POSTAR NOVA MENSAGEM
MENSAGENS PENDENTES
   
           Lucman Martins  -  São Paulo-SP  -  1973
Designer  -  Religião: Submissão


m e t o d o h a m s a       y a h o o . c o m        
Saudações Marcus Valério XR,
Tenho lido seu site. A sua filosofia aponta para a direção que canaliza seus pensamentos e sua honestidade ideológica é admirável. É fácil um filósofo se esconder por trás do conhecimento acumulado e se manter inativo ou pouco produtivo para não ter sua obra criticada. Por isso gostaria de ler sua opinião pessoal a respeito do conceito da unicidade de Deus na segunda maior religião monoteísta do planeta, o Islamismo, e suas implicações nas áreas do pensamento antigo e moderno. É sabido que o trabalho intelectual dos gregos foi primeiro traduzido para o árabe antes de ser exportado para a Europa e revolucionar o pensamento judaico-cristão, preparando as bases para o Renascentismo, a Revolução Industrial e o mundo como conhecemos hoje.
Desculpe a confusão, mas é realmente uma questão polêmica tratar do Islam após o 11 de setembro.
Talvez este tópico já tenha sido respondido parcialmente por você nas milhares de mensagens que recebeu, mas ainda assim gostaria de ler seus comentários atualizados diante dos fatos que teve acesso.
Sei que uma visão global ou impacial deste tema é humanamente impossível, ainda mais com tanta distorção midiática, e nosso acesso aqui no Brasil ao conhecimento registrado da filosofia e da história islâmica é confuso e inevitavelmente sujeito a manipulações.
Em todo caso, respeito seus pontos de vista e os insight que compartilha com seus leitores.
Fique em paz,
Segunda, 6 de Novembro de 2006
Olá Lucman. Já me escreveste antes, não?
É uma bom tema o que você propôs, e de fato, muito pouco pude tratar sobre ele, mesmo porque não tenho um conhecimento muito profundo do mesmo, portanto serei breve.
Apesar da influência da filosofia grega no médio oriente, creio que isso pouco se refletiu no Islã, visto que seu conceito de monoteísmo permaneceu inume à tendência platônica de trinitarização que caracterizou o cristianismo. Assim, a unicidade divina no Islã garante um monoteísmo autêntico, similar ao do Judaísmo, e sem as confusas decorrências da trindade cristã, e em especial da estranha doutrina da encarnação divina.
Pois não é a trindade em si que abala o fundamento monotéico do cristianismo, visto que as 3 "pessoas" podem ser vistas como faces de uma mesma entidade, o problema é que ao supor que exista uma manifestação de Deus que se encarna e vive como homem, mas ao mesmo tempo não é o deus pleno, ou seja, o Filho e o Pai, ao menos em algum momento, apresentam uma separação deveras acentuada, o que aí sim, abala a unicidade divina.
No Islam, isso de fato não ocorre, visto que cristo é visto de forma arianista, ou seja, um profeta com dons divinos, mas não um ser divino em si. A vantagem, além de tornar a teologia mais clara, é eliminar um grau de adoração personalista excessivo. Vemos nos cristãos odes intensas à pessoa de cristo, como se este fosse um humano em si, que chega ao ponto de ser chamado de "Rei", ou mesmo "Senhor". Isso faz a adoração cristã soar de modo mundano, pois reis e senhores são humanos existentes de fato, e que também podem ser adorados.
O mundo sempre esteve repleto de senhores e reis de todos os tipos, exigindo as mais diversas formas de submissão, devoção e adoração, se relacionar com uma divindade seguindo o mesmo molde me parece ser um enfraquecimento do essência religiosa em si.
Dessa forma, para o Islã, Maomé, é um humano, um profeta abençoado, sem dúvida, mas humano. Já Alá não é "rei", não é "senhor", Alá é DEUS! O mesmo pode-se dizer do YHWH judáico, ou mesmo do Jeová russelita, cujo cristianismo é arianista.
Isso, porém, não torna o Islamismo, ou o Judaísmo, superior ao Cristianismo ou qualquer outra religião. Mais coerente talvez, mas não necessariamente melhor, só me parece que sua vivência seja mais autêntica, menos contaminada por heranças culturais escravistas, feudais e coloniais. Espero que tenha notado, tenho uma certa irritação com essa tendência de alguns cristãos de encarar e nomear sua própria divindade como uma versão melhorada, ou piorada, de autoridades mundanas. Cristo não é "rei" coisa nenhuma, é DEUS! E Deus, Iavé, não é "senhor" coisa nenhuma, é DEUS!
Acho que faz muita diferença.
Bom, sei que não é muito, mas já dá pra começar.
Amigavelmente
15 de Dezembro de 2006
   
           Mario Campos de Jesus  -  Seropédica-RJ  -  1960
Tecnico em Contabilidade  -  Cristão
217, [217.1, 217.2, 217.3], 228, 362, 575

        m c j c o n t a b       y a h o o . c o m . b r
Resposta ao DIFÍCIL PRA CHUCHU.
Vou ser bem sucinto e direto na minha resposta.
1) A Eleição do Lula botou panos quentes em todo político não ético neste Brasil; ou seja, não precisa ser ético, desde que se faça um bom governo (ou pelo menos consiga iludir o povo que o está fazendo, e, diga-se de passagem, missão fácil, pois uma grande parcela dos eleitores não é difícil de ser enganada por falta da cultura que os próprios governos não concede).
2) A Eleição do Lula deu sangue novo aos sonegadores de impostos e outros criminosos que praticam delitos similares ao de “enfiar a mão na cumbuca”.
3) A eleição do Lula ratificou, apoiou e concordou tacitamente com o velho e corriqueiro, cansado e desbotado chavão popular (desanimadoramente e nojentamente conformista, nivelador por baixo e pernicioso): “é assim mesmo; não tem jeito; todos que entrarem lá vão roubar; eu mesmo roubaria se estivesse lá; o importante é fazer alguma coisa pelo povo; mesmo roubando”.
4) E a tal pergunta?! Lula sabia ou não? Conivente ou incompetente?
5) Votei na Eloísa Helena no primeiro turno e no segundo fiquei dividido entre o voto nulo e o Alkimim; e finalmente decidi em votar no Alkimim, mas apenas para tentar ajudar a não reeleição do decepcionante pró-ético PT-Lula.
Segunda, 6 de Novembro de 2006
Oi de novo Mario. Decidi tratar desta sua mensagem antes da anterior por ser mais breve, e antes de mais nada sugiro que você leia também os demais textos desta "série" sobre a política brasileira, que são O Silêncio dos Inocentes e O Grito dos Culpados.
Sendo suscinto:
1)Pois é. Cada povo tem o governo que merece. E sinceramente, ainda tenho dúvidas se de fato é possível ser diferente, visto que isso não ocorre só no Brasil. Em qualquer lugar o povo reclama muito da classe política. Dá pra ser melhor, claro. Mas quanto?
2)Pra mim isso não faz sentido algum. O que a sonegação de impostos tem de especial neste governo? Acaso você já percebeu que a corrupção do governo Lula, NÃO inclui desvio de verba pública? É um outro tipo de corrupção, que visa a consolidação do poder do partido. Se isso é melhor ou pior, é outra discussão, mas definitivamente é bem diferente.
3)É de fato um problema, mas se o governo Lula está longe do ideal, havia alguma outra opção? Infelizmente a única saída é ser pragmático e votar no menos pior. E sinceramente ainda acho este governo incomensuravelmente melhor que qualquer um dos anteriores.
4)Já disse o que penso sobre isso nos textos citados. É claro que ele sabia de grande parte, mas certamente não sabia de outra, afinal ninguém tem controle direto sobre cada detalhe do que quer que seja que se administre. No caso do dossiê, por exemplo, não tenho dúvida alguma de que ele nada teve a ver com isso, mesmo porque seria de uma burrice inacreditável, e burro te garanto que ele não é!
5)Com o perdão da palavra, mas qualquer um que tenha votado do PSOL ou PDT no primeiro turno e depois no PSDB no segundo, é, sinto muito, totalmente alienado do ponto de vista político e econômico! Putz! São os absolutos opostos! Seria muito mais coerente ter votado no Alckmin desde o começo, ou ter votado nulo no segundo turno. Note que a grande maioria que votou em Cristovam ou Heloísa Helena no primeiro turno, votou no Lula no segundo. É obvio! Porque eles são muito mais próximos do que o Alckmin. E se a questão foi um voto de protesto ético, aí mesmo é que não faz o menor sentido votar no PSDB!
Desculpe a demora. Acabei de voltar de uma semana na praia, e por um acaso estou, hoje, completando idade suficiente para ser senador.
Amigavelmente
11 de Dezembro de 2006
   
          David Mayer  -  1983  -  Olinda-PE
   Bancário
   Evangélico

      d a v i f m a y e r       y a h o o . c o m . b r
Olá Marcos, nao é de hoje que venho acompanhando todos os seus trabalhos escritos. Todos muito interessantes e reveladores, outros apenas para aumentar ainda mais aquilo em que acredito.
Tambem gosto muito de escrever e brincar com minha criatividade criando mundos e historias dentro dela (me identifiquei muito com a Moeda Mistica), mas sinto que preciso evoluir mais e mais, até um nivel razoavel, na minha escrita e projeçoes de ideias. Por isso, venho atraves desta pedir dicas de como escrever bem assim como criar uma linguagem propria.
Já escrevi um livro, estou na metade de um outro e já tenho alguns contos prontos, mas a maioria ainda no papel. Se consentir, gostaria de compartilha-los com voce para que voce dê uma critica nos pontos que eu ainda preciso melhorar.
Agradeço desde já, David.
PS: Alguns contos merecem ter uma "Parte dois"...
Sábado, 4 de Novembro de 2006
Caro David...
É sempre um prazer conhecer outros novos escritores que compartilham nossas preferências. Me sinto honrado em poder lhe ser útil e inspirador. Esteja à vontade para enviar seus trabalhos que terei prazer em ler, comentar e mesmo publicar, se estiverem de acordo com o direcionamento Fantástico e de Ficção Científica do site, ou mesmo Filosófico, seus trabalhos serão tratados com o devido respeito.
Na realidade, há muito venho pensando em buscar parceiros para publicação de contos originais, seria um forma de aquecer o site, pois não tenho muito tempo para escrever, portanto, sua proposta talvez venha a calhar neste sentido.
Uma dica: A melhor forma de aprender a fazer algo, ou aperfeiçoar, é fazendo. Portanto escreva! Sem se preocupar se já está sendo suficientemente bom. Querendo ou não, você aprende.
Por fim, quais contos você gostaria de uma parte 2?

Amigavelmente

2 de Dezembro de 2006
   
          Adilson F. Dias  -  1966  -  Americana-SP
   Técnico em Eletrônica
   Espírita

                a d d i a s       v i v a x . c o m . b r
Antes de mais nada parabéns por esta pagina, muito bem visitada, com um assunto delicado.
Acredito e considero 100% que toda vida aqui e em qualquer lugar e forma em que for possível se dê atravês de uma evolução gradativa determinadas pelo meio ambiente e necessidades as quais são expostas, e isso é perceptivel ainda hoje em nós mesmos, estamos evoluindo, a vida é uma questão evolutiva. Quanto aos mais severos criticos ao evolucionismo, talvêz uma melhor compreensão do Gênesis, os ajudaria, afinal é muito simples. Adão e Eva, dois filhos Cain e Abel, cain mata abel e é condenado a vagar errante, mas antes arrependido de seu ato criminoso diz a Deus, "aquele que me encontrar fará comigo a mesma coisa", e Deus diz, se aquele que o encontrar algum mal lhe fizer, será castigado 70 x 7 ( que aquele?), assim fica claro que Adão e Eva não era um homem, uma mulher, mas representante de um povo que perdeu a comunhão com Deus, através da corrupçao, crimes comuns de irmão contra irmão assim por diante, nunca houve nas escrituras a intensão em dizer que eramos unicos ou até mesmo a data da criação, qualquer interpretação de datas e formas são adivinhações. A unica coisa clara nela é que viêmos do pó, e isso tenho certeza, do pó das estrelas, afinal a evolução no universo se dá a passos lentos mas as vezes violentos e não há paz neste universo em caos, apenas uma trégua momentanea.
Temos aqui na terra e no nosso sol o Urânio ( e outros elementos radioativos), material que não é criado no processo de fusão nuclear das estrelas, mas obtido atravês de uma explosão estelar, assim, só isso já prova que o nosso sol já é uma estrela de 2º ou 3º geração, a vida aqui é uma questão de condições certas e assim também deve ser em muitos outros sistemas, afinal só em nossa galaxia há milhões de estrelas semelhantes ao nosso sol e há milhares de galaxias e seria um capricho e perda de tempo somada a uma burrice divina dar as condições para cria-la somente aqui, a ciência a cada dia emcontra mais e mais fosseis com formas e datações em carbono 14 que comprovam varias ligações com a cadeia evolutiva nossa e de outras espécies em milhares de anos, assim para quem acredita em Deus, fechar os olhos a evolução é também nega-lo, pois não há magica no universo, há sim, forças fisicas, interações gravitacionais e quimicas, com leis que podem ser escritas e descritas, estalar de dedos não cria vida.
Abraços
Quinta, 26 de Outubro de 2006
Olá Adilson, seja bem vindo a este site.
Concordo com parte de suas colocações, embora seja menos empolgado com relação as expectativas de uma universalidade no comportamento da evolução biológica no universo.
Creio que algumas frases suas ficaram estranhas, como afirmar "não há paz neste universo em caos"! Mas o que você quer dizer com paz, neste caso. E ela não é antagônica à idéia de Caos, que por sua vez, embora esteja presente no universo, não o caracteriza unicamente.
Sobre o mito da Gênese, lembre-se que a Bíblia é omissa sobre quanto tempo se passou entre a expulsão do Éden e o assassinato de Abel, e também sobre o fato de Adão e Eva tem tido outros filhos. Nada há que impeça que Caim tenha encontrado outros descendentes de Adão e Eva que foram omitidos do relato, embora haja também interpretações diferentes.
Ainda assim, creio que sua interpretação dos personagens como sendo símbolos de coletividades parte daquilo que é, para mim, uma postura fundamental mas injustificada, que chamo de tentativa de "Salvar a Divindade da Bíblia". Os Espíritas tem esse comprometimento, portanto precisam da interpretação para eliminar qualquer erro, incoerência ou injustiça na Bíblia, por que ainda tem a idéia de que ela seja um livro divino. Se você não se compromete com isso, vai notar que muitas passagens ficam muito mais claras e autênticas, e representativas da mentalidade de um povo em seu determinado contexto.
Também soou estranha a afirmação de que o Urânio é obtido "atravês de uma explosão estelar". Assim como os outros elementos, o Urânio é um dos possíveis resultados de um lento processo de condensação e esfriamento de gases que, devem sim ter sido expelidos por uma estrela, mas assim como praticamente todos os demais elementos excetuando os mais básicos.
Por fim, se há mágica no universo ou não, depende também do modo como você considera a idéia de Deus. É possível pensar de forma a tornar o divino essencialmente mágico, embora, sem dúvida, não seja a postura do kardecismo.
Até a próxima.

Amigavelmente

2 de Dezembro de 2006
   
          Gustaf Dantas Bitencourt Florencio
     1985  -  Natal-RN
Estudante Universitário
546 527 517 449
g u s t a f d a n t a s       h o t m a i l . c o m  
Olá, Marcus.
Venho aqui discutir com você sobre um assunto muito controverso entre psicólogos e filósofos: a mente humana. Recentemente foi publicada no O Globo uma reportagem chamada Achado no cérebro a origem do comportamento altruísta, que dizia que:
“Mapeando, por ressonância magnética, o cérebro de 19 indivíduos, os pesquisadores constataram que, ao fazerem as doações anônimas, as pessoas ativavam o chamado sistema de recompensa do cérebro.”
Ao ver essa pesquisa publicada na PNAS, imaginei a polêmica que ela causaria.Estive lendo Tábula Rasa de Steven Pinker e ele nota que quando tentam explicar a mente, comumente as pessoas recorrem a três idéias que o psicólogo de Havard considera equivocada: a idéia que a mente de um feto é a uma tábula rasa a ser preenchida pelos pais e pela sociedade, a concepção de que o homem em seu estado primitivo é um “bom selvagem” e a noção que uma alma material dotada de livre-arbítrio é a única responsável pelas nossas ações.Ao seu ver, a sociobiologia e a psicologia evolutiva foram muito subestimadas como explicação do comportamento humano, principalmente naquelas que diz que o altruísmo também é algo passível de evoluir naturalmente.Ele ressalta também que quem aprecia leis e salsichas não deveria ver como elas são feitas.
Prossegue argumentando que não defende o determinismo genético.Isso porque os genes do nosso corpo não é como a planta de uma arquitetura e sim uma receita de bolo.Não podemos dizer que cada ingrediente influi de forma precisa e delineada de como o bolo será feito.Ou seja, muitos ingredientes tem efeito de como o bolo se formará, mas cada um necessita da interconexão de vários deles.A mesma coisa é para o comportamento humano.É claro que genes influem no nosso comportamento.Se genes não influíssem no comportamento, então como poderíamos explicar porque uma ovelha age diferente de um leão.O problema, segundo Pinker, é que as pessoas tem medo do determinismo biológico.Muita gente se choca quando houve falar que determinado bandido teve a probabilidade de ter uma ação aumentada por causa de um gene que aumenta a agressividade.Mas será que isso quer dizer que estamos liberando explicações absurdas para o crime como: "Não fui eu, foi minha amídala?"Claro que não.Não há determinismo biológico.A última coisa que desejamos é fazer tudo que a nossa alma bem entender.No momento em que temos a sensação que a conseqüência de uma atitude danosa será a repressão da justiça, da sociedade ou a vergonha, então o nosso cérebro pode vir com uma mensagem a bordo:"Se você cometer atitude X te fizer passar por mal educado, não faça X".A questão é que o comportamento do bandido é probabilístico, e não determinístico.É claro que explicar um comportamento não é a mesma coisa que desculpá-lo.Mas se o comportamento não é algo totalmente aleatório, há de haver alguma explicação.Se o comportamento fosse aleatório, então não poderíamos condenar ninguém porque uma pessoa não se deteria na primeira mínima vontade que tivesse de fazer algo.Ele cita muitos comportamentos onde a natureza humana prevalece.O fato de o adultério ser elevado entre os homens do que em mulheres é um exemplo perfeito de como os genes de nosso corpo tem grande influência no nosso comportamento.
Na verdade, pareceu-me que Pinker leva em conta tanto a natureza biológica como a influência da sociedade e dos pais.Ele nota que o fato do comportamento humano ser mais diversificado que aquele entre os animais é uma prova que a explicação do nosso comportamento está além de nossos genes.Ele diz também que teóricos da evolução do comportamento animal (como Richard Dawkins e Edward Wilson) sempre defenderam isso, apesar de seus críticos nunca terem percebido.
Apesar de “Tabula Rasa” ter me esclarecidas muitas questões, outras deixaram minha mente em confusão.Por isso, Marcus eu queria saber sua opinião.Qual seu pensamento sobre a tese da Tabula Rasa de John Locke?Se a tese de Pinker sobre o comportamento é válido, como seria possível saber quando um comportamento é da natureza biológica ou de natureza social?Eu posso mostrar um exemplo disso.Recentemente, eu abri um tópico no fórum Clube Cético (Amigo de mulher bonita é cabeleleiro) perguntando porque as pessoas acham tão difícil haver amizade entre homem e mulher da mesma faixa etária e de belezas satisfatórias para ambos.Algumas respostas que ouvi:
“Se você é mulher e tem muitos amigos homens, das duas uma: ou você é vaca, ou você é lésbica” (frase de uma mulher).
“Tem essa não, sempre tem algum interesse por traz se não for pegar ela, pegar alguma amiga. (nota minha: leia-se ‘para toda amiga deve existir uma apresentadora de amigas interessantes’). Amigo de mulher é gay.”
Não parece claro se é possível identificar se um comportamento desses é influenciado mais por genes ou pela sociedade. Por um lado, o forista Luís Dantas acertou em dizer que “há tanta insegurança no mundo que a gente acaba se afirmando das formas mais estranhas”. Ou seja, o ciúme (um sentimento que evoluiria sem dificuldade pela seleção natural , segundo Pinker) poderia induzir as pessoas a absorverem algumas dessas idéias populares absurdas. Por outro lado, argumentei que os homens estão preocupados com status de virilidade na sociedade machista, já que se ouve muito "se tu tiver amigas e não pegar mulher com frequência vão achar que tu é boiola". Se não for pedir muito, gostaria de uma opinião sua sobre o assunto do tópico que abri no Clube Cético também.
Quarta, 25 de Outubro de 2006
Alô Gustaf...
Muito obrigado pelos links, o assunto de fato muito me interessou, e apesar de pequena, a matéria me foi muito esclarecedora, indo de encontro a intuições e teses que eu já tinha há muito tempo, como a associação do altruísmo à sentimentos relativos ao laço afetivo entre mãe e cria, que me parece ser uma das bases do sentimento de empatia.
Se você conhece minha monografia RÉLICA & ETIGIÃO, deve saber que estou formulando uma Ética fundamentada no sentimento de Empatia, que seria base para todo o bom relacionamento humano, pois permite nos colocarmos no lugar das outras pessoas, compartilhando com elas nossos sentimentos.
Nesse sentido, é assim que entendo a questão levantada neste texto. Creio que o sentimento de bem estar, a recompensa cerebral, possa ser melhor entendida pelo fato de, primeiro, ao fazermos o bem, é como se de algum modo estivéssemos recebendo o bem, pois podemos nos imaginar no lugar dos beneficiados. Se esse sentimento não existisse, nos emocionarmos positivamente com os finais felizes das histórias seria impossível.
Por outro lado também, a idéia de realizar uma boa ação nos dá um sentimento de realização, por que consideramos que aquele é um ato elevado, e ao fazê-lo, mostramos a nós mesmos que agimos bem, que somos bons, e como é bom ser bom, por quê isso não seria bom?
Outro tema interessante comentado no fórum, e que sempre gosto de abordar, é sobre o interesse do altruísmo. Creio sinceramente que há uma terrível distorção na estranhíssima idéia de que poderia haver um atruísmo desinteressado, e o pior, de que deveria haver! E pior ainda! Que altruísmo que receba algum tipo de recompensa não é legítimo! Sinceramente, isso não faz o menor sentido!
É absolutamente impossível agirmos sem nenhum interesse, porque é exatamente o interesse que nos faz agir. Interesse, no sentido de intenção, não é um pejorativo. Nós não podemos agir sem disposições mentais que nos induzem a estados intencionais, e toda ação necessariamente visa a realização de uma intenção. Todas as ações humanas visam a um fim.
Sendo os humanos seres sensíveis que respondem a sensações primárias de mal ou bem estar, todo e qualquer tipo de ação concebível só poderá ter, em essência o fundamento de mover nossa sensibilidade rumo ao estar melhor. Portanto, ao fazermos uma boa ação, o motivador essencial é o fato de que fazendo-a, nos sentiremos melhor, quer devido a sensação de dever cumprido, de contemplar o alívio alheio ou por descarrego de consciência,
Isso não pode ser visto negativamente pelo simples fato de que é impossível agir de outra forma. Portanto, a essência da ética deveria ser não uma ação desinteressada, o que é absurdo, mas sim agir de modo a conciliarmos nossos interesses com os das outras pessoas ao máximo possível. Assim, uma ação será melhor quanto mais bem ela puder causar.

