita, pois a melhor seria a razão, mas não deixa de ser solução. Para muitas outras, porém, ele é o problema. Milhões, Bilhões de pessoas no mundo nunca escolheram ser cristãs, foram obrigadas, não raro violentamente forçadas, e a maioria até o ponto onde qualquer chance de recuperação racional se extinguiu.
Também jamais fui contra o significado de uma religião, e acho sinceramente que você interpretou mal isso. Posso ter me expressado ou cometido deslizes neste texto, mas acho que essa sua mensagem o fez de forma muito mais grave.
Ademais, se o cristianismo for vivenciado em sua essência mais pura, jamais se preocupará em aborrecer os outros por questões tão tolas. Demonstrará seu valor pela virtude, e resistirá a qualquer ataque pela fortaleza de espírito. Sempre respeitarei e admirarei o cristão que assim se comporta. Mas o simples fato de haver um problema que suscite o texto que escrevi, bem como esse nosso diálogo, já mostra que estamos lidando com uma degeneração do cristianismo, muito mais preocupado em se auto afirmar como visão social e se manter em seu local cultural privilegiado, herança de um passado nada digno de orgulho, do que em "Amar ao próximo como a si mesmo".
Amigavelmente
2 de Junho de 2009
   
          Diego Barros Maia - 1982 - Brasília-DF
          Servidor Público
          Espiritualista
501 532 560 567 604 630 631 704
              d b m a i a       y a h o o . c o m
Olá mais uma vez, Marcus! Que este email o encontre bem e disposto! Ainda não será dessa vez que falarei da questão dos animais, porque ainda estou pensando sobre isso, mas lendo aqui o livro de visitantes, percebi que devia falar sobre uma questão que há muito gostaria de ter falado: o problema do livre-arbítrio e dos atributos OMNI de Deus.
Ao que percebo, a solução que você propõe seria uma espécie de sacrifício de uma das qualidades de Deus, em especial a onisciência, para que os seres possam ser livres. Gostaria de propor outra solução, que tem a ver com pontos de vista.
De fato, se Deus é onipotente e onisciente, ele já sabe de tudo o que vai acontecer, como também determina todas as coisas, então, do ponto de vista de Deus, o livre arbítrio das criaturas não tem como existir.
Agora o pulo do gato é que nós, criaturas menores, não temos a consciência plena que Deus tem!! Isso por si só já é um fator super relevante! Significa que por mais que Deus saiba o que vai acontecer, nós não o sabemos e nos sentimos de fato como escolhendo o rumo a seguir. Ou seja, do ponto de vista do ser humano, exatamente por ele ser limitado, ele pode sim, usufruir da liberdade.
É claro que aqui caberia a crítica de que essa liberdade que o ser humano usufrui não é uma liberdade real, seria uma ilusão, uma pseudo-liberdade, posto que aos olhos de Deus, tudo já está determinado. Mas a grande questão é: e daí? Porque deveria importar para mim o fato de se realmente há um ser maior que já determinou tudo o que eu vou viver, se eu mesmo não sei o que foi determinado?
Note, que ao separar os pontos de vista, fugimos daquela idéia calvinista de que, se a pessoa nasce com dinheiro, isso foi porque Deus já a predestinou a ser feliz e de que o pobre é destinado a ser infeliz, porque nós simplesmente não sabemos quando é que a vida pode dar uma reviravolta e inverter completamente os papéis. A onisciência de Deus, por pertencer somente a Ele, não interfere em nada na minha tomada de decisão, pois seja lá o que eu decidir, não importa se Deus sabia ou não, determinou ou não, o que importa é que eu tenho a sensação de estar decidindo por mim mesmo.
Concluo assim, que, a questão de se existe liberdade só pode ser respondida se perguntarmos antes: Do ponto de vista de quem?
Um grande abraço!
Diego
Quarta, 20 de Maio de 2009

Tema: Onipotência, Onisciência, Livre Arbítrio, Liberdade, Determinismo
Número Aproximado de Caracteres
- Mensagem: 1.881
- Resposta: 1.268
Olá Diego...
Esperarei então pela temática sobre os animais. Já sobre essa, note que na verdade o que você propõe já está no mínimo implícito na monografia DEUS ME LIVRE, na passagem:
"Decidi então fazer uso de meu Livre Arbítrio e escolhi crer que o mesmo existe, mesmo por uma questão de impasse epistemológico. Ao que tudo me indica, mesmo que o Universo seja Determinista, restará sempre a ilusão da Liberdade, e caso de fato exista a liberdade, haverá também sempre a ilusão de que tudo pode ser determinado. Parece ser impossível decidir em definitivo sobre um dos dois além de qualquer dúvida, ou sobre quaisquer outras concepções intermediárias ou totalmente singulares, e sendo assim, tudo me parece ser uma questão de escolha.
Portanto decido, ou fui determinado a aparentemente me decidir, a crer no Livre Arbítrio, assumir a responsabilidade por meus atos, e confiar em minha autonomia para construção de meu próprio futuro."
Assim, vai ao encontro do que você colocou. Para qualquer efeito prático a questão é totalmente irrelevante, a não ser que alguém em insana consciência decida levar o determinismo a seu efeito prático e fazer coisas do tipo, se deitar no trilho do metrô.
Toda a monografia e toda a questão desse paradoxo é basicamente metafísica, e serve mais para nos mostrar nossa limitação epistêmica, e em especial, para reforçar a humildade humana a respeito de questões transcendentes que, em especial os religiosos e no outro extremo os materialistas, acreditam ter pleno conhecimento.