Sobre a Tábula Rasa, de certo que não acredito que sejamos uma página em branco ao ser preenchida, na realidade nem Locke acreditava, ele apenas enfatizava a inexistência de idéias inatas, mas não negava a possibilidade de pré-disposições. No entanto, por outro lado, não posso desconsiderar a possibilidade do inatismo, visto ser cético sobre isso também. Portanto apesar de plausível, me parece impossível provar a tese da Tábula Rasa, embora também a tese contrária. O mais provável é o óbvio meio termo.
Nossas predisposições seriam então geneticamente dadas, ao menos em grande parte, mas extrememente sensível ao ambiente e contexto cultural. E mesmo considerando hipóteses mais ousadas, como reencarnação, não muda o raciocínio primordial, pois mesmo nesse caso, o espírito em questão teria uma primeira existência onde não teria conteúdos prévios, ou os teria em nível muito germinal.
Porém, bom lembrar que o cultural evoluiu em bases biológicas, razão pela qual sempre dou um peso a mais à nossa bagagem física. Ao emergir do físico, a mente e a cultura se tornaram muitíssimo poderosas, a ponto de alterar grandemente nossas disposições, porém, tudo isso se desenvolveu, muito provavelmente em bases físicas.
Caso consideremos um universo transcendente, mais uma vez a essência do pensamento não muda, basta substituir a idéia de físico pela substância na qual a existência se apoia.

Sobre a discussão sobre a amizade homens e mulheres, o debate em geral foi primário. O problema maior ao meu ver é que comete o erro clássico de generalizar. Ainda que sejam tendências majoritárias certos comportamentos, é injusto generalizá-los largamente, porque isso destrói o potencial humano. Somos livres! Temos que ser capazes de criar laços de amizade algo mais sofisticados do que o simples interesse sexual, ainda que não seja fácil.
Ademais, retomo minha postura anterior. Ainda que sempre haja um interesse, porque isso seria um problema? A questão não é que tenhámos ou não tais e quais sentimento e intenções, mas sim como lidamos com eles.
Não nego que eu tenha atração por qualquer amiga minha que seja apetecível, mas isso não impede a existência de uma relação sincera. Afinal, mais uma vez, somos movidos por interesses. Amigos do mesmo sexo evidentemente tem interesses mútuos, compartilham preferências, trocam idéias, se sentem bem em companhia um do outro.
Nada há de errado com isso.
Amigavelmente
30 de Novembro de 2006
   
           Mario Campos de Jesus  -  Seropédica-RJ
1960  -  Tecnico em Contabilidade
217, [217.1, 217.2, 217.3], 228, 362

        m c j c o n t a b       y a h o o . c o m . b r
NOVA MENSAGEM DE MARIO CAMPOS DE JESUS
Quarta, 25 de Outubro de 2006
Olá Mario. É um prazer recebê-lo novamente. Como você deve ter visto, recentemente decidi limitar o tamanho desejável máximo das mensagens a 10 milcaracteres. Mas como você enviou esta mensagem, de 26 mil, antes desta regra, e também por ser um visitante antigo e especial, vou publicar sua mensagem em página separada. Não a responderei agora, mas farei aos poucos.
Amigavelmente
19 de Novembro de 2006
   
          Paulo Cesar Tenorio Cavalcanti - 1965 - Taguatinga-DF
          Servidor Público - Espírita (logo, Cristão)
234 248 300 313 320 349 371 420
427 476 480 483 490 495 559 564
          j a s p h       i g . c o m . b r
Olá Marcus Valério, estou te enviando esta mensagem, no sentido de acrescentar e esclarecer alguns pontos que li em tuas respostas anteriores referentes a essas passagens bíblicas:
Sobre: (Êx 20:5) Pois eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração.
O texto original latim: "Non adorabis ea neque coles, quia ego sum Dominus Deus tuus, Deus zelotes, visitans iniquitatem patrum in filiis in tertiam et quartam generationem eorum, qui oderunt me, et faciens misericordiam in milia his, qui diligunt me et custodiunt praecepta mea."
Do Latim - AD = a, para, ao pé de, conforme, até IN = na, em ET = E Aqueles que desejarem conferir a Vulgata no original, poderão consultar a mesma no site oficial do Vaticano, no link a seguir LIBER EXODUS
Já no idioma hebraico (com tradução, para o português) lê-se assim: " não tishtachavé te prostarás Iahém para eles velo e não ta’avdem os servirás ki porque anochi eu sou Iahvéh iahvé eloheicha teu Deus el kaná Deus zeloso poked visito, para Bênção ou cobrança ‘avôn iniqüidade, culpa avôt pais, plural de av ‘ál sobre banim os filhos plural de bem filho ‘ál shileshim sobre as terceiras , plural de shilesh, terceira geração v’al-ribe’im as quartas gerações leshnai para os que me odeiam ‘osséh faço chesséd misericórdia, bondade, favor laalafim por milhares de gerações leohavai para os que me amam uleshmerei e guardam mitsvotai os meus mandamentos"
Obs. Laalafim = por milhares de gerações ‘ál= sobre shileshim = terceiras gerações
Portanto, nas traduções feitas pelas Igrejas católica e protestante, essa parte do mandamento foi truncada para harmonizá-la com a doutrina da encarnação única da alma. Onde está escrito “na terceira e quarta gerações”, alteraram o texto para “até a terceira e quarta gerações”.
Portanto, queria dizer, que as centenas de distorções que há na Bíblia, foram feitas pelo homem, pois, Deus não seria tão injusto em castigar inocentes, pois como já dizia Jesus, Deus é amor....
Observe as citações bíblicas: Jô 34,11 “Ele retribui ao homem segundo suas obras, e dá a cada um conforme o seu proceder. Em Eclesiástico 16,14 ou 15 “Para todo aquele que dá uma esmola há uma recompensa, cada um é tratado segundo as suas obras”.
No Novo Testamento, não existe exemplo maior que o SERMÃO DA MONTANHA em Mateus 5 Felizes os limpos de coração porque verão a Deus; Felizes os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus... Interessante Marcus e é muito lastimável que as igrejas ditas cristãs, pouco falam sobre o Sermão da Montanha, por que será?
Há uma infinidade de textos na bíblia que expõe claramente que a “salvação” isto é, o crescimento espiritual do homem, dar-se com as obras, como meu tempo é curto, vou mostrar-lhe mais duas : Mateus 7, 21 “NEM TODO AQUELE QUE ME DIZ : SENHOR, SENHOR, ENTRARÁ NO REINO DOS CÉUS MAS QUEM FIZER A VONTADE DE MEU PAI, QUE ESTÁ NOS CEUS...
Mateus 16,27 “Porque o filho do homem há de vir na glória do Pai com os anjos e retribuirá a cada um segundo suas obras”
Portanto, é com a conduta humana, é que se chega a “salvação” que na terminologia Espírita que dizer, a paragens superiores de evolução. E assim Deus, logicamente, é justo, pois não discriminará qualquer religião, mas sim, o avanço moral de qualquer ser humano.
A Reencarnação está bem clara no evangelho gnóstico de Valentino 60:5-6 “Tomei Elias e o enviei ao corpo de João Batista. E enviei outros a corpos justos, para que encontrem os mistérios da luz, e se elevem às regiões superiores e entrem na posse do reino da luz”. Existem várias passagens que se referem a isto na Bíblia Sagrada, no evangelho Canônico da Bíblia de Mateus 11,14-15 “E, se tiverdes compreendido, João é o Elias que estava para vir.Quem tiver ouvidos, que escute bem”.
Portanto Marcus, o cristianismo pregado hoje pela grande maioria das igrejas, nada mais é que uma corrente, das muitas que existiam no mundo naquela época. A que prosperou foi àquela adotada pelos postulados de Roma. O incrível, é que com a Reforma Protestante, pouca coisa mudou, Lutero e Calvino eram frades Católicos, portanto, não procuraram ir a fundo na questão. O pouco que sei, é que há muitos estudos e conhecimentos que a igreja dominante procurou esconder e que hoje, apesar das tentativas de destruições de textos sagrados, estão aparecendo novas mensagens. O problema é que os religiosos em geral, estão apegados em seus conceitos, temem em perder o seu poder, muitos se esquivam em assimilar, estudar os evangelhos em geral, principalmente, os ocultos (ditos gnósticos ou mesmo heréticos pela igreja). O que nos deixa mais tranqüilos, é que com a evolução espiritual da humanidade, todas as mazelas vão paulatinamente sendo abandonadas pelo homem, pois o crescimento, conseqüentemente a evolução, é uma lei Universal.
Para Reflexão:
É precisamente ao dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos, porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio (Conselho Espírita Internacional)
A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS (MATEUS 16,27)
NADA É OCULTO QUE NÃO SEJA MANIFESTADO.(JESUS)
È bom lembrar dos evangelhos apócrifos (ocultos), que a igreja veio a perseguir, mas felizmente, não conseguiram...
Continuação da Mensagem - Segunda Parte
...OCULTÀ-LOS.
EIS QUE VENHO EM BREVE E COMIGO MINHA RECOMPENSA PARA DISTRIBUIR A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS (JESUS - APOCALIPSE 22-12)
ANUNCIAVA-LHES A PALAVRA SEGUNDO PODIAM ENTENDER, E NÃO LHES FALAVA SEM PARÁBOLA; A SÓS PORÉM, EXPLICAVA TUDO A SEUS DISCÍPULOS.(MC 4-33)
NÃO VOS ENGANEIS, COM DEUS NÃO SE BRINCA. O QUE O HOMEM SEMEAR, TAMBÉM HAVERÁ DE COLHER. (GL 6-7)
PARA OS CATÓLICOS E PROTESTANTES EM GERAL, A SALVAÇÃO OFERECIDA POR JESUS É INDISSOCIADA DE SEU MARTÍRIO, JÁ PARA OS GNÓSTICOS, ACREDITAM NA SALVAÇÃO PELO CONHECIMENTO. (trecho gnóstico)
LEDE TUDO, O PRÓ E O CONTRA, E FAZEI A ESCOLHA COM O C0NHECIMENTO DE CAUSA. (KARDEC).
Na verdade, é indissociada de seu martírio, porque foram os religiosos (apóstolos, Lutero, Calvino etc..) que criaram este modo de salvação ou mesmo uma interpretação errônea. Cristo nunca pregou isto. Naquela frase em que Jesus diz, “Eu sou o caminho, verdade e vida, ninguém vem ao pai, senão por mim”, na verdade quer dizer, pelos seus ensinamentos, seus exemplos, que nada mais são que o AMOR. Com os Gnóstico e Essênios, ficou uma mensagem mais pura do cristianismo, por isso que eles acreditam na salvação pelo conhecimento, isto é, através de sucessivas reencarnações, progridem espiritualmente, seguindo a mensagem do mestre. Este sim, é um conceito racional, pois, todos podem alcançar, mesmo não tendo conhecimento de Jesus, mas seguindo o caminho reto.
Observação: Queria sugerir-lhe Marcus, que tu fizesse uma análise e, se possível for, que mudasse o título do Site, criticando Kardec em tua página inicial (com aquela fogueira! Parece a queima dos livros da Codificação, em Barcelona/Espanha, no século XIX), para “Analizando Kardec”. Pois na verdade, já entrei nesta página e não vi só críticas, mas sim corroborações também. Informo que o ser humano no geral, é passível de falhas e que Kardec nunca falou que seria infalível, observe esta mensagem dele “O ESPIRITISMO CAMINHANDO COM O PROGRESSO, NÃO SERÁ JAMAIS ULTRAPASSADO, PORQUE, SE NOVAS DESCOBERTAS LHE DEMONSTRAREM QUE ESTÁ EM ERRO SOBRE UM PONTO, MODIFICAR-SE-Á SOBRE ESSE PONTO, SE UMA NOVA VERDADE SE REVELA, ELE A ACEITARÁ. Portanto, penso eu, como teu modo de pensar é o Ceticismo, seria mais coerente se desta forma ficar: “ANALIZANDO KARDEC”, mesmo tendo no Site original outro título..
Queria também informar sobre a primeira WEBTV espírita do mundo 24 horas
www.tvcei.com
Abraços.
Atenciosamente: Paulo César Tenório Cavalcanti - Taguatinga/DF.
Sábado, 7 de Outubro de 2006
Caro Paulo César...
Antes de mais nada, parabéns pelo ótimo texto. Você realmente conseguiu colocar argumentos bem fortes em defesa do reencarnacionismo bíblico. Pessoalmente, considero difícil conciliar a Bíblia com a reencarnação não exatamente por questões de passagens específicas, mas porque a doutrina da Ressurreição é muito incompatível com a de reencarnação. Um forma de superar isso, porém, é exatamente mostrar que a ressurreição em questão é na realidade uma alegoria da reencarnação, o que acho viável, e costuma ser feito com desenvoltura, como você mesmo já o fez. Mesmo assim, ainda enfrenta algumas dificuldades, e algumas delas, aliás, até bem simples. Talvez você consiga superá-las numa próxima mensagem.
Vamos agora examinar alguns pormenores.
Achei desnecessária a reprodução da vulgata latina católica, visto que muitas das bíblias que possuímos em português foram diretamente traduzidas do original, sem passar pela tradução latina. A começar pelas protestantes, que, que eu saiba, jamais passaram por versões em latim. De fato o surgimento da protestantismo se dá exata e principalmente por meio da tradução do Novo Testamento diretamente para idiomas populares, a princípio o alemão, exatamente porque o grande público não sabia latim.
O que nos importa é o texto original, e confesso não ter conhecimentos de hebráico para julgar suas afirmações, mas confiarei em você. E provável mesmo que haja uma erro de tradução em questão. Concordo também que há outras passagens compatíveis com a idéia de reencarnação, e certamente há inúmeras compatíveis com a de salvação pelas obras.
Neste ponto seu texto se confunde, pois você usa a passagens que sugerem a salvação pelas obras para reforçar a idéia de reencarnação. O problema é que, a princípio, as duas idéia são totalmente independentes. Tanto pode haver salvação pelas obras sem reencarnação, quanto poderia haver reencarnação com justificação pela fé, embora isso seja biblicamente muitíssimo improvável.
Creio que os maiores méritos de sua mensagem sejam:
1-Defender uma interpretação, talvez a única possível, de Êxodo 20:5 que evita um disparate ético.
2-Defender a salvação pelas obras, certamente a única...
...forma de tornar a ética metafísica bíblica do Novo Testamento humanamente compreensível.
No entanto, como dito, nada disso implica necessariamente na realidade bíblica da idéia de reencarnação, primeiro porque não podemos descartar o fato de que realmente haja um disparate ético em Ex 20:5, como aliás em várias outras partes do Antigo Testamento, e segundo porque, mais uma vez, salvação pelas obras e reencarnação são dissociáveis, ainda que não exatamente no Kardecismo.
Devemos lembrar, por sinal, que ainda que a bíblia seja reencarnacionista, isso pode não se dar em termos kardecistas, mas, muito mais provavelmente, se daria em termos órficos.
O Orfismo era bastante difundido entre os intelectuais, e talvez mesmo entre os populares. Sem dúvida alguma os escritores da Bíblia, principalmente Paulo, tinham conhecimentos sobre a doutrina órfica, e é aí que entre uma das minhas objeções sobre a possibilidade de reencarnacionismo na Bíblia.
Se a Bíblia tivesse um viés reencarnacionista, porque então isso se colocaria de forma tão obscura? O orfismo, e outras formas de doutrina reencarnacionista, não eram tão estranhos à cultura da época. Porque os neotestamentistas fariam a doutrina de modo tão símbolico?
Se bem que essa objeção pode ser revertida, pois talvez conhecimentos sobre a doutrina órfica fossem um privilégio dos círculos intelectuais, e os autores do NT pretendessem recolocar as idéias de um modo mais popularmente compreensível. Só não me ocorre que a doutrina da ressurreição atenda esse apelo, visto que é de ainda mais difícil aceitação.
Mas a maior objeção vem mesmo da doutrina da Ressurreição. Ora, em meus diálogos com Alexsander H. M. Brito, em especial nas Mensagens 514 e 523, discorremos exaustivamente sobre a ressurreição. Seguindo todas aquelas passagens, manifestamos discordância sobre o que chamamos relação CORPO-ALMA na Bíblia, que segundo ele, poderia ser INDEPENDENTE, ou seja, a alma existir conscientement sem o corpo, e segundo eu, seria DEPENDENTE, quer dizer, a alma só teria qualquer tipo de existência consciente enquanto atrelada a um corpo.
Em ambos os casos, porém, a ressurreição é vista sempre como um fenômeno único e irrepetível, a acontecer no final dos tempos, como, aliás, já lhe disse em mensagem anterior. Defender reencarnação na Bíblia não é apenas citar os versículos que lhe pareçam favoráreis, você terá que também enfrentar essas questões relativas à ressurreição e todas as passagens que sugerem que ela é algo bem diferente da reencarnação, como a famosa E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo,[Hb 9:27] , bem como passagens que enfatizam uma morte única mesmo para cristo, como I Pedro [3:18], e todas as outras que frisam o evento da ressureição como algo único.
Uma grande incompatibilidade, é que a reencarnação se dá sempre em corpos totalmente diferentes, onde a espírito reencarnado não poderia ser fisicamente reconhecido pela sua aparência externa anterior. A ressurreição, por outro lado, apesar de se dar num Corpo Glorioso diferente do original, permite o reconhecimento do aspecto físico do indivíduo, visto que o corpo se assemelha ao anterior a ponto de ser indentificável.

Não vejo muita relevância em citar passagens de livros apócrifos, visto que o que está em jogo é a reencarnação na Bíblia que conhecemos, e que é aceita pela totalidade dos cristãos. Não duvido nem um pouco que a reencarnação seja tema frequente nos evangelhos gnósticos por exemplo, aliás, de fato o é em alguns, mas me parece haver bons motivos para considerarmos apenas a compilação canônica da Bíblia.

No entanto, devo admitir que você argumentou bem a respeito, e não duvido que consiga superar essas outras dificuldades. Como kardecista, você não tem outro caminho a não ser salvar a Bíblia com uma nova interpretação, e nesse caso, a justificação pelas obras é absolutamente essencial, e a reencarnação fortemente desejável, sendo que esta última seria até dispensável para uma devida consideração da Bíblia como um livro, de fato, divino, mas a primeira, ratifico, me parece a única saída, em conjunto com uma série de outras, para a sustentação dessa tese de autoria divina por um Deus que merece os atributos por Kardec: único, eterno, imutável, imaterial, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, em especial os dois últimos.
Eu, por outro lado, não me sinto nesta obrigação. Posso muito bem considerar a simples hipótese da Bíblia ser um livro humano, com todas as falhas típicas de uma empreitada humana coletiva. Não tenho necessidade alguma de salvar a Bíblia, em termo divinos, como o têm os espíritas. Por outro lado, tenho um anseio de resguardá-la enquanto uma obra de uma originalidade sem precendentes, ao apresentar a tese da ressurreição em oposição a teses contrárias e comuns à sua época. Mas ao fazê-lo, faço-o como uma notável obra literária, tal qual defenderia a originalidade de "Édipo Rei", "O Discurso do Método" ou Star Wars. Ou, na melhor das hipóteses, como uma boa candidata a uma obra de autoria divina, desde que aparada com algumas interpretações, não muito diferentes das suas, que possam lhe salvar em termos éticos.

Enfim, obrigado por sua valiosa participação é será um prazer receber novas mensagens. Respondo também, sobre o site Criticando Kardec, que não cabe a mim mudar-lhe o título ou o símbolo, pois foram criações do próprio autor que devemos respeitar, embora eu, de fato, concorde com suas colocações. Seria o caso de falar com ele.

Despeço-me aqui, meu caro Paulo.

Amigavelmente

18 de Novemebro de 2006
   
           Alexsander Hosnani Marques de Brito
      1970 -  Brasília-DF -  Cristão
     Psicólogo / Odontólogo / Servo do Senhor
      504, 514, 523, 531, 543, 566
        a l e x b r i t o 2       y a h o o . c o m . b r
Jesus Cristo é Deus.
Amado amigo, que a graça de Cristo nos acompanhe nesta jornada.
Nunca cansarei de agradecer-lhe a atenção e o tempo despendidos com minhas (quase sempre muito longas e proselitistas) mensagens.
Antes de tudo, vamos ao seu “A-haa!!! Agora eu peguei!” A-haa? Peguei? (Risos!!!)
Realmente, Marcus, essa foi boa!
Você não foi o primeiro a dizer que me esqueço de coisas que já foram ditas. Quem não se esquece? Principalmente quando se trata de coisas que não nos interessam (pelo menos no momento que foram ditas). Sei que tenho este problema. Por outro lado, minha memória é muito boa para guardar momentos que despertam meu interesse.
Mas, pior que esquecer é ignorar, pois enquanto o esquecimento pode ser atenuado pela não-intencionalidade o ignorar raramente pode usar esse subterfúgio. Digo isso, pois boa parte do conteúdo da minha última mensagem foi ignorado. O que dizer então da minha penúltima mensagem, totalmente ignorada sob a alegação de se tratar de caráter muito pessoal. Ora, pelo grau de importância da mensagem você poderia ter respondido por e-mail, já que o site é público.
Todavia, eu entendo sua reação. As nossas mensagens nos expõem. Exibem nossos anseios, traumas, dramas, qualidades, paixões e limitações a um número indizível de pessoas que, em sua imensa maioria, nada tem a ver conosco. Será que vale a pena toda esta exposição?
Enquanto tentamos responder essa questão, vamos nos expor um pouco mais...
Primeiramente, vamos à sua contra-argumentação ao esquema lógico discutido na mensagem anterior. Permita-me chamá-lo de Pascalex, já que você mesmo notou que ele apresenta importantes diferenças do de Blaise.
Com relação à sua resposta só me resta dizer...A-haa!!!! (risos! Desculpe o plágio!).
O núcleo de sua contra-argumentação é: “Mas isso muda pouco a refutação, pois continua havendo um falso dilema, a grande diferença é que aqui você mesmo já sugere de onde vem esse dilema, o que por outro lado é exatamente o que torna o argumento um pouco melhor que o de Pascal. Esse dilema vem da própria Bíblia em si, que declara Jesus Cristo como o único caminho, e por meio da justificação pela fé, uma fé exclusiva, é claro, já reúne todas as demais opções num único grupo das escolhas erradas.”
Marcus, sabemos que em um dilema ocorre a necessidade de uma escolha entre alternativas opostas 1 e 2 que resultará em uma conclusão ou conseqüência C que deriva necessariamente tanto de 1 quanto de 2. Em outras palavras, dilema é um tipo de raciocínio que parte de premissas contraditórias, mutuamente excludentes e geralmente insatisfatórias, mas que terminam por fundamentar uma única conclusão.
Por exemplo: O iate onde está você e seus familiares naufraga em alto mar em água repleta de tubarões famintos. O bote salva-vidas só suporta o peso de onze dos doze sobreviventes (todos familiares). Você está no barco e percebe que sua esposa está na água. Há duas opções plausíveis: (1) Você retira um dos seus parentes do barco (você mesmo inclusive) para ela subir ou (2) deixa sua esposa para os tubarões. A única conclusão plausível é: (C) Alguém vai morrer. Isso é um dilema.
Portanto, creio que Pascalex não seja um dilema. Muito menos um falso dilema como você afirmou, pois as alternativas apresentadas (crer que Jesus Cristo é o único caminho (alternativa1); crer que Jesus Cristo não é o único caminho (alternativa 2)) levam a DUAS conclusões distintas: ser salvo (C) ou ser condenado (D). Além disso, apenas uma das duas opções apresentadas pode ser considerada insatisfatória (para o ímpio, claro).
Você diz: “Embora o argumento continue pecando num falso dilema, pois a formulação dos grupos continua sendo arbitrária, ele tem uma vantagem histórico-cultural, que é o fato de que a Bíblia parece ser a única fonte religiosa que real e explicitamente coloca a questão nestes termos.”
A Bíblia não é a única fonte que coloca de forma real e explícita a necessidade da salvação. Você se esqueceu do Torá e do Alcorão? Ambos também são salvacionistas.
Você disse também que a formulação dos grupos foi arbitrária. Como assim arbitrária? Acho que você quis dizer que o prisma através do qual a análise dos grupos se realizou foi escolhido arbitrariamente. Note que, de forma indireta, todos os grupos foram incluídos.
Veja bem, uma das etapas essenciais para a problematização e sistematização de uma questão envolve, necessariamente, uma definição do universo. Qual é esse universo? O metafísico. Depois que definimos o nosso universo de análise devemos delimitar o prisma através do qual o estudaremos.
Esse prisma pode ser analisado de vários ângulos: o da existência ou não, o da pessoalidade ou não, o da interferência ou não de Deus etc. Cada ângulo nos levaria a discorrer sobre o teísmo, o monismo, o deísmo, o panteísmo, o ateísmo etc. Todavia, não podemos nos esquecer que o foco central da nossa questão é: Os possíveis destinos da alma.
No esquema proposto, olhamos através do prisma da salvação. Assim separaremos dois grupos: o grupo das religiões salvacionistas e o grupo das não-salvacionistas. Essa dicotomização (repartição de um conceito em dois outros, geralmente contrários e complementares, que abarcam toda a extensão do primeiro) é fundamental para a simplificação do...
Continuação da Mensagem - Segunda Parte
... raciocínio e para a fluidez da dialética (platônica, claro).
Dessa forma, todos os grupos religiosos ficam incluídos e delimitados. A polarização entre salvacionistas e não-salvacionistas é necessária para não se perder o nosso foco de interesse: Os possíveis destinos da alma.
Poderíamos tentar polarizar os grupos entre reencarnacionistas e não-reencarnacionistas? Sim, mas aonde isso iria nos levar? A mais discussões, pois há grupos que acreditam que a alma humana pode reencarnar em animais e outros não. O foco seria desviado. Poderíamos polarizar entre religiões monoteístas e politeístas; deístas e teístas; racionalistas e fideístas? Também, mas isso iria trazer mais discussões.
Até agora, nenhuma novidade. Mas, os parágrafos seguintes provocarão grande reação: Se analisarmos de uma forma mais aprofundada iremos, inevitavelmente, perceber que esses dois grupos (salvacionistas e não-salvacionistas) podem ser expressos de uma outra maneira: o grupo dos que crêem em Jesus Cristo e os dos que não crêem.
Porque? Ora, por que o cristianismo é, surpreendentemente, ao mesmo tempo o mais abrangente e o mais excludente representante do grupo salvacionista da atualidade.
A-haa! Agora eu me enrolei! Vamos ver se consigo explicar:
É mais excludente porque admite apenas um meio, restrito e bastante específico para a salvação, a aceitação de Jesus, o Cristo como o ÚNICO caminho. Mais abrangente porque engloba as outras duas grandes religiões monoteístas salvacionistas mundiais, o judaísmo e o islamismo.
Como o cristianismo engloba as duas outras religiões salvacionistas?
Devemos antes esclarecer uma importante questão:
A aceitação de Jesus Cristo implica, necessariamente, a aceitação de Deus?
Claro que sim, porque, de acordo com a Bíblia, Jesus Cristo é Deus (Mt 16:16, Mc 8:29, Lc 9:20, Lc 22:70, Jo 1:1, Jo 8:24,28,58, Jo14:6,9, 1Co12:3, Fp 2:11, 1Jo 5:1,5). Mesmo que Jesus não seja o Cristo a aceitação Dele implica a aceitação de Deus, pois se eu acredito que Jesus é o Filho de Deus (Rm1:4, 2Co1:9, Hb4:14, 1Jo4:9,15; 1Jo5:15) obviamente estarei acreditando em Deus.
Como o Filho poderia existir e ser o Pai se não existisse um Pai de onde viesse? O Filho saiu do Pai e é o Pai, portanto a existência de um está condicionada ao outro. A crença em um está intimamente ligada à crença no outro. Como Jesus mesmo afirmou: “Quem crê em Mim, crê, nâo em Mim, mas Naquele que Me enviou.” Jo 12:44b
Por mais estranho que possa parecer, o Deus dos cristãos é o mesmo Jahvé dos judeus e o mesmo Alá dos muçulmanos. Sabemos que tanto judeus quanto muçulmanos não possuem uma figura personificada de Deus. Enquanto um está ainda aguardando o Cristo (que já veio), os muçulmanos não ousam falar que Maomé é Deus.
Historicamente, no entanto, sabemos que o Deus dos judeus (e por extensão dos cristãos) é o mesmo Deus dos muçulmanos. O que sustenta esse fato é a posição de Abraão. Ele é o grande e único patriarca chamado por Deus, em Ur dos Caldeus, para, em Canaã, gerar essa enorme descendência.
ABRAÃO É A MATRIZ HUMANA QUE EDIFICA AS TRÊS GRANDES RELIGIÕES MONOTEÍSTAS SALVACIONISTAS DA ATUALIDADE!
Porque brigam tanto então. Por muitas razões. Arriscarei uma explicação ultra-simplificada e demasiadamente ingênua:
- Entre judeus e cristãos é devido ao Cristo que devia vir e já veio.
- Entre muçulmanos e judeus: No fundo, talvez seja uma “simples” disputa pelo direito da primogenitura. Pelo olhar humano Ismael (de quem descendem os árabes) é o primeiro filho de Abraão, mas aos olhos de Deus, Isaque (de quem descendem os judeus), é o filho da promessa. Se voltarmos ainda mais no tempo veremos que tanto árabes quanto judeus (hebreus), além dos assírios, fenícios e aramaicos descendem de Sem, filho de Noé, portanto são todos semitas. Não é à toa que o Alcorão guarda estreita semelhança com a Bíblia, principalmente com o Antigo Testamento.
- Entre muçulmanos e cristãos: Talvez seja pela incompreensão da Trindade que se expressa desde o Antigo Testamento (explicitamente em Gn 1:26) e em todas as passagens nas quais Deus alterna sua forma de expressão entre Elohim e Javé. E também pela confusão entre periclytos, periklutos e parakletos. Interessante notar que, apesar de os muçulmanos considerarem Jesus como um grande profeta, Maomé (Ahmad) para eles é o verdadeiro consolador.
Na verdade, para os muçulmanos, tudo que está fora do Alcorão é Dhar-ul-Harb (território de guerra).
Impressiona também o fato de que, nos três sistemas religiosos, a pessoa sai da situação de condenação ao se arrepender e ao crer que Deus (sob a forma de Jesus Cristo), Javé ou Alá é o único e verdadeiro Deus. O batismo (para os cristãos) e a circuncisão (para os muçulmanos e judeus) são “apenas” a confirmação da salvação e a concretização do posicionamento da fé. A situação de condenado desaparece ao se crer e não ao se batizar ou se circuncidar.
Sei que para os judeus e muçulmanos é extremamente difícil aceitar isso, pois estão obstinadamente arraigados em suas liturgias. O apego às praticas religiosas limita em extremo a visão do todo. Por isso também é difícil, para um cristão comum, aceitar que uma pessoa seja salva apenas por crer em Jesus sem, no entanto, ter que se submeter a uma religião (poderei esclarecer esta questão em momento mais oportuno).
Para saber mais: Alá é Deus?
Continuação da Mensagem - Terceira Parte
Mais adiante você argumenta: “Portanto, mesmo que seu dilema esteja certo, nada garante uma probabilidade de Jesus ser mesmo o único caminho. Ela poderia ser de 99,999... a 0,00001... por cento. A não se, é claro, que você admita uma esquematização de possibilidade, aplicando para cada uma um valor correspondente. Se só tivéssemo duas, e somente duas, possibilidades pensáveis, daria até para considerar plausível sustentar 50% de possibilidade, mas podemos pensar em diversos outros. Ou a reencarnação existe ou não, ou Maomé está correto ou não, ou os Judeus estão certos, é Jesus não é o filho de Deus, ou não. Qual desses dilemas é mais provável?”
Marcus, creio que você não entendeu corretamente a natureza do problema. O que estamos tentando demonstrar aqui não é qual “dilema” é mais provável ou não. O que Pascalex apresenta é uma dicotomização do atual leque de possibilidades presente nos sistemas religiosos mais atuantes e abrangentes.
Como disse acima, as três grandes religiões monoteístas têm caráter salvacionista. Para esses três sistemas a salvação depende da aceitação expressa desse Deus como sendo o único e verdadeiro Senhor de todas as coisas e de toda a nossa vida. A “única” diferença é que para uma delas Deus se personificou sob a forma humana conhecida como Jesus, o Cristo, para que Sua obra fosse completada.
Portanto, de forma geral, teremos sim uma probabilidade de 50% de Jesus ser o único caminho, pois, como vimos acima, a aceitação de Jesus Cristo envolve, por extensão, a aceitação de Deus que é, Javé e também Alá. O que fica de fora? Todas as religiões que não aceitam Jesus Cristo como sendo o único caminho, todas as que não admitem uma única encarnação, todas as que não admitem a existência de um único Deus e, obviamente, as pessoas que não acreditam em nada disso.
Como eu disse acima, quando analisamos um universo amplo e complexo (como é o religioso) a dicotomização se faz necessária. Sabemos que o discurso científico é assim: Ou um medicamento funciona ou não, ou a produção de alimentos é suficiente ou não, ou o foguete entra corretamente em órbita ou não, ou a balança comercial é favorável ou não etc.
Se admitirmos “uma esquematização de possibilidade, aplicando para cada uma um valor correspondente” encontraríamos,pelo menos, dois grandes obstáculos:
- Poderíamos ficar perdidos em um imenso mar de possibilidades, divagando sem chegar a lugar algum.
- Não saberíamos que critério usar para atribuir um determinado valor a uma certa possibilidade.
Além disso, quando você admite que a possibilidade de Jesus ser o único caminho poder variar de 99,9999 até 0,0001 você está admitindo, mesmo que tacitamente, que a média é 50%!
Mais adiante você dispara: “Seria possível que Jesus de fato fosse o único caminho, mas que houvesse uma série de sutilezas em seus atributos que não as comumente supostas. Talvez o caminho em si seja simbólico, como por exemplo, seguir o caminho de Jesus seja, no fundo, nada mais do que assumir um conduta pessoal digna. E nesse caso você teria budistas, ateus ou gnósticos que seriam muito mais "cristãos", do que muitos assumidos cristãos por aí.”
Amigo, você sabe muito bem que não é isso que a Bíblia defende. Isso está muito claro para praticamente todos os exegéticos bíblicos. A esta questão o próprio Messias responde: “Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais Naquele que Ele enviou.” (Jo 6:29)
Atualmente, muitas pessoas fazem confusão com termo cristão, pois não sabem que Cristo não é apenas um nome, é uma condição. Para maiores informações consulte a wikipédia
No sentido bíblico: Cristão é todo aquele que aceita Jesus como sendo o Cristo. O que é ser Cristo? É ser o Ungido, o Filho, o próprio Deus. Os gnósticos, os agnósticos, os deístas, os naturalistas, os positivistas acreditam nisso? É claro que não.
Hoje existem muitos “jesuãos”, ou seja, pessoas que acreditam que apenas seguir os exemplos de amor, misericórdia, bondade e sabedoria de Jesus é o suficiente para a salvação. Isso é uma visão distorcida e muitíssimo limitada do que é apresentado na Bíblia. Não mostre a essas pessoas Mateus 10:34, onde Jesus diz: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”. Pois elas dirão que esta é uma das partes em que a Bíblia foi adulterada.
Nas Sagradas Escrituras está muito claro que a salvação depende da aceitação de Jesus com sendo o Senhor, ou seja, Jesus é o Cristo, Jesus é o próprio Deus. Está claro também que, além dessa aceitação, devemos seguir os ensinamentos, o viver, os passos de Jesus. Sei que há (infelizmente muitos) cristãos que só cumprem a primeira parte, mas isso já é um outro problema.
Não entendi o que você quis dizer em:
“E possível também, que mesmo numa intepretação mais literal, esse único caminho não requeira que se professe uma vocação de fé específica. Aliás isso é até bastante defensável em termos evangélicos.”
O que isso tem a ver com a questão? No meu entender a interpretação literal nos conduz de forma mais concisa ainda para o fato da crença em Jesus Cristo ser o único caminho. Como interpretar o versículo abaixo: “A obra de Deus é esta: Que creiais Naquele que Ele enviou.” (Jo 6:29b)
Você diz: “Mas a meu ver, o maior problema da aposta de Pascal e similares, e que no fundo não passam de mais um lamentável terrorismo conceitual. São argumentos que visam convencer pelo medo e ameaça, e que no rol das falácias recebem o nome de Ad Baculum.”
Sim Marcus se aceitamos Pascalex como válido teremos uma visão aterradora a nossa frente. Todavia, o fato dessa...
Continuação da Mensagem - Quarta Parte
...visão ser feia não significa que seja uma falácia. Campanhas antitabagistas mostram fotos de pessoas com câncer e de bebês defeituosos que nascem de mães que sustentaram essa prática durante a gravidez. Ao fazer isso essas campanhas estão incorrendo em uma falácia? Claro que não! Elas estão sendo apelativas, mas não falaciosas.
Certamente para os que se recusam a largar o tabagismo, as atuais campanhas do Ministério da Saúde são a expressão do mais puro terrorismo. Os fabricantes de cigarro também as odeiam e lutam com unhas e dentes, vindicando todo tipo de liberdade (a de escolha, de expressão, do livre comércio etc). Contudo, para os profissionais da saúde é apenas mais um método de se tentar sensibilizar as pessoas acerca dos reais malefícios do fumo.
Quando alguém expõe um quadro de natureza espiritual, como em Pascalex, estará sendo apelativo? Certamente. Mas será falacioso, ou errado, ou mentiroso? Como poderemos saber? A natureza das premissas não são verificáveis empiricamente. Não há como comprovar a sua verossimilhança nem a sua veridicidade.
No entanto acho perfeitamente normal e justificável a sua reação. Como lhe disse na mensagem anterior, o crer não se dá pela lógica dos fatos, nem pela razão, nem pela religião e muito menos pelo terrorismo. Crer é um milagre de Deus!
E por falar em crer você diz: “Infelizmente a desculpa a respeito da insuficiência do milagre para convencer o descrente parece sempre ser invocada.”
Isso não é desculpa Marcus, é um fato que você mesmo ajuda a comprovar. Posso afirmar isso, pois em mensagens anteriores você disse: “Você, que parece entender muito do assunto, conseguiria me mostrar UM SÓ laudo médico?! Pode até ser uma fotocópia por e-mail!” [Mensagem 558] ou “No entanto, é impressionante que todos eles viram, conhecem, sabem, mas NENHUM é capaz de mostrar uma únicazinha evidência!” [Mensagem 560]
Todavia, agora você afirma: “E no que se refere à comprovação do que quer seja, a começar por milagres. Evidências médicas tais como radiografias e laudos de antes e depois, como no caso no nosso amigo que teve a perna recuperada, já SERIA UM BOM COMEÇO.” (grifo meu).
Ou seja, as evidências já não são mais suficientes, mas são apenas “um bom começo”. Sim um bom começo para se iniciar toda uma série de questionamentos e refutações. Já assisti a essa novela antes.
Logo a seguir você diz que acreditaria SE ocorresse certo milagre de cura em sua família. Isso é (como em Mc 24-34) o que a maioria das pessoas geralmente fazem. Apertam Jesus, mas ninguém, (exceto a mulher que Lhe tocou as vestes) verdadeiramente O toca.
Uma passagem importante: “Ora, estando Ele em Jerusalém pela festa da páscoa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no Seu nome. Mas o próprio Jesus não Se confiava a eles, porque os conhecia a todos, e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem [na natureza humana].” (Jo 2:23-25). Sim, o Senhor conhece a nossa natureza.
No dia em que ler e compreender as passagens acima e o capítulo 6 de João entenderá o que quero dizer. Entenderá porque “embora tivesse operado tantos sinais diante deles, não criam Nele;”, entenderá “porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” (Jo 12:37,44)
Por isso Paulo diz: “Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (1Co 1:22-24).
Talvez você seja como o oficial do rei em João 4:48b. “Se não virdes sinais e prodígios de modo algum crereis”. Marcus, seu sinal já veio, mas você ainda não viu.
Quanto ao invocar o nome do Senhor Jesus (Rm 10:13 e 1Co 12:3) como forma de verificar a veracidade do que afirma as Sagradas Escrituras, você diz: “Putz! Isso deve ser brincadeira, pois se não há como dizer “Jesus Cristo é o Senhor” e similares sem ser através do Espírito Santo, só posso admitir que isto seja dizer num sentido íntimamente legítimo(..)Acontece que estar investido do Espírito Santo, nesse caso, evidentement implicaria em aceitar a Bíblia! Acreditando em tudo o que ela diz! Um argumento mais circular que esse é impossível!”
Não Marcus, não é brincadeira, é justamente o que seu cérebro entendeu, mas se recusa a aceitar. Por isso você só pôde presumir que a frase estivesse restrita a um sentido intimamente legítimo.
De acordo com a Bíblia, o invocar pode se dar em dois sentidos:
- No sentido intimamente legítimo (Rm 10:13), como você mencionou.
- No, vamos assim chamar, sentido biblicamente legítimo:
Veja bem, de acordo com 1Co 12:3 NINGUÉM pode dizer Senhor Jesus a não ser pelo Espírito Santo. De acordo com a interpretação dos, digamos assim, teólogos pós-modernos, essa frase leva, literalmente, à crença de que alguma reação ocorre no interior da pessoa, mesmo sendo ela descrente. Isso, de certa forma, confirma Fp 2:9-11 que diz que TODO joelho se dobrará e TODA boca confessará que Jesus Cristo é o Senhor.
Mesmo sem querer você acertou: “Argumento mais circular do que esse, impossível”. Ou seja:
1 – Se creio, posso invocar e dizer: Senhor Jesus! Ou...
2 – Mesmo não crendo, se eu invocar e disser: "Jesus Cristo é o Senhor!” acabarei crendo nisso.
Continuação da Mensagem - Quinta e Última Parte
Mais circular impossível. O círculo, aliás, é a aliança, um símbolo da infinitude, da perfeição. É poder demais!
Você sempre questiona a subjetividade do discurso da fé cristã: Da mesma forma, essa atitude subjetiva de muitos religiosos não pode, nunca, justificar qualquer postura objetiva, que é exatamente o que eles insistem em fazer, tentar empurrar sua própria subjetividade como se fosse um fato objetivo. [Mensagem 560] Eis aí uma forma OBJETIVA de você experienciá-la.
Porque o invocar é tão poderoso assim? Por que o nome de Senhor é o próprio Senhor!
Veja que, de acordo com Jr 33:2; Am 5:8 e Am 9:6 (versões João Ferreira Revista e Atualizada e na King James), “o Senhor é o Seu nome”. O nome de Jesus foi dado a Maria por um anjo (Lc 2:21) e pelo próprio Deus (Fp 2:9). No Novo Testamento vemos que o nome de Jesus é o próprio nome de Deus (Jo 17:11, Ap 19:13). Também percebemos que a pessoa do Senhor Jesus se mescla ao seu próprio nome (Jo 3:18, 1Jo3:23, 1Jo5:13, Ap 2:3, Ap 3:8, Ap 11:18) e, como visto em Jo 17:11, ao próprio nome de Deus. No final percebemos que o nome de Deus se mescla ao homem, identificando-o (Ap 3:12, 14:1, 22:4).
Marcus, tudo isso realmente é fantástico demais para nossa imaginação: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim, elevado demais, não o posso atingir” (Sl 139:6).
Realmente, as verdades Bíblicas não são facilmente digeridas pela mente, são grandes demais, absurdas demais, loucas demais (1 Co 1:18-21).
Mas, elas são verdadeiras e dignas de toda a aceitação (1 Tm 4:9). Não é a razão, o medo ou a religião que nos levará a Cristo, mas o próprio Deus. Jesus explicou isso: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer;” (Jo 6:44a).
A questão é: Porquê então ainda insisto nisso, aparentemente tentando lhe convencer, aparentemente tentando fazê-lo crer. Amado, vou lhe dizer novamente: Não tenho a pretensão de lhe convencer, pois quem faz isso é o Espírito. Por isso, apenas tento compartilhar contigo as revelações e verdades que chegam até mim.
Marcus, sei que você sente que há alguma coisa errada com o mundo, algo está faltando. Quanto mais a ciência tenta se aproximar do âmago da matéria e da natureza das coisas, mais ela lhe escapa por entre os dedos. No fundo subsiste um sentimento, difícil de ser aceito, de que por mais que se busque, por mais que se tente preencher, algo sempre estará faltando.
Você sente isso? Sei que sente. Antão você vai pensar: “A-haa! Agora ele vai falar que o que falta em minha vida é Jesus Cristo." Exatamente! Mas, amigo... você não me dará ouvidos.
E se não está me dando ouvidos estará também surdo a Jesus. Talvez por acreditar que isso seja um tipo de escapismo, ou fraqueza, ou terrorismo. Talvez por crer que eu só me tornei cristão por conveniência ou como algum tipo de fuga dos meus “demônios interiores”. Talvez você não escute por achar que sua maneira de ver o mundo é o mais correta, mais lógica e mais justa que a de Deus. Talvez você não escute por arrogância, por ignorância ou talvez por vaidade.
Você pode pensar: Afinal de contas o que os visitantes do meu site irão pensar? Que eu fui derrotado? Que eu caí no “conto da salvação cristã”?
Como posso me esquecer de todas as pessoas que se dizem cristãs, mas não seguem o que a Bíblia diz, verdadeiros hipócritas! Como não me indignar com padres pedófilos e com pastores corruptos? Como posso me esquecer de todas as pessoas maravilhosas que conheço e que não precisam temer um castigo divino para serem boas. Como posso aceitar um Deus que se ira, que se vinga, que castiga e pune os homens a Seu bel prazer? Como acreditar em um livro cheio de fatos cientificamente impossíveis, repleto de antagonismos, paradoxos e cujos personagens, em sua maioria (a exceção de Jesus), parecem ser verdadeiros pulhas! Como aceitar um sistema de salvação que bate de frente contra toda a minha noção de justiça? Como acreditar em algo que parece militar contra a minha lógica, e contra a minha razão?
Dizem que a Bíblia é um livro espiritual que só é discernido corretamente através do Espírito em meu espírito. Como então posso entendê-lo se não possuo esse Espírito?” Marcus, é por isso que a questão do invocar é tão crucial (!). A Bíblia diz que NINGUEM pode dizer que JESUS CRISTO É O SENHOR a não ser pelo Espírito Santo (1Co 12:3).
Por isso o invocar é tão poderoso. Toda vez que O invocamos dizendo: “Jesus Cristo é o Senhor!”
O nosso universo interior, o Universo e o UNIVERSO se curvam ante a esse nome, ante a esse fato. Por se tratar de uma questão tão básica e fundamental é que torno a afirmar: No dia em que você invocar o nome do Senhor Jesus você irá ter uma reação. Você descobrirá que, por mais absurdo que pareça, a Bíblia é fiel e verdadeira. Essa situação se parece com a cena em que Morpheus oferece as duas pílulas a Neo. Se tomar a pílula azul (continuar no mundo) voltará para casa e continuará acreditando no que quiser acreditar. Se tomar a vermelha (transcender através do invocar) verá quão fundo o buraco do coelho vai. Observe que é Neo quem fêz a escolha, ninguém pôde obrigá-lo a tomar a pílula. Ele não entendeu para poder fazer a escolha, ela a tomou para entender. Se pararmos para entender que escolha tomaremos, nunca a faremos.
Situação interessante, não? Você arrumará mil e um argumentos, mas não invocará. Respeito? Medo? Não sei, Deus o sabe. Tudo tem sua hora. Por isso repito, não serei eu a lhe convencer dessas coisas. A escolha é sua. Que O Espírito seja contigo.
Com amor, Alexsander.
Jesus Cristo é o Senhor! Amém!
Sexta, 22 de Setembro de 2006
Olá Alex...
Antes de mais nada, devo informar que está é a última mensagem de mais de 10 mil caracteres que estarei respondendo. Por diversos motivos, tenho que cada vez mais limitar a quantidade e extensão das mensagens no Livro de visitantes, pois fica cada vez mais impossível atender a todas.
Também não adiantará mandar duas mensagens seguidas para poder exceder a marca dos 10 mil caracteres. Considerarei como uma mensagem única. Embora isso seja incômodo, é necessário, além de incentivar as pessoas a serem mais sucintas e objetivas.
Portanto, se boa parte de suas mensagens anteriores foi ignorada, não foi somente pela inadequação do tema, mas em parte, também, pelo excessivo volume. E tenho que optar em dar prioridade ao site, ou a mensagens particulares por e-mail, opto pelo site. Ainda que ultimamente ele esteja quase abandonado.
Mas vamos ao que interessa, e tentarei ser o mais sucinto possível.