Amigavelmente

2 de Junho de 2009
   
          Herberti Vidor Pedroso   -   1962   -   Belo Horizonte-MG
          Pastor evangélico - www.arquivosdoreino.blogspot.com
          Cristão evangélico

h e r b e r t i e a n a       g m a i l . c o m    
"Além do Deus cristão, o bhramane é o único que também possui uma natureza Trinitária."
Prezado Marcus, quero discordar desta afirmação, que é teológicamente incorreta. O hinudísmo possui três deuses distintos (Bhama, Vishnu e Shiva), cada qual com uma representação e atuação próprias. Não é uma tri-unidade.
O Deus bíblico é um em essência e atributos, mas existe e se relaciona atravéz de três egos distintos, que nos foram revelados como Pai, Filho e Espírito Santo, e mesmo estas designações são para efeito de revelação. E cada um destes egos, trás em sí a totalidade do ser divino. Totalmente distinto tanto do politeísmo grosseiro do hinduísmo como do monoteísmo raso do islamismo.
Que tal revelação se constitui em um mistério nenhum estudioso da Bíblia nega, mas não torna a fé cristã absurda. Mesmo porque o trinitarianismo é fonte de ricos ensinos espirituais e encontra ilustrações bastante adequadas no cotidiano.
Cordialmente,
Herberti V.Pedroso
www.arquivosdoreino.blogspot.com
Terça, 5 de Maio de 2009

Tema: Teologia, Cristianismo, Trinitarianismo, Hinduísmo, Bhramanismo, Trindade, Absurdo
Número de Caracteres
- Mensagem: 809
- Resposta: 3.540
Olá Pastor Herberti...
Antes de tudo, devo pedir que da próxima dez indique a qual texto está se referindo, para facilitar que as demais pessoas consultem a fonte, e também facilitar minha resposta. Neste caso, o texto é DEUS, que por sinal não tem sido abordado há anos, e o qual está meio abandonado.
Sobre o Hinduísmo, que eu saiba, as fontes bibliográficas costumam concordar que Visnhu e Shiva são manifestações distintas de Brahma, que é, de fato, o Deus supremo, origem e fonte de todas as demais divindades, tanto que define todos os demais aspectos da mitologia hindu, como os dias e anos de Brahma.
Observe que, embora Vishnu e Shiva sejam normalmente representados como um indivíduo único, Brahma sempre é retratado como tendo mais de uma cabeça, tendo a face dos outros dois ao lado da face principal, e as vezes inúmeras outras, representando outras manifestações divinas. Isso ocorre porque na realidade os inúmeros deuses do panteão hindu não são entidades distintas e individuais, mas sim manifestações variadas da mesma entidade suprema, Brahma.
Assim sendo, certamente o Brahmanismo não é politeísta, visto que isso exigiria deuses distintos sem relação direta com um princípio divino central. Compare por exemplo com o politeísmo Egípcio ou o Grego. Você notará gerações de deuses sucessivos que não tem nenhuma suboordinação a um princípio ancestral qualquer. Zeus por exemplo, embora reconheça ser filho de Cronos, não está sob sua autoridade, e ao mesmo tempo nem sequer dá qualquer atenção ao princípio fundamental de todo o panteão grego, que são Eros e Caos.
No hinduísmo as divindades estão diretamente conectada à Brahma, emanando dele e se submetendo espontaneamente a seu poder central, original e fundamental, que é Consciente, diferente dos princípios fundamentais das religiões politeístas, que são inconscientes.
De forma similar, no cristianismo os anjos são diretamente derivados de Deus, e isso só demonstra com mais clareza o fato de que ambas são religiões monoteístas, e embora distintas, ambas trinitaristas. A diferença principal é que no cristianismo, como você mesmo apontou, seria como 'egos' diferentes, facetas de uma mesma essência, mas que estão se manifestando SEMPRE ao mesmo tempo. Ou seja, não há um momento onde um deles esteja mais ativo que o outro. No Brahmanismo, há o momento da criação, onde Brahma apresenta seu aspecto mais puro, o momento da manutenção, onde Vishnu prevalece, e o momento da destruição onde Shiva domina a cena, num eterno ciclo.
Mesmo assim, as similaridades ainda são flagrantes, pois de certa forma podemos associar a criação diretamente ao Pai, a manutenção ao Espírito Santo, visto que este engloba as leis do universo, e a restauração à Cristo, que vem trazer o novo reino e a destruição do sistema de coisas antigo. Lembre-se também que a Trindade cristã é uma concepção teológica de inspiração nitidamente platônica, que por sua vez, foi influenciada pela tradição hindu.
O que torna o cristianismo mais exclusivo, e nesse sentido mais absurdo, é a insistência em se declarar irracional ao mesmo tempo que parece querer ser inteligível. No oriente, admite-se que há realidades transcendentes completamente fora do alcance da razão, mas por isso mesmo, não se despende algum esforço em compreendê-las, falar sobre elas ou tentar expô-las. É por isso que religiões como o Budismo e Taoísmo são consideradas atéias, não porque realmente preguem a ausência de um princípio universal, mas porque não tentam pensar sobre o impensável.
A tradição ocidental, especialmente o cristianismo, por outro lado, despende muito tempo, esforço e recursos a respeito de conceitos necessariamente absurdos, o que não é um insulto, pois 'absurdo' é originalmente algo que não é aceitável pelos 'ouvido', o que significa 'razão'. Se algo está além da compreensão humana, que é fundamentalmente racional, logo É ABSURDA! Por ser contraditória.
Enfim, essa á uma temática sobre a qual é inútil polemizar, visto ser assumidamente irracional, sendo no máximo passível de comentários adjacentes, como os tais ricos ensinos espirituais e ilustrações adequadas ao cotidiano que despertaram minha curiosidade, e sobre os quais eu terei prazer em ouvir.
Amigavelmente
2 de Junho de 2009
Mensagensa