Quando usei o termo "falso dilema" eu me referia a terminologia sobre falácias, e nessa terminologia a aposta de Pascal É SIM um "falso dilema". Esse termo de fato não corresponde exatamente à definição mais comum de dilema, como a que você utilizou, que corresponde a do dicionário Houaiss. Mas isso é irrelevante para o argumento, pois o que continuo afirmando é que o argumento tenta empurrar duas opções, E SOMENTE DUAS, quando na realidade haveriam outras. Chame de "falsa decisão binária" se quiser. Sem falar que um enfoque ainda pode sim considerar o Pascalex como um dilema, bem como o exemplo do barco. Pois embora haja uma nivelação no resultado, "alguém irá morrer", há uma diferenciação "quem vai morrer". Em Pascalex, embora seja diferente ser salvo ou condenado, ambas as situações podem ser consideradas insatisfatórias, pois as condições de salvação podem ser vistas como implicando em algum tipo de auto destruição psíquica, e nada elimina o fato de que muitas pessoas continuarão sendo condenadas. Mas isso é apenas um detalhe.
Quando eu disse que é uma escolha arbitrária, o fiz exatamente porque nada implica que essa delimitação do problema seja mais apropriada do que qualquer outra. Poderíamos sim dividir entre reencarnacionismo e não-reencarnacionaismo, onde isso nos levaria? Não muito mais longe, nem mais perto, do que essa discussão sobre Pascalex nos levará. Para que esse debate faça sentido, é necessário aceitar uma série de parâmetros que, em última instância, não são auto sustentáveis. São, nesse sentido, arbitrários. Por que aceitamos esses parâmetros? Porque colocar a questão nesses termos?
E reitero a questão: Com que autoridade você atribui esses valores probabilísticos?
O fato de uma probabilidade ser menor que 1 e maior que zero, ou seja, poder ir de 0,999999... a 0,000001 NÃO FAZ com que implicitamente ela se torne 50%! Vamos tentar uma outra analogia?
O fato de uma gaveta poder conter uma maçã ou não, não faz com que a probabilidade seja de 50%, ou eu poderia acabar com a fome no mundo abrindo e fechando gavetas diversas vezes seguidas e obtendo maçãs em metade das ocasiões. Mas eu posso afirmar: Há certamente uma maçã em uma destas duas gavetas.
Aí sim, se for verdade, cada gaveta passa a ter 50% de chance de ter uma maçã. Voltando a Pascalex, ele só funcionaria de fato se você fizesse algo equivalente. Reduzisse todo o universo a uma situação equivalente com duas possibilidades distintas muito claras, e é claro que isso não é possível.
Não preciso gastar muita tinta para, em geral, convencer que ou se tira cara ou se tira coroa no lance de uma moeda. Pois ainda que possíveis, podemos descartar improbabilidades como a da moeda ficar em pé, ou não cair. Não é difícil aceitar de imediato possibilidades binárias quando elas são puramente reduzidas a um ente existencial simples. Ou existe, ou não! Ou há MCM ou não, ou há Deus ou não, ou Jesus cristo é o único caminho ou não! Mas isso porque eu me refiro unicamente a um atributo Existencial simples SEM QUANTIFICAÇÃO!
O problema de Pascalex e similares é exatamente tentar forçar uma associação de possibilidade existencial, com quantificação no mínimo implícita, e ainda por cima com atribuições que sequer são logicamente discerníveis.
Veja o tanto de caracteres que você tem que usar para tentar empurrar essa idéia. O tanto de acrobacia mental não apenas para me convencer, mas talvez, até para convencer a si próprio. Não é uma idéia simples, exprimível em termos numéricos simples.
Pascalex é existencialmente viável, mas nada o justifica quantitativamente, e muito menos em termos de propriedades. E eu aprendi isso, devo confessar, por que eu tinha em minhas pretensões sobre MCM, a idéia de chegar a afirmar que a possibilidade de haver MCM é de 87,5%. Como? Simplesmente esquematizando as possibilidades existenciais de como seria o Universo, no caso Monista [50%] x Dualista [50%], e subdividindo-os, sendo que somente no Monismo Materialista [25%] a MCM não poderia existir. Mas ainda restava um Dualismo de Propriedades dentro do Materialismo [12,5%] onde a MCM ainda era viável. Passei meses tentando articular uma forma de justificar essas porcentagens probabilisticamente, inclusive contando com auxílio de meu orientador de graduação que é especialista justamente em probabilidades, além de filósofo da religião, cristão e, ao lado de outros 3 professores do FIL, grande conhecedor da Aposta de Pascal.
Meu amigo, posso te garantir. Não tem jeito! É impossível justificar esses números logicamente. Não dá pra passar de uma condição existencial para uma valoração quantitativa, embora o problema seja ao menos concebível em termos lógicos. Já para uma valoração de propriedades não é nem sequer logicamente concebível. É retórica pura, talvez poesia. Pascalex é isso!
Foi bom você usar o exemplo do tabagismo, no qual concordo com sua colocação, mas é exatamente aí que aparece a fragilidade do argumento estilo Pascalex, pois é facilmente demonstrável que o tabagismo faz mal a saúde, por outro, é completamente impossível demonstrar que o não-crente realmente será condenado, e vice-versa.

Sim. Uma evidência minimamente confiável para um milagre seria UM BOM COMEÇO! Porque eu não vou acreditar automática e instantaneamente em qualquer coisa que apareça! Nem você fez isso! Segundo sua história, houve uma sequência de vários acontecimentos relevantes.
Claro, poderia haver sim um único, mas teria que ser um muitíssimo forte. E eu realmente não sei sobre que sinal que eu tenha recebido você está se referindo. Não me diga que é a estória do farol do carro!? Além disso, afirmações como essa, de dizer que as pessoas recebem sinais e não percebem, só vem a confirmar a fraqueza destes supostos sinais, porque ninguém dá de cara um fenômeno inexplicável e deixa de percebê-lo. O que ocorre é que muitas pessoas não vêem bons motivos para atribuir milagres a eventos que, ainda que pouco comuns, podem facilmente ser explicáveis por meios normais. Para o crente, tudo tem um significado. Mas o que mais é a existência humana além de atribuir significados às coisas?
Que sentido há numa bandeira, numa música, o que faz com que frases tenham sentido, se não a intencionalidade humana? Vivemos todo o tempo dando sentido ao mundo que nos cerca. todos nós, a única diferenÇA das pessoas crenteS, ou de fé, é que elas aplicam sentidos muito mais amplos. No entanto sabemos que é possível aplicar sentidos amplos sem qualquer bom motivo. Alguém pode achar que ter caído um pingo de chuva num poça num momento em que se estava decidindo para onde ir, é um sinal, outros podem ignorar isso totalmente. Quem está certo?
Nada me parece haver de errado em significar as coisas, o problema é que pessoas na sua condição tem o mau hábito de achar que seus sentidos pessoais existenciais SÃO OS CERTOS! E que todos deviam aceitar as coisas como vocês acham!
Sinto muito, mas o maior problema é a presunção! Uma suposta conversão e já se acham herdeiros da verdade suprema universal, capazes de ver sinais, predizer o futuro, desvendar o passado e legislar o universo. Que importa vestir essa máscara de humildade por meio de uma auto negação desconfiável da potência humana? Acham que fingir essa auto destruição de ego e simular prostrações humilhadas perante símbolos literários de plenipotência lhes dá um atestado de humildade?! E o pior! De sobriedade?!
Eu não tenho o conhecimento do futuro, não sei dizer como e quando serão os adventos, quem irá ser salvo, quem irá ser condenado, e com que cores uma cidade dourada cúbica descerá dos céus apos uma data específica. Também não sei como O universo foi criado, muito menos o motivo, e sei menos ainda o que acontecerá à minha pessoa, exatamente, quando meu corpo deixar de funcionar.
Mas eu poderia "saber". Bastaria pegar qualquer sistema de pensamento pronto e passar a acreditar piamente em tudo o que ele diz, e, de uma hora para a outra, ter todo o "conhecimento" de mistérios que a humanidade passa milhares de anos tentando entender.
Não faço isso apenas, talvez, por saber uma única coisa. A dimensão de minha ignorância. "Estamos sós, e nenhum de nós, sabe exatamente onde vai parar!" Mas podemos fingir saber à vontade. Se isso nos satisfaz, sem problema, mas não irá satisfazer a muitos outros. Expor nossos pontos de vista, tudo bem, é interessante e importante compartilhar nossas experiências com os demais. Mas daí pra dizer que E se não está me dando ouvidos estará também surdo a Jesus. já chega a ser desrespeito até mesmo com sua própria religião. Ou você acha que Jesus pessoalmente não teria mais capacidade de me fazer ouvir do que você?
Passagens como essa servem para desmascarar essa falsa humildade que muitos crentes gostam de fingir com encenações de auto humilhação que são, em última instância, nada legítimas, uma vez que o resultado final é uma soberba mitômana.
É como disse o visitante da Mensagem 560 "É muito fácil dizer que alguém não concorda com você, porque lhe falta alguma coisa: seja um dicernimento especial, ou um dom espiritual. Eu acho que seria legal que essas pessoas considerassem que, às vezes, não concordamos com elas simplesmente porque achamos que seus argumentos são muito ruins!!!"
E não adianta tentar disfarçar essa fraqueza argumentativa com mil e um enfeites mágicos e mantrans bíblicos. Isso só faz reforçar ainda mais a característica rígida, inadequada e enfadonha do discurso. Muito menos com aplicações sistemáticas de falácias anedóticas e apelos retóricos.
E você, mais do que qualquer um que venha a este site devia saber porque o tema milagres tem sido especialmente delicado para mim. Foi a primeira vez na minha vida que perdi alguém da família do laço de convívio nuclear. Da não tão velha guarda de minha família, mais próxima do que minha tia/segunda mãe, somente meus pais.
Parece que além de não ter os dons racionais em ordem, muito crentes perdem também um mínimo de sensibilidade emotiva, ética e estética. Tubo bem quase um terço da família ser crente, inclusive ela, e tudo bem que houvesse várias falas de pastores convidados na hora do funeral. Mas alguns deles, em especial os menos íntimos, poderiam ter a sensibilidade de saber que a maioria das pessoas ali não precisava, na hora da dor, ter que ouvir ameaças estúpidas de condenação por não acreditar em fábulas.
Poderiam ao menos ter um mínimo de consideração com a pessoa que, dentro todas ali, foi a que mais se esforçou, se...
...dedicou e se desgastou nessa luta de 7 meses contra o câncer, minha mãe. Ela simplesmente não tinha que ficar ouvindo indiretas idiotas de que vai por inferno!
Caso não tenha notado, não foi só o milagre que faltou. Mas quando o laudo médico caiu nas nossas mãos, todas as crenças sobre curas milagrosas parecem ter sido esmagadas de uma só vez. Nunca mais vi ninguém nem tocar no assunto de curas que tanto somos obrigados a ouvir, e isso desmascara esse circo fraudulento da indústria de milagres. É muito fácil falar que estas coisas acontecem a torto e a direito quando não temos nenhum caso próximo, porque então, os discursos se calam, pela sua indisfarçável falta de conteúdo.
E aí, quando pedimos uma intervenção, qual a resposta? você diz que acreditaria SE ocorresse certo milagre de cura em sua família. Isso é (como em Mc 24-34) o que a maioria das pessoas geralmente fazem. Apertam Jesus, mas ninguém, (exceto a mulher que Lhe tocou as vestes) verdadeiramente O toca.
Quer dizer que eu sou o único personagem desta estória?! Dependia de EU tocar Jesus?! E as outras pessoas? E os crentes da família? Eles não oraram por ela? Você não orou por ela? Ela mesma não orou?! Então afinal porque depende de mim?!?! Ou foi tudo apenas para me punir!?
Eu não pedi uma demonstração mesquinha de milagre para testar e reprovar. Pedi porque, caso existissem, seria uma ótima oportunidade de manifestação, pois minha tia estava morrendo! E não supostamente religar faróis de carro que estavam com mau contato. E nem era uma questão de me provar nada, num sentido mais amplo, seria simplesmente uma evidência de provável existência de milagres. Daqueles que vocês dizem que acontecem aos montes todos os dias nas igrejas!
Mas o mais interessante, é que dentre todos os crentes da família, incluindo aqueles que certamente crêem nestes milagres, nem um nem sequer tentou! E eu sei muito bem porque, por que no fundo ninguém acredita realmente neles. No fundo, ninguém realmente aposta sua vida nisso. Na hora "H", ninguém realmente é capaz de fazer sua fé mais forte do que o devastador sentimento de perda que assola qualquer um, e que, por sinal, é uma das molas mestras do fenômeno religioso. E se contentam muito bem com "a vontade de deus", ou "deus sabe o que faz".
Quem tinha fé mesmo, ia pra arena ser comido por um leão, ou queimava na fogueira sem renegar suas crenças. Em plena era espacial, da internet e de todo o conhecimento cientifico cada vez mais difundido, tenho bons motivos para pensar que as crenças religiosas desta estirpe são cada vez menos autênticas, não por falta de conteúdo teórico, mas pela insistência em empurrar como fatos coisas que o conhecimento humano já mostrou como no mínimo inevidentes. E que, no entanto, não deixam de ser usadas como argumentos de persuasão!
Pela Deusa da Terra! Se pelo menos estivéssemos na idade média, dava até pra condenar o ceticismo, mas, aqui, agora?!
Como diria seu alter-ego: Tenha dó!

De volta ao Pascalex. Ser feio, cruel, repugnante, injusto e etc, certamente não implica em ser falso. Mas certamente é falso afirmar que um deus capaz de praticar atos cruéis e injustos, é um deus bondoso e justo, visto que aí há contradição. Pode-se até afirmar que não podemos compreender toda essa bondade e justiça, afinal seres humanos que nunca causaram mal a ninguém serem brutalmente torturados pela eternidade pode ser de uma bondade, misericórdia e justiça que escapem à nossa pobre e mortal compreensão.
Mas isso não evita contradição em cima de contradição. Aquela de um deus que quer ser concebido pelos humanos como justo mas que pratica atos brutalmente injustos sobre qualquer parâmetro humano concebível. Como você já devia saber, é exatamente no plano ético que está minha maior resistência à idéia de que a Bíblia seja de fato um livro sagrado, pois ela não mostra uma justiça compreensível, a não ser, é claro, que compreendamos grande parte dela como meramente simbólica. Lamentavelmente as mesmas pessoas que costumam defendê-la como sendo uma obra de suprema bondade e sabedoria, são as mesmas que costumam forçar sua literalidade.
É por isso que argumentos como Pascalex, para mim, pecam no ponto mais importante. O fundamento maior de um sistema religioso deveria ser a percepção que de que o que há de errado no mundo possa ser corrigido por uma força maior. Que todo o vale de lágrimas, principalmente para aqueles que jamais tiveram chance, possa ser enxugado e compensado, e que nossa existência neste mundo tenha um sentido maior. Tudo isso se baseia, fundamentalmente num pressuposto ético, de que as coisas deviam ser melhores do que são. Aceitar um sistema religioso, que torna o além vida, e o universo, ainda mais estúpidos, sem significado e injustos, não faz o menor sentido! E a corrupção terminal da nata religiosa.
E por fim, tenho um histórico de envolvimento, ainda que superficial, com religiões relativamente extenso. Tive algumas experiências interessantes e não é de hoje que me questiono sobre todas essas questões que curiosamente, só se tornam interessantes para a maioria dos crentes após a conversão. Não adianta tentar falar comigo como se estivesse trazendo uma grande novidade.
Como você mesmo concordou, invocar o Espírito Santo não é questão de comprovar ou não, é questão de aceitação prévia, por meio da fé, o que dispensa qualquer comprovação, ou de imposição unilateral da divindade sobre o livre arbítrio da pessoa. Eu só poderei invocar no sentido "biblicamente legítimo" se eu já tiver me decidido a ser crente, ou se um suposto deus assim o determinar além de minha vontade. Não adianta mudar de assunto, eu não reclamei desta última frase de sua mensagem anterior por outro motivo do que sua afirmação "...se você quiser REALMENTE comprovar se o que a Sagrada Escritura diz é verdade...". E o que eu disse é que isso nada teria ver como querer comprovar, mas sim em JÁ TER ACEITADO!
Curiosamente, o mesmo aconteceu com Neo. Ele já havia decidido a seguir o coelho branco antes de tomar a pílula, só que há uma diferença fundamental. Ao fazê-lo, ele definitivamente saiu da MATRIX. Ele não apenas teve sinais de mensagens em páginas marcadas de livros, nem viu padrões visuais em borra de café. Ele não somente descreveu ter sentido algo sublime e saiu por aí contando para todo mundo que deviam tomar a pílula vermelha, e que existem inúmeros milagres que você só consegue ver depois de tomar a pílula.
Nada disso! E saiu para o real, mudou totalmente e obteve poderes sobre a MATRIX. Ao invés de sair pregando isso e aquilo para o mundo, ele partiu direto para guerra contra as máquinas, com superpoderes fenomenais que qualquer um, tendo tomado pílula ou não, pode ver claramente!
Neste caso, os milagres estão lá, ao vivo, inequivocamente. E mesmo assim, curioso, eles não fundaram religião alguma dentro da MATRIX. E por quê? Por que não seria necessário! Eles já tinham o poder factual. A religião de fato surgiu fora da MATRIX, onde nada podia ser evidenciado, onde não havia milagre algum! Isso não diz alguma coisa?
Talvez que caso esses milagres realmente existissem, caso a conversão religiosa de fato lançasse o crente num plano seguramente maior, então o cristianismo não seria uma religião de massas, mas de poucos iniciados. A necessidade de expansão memética e virótica das religiões abraâmicas talvez seja a mais flagrante evidência de sua falta de real conteúdo místico.
O verdadeiro iniciado, desperto, renovado ou similares, provavelmente será aquele que terá muito mais exemplos do que palavras para mostrar. Até a estória de Jesus está de acordo com isso, pois apesar de suas palavras, acho difícil aceitar que seus milagres não teriam impressionado muito mais.
Possivelmente, é a falta de real conteúdo interno, de autenticidade transcendental, que obriga os crentes a se lançarem no mundo tentando converter o máximo possível de pessoas, ganhando assim um retorno para reforçar sua própria crença.
Somente convencendo aos outros, seria possível superar a carência de não conseguir, no fundo, convencer a si próprio.

Amigavelmente...

15 de Novemebro de 2006
   
           Sergio Guimarães Hallais  -  Rio de Janeiro-RJ
1951  -  Tecnico em eletrônica, Empresário.
510 , 524 , 565

      e l a o i g r e s       h o t m a i l . c o m
Saudações Marcus Valerio XR!
Sonho ou realidade? Muito simples, eu estou vivo.Como posso saber se estou vivo? Sei porque minha mente tem uma experiência de vida e não de morte. Na morte não teremos experiência alguma pois não voltaremos para lembrar sequer que estavamos mortos.
Concordo cem por cento quanto a não ter experiência de morte ao dormir por não ser um observador, porem de certo modo essa é a condição mais próxima da morte que poderemos ficar enquanto vivos estivermos. Somos observadores enquanto tivermos uma mente funcionando bem. Nosso cérebro é um delicado e sofisticado processador, um hardware de última geração nesse momento da nossa evolução, se traumatizado os efeitos são imediatos.
Voce conhece alguem que tenha experiência de morte? Voce acha possível alguem ter experiência de morte?
Nos, seres humanos, precisamos ter equilíbrio emocional e vontade para querermos viver. A evolução equacionou tudo isso muito bem no desenvolvimento do cérebro. Pense, se a matéria evolue onde ela guarda e armazena as informações aprendidas, as experiências acumuladas? Acredito que "um cérebro" terá que existir em qualquer forma de vida inteligente que houver no cosmos. A morte será sempre a deteriorização desse cérebro.
Uma idéia que me acompanhou por um grande período da minha vida foi a de buscar sentido no fato de uma pessoa nascer, crescer, aprender, ter experiências e depois morrer. Eu refletia: Que sentido faz isso? Foi quando em dado momento tive o que chamei de "visão cosmica do universo", percebi que, numa visão maior, o importante não é a pessoa e sim a evolução. Eu poderia ter fantasiado esse momento com promessas de vida eterna, poderia ter me voltado para o sobrenatural e discambado para vidas futuras, mas preferi aceitar a realidade à doce ilusão de uma perpetuação sem sentido. É duro aceitar a morte? É!
Por que? Porque nascemos para querermos viver.
A natureza nos limita, nos tira a força, nos priva do vigor da juventude, nos faz sentir dor e cansaço em um corpo que deteriora com o tempo, talvez para irmos perdendo, aos poucos, o apego a vida e aceitarmos a morte. Tudo muito lógico e racional. Nesse ponto a visão é clara: Nascemos, crescemos e ficamos prontos para a reprodução. Ela, a natureza, não esta nem um pouco interessada em como organizaremos nossa sociedade, em nossos principios morais e menos ainda em nossas crenças, o que ela quer é nos estimular, nos dar vigor fisico para gerararmos novas criaturas, novos receptáculos que garantirão o armazenamento das informações para o futuro. Quanto a organização social e politica, o modo como vamos viver isso competirá as pessoas usarem a inteligência armazenada da melhor maneira possível. Como desenvolvemos a capacidade de intuir podemos criar nossos próprios monstros ou usar a razão e o bom senso para entendermos a realidade, aumentando nossos horizontes.
Atenciosamente,
Sergio G. Hallais
Sexta, 15 de Setembro de 2006
Oi Sergio.

Parece que nossas opiniões estão convergindo cada vez mais, isso porque, provavelmente, apenas expressamos de modo diferente idéias similares.

Segundo meu pensamento, por definição, a experiência de morte, enquanto inexistência, é impossível, pois toda experiência pressupõe existência. No entanto, me parece possível ter experiências de limiar da não-existência. Já ouvi relatos de pessoas que num determinado momento, de repente, tomam consciência de que vão deixar de existir, as vezes na hora do sono. Em geral elas costumam descrever tais experências como recheados de um súbito terror, mas também pode acontecer o contrário, uma sensação de paz.

Quando eu era criança, costumava fazer algumas experiências mentais curiosas. Ficava me concentrando, com grande esforço, em imaginar como seria se nada existisse, ou se eu não existisse. Em várias ocasiões, por breves instantes, eu sentia uma estranha sensação de estar no limiar da não-existência, porém não tinha uma reação emotiva muito forte. Curiosamente depois de adulto nunca mais consegui o mesmo nível de concentração.

Sobre o sentido da existência, parece claro que ela só pode se dar além própria vida presente, pois o sentido do que quer que seja, em geral ultrapassa a âmbito da própria coisa. Por exemplo, qual o sentido de um carro? Não está no carro, mas na mente das pessoas que o projetaram e que o usam. Assim o sentido de nossa própria existência também não pode ser restrito à nossa simples existência dentro de uma única Continuidade Mental.

Isso pode ser entendido tanto do ponto de vista materialista quando espiritualista/mentalista. Neste segundo ponto de vista, creio que seja óbvio, e no primeiro, é como você descreveu. O sentido de nossa existência está no legado que deixaremos, nas pessoas que ajudamos, na marca que imprimimos no mundo, e tudo isso transcende nossa existência. E é claro, esses pontos de vista não são mutuamente exclusivos.

Talve isso possa ser mesmo chamado de Visão Cósmica Universal.

Amigavelmente

6 de Outubro de 2006
   
          Rafael Viana Luz - 1988 - Goiânia-GO
          Universitário - Adventista do Sétimo Dia


r a f a e l l u z l i n d o       y a h o o . c o m . b r  
Ola Sr. Marcus!
Olha sou adventista do setimo dia desde que nasci. nos ultimos dias tenho lido os textos deste site e os que sao indicados tambem. Sabe em dado momento pensei em nao ler seus textos, o fato é sou estudante de Biologia e tenho um senso de pesquisa de querer embasar cientificamente aquilo em que acredito. Passei entao a duvidar de tudo o que aprendi no quesito "religiao" em toda a minha vida. Queria saber qual é a sua religiao, pois estou reformulando meus pensamentos e nao quero novamente ser deixado levar por opinioes alheias. O fato é que nao sei mais em que acreditar, pois todos os lados tem bons argumentos, confesso no entanto que os que o sr. expoe sao indiscutivelmente excessivamente bons. QUero saber se voce faz apologia a ciencia como sendo ela contraria a biblia ou ao cristianismo. Agradeco a atencao e espero ser respondido o quanto antes. Se o sr. dispor de mais tempo gostaria de te-lo adicionado ao meu msn para poder esclarecer outros milhoes de duvidas que surgiram na minha cabeca. Um grande Abraco.
Rafael Viana Luz

Quarta, 13 de Setembro de 2006
Olá Rafael.
Obrigado pela sua franca mensagem, e entendo essa sensação de receio em ler alguma coisa, quando notamos que esta pode ser contrária aos nossos desejos e ter uma força maior do que gostaríamos. Também passei por isso com um livro em especial que tenho prazer em citar: O Mundo Assombrado pelos Demônios, de Carl Sagan.
Mas voltando à sua mensagem, eu não sou de religião alguma, eu sou, antes de tudo, filosoficamente cético, e não me refiro a um ceticismo cientificista ou materialista destes que se vê por aí. Nem mesmo exatamente ao ceticismo defendido por este livro citado. Nós, os seres humanos, não podemos ter certeza nenhuma além de nossa própria existência e do fato de termos uma experiência fenomêmica. Fora isso, tudo o mais é incerto. Algumas crenças são mais fortes que outras, e nesse sentido afirmo que há uma superioridade na maior parte da ciência em relação à maior parte da religião, mas apenas em quesitos que ambas possam abordar.
Questões como a existência de divindades, ou da Meta-Continuidade Mental não são se alçada da Ciência, e neste caso defendo a superioridade da filosofia como sistema de reflexão, que pode levar a múltiplas respostas. Não faço apologia da Ciência, mas sim apologia da Racionalidade, por meio do qual posso reconhecer virtudes e defeitos na Bíblia, ou em qualquer outra coisa.
Enfim, não uso MSN, o melhor lugar para nos comunicarmos é aqui mesmo. E um conselho final, não tenha medo de dúvidas, antes, tenha medo das certezas.
Amigavelmente
26 de Setembro de 2006
   
          Mario Lucio - 1958 - Rio de Janeiro
          Seminarista - Batista

m a r i o l u c i o       h o t m a i l . c o m
MARCUS
ESTIVE PASSEANDO PELO SITE E ACHEI MUITO INTERRESSANTE O SEU CONHECIMENTO,GOSTARIA DE SABER A SUA OPINIÃO(NA SUA VISÃO) SOBRE A SUPOSTA CONTRADIÇÃO BIBLICA QUE DESCREVO ABAIXO:
1. Os filhos devem pagar...
... pelos pecados dos pais ...
(Is 14:21) Preparai a matança para os filhos por causa da maldade de seus pais, para que não se levantem e possuam a terra...
(Êx 20:5) Pois eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração.
(Êx 34:7) Ao culpado não tem por inocente; castiga a iniquidade dos pais sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração.
(1Co 15:22) Pois assim como todos morreram em Adão...
(Dt 5:9) Pois eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração.
... ou não?
(Ez 18:20) O filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho.
(Dt 24:16) Os pais não serão mortos pela culpa dos filhos, nem o filho pela culpa dos pais
gostaria de saber o seu parecer sobre o assunto
forte abraço
mariolucio
Domingo, 10 de Setembro de 2006
Caro Mario Lucio.
Obrigado por sua mensagem, e minha resposta é que esse exemplo, num nível mais amplo, talvez nem sequer possa ser considerado uma contradição, visto que parecem falar sobre assuntos diferentes.
Ezequiel 18:20 e Deteronômio 24:16 estão se referindo as leis que devem ser observadas, e nesse sentido, o sistema jurídico humano não pode punir os filhos pelo pecados dos pais, e vice-versa. Ou seja, é um preceito a ser seguido pelos humanos.
Já Deuteronômio 5:9 refere-se a um prerrogativa do próprio deus de Israel, no caso, embutida no Terceiro Mandamento, o mesmo ocorre na profecia de Isaías 14:21, e nas passagens do Êxodo.
Cabe uma crítica se considerarmos o fato óbvio que Jeová ordena que se siga um preceito que ele próprio não cumpre, mas tecnicamente não seria uma contradição, visto que ele não está afirmando que faz e não faz algo, nem está ordenando que se faça e não faça. Ele faz, mas ordena que não se faça. Quem sabe foi daí que surgiu o "Faça o que eu faço mas não faça o que eu digo!"
Além do mais, mesmo que a consideremos num plano de equivalência que implique uma contradição, seria antes o caso de dizer que últimas passagens é que estão em desacordo com o teor geral da Bíblia, visto que a idéia de que os descendentes paguem pelos pecados dos ascendentes é absolutamente fundamental à teologia cristã. Caso contrário o mito do pecado original e a necessidade do resgate pela fé não faria o menor sentido.
Enfim, em minha opinião, não é uma contradição, mas é sim uma deficiência ética.

Amigavelmente

26 de Setembro de 2006
   
          Marcelo Mahevali - 1982 - Fora do País
          Oceanógrafo, Advogado
          Cristão

          m a h e v a l i       y a h o o . c o m . b r
Prezado Marcus Valerio, nos últimos dias tenho lido alguns autores diferentes, pois muito me interessei pelo assunto do Ateísmo aberto, e ao ler alguns escritos de Paul Tillich, algumas afirmações dele me fizeram refletir e repensar boa parte da ortodoxia na qual sempre cri, ao longo dos meus anos como Cristão.
Li algo. Mas como estava em um Comentário, e por eu não conhecer o contexto da afirmação, resolvi procurar ajuda para entendê-la.
Esta foi a afirmação: "God does not exist. He is being itself beyond essence and existence. Therefore to argue that God exists is to deny him."
Descobri o Seguinte, sr. Marcus Valerio Deus não existe. Ele é Ele mesmo pra além de toda essência e existência. Portanto, argüir acerca da existência de Deus é o mesmo que negá-Lo.
Deus não existe. Ele é. Eu existo. Pois existir não é algo que seja pertinente ao que É. Existir é o que se deriva do que sendo, É de si e por si mesmo.
Deus não existe. O que existe tem começo. Deus nunca começou. Deus nunca surgiu. Nunca houve algo dentro do que Deus tenha aparecido.
Deus não existe. Se Deus existisse, Ele não seria Deus, mas apenas um ser na existência.
Se Deus existisse, Ele teria que ter aparecido dentro de algo, de alguma coisa, e, portanto, essa coisa dentro da qual Deus teria surgido, seria a Coisa-Deus de deus.
Existem apenas as coisas que antes não existiam. Existir surge da não existência. Deus, porém, nunca existiu, pois Ele é.
Sim, dizer que Deus existe no sentido de que Ele é alguém a ser afirmado como existente, é a própria negação de Deus. Pois, se alguém diz que Deus existe, por tal afirmação, afirma Deus, e, por tal razão, o nega; posto que Deus não tem que ser afirmado, mas apenas crido.
Deus É, e, portanto, não existe. Existe o Cosmos. Existem as galáxias. Existem todos os entes energéticos. Existem anjos. Existem animais e toda sorte de vida e anima vivente. Existem vegetais, peixes, e organismos de toda sorte. Existem as partículas atômicas e as subatômicas. Existe o homem. Etc. Mas Deus não existe. Posto que se Deus existisse dentro da Existência, Ele seria parte dela, e não o Seu Criador.
Um Criador que existisse em Algo, seria apenas um engenheiro Universal e um mestre de obras cósmico. Nada, além disso. Com muito poder. Porém, nada além de um Zeus Maior.
Assim, quando se diz que Deus está morto, não se diz blasfêmia quando se o diz com a consciência acima expressa por mim; pois, nesse caso, quem morreu não foi Deus, mas o "Deus existente" criado pelos homens. Tal Deus morreu como conceito. Entretanto, tal Deus nunca morreu De Fato, pois, como fato, nunca existiu - exceto na mente de seus criadores.
Assim, o exercício teológico, seja ele qual for, quando tenta estudar Deus e explicar Deus, tratando-o como existente, o nega; posto que diz que Deus existe, fazendo Dele um algo, um ente, uma criatura de nada e nem ninguém, mas que também veio a existir dentro de Algo que pré-existia a Ele, e, portanto, trata-se de Algo - Deus sobre o tal Deus que existe.
A Escritura não oferece argumentos acerca da existência de Deus. Jesus tampouco tentou qualquer coisa do gênero. Tanto Jesus quanto a Escritura apenas afirmam a fé em Deus, e tal afirmação é do homem e para o homem - não para Deus -; pois se fosse para Deus, o homem seria o Deus de Deus, posto a existência de Deus dependeria da afirmação e do reconhecimento humano. Tal Deus nem é e nem existe; exceto na mente de seus criadores.
Deus não existe. O que existe pertence ao mundo das coisas que existem OU não existem. Deus, porém, não pertence a nada, e, em relação a Ele, nada é relação.
Defender a existência de Deus é ridículo. Sim, tal defesa apenas põe Deus entre os objetos de estudo. Por isto, dizer: "Deus existe e eu provo" - é não só estupidez e burrice; mas é, sem que se o queira, parte da profissão de fé que nega Deus; pois se tal Deus existe, e alguém prova isto, aquele que apresenta a prova, faz a si mesmo alguém de quem Deus depende pra existir... e ou ser.
O que "existe", pertence à categoria das que coisas que são porque estão. Deus, porém, não está; posto que Ele É.
Ser e estar não são a mesma coisa, como o são na língua inglesa. O que existe pertence ao que é apenas porque está. Deus, entretanto, não está porque Ele É. "E quem direi que me enviou?" - perguntou Moisés. "Dize-lhes: Eu sou me enviou a vós outros!" - disse Ele.
Desse modo, Deus não diz "Eu Estou", mas sim "Eu Sou". Ora, um Deus que está, não é, mas passou a ser. Porém o Deus que É, mas não está; não pertence ao mundo das coisas verificáveis; posto que Aquele que É, não está; pois se estivesse, seria -, mas não Seria Aquele de Quem procedem todas as existências, sendo Ele apenas um ele, e não Ele; e, por tal razão, fazendo parte das coisas que existem - mas sem poder dizer Eu Sou!
Jesus também falou da sutileza do ser em relação ao estar. Quando indagado acerca da ressurreição pelos saduceus (que não criam em nada que não fosse tangível), Ele respondeu: "Não lestes o que está escrito? Eu sou o Deus de Abraão, eu sou o Deus de Isaque, eu sou o Deus de Jacó. Portanto, Ele é Deus de vivos, e não de mortos; pois para Ele todos vivem". Assim, os que vivem para sempre são os que são em Deus, e não os que estão existindo. A vida eterna não é existir pra sempre, mas ser em Deus.
Assim, para viver eternamente eu tenho que entrar na dissolvência da existência, a fim de poder mergulhar naquilo...
Continuação da Mensagem - Segunda Parte
...que está pra além do que existe; posto que É.
A morte pertence à existência. A vida, porém, se vincula ao que não existe, pois, de fato É. O que existe carrega vida, mas não é vida. A vida, paradoxalmente, não pertence ao que é existente, mas sim ao que É. Quando falo de vida, refiro-me não às cadeias de natureza biológica que constituem a vida dentro da existência. Mas, ao contrario, ao falar em vida, refiro-me ao que é para além da existência constatável.
Portanto, Paul Tillich tem razão quando diz: "God does not exist. He is being itself beyond essence and existence. Therefore to argue that God exists is to deny him".
Ora, usando uma gíria de hoje, eu diria: Tillich tem razão quando diz: "Deus não existe!" - pois é isto que hoje se diz quando algo está pra além da existência: "Meu Deus! Esse cara não existe!". Assim é com Deus: Não existe! Pois é de-mais!
Bom, acho que vc não poderá refutar meus argumentos, fique com D-us; posto que Ele vive desde sempre!!
Um grande abraço
Mahevali
Terça, 15 de Agosto de 2006
Prezado Marcelo. Obrigado por contribuir com tão interessante abordagem, e devo concordar com sua colocação final de que não posso refutar seu argumento, ao menos na maior parte. E o motivo é simples, é que seu argumento é um sistema fechado logicamente impecável, no entanto, como todo sistema deste tipo, ele nada diz sobre o mundo em que vivemos.
Se eu afirmar: "Todos os besouros azuis voam até a Lua, a baleia de marte é um besouro azul, então a baleia de marte voa até a Lua." Esse argumento é, em si, logicamente consistente e não pode ser internamente refutado, mas como é evidente, ele nada tem haver com nossa realidade.
O mesmo acontece no caso de seu argumento, que se baseia em entender existência como sendo um atributo temporário, e assim Deus, que pela definição é um ser Perpétuo, não poderia ser temporário, logo não é existente. No caso o atributo perpétuo seria o Ser, portanto Deus apenas É.
Mas se internamente o argumento não pode ser refutado, ele pode ser atacado em suas premissas. Primeiro, porque ele é uma petição de princípio. Argumentos como esse costumam estar envolvidos nas discussões sobre Deus, e você já está partindo do princípio de que Deus É! E como você mesmo disse, não forneceu nenhum argumento para sustentar essa afirmação ontológica, salvo a circularidade de praticamente definir Deus pelo Ser.
Perspicaz a afirmação de que a Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus, e que este deve apenas ser crido, não demonstrado. Quanto a isso, não há o que discutir, visto que não tenho pretensão alguma de ir contra a vocação espiritual de cada um. No entanto, veja que muitos dos que aqui aparecem pensam poder provar a existência de Deus.
O segundo elemento arbitrário de sua argumentação é definir Existência como sendo algo temporal. No entanto, não vejo necessidade nessa atribuição. O Existente também pode ser definido como perpétuo. O Existente apenas existe, o que se pode pronunciar sobre sua temporalidade pode ser exatamente o uso dos termos Temporal ou Perpétuo. Tanto pode haver o que Existe Sempre quanto o que Passou a Existir, nesse caso, pelo seu raciocínio, Deus também Existiria.
Foi bom você trazer à tona a diferenciação de SER e ESTAR, que não existe em Inglês, Alemão ou mesmo Francês, e boa parte da explicação para essa sua argumentação talvez seja que você está tratando as noções de Ser e Existência de um modo similar ao do Existencialismo francês, desenvolvido por filósofos que também não diferenciavam verbalmente o Ser do Estar.
Nada impede que você associe o Estar ao Existir. Sem problema. Mas em que isso faz diferença? Já existem categorias filosóficas para isso, como a distinção Ser e Devir, onde Deus jamais seria Devir, mas sim Ser. Além do que, essa sua associação acaba trazendo mais confusão. Entra outras, esta estranha afirmação de que a Morte pertence à existência, visto que a Morte constuma estar associada ao Não-Ser, que por implicação resulta em Não-Existência.
Mas tudo bem. De fato não há grande problemas em seus argumentos, só que eles pouco ou nada ajudam a pensarmos as questões Teológicas, pelo contrário, apenas foge das questões para o domínio da fé, o que é exatamente o problema, pois o que está em jogo aqui é exatamente a racionalidade, e seu argumento termina por ser apenas uma forma elegante de dizer que a crer em Deus é irracional.

Amigavelmente

7 de Setembro de 2006
   
          Eduardo - 1981 - Fora do País
          Servidor Público
          336

m e k e t r e f i       g m a i l . c o m
Velho, eu já tinha esquecido o quão engraçado é ler as pregações pentecostais no seu livro de visitas! Meu Deus (é só força de expressão), como essas pessoas rebaixam as maravilhas pessoais que vivem ao criticarem os outros por "não terem vivido o que eu vivi". Esses arautos da verdade universal não compreendem, até se contorcem, ante a possibilidade de existirem pessoas por aí que não vivem as mesmas dúvidas, problemas e respostas que eles vivem.
Pois penso que o termo é justamente esse: vivenciam essa "benção", que é fruto de uma série de experiências, positivas e negativas, que o levam a acreditar que a vida espiritual que eles levam agora é melhor que a dos outros. Eles não tem argumento algum pro baladeiro que esbanja a própria vida em festas e orgias e alcance altos êxtases dançando ao som do techno ou do rock (e não é assim que se induz ao êxtase em muitas igrejas? A sofisticada teologia deles (na verdade, só a de poucos o é) também não é párea para o estilo de vida levado pelo homem humilde, que observa a temperancá e é trabalhador, e que nunca questiona coisa alguma e passa pela existência ruminando, incólume, sem precisar do deus deles.
Ora, com o que eu disse, já dá pra perceber que o problema não é encontrado só entre religiosos: todo aquele que ri consigo mesmo da "vidinha medíocre e obscura que os outros levam" devia parar de encarar a vida de maneira tão belicosa, tentando a qualquer custo se sentir seguro fazendo os outros enxergarem essa miríade de coisas que é a vida, e se perguntar por um minuto: será que o mundo vai parar se eu deixar de ser o que eu sou? Será que meus problemas ou minhas respostas são tão boas assim?
Como você mesmo discute por alto em uma monografia recente, XR, nossa formação inculcou em muitos a preocupação em possuir uma idéia estável, certa e imutável do que é a vida. Acho muito mais sensato utilizar-me das respostas que alcancei meditando enquanto elas me servirem, sendo humilde depois para acreditar em algom que melhor se encaixe com meu plano de vida (não eu não engano a mim mesmo quanto a isso: o que acreditamos se deve em boa conta ao que queremos, ansiamos acreditar e buscamos!).
Aos que não respeitam as maravilhas pessoais que acontecem, a cada um (e, aliás, se aproveitam das desgraça alheias para pregarem as suas salvações), deixo um trecho do Zaratustra do Nietzsche:
"Meu irmão, quando possuís uma virtude que é tua, não a possuís em comum com ninguém. É evidente que a queres chamar pelo seu nome e adulá-la; queres puxar-lhe as orelhas e divertir-te com ela. E aí está! Partilhas o seu nome com a multidào e tornas-te multidão e rebanho com a tua virtude! Farias melhor em dizer: 'Inexprimível e sem nome é aquilo que atormenta a delicia a minha alma e provoca a fome das minhas estranhas'"
Isso é religião pelo exemplo, e não pela crítica.
Sexta, 1 de Setembro de 2006
Olá meu amigo...
De uma certa forma, meio que respondi um mensagem no Livro de Visitas do EVO inspirado pela sua, eu poderia até transcrever alguns trechos, mas tentarei ser mais original.
Pensemos, como um exercício mental, na história humana como um infindivável embate entre a Genialidade Individual e a Estupidez Coletiva. Não que todo indivíduo seja gênio nem toda coletividade estúpida, longe disso. Mas costuma haver relação inversa entre a inteligência e quantidade de pessoas que levam avante as idéias. Junte um bando de sábios e eles irão se comportar coletivamente como pessoas comuns. Junte pessoas comuns e elas se comportam como tolos. Nada há mais estúpido do que uma multidão. Não que não seja bom. É adorável e válido estar numa grande torcida, por exemplo, mas não no sentido racional.
Quero dizer, todos os grande progressos da humanidade, embora alicerçados na coletividade, tiveram sua catarse no labor de poucos indivíduos, em geral envolvidos em trabalhos relativamente isolados, longe do ruído das massas.
Descartes já dizia que as obras feitas por muitas pessoas costumam ser menos perfeitas que as obras de um só autor. O que é fato difícil de negar. Praticamente todas as grandes obras humanas artísticas, por exemplo, são o trabalho de um único indivíduo, em alguns raros casos, de uma dupla. E observemos obras coletivas para notarmos que nunca conseguem se comparar às proezas da genialidade individual. Não há uma só grande obra assinada por um grupo de pessoas, a não ser, é claro, como profissionais intermediários que tornam possível a realização da visão de um autor, como em um filme por exemplo.
Todas as revoluções humanas são promovidas por massas, porém inspiradas na idéia de uns poucos, quando não de um. Acho dispensável citar nomes. Curiosamente, a tendência geral é que a partir de uma grande idéia de um ou de bem poucos, se desenvolvam sistemas complexos apoiados em muitos, e o resultado inevitável é a progressiva degeneração.
Todas as ideologias e religiões, sem exceção, começam com um núcleo de boas idéias centrais, trabalho da genialidade individual, mas todas terminam como movimentos sociais cada vez mais confusos e decrépitos, se dividindo eu sub linhagens que em alguns momentos recuperam algo da genialidade por meio de mais um indivíduo talentoso, para em seguida se perder de novo.
O Cristianismo talvez seja mesmo o melhor exemplo. Jesus foi indubitavelmente genial, mas a própria bíblia conta sobre as besteiras que muitos de seus seguidores fizeram. Paulo foi outro gênio, ainda mais impactante, e apesar dos pesares, construíram uma obra prima em termo de revolução de mentalidades. No entanto a instituição da Igreja, embora também repleta de brilhantismo no começo, foi uma insofismável história de degenerações. Ocasionalmente grande homens deixaram sua marca, como Tomás de Aquino, mas não podem evitar a decadência em longo prazo, que se reflete em doutrinações sistemáticas e na terrível ignorância da maioria bruta dos seguidores.
Lutero foi outro gênio, Calvino também, embora nem tanto, mas o resultado do protestantismo tem sido, lamentavelmente, a reprodução de uma inacreditável massa de estupidez que consegue ofuscar os poucos gênios que ocasionalmente surgem.
Enfim, dentro de um coletivo sistema degenerado qualquer, surge a genialidade individual, em geral como um canalisador de forças interpessoais que normalmente passam desapercebidas pela grande maioria. Então esse gênio termina por revolucionar com uma grande idéia, que depois é transformada num novo sistema coletivo para ser então imbecilizada cada vez mais até se tornar o novo sistema degenerado, dando oportunidade para o novo gênio.
A tragédia é ver que quase todos os gênios, principalmente no campo religiosos, são violentamente perseguidos, para depois serem venerados pelos descendentes dos mesmos que antes os perseguiram. E apesar desta tediosa e completamente previsível estrutura se repetir ad nauseam, sempre a grande maioria é incapaz de perceber isso.
No campo artístico é pouco diferente. Não há um só caso de grande obra que não tenha sido, a seu tempo, vítima de toda sorte de críticas ferozes e inamistosas, mas, com os adeptos que conquista, acaba por se tornar vitoriosa e conquistar seu lugar no panteão do cultura humana. Inacreditavelmente, sempre tem um imbecil disposto a fazer o papel de crítico irrascível que, ou será esquecido pela história, ou lembrado como um infeliz comentarista e profetizador fracassado do fracasso da obra vitoriosa.
Assim, temos visto um mundo onde praticamente tudo o que há de bom resultou de um desvio do rebanho. De umas poucas pessoas que diveram coragem de contestar seu contexto e criar uma nova realidade. No entanto, o imenso rebanho, como sempre, é incapaz de perceber isso, e estará pronto a condenar qualquer um que mostre os sintomas necessários, mesmo que insuficientes, para uma nova revolução humana.
É por isso, acho, que nunca consegui encontrar um mestre, e que nunca me satisfaço com qualquer sistema de pensamento pronto. Isso não quer dizer que eu seja um gênio, pois como eu disse, a individualidade não é condição suficiente. Mas, seguramente, é necessária.
E rebanhos jamais irão tolerar isso.
Amigavelmente
5 de Setembro de 2006
   
          Diego Barros Maia - 1982 - Brasília-DF
          Estudante e Servidor Público
          501 532 560

          d b m a i a       y a h o o . c o m
Olá Mais uma vez Marcus! É um imenso prazer poder escrever no seu site, diante de temas tão interessantes que vêm sendo debatidos ultimamente.
Primeiramente, sobre o tema viagem no tempo, principalmente ao passado, fiquei eu a pensar na possibilidade de uma viagem mental. Partindo do pressuposto que a mente e os pensamentos não ocupam espaço, uma viagem no tempo na qual o viajante projetasse apenas a sua consiência poderia ser bem mais viável do que uma viagem física. Não teríamos problemas com as partículas físcias, nem com os paradoxos causados por posssíveis alterações no fluxo temporal, visto que o viajante seria apenas um observador, sem poder de interferir.
Uma outra possibilidade seria o que eu chamo, por falta de terminologia adequada de "teoria do do tempo monoblocular". Segundo essa idéia, passado, presente e futuro já estão "escritos" em algum lugar fora do tempo, como se fossem um único bloco, de modo que não podem ser alterados. Isto significa que se alguém que está no equivalente ao nosso futuro descobrir a viagem para o passado e resolver visitar-nos no dia de hoje, já teríamos contato com ele hoje, agora, de qualquer forma. Não haveria um "presente" onde isto não ocorreu, seguido de um futuro no qual o cara desenvolve a viagem no tempo e depois volta para o passado, criando um presente e futuro alternativos. Tudo já estaria registrado. Seguindo este raciocínio, e admitindo que nunca tivemos contato com viajantes temporais,
1)ou a viagem no tempo não é possível, ou
2) ela é possível, mas:
2.1) Ninguém do futuro teve interesse em visitar o nosso presente, nem o passado antes de nós, ou
2.2)Os viajantes vêm, mas disfarçam muito bem a sua presença. Dessa forma, poderiam ser viajantes temporais o que hoje chamamos de extraterrestres, e seus UFOS, as máquinas do tempo. Esta hipótese 2.2 também seria compatível com a viagem no tempo mental.
Tenho também algumas coisas a dizer em relação à mensagem do Vistitante Alexander de Brito, mas prefiro aguardar primeiro a sua resposta à ele, na qual provavelmente você vai explicitar o que ficou devendo na longínqua Mensagem 228 sobre a Aposta de Pascal. Um Abraço! Diego
Terça, 29 de Agosto de 2006
Oi Diego. Obrigado por voltar
Sua concepção de viagem no tempo "mental" não me passou desapercebida, aquele texto que cito ao final da Mensagem 561 narra exatamente uma preparação para uma viagem deste tipo, num plano de registro mnemônico natural da realidade, onde as mentes devidamente treinadas podem penetrar e estudar o passado, mas é claro, sem possibilidade de interferir, pois trata-se de fato de uma "gravação" natural.
Outra idéia de "ver o passado", desta vez física, pode ser encontrada em meu conto de ficção científica Além da Ressurreição, mas trata-se de uma visualização também não interativa.
Não podemos esquecer também do filme Em Algum Lugar do Passado onde a viagem no tempo é de ordem mental, embora neste caso pareça haver interferência no passado, ou talvez um ciclo fechado de causalidade, o que incorre num dos paradoxos citados pelo Eduardo Torres em Glossario de Paradoxos Temporais, caso, uma Paradoxo de Loop
Também o livro que acabei de ler MATADOURO 5 trata de viagens no tempo mentais, ainda que restritas apenas à vida do viajante, também de teor não interferente e claramente determinista.
Esse determinismo é o que caracteriza também sua "Teoria do Tempo Monoblocular", pois todas as viagens no tempo, com todas as suas relações casuais, já estariam prevista numa supra "linha de tempo" que englobaria os retornos e loops. Assim, o viajante desde sempre estaria determinado a efetuar sua viagem, que seria inclusive condição necessária do desenvolvimento histórico. O problema, a meu ver, deste tipo de concepção é a eliminação da Liberdade. Tudo já estaria escrito, como um destino imutável.
Mas, de volta ao tema da viagem mental, note que ela pouco escapa do problema citado na Mensagem 563 de Rogério Carlos Santana, a qual coloquei na forma de como seria possível um armazenamento da informação do passado, ainda que fosse mental. Onde exatamente tais informações seriam registradas? E a que nível?
Se fosse num mero nível de memória equivalente ao nosso, menos mal, pois teríamos então uma lembrança do passado, talvez mesmo imperfeita. Se fosse um registro mais preciso, ele guardaria até que ponto, a nível celular? Molecular? Atômico? Se fosse no nível mais fundamental, o que seria a cada instante quântico, então esse sistema de registro teria que ter uma grandeza equivalente ao de todo o universo multiplicado por cada instante, caso contrário não seria possível registrar tudo com precisão, e isso nos levaria, mesmo nessa viagem mental, à possibilidade dos universos infinitos.

Bem, sobre a Aposta de Pascal espero que a minha resposta à Mensagem Anterior tenha sido satisfatória, devo isso a qualquer um que acompanhe este site desde a Mensagem 228, embora eu já tenha tocado no assunto em outros lugares, nem me lembro mais aonde.
Encerro por aqui. Não deixe de dar uma olhadinha nos Crononautas, onde acabo de publicar a Quinta Parte.
Amigavelmente

2 de Setembro de 2006
   
           Alexsander H. M. de Brito  -  Brasília-DF
1970  -  Psicólogo/Odontólogo e servo do Senhor
504, 514, 523, 531, 543

        a l e x b r i t o 2       y a h o o . c o m . b r
Olá amado amigo, volto a postar nova mensagem em seu site com o intuito de aparar certas arestas que, pelo teor de seus comentários e de alguns assíduos freqüentadores de seu site, ficaram pendentes.
Primeiramente, quero esclarecer a questão do raciocínio e da inteligência. É óbvio que dependemos do raciocínio e da inteligência para entendermos as coisas. Todavia, o intelecto e o raciocínio não são um fim em si mesmos (como muitos pseudointelectuais podem pensar), mas são “apenas” uma das ferramentas utilizadas para se compreender as Sagradas Escrituras.
Sem o raciocínio não poderíamos chegar a raciocínios tais como esse:
SITUAÇÃO 1: Jesus cristo é o único caminho para a salvação do homem.
SITUAÇÃO 2: Existem outras possibilidades (a teoria reencarnatória (espiritismo, budismo), o ateísmo, o panteísmo etc)
SUJEITO A: Crê que a Salvação só se dá por meio da aceitação de Jesus Cristo, o próprio Deus encarnado que passou pela experiência da morte e ressurreição e se tornou o Espírito Santo mesclado ao seu espírito.
SUJEITO B: Crê em outras possibilidades fora de Jesus Cristo.
POSSIBILIDADE 1 : O sujeito A na situação 2.
Não haveria problemas insolúveis. Ele (ou ela) poderia ter uma grande desilusão ao descobrir, por exemplo, que há outras reencarnações e que a Bíblia na verdade não era a fonte da verdade. Poderia ocorrer algo como mostra o filme “Os Outros” no qual vemos uma cristã extremamente religiosa (Nicole Kidman) tendo muitas dificuldades em aceitar que tudo que aprendera na Escola Dominical estava errado. Mas nada perto de uma condenação final. Não é uma situação irremediável.
POSSIBILIDADE 2: O sujeito B na situação 1.
Teríamos aí um grande problema, pois não importa no que o sujeito 2 acredita ele estará em uma situação irremediável. Pode ter sido um monge budista ou um terrorista, não importa, se ele não aceitou Jesus Cristo com sendo o Deus encarnado que morreu e ressuscitou para a sua salvação ele estará eternamente condenado, por mais injusto que isso, sob um olhar muito superficial, possa parecer.
POSSIBILIDADES 3 e 4: Sujeito A na situação 1 ou sujeito B está na situação 2 não merecem, a meu ver uma análise mais profunda, salvo se o sujeito B for um ateu e descubra que há algum tipo de vida após a morte. Mas esse não é o nosso tema.
Formulei, há algum tempo, essas situações. Recentemente descobri que Blaise Pascal (ele mesmo) chegou ao mesmo raciocínio. Se eu soubesse não teria queimado meus neurônios para reinventar a roda.
Interessante notar que muitas pessoas não aceitam a possibilidade 2 porque a acham injusta, mas se recusam terminantemente a aceitar a coerência lógica da estrutura. A maioria sequer entende adequadamente o raciocínio.
Ao contrário do que muitos acreditam a fé não vem pela lógica. Senão Pascal teria convencido a muitos com o raciocínio proposto acima Por isso concordo com todas as pessoas que dizem que os cristãos erram ao afirmar que a inteligência não é necessária para se compreender os propósitos de Deus na Bíblia. Se nas minhas mensagens deixei isso subentendido, por favor, perdoe-me.
O que afirmo (e dou testemunho vivo do fato) é que crer na Bíblia não depende da inteligência e sim da fé. Na verdade, em última instância, tudo depende, em maior ou menor grau, da nossa fé. Se temos fé no Deus revelado nas Sagradas Escrituras, cremos na Bíblia. Se temos fé em nós mesmos, só acreditamos no que queremos ou, como dizem os sociólogos e antropólogos, no que fomos condicionados a acreditar. Se temos fé na ciência, cremos nela.
Abrindo um parêntese: Lembro-me de um cientista que falava sobre Cosmologia e Teoria das Cordas. Ele disse: “Pouca ciência, pouco Deus. Muita ciência, mais Deus”. Essas poucas palavras demonstram que as pessoas que acham que sabem alguma coisa (porque são assinantes da Superinteressante ou da Galileu ou porque assistem ao Discovery Channel) são as mais suscetíveis a acreditar que a ciência é algo maravilhoso, infalível e que tem respostas para tudo.
Conhecimentos superficiais levam à conclusões superficiais. Em todas as áreas.
A grande dificuldade de alguém que se aprofundou um pouco mais nos conhecimentos bíblicos, ou seja, alguém que está muito além da “Escola Dominical” é explicar as verdades mais profundas da Bíblia a pessoas que ainda não digeriram as mais básicas.
Como eu poderia falar algo do tipo: “O enfoque mais notório das Epístolas de Paulo é a Economia Neotestamentária de Deus (Ef 1:10; 3:9; 1Tm 1:4).
Essa Economia Divina, como o mistério oculto de Deus revelado na dispensação da graça (Ef 3:9,5; Cl 1:26), é o mistério de Deus, o qual é Cristo como a corporificação de Deus (Cl 2:2,9), e o mistério de Cristo, o qual é a igreja com Seu corpo (Ef 3:4; 1:23)." "Para revelar essa economia, a estrutura básica e intrínseca dos escritos de Paulo é Deus em Sua trindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – dispensando-se para dentro do homem tripartido (corpo, alma e espírito) redimido e regenerado como verdadeira vida, como suprimento todo inclusivo de vida e como tudo para tornar esse mesmo homem, coletivamente, os membros do corpo de Cristo (Rm 8:20; Ef 5:30).
Como seus filhos eles são edificados tais como pedras vivas para, juntos, serem Sua habitação no espírito deles (Ef 2:21, 22), e como membros de Cristo são misturados para ser Seu Corpo na vida divina (1Co 12:12, 13)." "Assim são unidos a Ele...
Continuação da Mensagem - Segunda Parte
... numa união orgânica espiritual (1 Co 6:17), participando de Sua filiação divina (Ef 1:5) e desfrutando Suas riquezas insondáveis em Cristo (Ef 3:8) até a Sua plenitude (Ef 3:19), para ser Sua expressão, em Cristo, pelo Espírito, nesta era e pela eternidade." "Para isso Deus deu dois passos, primeiro encarnou-se como homem, segundo morreu e ressuscitou. Seu primeiro passo O trouxe para dentro da humanidade. O segundo passo levou o homem para dentro da divindade.” (W. Lee, Estudo-Vida de Romanos pg. xiii e 19 (adaptadas)).
Eu precisaria de, pelo menos dez páginas para explicar, resumidamente, cada linha do texto entre aspas e mesmo assim ainda deixaria escapar muitas coisas.
A experiência mostra que a maioria das pessoas tem uma visão muito estreita do que seja o propósito de Deus na Bíblia. Infelizmente a maioria dos cristãos acha que Deus veio, através de Seu Filho, apenas para salvar a humanidade e para derrotar o Diabo. Todavia esses dois itens são “apenas” um meio para Ele atingir um fim maior: a edificação de Betel e a restauração do Seu reino.
Realmente a mente humana é muito limitada para entender toda a profundidade das verdades contidas na Bíblia. Uma mente aberta pode ir além dos reflexos da superfície, mas as verdades mais profundas só podem ser atingidas com a mente posta em Cristo.
Na verdade é o Senhor quem abre nosso entendimento para que compreendamos as Escrituras (Lc 24:45)
Por isso a religião (entendida como todo esforço humano para se ligar (ou re-ligar) a Deus) é um obstáculo para uma compreensão mais profunda do propósito eterno Dele. A religião envolve todo um sistema de crenças pré-fabricadas, doutrinas e liturgias que modelam e artificializam a nossa relação com Deus.
Se observarmos bem, foi a religião (dos fariseus e saduceus) e a política (de Herodes e de Pilatos) que mataram o Senhor Jesus. Ele mesmo afirmava: ”Vocês analisavam as Escrituras e julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim, mas se recusam a vir até Mim para obter vida”. Em todo o Novo Testamento vemos Jesus quebrando todo o conceito (e, claro, pré-conceito) que a mente humana e a religiosidade costumam formular. Se lermos o capítulo 6 do Evangelho de João podemos ver Jesus dizendo que Seu Corpo é a verdadeira comida e Seu sangue a verdadeira bebida e quem come a Sua carne e bebe do Seu sangue esse permanece Nele e ele nesse e lhe dá a vida eterna.
Ele dizia isso para Seus discípulos e o que eles fizeram? Disseram: “Duro é este discurso, quem o pode suportar?” (v. 60) E O abandonaram (Jo 6:66) Se os discípulos, que andavam com Ele e viam todos os Seus feitos e prodígios, achavam Seu discurso duro, quanto mais agora.
E por falar em feitos e prodígios observei que em suas mensagens você alega não conhecer nenhum caso de cura milagrosa. Você por acaso não se lembra do que aconteceu com nosso amigo médico, ex-ateu? Ou será que não lhe contei que ele nasceu com uma perna menor (cerca de 3,0 cm) que a outra e que, ao acompanhar sua namorada evangélica em uma reunião da igreja foi chamado à frente e, sob a oração de uma menina de 10 anos, teve o comprimento da sua perna restaurado diante de todos?
Assim como este caso há muitos outros. Vá a uma reunião da Universal e terá muito material para pesquisar. Saiba, contudo que esses milagres não são o ponto mais importante para Deus, tanto é que Jesus sempre se referia aos Seus milagres como “meros” sinais.
Também é importante frisar que todas essas coisas não são capazes de convencer uma pessoa que se recusa a crer, Ela tentará encontrar uma explicação “lógica” e “racional” para o ocorrido, e achará. Ela pode atribuir tudo a “coincidências” ou “forças mentais canalizadas através da oração” ou forças que a ciência não pode (ainda) explicar. Não tem jeito.
Vi uma mensagem que um dos internautas postou comparando-o a uma criança que se recusa a comer uma coisa e alega não gostar antes mesmo de ter provado. Li a sua resposta e não me convenci. Você disse que, assim como sua filha, não podia ser enganado misturando-se na comida algo que não gostava. Francamente isso não responde a questão, pois deixa em aberto se a degustação que você fez foi do que ele estava propondo ou não. Ele propôs que você invocasse o nome do Senhor, mas você não respondeu se experimentou isso e não gostou ou se experimentou alguma outra coisa e, por analogia, recusou o invocar.
Bom, não quero me adentrar muito nessa questão, pois posso estar invadindo o espaço dele, mas para mim a sua resposta foi o equivalente a alguém dizer que experimentou coalhada e não gostou e por analogia se recusa a experimentar queijo.
Como você mesmo disse: “Eu realmente não posso explicar como é exatamente o maravilhoso sabor de uma iguaria que somente eu experimentei, e não poderia provar para ninguém que se trata do melhor sabor do mundo, mesmo porque isso sequer faz sentido.”
Realmente Marcus não há como explicar. Por isso o internauta propôs que você invocasse o nome do Senhor.
De acordo com a Bíblia não há como dizer “Senhor Jesus” ou “Jesus Cristo é o Senhor” sem ser através do Espírito Santo (1 Co 12:3). Então se você quiser REALMENTE comprovar se o que a Sagrada Escritura diz é verdade ou mentira diga em voz audível: Jesus Cristo é o Senhor!
E veja o que ocorre.
É muito simples.
Com amor.
Alexsander
Sábado, 26 de Agosto de 2006
Olá Alex...
Antes de tudo, espero que tenha entendido porque não pude publicar seu texto anterior. O assunto era por demais pessoal. Se você quiser recolocar algumas coisas específicas tudo bem, desde que estejam relacionadas a conteúdos mais interessantes à uma discussão pública.
Dito isto, a palavra com a qual eu queria iniciar minha resposta é: A-haa!!! Agora eu peguei! Já não disse que você costuma esquecer muitas coisas das quais falamos? Pois é. Ocorre que já tivemos ao menos uma conversa sobre a Aposta de Pascal.
Mas não se sinta menor por ter "reinventado a roda", para mim, um dos melhores sintomas de que se tem um pensamento bem desenvolvido é, quando independentemente se chega às mesmas conclusões dos grandes pensadores. Claro que nesse caso você já havia ouvido falar na aposta de Pascal, e deve ter reformulado-a inconscientemente. Mesmo assim há mérito.
Principalmente porque Pascal desenvolveu seu argumento num contexto bem específico, com sutilezas próprias, apesar da idéia básica ser a mesma. Lembre-se também que Pascal era católico, e é possível interpretar seu argumento de modo a excluir da vida eterna todos os protestantes.
Mas deixando isso de lado, o argumento de Pascal é mais conhecido por suas falhas do que por sua eficácia. Observe que na quase totalidade das vezes em que o mesmo é apresentado, seja em livros ou na internet, o é para ser refutado, mesmo porque é muito fácil refutá-lo. Basta explicar o que é uma falácia de Falso Dilema, que força uma escolha artificial entre duas possibilidades mutuamente exclusivas ignorando que há muitas outras possibilidades intermediárias.
No entanto o seu argumento tem uma vantagem, por que ele já parte de uma especificação maior do problema. Ao invés de comparar o imenso e variado grupo do Teísmo com o grupo mais simples do Ateísmo, você já está focando dentro do Teísmo, o que já atenua o problema da restrição, ainda que considere brevemente também o ateísmo. Seu exemplo do filme Os Outros reflete bem essa contextualização.
Mas isso muda pouco a refutação, pois continua havendo um falso dilema, a grande diferença é que aqui você mesmo já sugere de onde vem esse dilema, o que por outro lado é exatamente o que torna o argumento um pouco melhor que o de Pascal. Esse dilema vem da própria Bíblia em si, que declara Jesus Cristo como o único caminho, e por meio da justificação pela fé, uma fé exclusiva, é claro, já reúne todas as demais opções num único grupo das escolhas erradas.
Embora o argumento continue pecando num falso dilema, pois a formulação dos grupos continua sendo arbitrária, ele tem uma vantagem histórico-cultural, que é o fato de que a Bíblia parece ser a única fonte religiosa que real e explicitamente coloca a questão nestes termos. O budismo, espiritismo ou brhamanismo de fato não forçam essa polarização. Sendo assim, o dilema já é dado pela própria Bíblia, Pascal apenas o adaptou para uma situação mais genérica, mas você foi mais fiel à fonte do dilema.
Mas como você deveria ter visto em minha monografia MCM1-Imortalidade no Fédon de Platão, já há uma precursão da aposta na própria obra de Platão, e eu mesmo produzi minha própria versão aperfeiçoada no que se refere a Meta-Continuidade da Mente. Mas veja que no meu caso o dilema é legítimo, pois eu reduzi a escolha a dois pólos mutuamente exlusivos que não deixam margem à intermediários: Ou existe Meta-Continuidade da Mente ou não! É muito simples, porém, ao mesmo tempo não há desmembramentos arbitrários. Não estou falando nada sobre como seria essa MCM. O problema de argumento como o seu é que ao mesmo tempo que formulam o dilema, ainda que haja coerência lógica, automaticamente empurram uma série de atributos que não se seguem logicamente.
Por exemplo, é correto supor que ou Jesus é o único caminho, ou não. Isso é de fato um dilema logicamente legítimo, da mesma forma que Existe algum tipo de Deus ou não. Mas daí, é difícil automaticamente empurrar as propriedades deste Deus. Por outro lado, é mais fácil empurrar as propriedades de Jesus porque éle já é mais específico do que Deus, mesmo assim, o dilema não permite ir mais longe, porque se é logicamente correto formular dilemas do tipo, ou X é a única resposta ou não, não é possível especificar as propriedades deste X de modo sustentável dentro do dilema em si.
Qualquer afirmação nesse molde será indubitavelmente correta somente no que se refere a um dilema que impeça a contradição. Ou seja, o dilema em si não passa de uma forma de partir do princípio de não contradição, pois uma coisa não pode ser a "única" resposta e não sê-la ao mesmo tempo. O problema então é sair do campo lógico para o campo real ao mesmo tempo que se atribui uma série de peculiaridades a esse X.
Isso foi largamente percebido com relação à aposta de Pascal, e é por isso que ele não convenceu muita gente, e não porque a razão não pode convencer. O problema não é da razão em si, neste caso, mas porque o argumento é racionalmente falho. E o é porque embora seja legítimo estabelecer qualquer dilema logicamente, nada nos garante que este dilema tenha que ser aplicável ao mundo real, e muito menos que o possa ser de apenas uma única forma.
Eu posso afirmar logicamente que ou vivemos numa Matrix ou não, e so existem duas possibilidade mutuamente exclusivas neste dilema. Mas isso não significa que em nosso mundo real haja de fato 50% de possibilidade para cada uma. Ou existe um elefante cor-de-rosa voador ou não. Mas isso não faz com que tenhamos 50% de chance de encontrar um. Portanto, mesmo que seu dilema esteja certo, nada garante uma probabilidade de Jesus ser mesmo o único caminho. Ela poderia ser de 99,999... a 0,00001... por cento. A não se, é claro, que você admita uma esquematização de possibilidade, aplicando para cada uma um valor correspondente.
Se só tivéssemo duas, e somente duas, possibilidades pensáveis, daria até para considerar plausível sustentar 50%...
...de possibilidade, mas podemos pensar em diversos outros. Ou a reencarnação existe ou não, ou Maomé está correto ou não, ou os Judeus estão certos, é Jesus não é o filho de Deus, ou não. Qual desses dilemas é mais provável?
Além do mais, o fato de um dilema ser logicamente correto não implica ser conceitualmente correto a nível interno. Seria possível que Jesus de fato fosse o único caminho, mas que houvesse uma série de sutilezas em seus atributos que não as comumente supostas. Talvez o caminho em si seja simbólico, como por exemplo, seguir o caminho de Jesus seja, no fundo, nada mais do que assumir um conduta pessoal digna. E nesse caso você teria budistas, ateus ou gnósticos que seriam muito mais "cristãos", do que muitos assumidos cristãos por aí. E possível também, que mesmo numa intepretação mais literal, esse único caminho não requeira que se professe uma vocação de fé específica. Aliás isso é até bastante defensável em termos evangélicos.
Mas a meu ver, o maior problema da aposta de Pascal e similares, e que no fundo não passam de mais um lamentável terrorismo conceitual. São argumentos que visam convencer pelo medo e ameaça, e que no rol das falácias recebem o nome de Ad Baculum. Nós poderíamos até supor que apesar de todas as possibilidades de dilemas, essa é a que mais polariza a recompensa e prejuízo. Ora, acreditar em Buda, Guru Nanak ou Yoda, ainda que logicamente plausíveis, não implicam numa recompensa tão grande, nem numa punição tão grande, e assim, seria mais prudente seguir de acordo com o dilema mais severo, pois como o próprio espiritismo sugere, poderia haver uma atrao evolutivo em crer nesse dilema, ou umas reencarnações a mais, mas isso nada é comparadao ao risco de sofrer perpetuamente no inferno.
Ou seja, trata-se da mais absoluta perversão da religiosidade, pois o critério final que está sendo usado é o nível da crueldade da punição, quanto mais cruel ela for, então mais apelo tem o dilema.
Poderíamos então articular o seguinte: Ou o Deus Baal é o único caminho ou não. Até aí tudo bem, mas então empurramos que quem não aceitar o Deus Baal, não só vai sofrer perpetuamente, como arrastará toda a sua família, inclusive filhos, para serem torturados por toda a eternidade das piores formas concebíveis diante dos olhos do descrente. Pior, podemos dizer que se somente uma única pessoa viva na Terra não for um seguidor do Deus Baal, todo o Universo será condenado, o que exigiria que seus asseclas persigam e convertam ou matem todos os infiéis.
Diante de uma possibilidade destas, o dilema estilo Pascal é bem menos grave, então, por via das dúvidas, vamos crer no Deus Baal? É esse o critério da religiosidade? Escolher sempre a mais metafisicamente brutal?
Não é atoa que haja uma trilha tão sangrente deixada pelo cristianismo ao longo da história, pois de fato, esse pensamento realmente pautou a imaginação de muitos fiéis, que por medo, preferiram acreditar. E o medo não é só o assassino da Mente, e também o assassino de toda virtude e toda justiça. Somente o medo pode nublar a racionalidade a ponto de se aceitar dilemas terríveis como demonstações inequívocas de verdade.
Quanto ao demais conteúdo de sua mensagem, não vou me alongar muito, a não ser mostrar a óbvia contradição incorrida na frase: De acordo com a Bíblia não há como dizer “Senhor Jesus” ou “Jesus Cristo é o Senhor” sem ser através do Espírito Santo (1 Co 12:3). Então se você quiser REALMENTE comprovar se o que a Sagrada Escritura diz é verdade ou mentira diga em voz audível: Jesus Cristo é o Senhor!
Putz! Isso deve ser brincadeira, pois se não há como dizer “Jesus Cristo é o Senhor” e similares sem ser através do Espírito Santo, só posso admitir que isto seja dizer num sentido íntimamente legítimo, pois qualquer psicopata assassino sanguinário, com um mínimo de cinismo, obviamente consegue pronunciar essa frase em voz alta. Sendo assim, não é questão de ser capaz de dizer, mas sim de dizer de uma forma sincera, que em geral não pode ser distinguida pelas outras pessoas.
Acontece que estar investido do Espírito Santo, nesse caso, evidentemente implicaria em aceitar a Bíblia! Acreditando em tudo o que ela diz! Um argumento mais circular que esse é impossível!
Em resumo, dá-lhe Calvino. Que tem o mérito de ser o articulador do argumento de que somente por meio do Espírito Santo é possível entender a Bíblia, o que fatalmente nos leva à questão da Predestinação. E pouco muda dizer que é uma questão de invocar o Espírito Santo, pois nenhuma pessoa que não esteja sinceramente disposta a ser um crente jamais conseguirá fazer essa invocação de modo autêntico. Por outro lado, abundam relatos de crentes que diziam que a graça de Deus não lhes foi dada, mas sim irresistivelmente imposta. Calvino de novo.
Sem o Espírito Santo, eu nunca vou poder "saber" que a Bíblia está correta, mas se eu estiver com o Espírito Santo, eu nunca acharei que a Bíblia está errada. Portanto não tem nada haver com querer comprovar ou não. É simplesmente aceitar ou não, sem nenhum tipo de comprovação.
E no que se refere à comprovação do que quer seja, a começar por milagres. Evidências médicas tais como radiografias e laudos de antes e depois, como no caso no nosso amigo que teve a perna recuperada, já seria um bom começo. Você tem acesso a essas evidências?
Mais do que ninguém você deveria saber porque a questão destas curas milagrosas tem me afetado tanto, pois se você realmente tem acesso a isso, deve saber que em minha família, estamos precisando de um milagre urgentemente.
E muitas pessoas da nossa família já acreditam, e algumas certamente passariam a acreditar. Eu próprio acreditaria. Infelizmente a desculpa a respeito da insuficiência do milagre para convencer o descrente parece sempre ser invocada. Que esses milagres divinos sejam puramente condicionais, cobrem o preço da consciência, eu estaria disposto a pagar.
Esperançosamente
1 de Setembro de 2006
   
           Sergio Guimarães Hallais  -  Rio de Janeiro-RJ
1951  -  Tecnico em eletrônica, Empresário.
510 , 524

      e l a o i g r e s       h o t m a i l . c o m
Saudaçõe Marcus Valerio XR!
A percepção humana, ou melhor, a capacidade cognitiva do hunano esta intimamente ligada com a própria evolução do ser. Entendo que a possibilidade de compreesão do universo é tão real quanto a própria consciência no ser da sua existência. Não podemos negar a matéria pois tropeçamos nela o tempo todo. O medo humano é compeensível pois ele nos deixa alerta diante do desconhecido ou pode nos fazer perder o equilibrio devido a sua natureza quimica.
Em sua última resposta você me questionou se já me imaginei não existindo e respondo que passo por essa experiência sempre que estou dormindo. Não existir como ser humano é não ter consciência de nada, não sentir nada, embora, ao morrer (sem consciência, sem sentido), a matéria do meu corpo não desaparecerá do universo, apenas não estará arranjada e organizada formando o que hoje é o meu corpo, consequentemente o meu eu não existirá, e daí? e daí nada, a matéria se organizou no eu através de um processo em evolução e nesse processo não sou eternos e sim evoluindo no tempo. Não o meu eu e sim o processo é que evolue. Somos simples receptáculos transportadores de "inteligência evoluindo". Ser eterno é não evoluir, "tempo e morte" é o segredo da evolução.
Pagamos pelos nossos erros durante a nossa existência e não após a nossa morte.Todos nos deveríamos ter uma vida boa e usufruirmos dos avancos tecnológicos; para cada sentimento humano bom temos sua recíproca ruim, o amor e o odio, o prazer e a dor, a compreensão e a intolerância, e assim por diante... deveríamos exercitar o lado bom em prol de uma vida melhor e princialmente de um objetivo maior. O crivo da evolução não adimite erros, por isso ela é inteligente e se somos receptáculos inadequados ela nos eliminará fria e calculista.
Por enquanto aceito a energia como eterna, o eu humano almejar a imortalidade é muita pretenção para uma espécie que acredito não ter muitas chancer de ir alem do quintal da sua casa no universo. Não sou uma pessoa pessimista mais a realidade da sociedade humana me parece sem um futuro brilhante. Estamos a um passo de uma guerra, não um confronto entre nações mas uma batalha envolvendo oprimidos e opressore em todos os níveis da escala social. Não estou fazendo a releitura profética da biblia pois nem mesmo tenho religião.
A realidade humana mostra uma terra exaurida e cada vez mais poluida. É essa "inteligência" que pretende viajar no cosmos, fazer contato com outras civilizações? Acho difícil. A fome no mundo vai nos fazer volta aos primórdios da nossa civilização. É o crescimento desordenado causado pelos interesses econômicos que cegam os políticos no mundo e a natureza é bem simples, aqui se faz aqui se paga.
Percebo que você tem um grande interesse em ficção. A diferença entre ilusão e realidade é diretamente proporcional ao conhecimento armazenado sobre a matéria pois conhecer a matéria é realidade e tudo o mais é sonho.
Recuperar o tempo perdido é tão impossível como voltar no tempo. O que fazemos na realidade é tornar nossas ações mais eficientes, na continuidade do nosso tempo, para atingirmos os nossos objetivos praticos até então não realizados.
Só podemos perceber o tempo pela transformação da matéria(energia) e para voltarmos no tempo teriamos que fazer todos os fenômenos físicos e quimicos passarem a ocorrer ao contrario. Por exemplo a luz(ondas eletromagnéticas) viria do espaço e terminaria na fonte de origem.
Existe sim distorções temporais no universo, porem o máximo que poderíamos experimentar seria ficarmos mais lentos no tempo em relação aos outros em outro ponto do universo. Isso seria considerado uma viagem para o futuro.
Enfim o presente é onde estão todas as particulas do universo no tempo '0' , o passado é onde estavam todas as particulas num tempo infinitamente anterior a '0' e o futuro é onde estarão todas as particulas num tempo infinitamente posterior a '0'.
Lembro que li certa vez, não recordo o livro, a seguinte frase "O medo é sombra alongada da ignorância". E essa é minha "A realidade é muito mais emocionante do que qualquer sonho que o homem possa imaginar".
Ate breve.
Sergio Guimarães Hallais.
Sábado, 26 de Agosto de 2006
Olá Sérgio. Seja bem vindo de volta a meu site.
Notei que tem estado atento às dicussões em especial às recentes mensagens sobre Viagens no Tempo, 561 e 563, que explicam porque concordo com sua opinião sobre o Tempo.
Quanto a suas opiniões sobre a existência e a matéria, primeiro eu devo recomendar que veja meus textos sobre meu conceito de Meta-Continuidade Mental, em Projeto MCM e MCM1-FEDON. Mas de qualquer modo, não me privarei de abordar algumas de suas colocações desde já.
Quanto ao Materialismo, em concordo em parte a respeito da negação da matéria. O que de fato não podemos negar é que temos uma clara experiência da matéria, em filosofia, neste caso, chamada Fenômeno. Sendo assim, é impossível negar que estamos sempre a interagir, ou como você colocou "tropeçar", no fenômeno que chamamos de matéria. No entanto, uma coisa é admitir esse fenômeno, outro é se pronunciar a respeito de sua natureza essencial.
O fato de termos uma experiência com algo não garante que possamos dizer algo de objetivo a respeito da natureza deste algo. Exemplo. Você avistou no céu algo aparentemente absurdo, digamos, uma objeto enorme se movendo a uma velocidade estupenda e fazendo manobras fisicamente impossíveis. Qual a natureza desse avistamento. Uma alucinação? Um ilusão de ótica? Uma nova e revolucionária tecnologia terrestre? Um artefato de tecnologia extraterrestre? Um milagre? Suponhamos que não seja possível descobrir o que de fato ocorreu, e assim, você não sabe qual a natureza por trás desse acontecimento, mas uma coisa é certa, você teve a sensação de avistar algo, você teve um fenômeno.
O mesmo ocorre com a matéria, o fato de "tropeçarmos" nela não significa que ele possua a natureza que supomos ter. Durante muitos anos a humanidade avistou astros todos o dias, e supos coisas sobre sua existência, como por exemplo que ficavam fixos em esferas invisíveis que giravam em torno da Terra. Hoje, podemos ter um fenômeno de aparência material, mas seria ele constituído pelas partículas de nosso atual modelo atômico? Ou seriam super cordas? Ou se levarmos em consideração o filme The Matrix, todo aquele mundo no qual o humanos adormecidos viviam, de um certo modo, existe. As sensações, experiências vividas, são, fenomenicamente reais, porém eram de uma natureza digital, e não material.
Nada nos garante que algo similar não ocorra com nosso caso, sendo assim, não podemos ter certeza da existência concreta da matéria. Aliás, não podemos ter certeza de que exista qualquer coisa independente da mente, que é essencial para existência do fenômeno.
Se existe um sujeito que percebe um objeto, temos um fenômeno, porém o objeto pode não existir isoladamente, pois podemos, ter um sonho ou uma ilusão. No entanto, é impossível, por definição, existir fenômeno sem sujeito, que no caso prefiro chamar de Mente. Isso, no meu sistema, garante a existência mental.
Agora pense bem, se temos uma mente, temos uma existência. Somos antes de tudo existência. Você me disse que passa pela experiência de não existir, mas eu digo que houve uma má intepretação de minha pergunta. Você não "experimentou" essa não-existência, você quando dorme em geral sonha, e quando não sonha, não pensa, não sente, então nada é percebido por você, e aí sim, naquele momento você não existiria. Só que você NÃO PERCEBE essa não existência. Pacientes submetidos a anestesia profunda, ou em estado de coma profundo, não experimentam essa inconsciência. Ao despertar, é como se tempo algum tivesse passado. Você precisa de informações externas para saber que ficou inconsciente por tal tempo.
Vamos supor que você passasse por um período destes, em total inconsciência, mas ao acordar ninguém lhe dissesse, nem lhe deixasse saber, quanto tempo você esteve a dormir. Como você saberia? Se recorresse a sensações de seu próprio corpo, isso já seria uma informação externa, quer dizer, externa à sua mente. Somente o testemunho do mundo nos permite supor que deixamos de existir por algum tempo. Somente o testemunho do mundo permite supormos que antes de nascermos, não existíamos, pois subjetivamente a única coisa que temos uma amnésia a respeito de um passado longínguo, mas isso não garante que de fato não tenhámos existido.
Assim, somente o testemunho do mundo, mediante uma Indução-Hipotética, nos permite supor que um dia deixaremos de existir. Partindo de duas premissas, a de que quando o corpo humano falece, a mente deixa de existir, e a de que o mesmo acontecerá conosco. Mas absolutamente NADA pode nos garantir a validade destas premissas. A idéia de que deixaremos de existir é nada mais que uma hipótese!
Daí, temos o dilema entre a certeza da existência, e a incerteza da não existência, que se funda num fenômeno cuja natureza fundamental é incerta. Você pode ter milhares de argumentos de ordem científica e experiencial, mas nada mudará o fato de que todos eles são baseados na suposição de que a natureza do fenômeno é material, e de acordo com o que nos diz nosso conhecimento sobre o mundo. Nada disso, porém, é seguro, e para demonstrar isso, só preciso perguntar: Que prova você pode me dar de que eu não estou, nesse exato momento, sonhando? Que prova você pode dar, de que você mesmo não está sonhando?
Paro por aqui, acrescentando só que prefiro evitar o termo Eterno, que pressupõe não movimento, e usar apenas o termo Perpétuo, que aceita movimento ainda que infinito. Também não me comprometo com imortalidade ou tal e qual possibilidade meta-existencial, apenas advogo que não temos nenhuma razão objetiva para crer que deixaremos de existir no momento daquilo que chamamos de morte. Mas podemos discutir isso.
Amigavelmente
28 de Agosto de 2006
   
          Paulo Cesar Tenorio Cavalcanti - 1965 - Taguatinga-DF
          Servidor Público - Espírita (logo, Cristão)
       234 248 300 313 320 349 371 420 427 476 480 483 490 495 559

          j a s p h       i g . c o m . b r
Marcus, tenho ressalvas a te fazer. Tu deste início às minhas colocações quanto à Ressurreição, da seguinte forma:
Notei que tem acompanhado as questões relativas a Ressurreição, provavelmente na discussão iniciada na Mensagem 514. Você será muito bem vindo neste debate, mas advirto que terá que se preparar para lidar com argumentos bem fortes, portanto, devo já advertir sobre alguns problemas de suas colocações.
A maioria das Bíblias passa por apenas UMA tradução para o nosso idioma. Elas são traduzidas direto do grego koiné [Novo Testamento], e Aramaico / Hebráico [Velho Testamento], e nas versões católicas também o Copta. A idéia de que o sentido da Bíblia tenha se perdido em diversas traduções não tem nenhum fundamento.
Primeiro do que tudo Marcus, não tenho interesse em debater, pois não quero forçar ninguém a acreditar no que eu acredito, prefiro dar-lhe uma explanação do que realmente a Doutrina Espírita tem a mostrar para a humanidade. Pois como já dizia o próprio Cristo: Ouça quem tem ouvidos para ouvir. Quanto ao que me referi no teu site, é que há traduções diferenciadas nas próprias bíblias para o idioma português, portanto, não falei que o sentido da Bíblia tenha se perdido, portanto, vou somente te mostrar 02 (dois) exemplos de trechos bíblicos ( poderia mostrar-lhe centenas deles ), pois, mudando de tradutor, modifica-se o sentido. Repito, o sentido da Bíblia não se perdeu, cabe a nós assimilarmos o que de bom tem.
Exemplos: 1º - QUANDO O HOMEM MORRE UMA VEZ, E SEU CORPO , SEPARADO DO ESPÍRITO, É CONSUMIDO, EM QUE SE TORNA ELE? TENDO O HOMEM MORRIDO UMA VEZ, PODERIA ELE REVIVER DE NOVO? NESTA GUERRA EM QUE ME ENCONTRO, TODOS OS DIAS DE MINHA VIDA, ESTOU ESPERANDO QUE CHEGUE A MINHA MUTAÇÃO (JO, XIV:10-14, SEGUNDO A TRADUÇÃO DE SACY) QUANDO O HOMEM MORRE, PERDE TODA A SUA FORÇA E EXPIRA: DEPOIS ONDE ESTÁ ELE? SE O HOMEM MORRE, TORNARÁ A VIVER? ESPERAREI TODOS OS DIAS DE MEU COMBATE, ATÉ QUE CHEGUE A MINHA TRANSFORMAÇÃO? (TRADUÇÃO PROTESTANTE DE OSTERWALD)
QUANDO O HOMEM ESTÁ MORTO, VIVE SEMPRE; FINDANDO-SE OS DIAS DA MINHA EXISTÊNCIA TERRESTRE, ESPERAREI, PORQUE A ELA VOLTAREI NOVAMENTE (Id. VERSÃO DA IGREJA GREGA).
2º - O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ. DEITAR-ME FAZ EM VERDES PASTOS, GUIA-ME MANSAMENTE A ÁGUAS TRANQUILAS. REFRIGERA MINHA ALMA; GUIA-ME POR VEREDAS DE JUSTIÇA, POR AMOR DE SEU NOME. (SALMO 23 – BÍBLIA DE JERUSALÉM)
IAHVÉH É MEU PASTOR, NADA DE FALTARÁ. EM VERDES PASTAGENS ME FAZ DESCANSAR. PARA A TRANQUILIDADE DAS ÁGUAS ME CONDUZ. FAZ MEU ESPÍRITO VOLTAR OU RETORNAR, E ME GUIA POR CAMINHOS JUSTOS, POR CAUSA DE SEU NOME (SALMO 23 – TRADUÇÃO CORRETA DO TEXTO HEBRAICO - OBS. Infelizmente tal tradução que é a real, não aparece nas traduções existentes. Do livro: “Analisando as traduções bíblicas”, de Severino Celestino da Silva. Tradutor para o português, o israelense GAD AZARIA – revisão dos textos em hebraico.)
A ressurreição não costuma ser entendida como recomposição do corpo original. Somente pessoas totalmente desinformadas pensam isso. Um leitura simples no NT mostra que se trata de um novo corpo, um Corpo Glorioso, bastante superior ao original e constituído de elementos diferentes, com bem mostra o capítulo I Coríntios 15 mostra claramente.
Somente tu Marcus é que achas que o religioso, que tem fé “cega”, não pensa que vai voltar com seu corpo carnal, original. É óbvio que a grande maioria dos religiosos evangélicos e certa parcela de católicos, crêem na ressurreição do corpo carnal, com é hoje. É incrível mas é verdade.
E é aqui que estão os problemas, sendo claro que o corpo glorioso é diferente do físico, é de fato bem possível que seja um tipo de corpo menos denso e com propriedades similares ao dito espiritual. Só que utilizar isto para defender a idéia da reencarnação esbarra com dois problemas sérios:
Não falei Marcus em Reencarnação, mas sim na Ressurreição do Espírito.
1-Paulo não fala em nenhuma ressurreição no mundo espiritual, mas sim no nosso mundo futuro, e como exemplo fala sobre cristo que ressuscitou aqui neste mundo. Não há a menor dúvida de que a ressurreição de cristo citada na Bíblia tenha sido física, ainda que com um corpo glorioso, tratando-se de um corpo que pode mesmo ser tocado por uma pessoa normal, como Tomé.
Marcus, o espírito pode se materializar e que qualquer pessoa pode tocá-lo. Grandes cientistas já o fizeram isso (Gustave Geley, Crokes, Charles Richet .....). Aí tu me perguntas, e hoje, por que não há mais materializações? Questões espirituais são independentes de nossos desejos. É necessário pois, grandes médiuns específicos, no caso de materializações de espíritos. Quanto a Jesus, é bem lógico acreditar que apareceu com seu corpo espiritual, pois, como consta na Bíblia, ele apareceu em salas fechadas, e teve casos que ainda não foi reconhecido como o Jesus, que esteve encarnado. Observe: (João 20,14-16) (João 20,19)
Já te foi explicado, tal princípio. Acho pouquíssimo provável que tenha sido física, carnal a Ressurreição do Cristo.
2-Fica uma dúvida sobre o que seria a ressurreição nesta interpretação: a passagem para o mundo espiritual ou a reencarnação?
3-No espiritismo a reencarnação é em quantidade indefinida, já a noção de ressurreição bíblica não dá nenhuma...
Continuação da Mensagem - Segunda Parte
...sugestão de que haveria mais de uma, mesmo porque uma vez ressurecto, o corpo glorioso é imortal. Sendo assim, embora haja elementos de compatibilidade entre a bíblia e a doutrina de Kardec, continuo sendo muito cético com relação a idéia de que a ver reencarnação na bíblia seja uma boa interpretação.
Não estou me referindo em Reencarnação, mas sim, na Ressurreição mesmo. O Espiritismo explica uma forma de Ressurreição, mas, do Espírito. Digo, o juízo final, que seria a libertação do Espírito de reencarnar neste planeta, para mundos melhores ou mesmo dimensões superiores. Isto são hipóteses que poderão existir. Já a Reencarnação, está implícita na Bíblia, mesmo com somente 04 evangelhos no Novo Testamento, deixado pela Igreja Romana. (se alguns evangelhos apócrifos(ocultos) fossem admitidos pela igreja, o ensinamento da reencarnação seria explícito e que ninguém, acho eu, teria mais dúvidas de sua existência)
Por fim, muito obrigado pelos links, mas recomendo cuidado com esse conceito de ciência "ortodoxa". No que se refere a idéia de uma ciência acadêmica, mundialmente organizada e coesa, advirto que não compartilha dessas conceitos convergentes com a doutrina espírita. um ou outro cientista talvez, mas num nível mais abrangente, não. No mais, obrigado pela mensagem e será um prazer contar com sua participação. É preciso tomar cuidado com o que é ciência e o que é paraciência, ou pseudociência.
Já ser conhecida como paraciência, é portanto, um grande intento. Somente queria acrescentar ao ilustre filósofo Marcus Valério, o seguinte: Durante milênios a humanidade ficou presa a quatro elemento da criação definidos por Aristóteles (384 – 322 a.C.) fogo, água, terra e ar. Entretanto, há 2.500 anos, Leocipo ( 480 – 420 a.C.) e seu discípulo Demócrito (aproximadamente 460 – 370 a. C.) já tinham inferido e provado a existência mínima de matéria: o átomo. Apesar da avançada conclusão desses dois gênios da antiguidade grega, muitos estudiosos demoraram cerca de 2.500 anos, atados aos ensinamentos aristotélicos.
Portanto, como já dizia Leibnitz (1646 – 1716) tinha razão, Natura non facit saltum, isto é, a natureza não dá saltos. Obs. Para finalizar, queria mais uma vez te esclarecer e acho que tu sabes; o espiritismo não prega e não crê em milagres. Todas as curas feitas por Jesus e as espirituais são dentro do contexto científico. Se por algum momento a ciência não explica certos fatos de curas existentes no meio espírita e conseqüentemente na própria Bíblia, é somente por falta de conhecimento a tal matéria e não por um suposto milagre. O espiritismo afirma que Deus não usa de milagres, pois suas leis são perfeitas e imutáveis, portanto, cabe a nós estudá-las para compreendê-las, mesmo que tenhamos de pesquisar por milhares e milhares de anos......Quanto à maioria dos cientistas atuais, queria apenas acrescentar que em matéria de espiritualidade, eles são totalmente leigos no assunto, as universidades onde estudaram e conseqüentemente adquiriram conhecimentos, foram e ainda são, totalmente frias e insensíveis às questões extrafísicas.
No entanto, se nós pararmos para pensar um pouco, iremos notar que as coisas estão mudando, é só termos bons olhos para enxergar. Logo, “A natureza não dá saltos”
Para finalizar, todos os livros sagrados da humanidade são racionais e científicos, sim, o que muitas vezes os torna sem lógica, são interpretações parciais da própria humanidade, que é imperfeita.
Muito Obrigado
Abraços De Paulo César - DF
Terça, 15 de Agosto de 2006
Caro Paulo...
Mais uma vez obrigado por sua participação e pela boa vontade em expor seus pontos de vista. Quanto ao debate em si, não vejo motivo para preocupação. Não se trata de tentar forçar os outros a aceitar nossa opinião, mas sim de tentar convencer os outros de que nossa opinião TAMBÉM é válida. Ao menos é assim que penso.
Não nutro ilusões de que convencerei a maioria das pessoas com as quais discuto certos temas polêmicos, mas quero frisar que há formas alternativas de pensamento que merecem ser respeitadas. A não ser é claro quando o que está em jogo é alguma inverdade ou desonestidade flagrante, o que de certo não é o caso aqui.
Desculpe ter interpretado mal sua questão sobre as traduções, e agora concordo integralmente com você. Embora o sentido original tenha se mantido, as diversas versões da bíblia, traduzidas por pessoas diferentes, causam bastante confusão. Eu também conheço muitos outros exemplos bastante problemáticos, e por isso que na dúvida sempre prefiro recorrer à Bíblia João Ferreira de Almeida, que me parece uma das poucas a, em português, reunir popularidade, seriedade e competência. Mas muitas vezes acabo recorrendo à King Jame Bible, em inglês, fazendo largo uso de tradutores on-line do grego e do hebráico. É a única forma de minimizar os problemas de tradução.
Sobre a Ressurreição, é minha vez de tentar me fazer entender melhor. Quando falei sobre o que se entende sobre ressurreição, Mensagem 559, eu exclui essas pessoas de "fé cega". São essas as desinformadas de que falei. Eu quis dizer que quem entende alguma coisa de Ressurreição, isto é, o básico, sabe que a ressurreição não se dará no mesmo corpo decomposto.
Sobre o Corpo Glorioso, é possível interpretar de outras...
...formas. Mas o que quero insistir é que afirmar que o Corpo Glorioso é Físico, não significa que ele seja carnal. Ele pode ser constiuído de um outro tipo de matéria, ou mesmo de energia. Eu até apostaria em algum tipo de "fotoplasma", mas isso ainda é físico. Pode ser visto pelos olhos, tocado pelas mãos, até ser filmado e detectado por instrumentos. É bem diferente de um "corpo espiritual", que seria muito mais sutil e perceptível somente por sentidos superiores, ou outros recursos muito mais específicos.
O Corpo Glorioso seria então uma nova versão de nosso corpo físico. Imagine um corpo que não é vulnerável a doenças, ferimentos ou envelhecimento. Que tem propriedades energéticas capazes de distorcer tempo e espaço, vencer a gravidade, ou mesmo penetrar estruturas sólidas. Isso tudo seria muito impressionante, mas nada impede que tudo isso ainda seja físico.
Você mesmo falou em materialização. Ora, a materialização nada mais seria do que um a ação de um espírito muito evoluído condensar energia física suficiente para se solidificar e nível material, e então, o resultado final seria físico, mas certamente seria de uma constituição bem distinta dos corpos físicos comuns a que estamos acostumados. Só creio que o Corpo Glorioso bíblico deve ser mais estável e denso do que o resultade de uma materialização em termos que é comum ouvir no espiritismo.
Sou muito cético com relação a idéia de que a Bíblia contenha a idéia de reencarnação. Ela poderia estar implícita, como outras coisas, como o Livre-Arbítiro também, estariam. O problema é que me parece difícil conciliar a doutrina da Ressurreição com a da reencarnação. Kardec criou uma interpretação bastante coerente, mas as interpretações teológicas tradicionais também são muito consistentes.
Por fim, devo, na condição de filósofo, fazer algumas observações sobre seus comentários últimos.
A doutrina dos 4 elementos não é bem atribuída a Aristóteles. Na realidade, desde Tales de Mileto essa doutrina se desenvolve. Este primeiro filósofo estabeleceu a Água como elemento fundamental, já Anaxágoras, propunha o Ar. Para Heráclito, era o Fogo, e emfim para Empédocles, Água, Ar, Fogo e Terra. Este último é, então, o pai da idéia de um universo formado pelos 4 elementos.
Mas a doutrina viria a ser aperfeiçoada posteriormente, principalmente por Platão, que em sua obra, o Timeu, chega até mesmo a estabelecer como seriam as "partículas" de cada elemento, misturando um pouco as idéias atomistas. Platão, porém, introduz um Quinto elemento, que seria relativo à Alma, Formas Perenes e etc.
Aristóteles dá bem menos ênfase aos 4 elementos do que Platão, e para ele, o Quinto elemento é o Éter, que compõe os astros e tudo o que exista na esfera supralunar, ou seja, acima da Lua. Ele certamente compartilha da doutrina, mas isso fica em segundo plano devido a ênfase de sua Física em outras questões. Ou seja, a doutrina dos 4 elementos se estabeleceu no nosso imaginário muitos mais devido a outros pensadores. A física Aristotélica, que passou a dominar a partir do século XIII, tem pouco a este respeito.
Fica para uma outra oportunidade uma discussão que parece latente entre nós, que diz respeito a "Imagens" de Natureza e de Ciência. É comum haver muitos debates que no fundo acontecem apenas porque as partes tem diferentes formas de entender o que é a natureza e a ciência.
Espero poder contar com outras mensagens suas, e sempre um prazer recebê-lo.

Amigavelmente

23 de Agosto de 2006
   
          Carlos Rogério Santana - 1965 - Goiânia-GO
          Engenheiro Civil


r o g e r i o . 1 9 6 5       u o l . c o m . b r      
Caro Marcus Valério,
Parabéns por seu site, por suas brilhantes idéias e também pela competente maneira com que você as expõe.
Gostaria de trocar com você, algumas idéias sobre o tema: viagem ao passado.
Na Filosofia EXERIANA existe o conceito de UNIVERSO constituído por infinitos universos, no qual seria possível voltar ao passado, viajando-se de um universo para outro. Contudo isto não significaria exatamente viajar no tempo, pois neste caso seria um deslocamento interdimensional e não temporal.
Para começarmos a pensar em viagens no tempo gostaria de frisar que, como demonstrado por Einstein, o tempo por si só não existe.
Para que a idéia de tempo tenha sentido, precisamos considerar a ocorrência de eventos que possam servir de referenciais.
Por exemplo, a datação de objetos antigos pelo método do carbono 14, é obtida aferindo-se o percentual degradado deste isótopo, na amostra avaliada.
Temos também a própria definição de tempo, que no Sistema Internacional de medidas é o seguinte:
1 segundo = 9.192.631.770 períodos da radiação característica do elemento Césio 133.
Portanto voltar no tempo é fazer com que os eventos ocorridos no período da vigem, voltem a acontecer, porém numa ordem inversa. Não é simplesmente regredir numa linha imaginária, significa sim, inverter todas as leis do universo, inclusive é claro, a própria lei da causa e efeito.
Todos os processos físicos, químicos, biológicos, etc, teriam que ocorrer do final para o início, durante a sua viagem temporal e a partir de sua chegada no passado tudo voltaria se desencadear normalmente!
E não bastaria os processos se reverterem, teria ainda que haver uma memória em cada partícula para que ela voltasse exatamente pelo caminho que ela havia feito, no período da viagem temporal.
Por exemplo, não bastaria que a chama de um palito de fósforo passasse a capturar o CO2 do ar e o transformasse em celulose, mas teria que ser cada partícula capturada na exata e inversa ordem que foi lançada e recolocada na sua posição original na madeira do palito.
Como conseqüência da viajem, o universo jamais retornaria à mesma situação em que se encontrava no momento de sua partida, devido à presença perturbadora do viajante, ou seja à, partir dali seria um novo universo que teria acabado de ser recriado!
Para se viajar ao passado, seria necessário um poder incomensurável e que teria que se propagar por todo o universo.
Mas por um momento vamos expandir ao máximo nossas mentes e aceitar que a viagem ao passado possa de alguma forma ser possível.
Imaginemos também que existam vários viajantes no tempo, cada um indo para diferentes pontos no passado.
Para que isso possa acontecer o universo teria que passar a ter diversas realidades paralelas distintas ou diversos novos universos seriam criados, o que se tornaria novamente uma viagem dimensional e não temporal.
Por isso não consigo aceitar a idéia de viagem ao passado.
Um abraço.
Rogério.
Segunda, 17 de Julho de 2006
Olá Rogério...

Devo não só agradecer por sua mensagem, como parabenizá-lo pela exposição. Você disse de uma forma mais direta e clara algo que eu usei como premissa na Mensagem 561, mas só explicitei brevemento ao final.

Concordo com você. Acho que literalmente não existe um passado como algo a ser atingido. O Universo teria que ter uma memória completa de todas as posições de cada partícula, ou uma cópia de cada universo para cada, digamos, instante quântico. De fato, a única forma de viabilizar isso racionalmente seria com infinitos universos.

Santo Agostinho, no Século III DeC, já havia levantado a hipótese de que o tempo seria de natureza psicológica. Isso não quer dizer que não haja um tempo físico, de fato há, mas a idéia de que temos de passado e futuro como domínios "espacialmente" separados pode muito bem ser ilusória. O passado nada mais seria do que todas as configurações materiais, a nível de partículas, que se sucederam antes da configuração atual, e que não se repetem mais. Se de fato fosse possível reconstituir toda a matéria do universo da mesmíssima forma com que ela era, quark por quark, num momento qualquer do passado, de fato voltaríamos a esse passado, mas como isso seria possível se não tivermos como guardar detalhadamente a informação desta configuração?

Porque temos essa idéia fixa de que existe um tipo de registro preciso do passado, como se este fosse armazenado tal qual os quadros de um filme?

De qualquer modo, exigiríamos uma armazenamento de informações equivalente à matéria total do universo, bit a bit, para cada quanta de tempo desde seu "início". O equivalente existir esse mesmo número de universos. Somente a idéia de infinitos, ou muitíssimos, universos paralelos, permitiria a idéia de que exista um passado acessível.

Mesmo assim, ainda é algo que precisa ser pensado com mais cuidado, talvez eu termine meu texto VIAGENS NO TEMPO E PARADOXOS TEMPORAIS com alguma idéia parecida.

Mais uma vez obrigado e parabéns.

Amigavelmente

20 de Agosto de 2006
   
           Mara Alice Delfino  -  1961  -  Mandaguaçu-PR
       Educação
       Cristã

m a r a 6 4 - p r o f         h o t m a i l . c o m
Marcus, você acredita que a obra Odisséia de Homero é uma literatura que contém os primórdios da ficção científica?
Obrigada,
Mara.
Sexta, 14 de Julho de 2006
Olá Mara, obrigado por sua mensagem.
Quanto a sua pergunta, minha resposta é não. Segundo meu pensamento em Filosofia da Ficção Científica, considero que a mesma requer o pressuposto da racionalidade no sentido de haver uma explicação coerente para os fenômenos incomuns que retrata. Algo que certamente não ocorre a Homero ou qualquer um de seus contemporâneos.
Nesse sentido, talvez o primeiro indício do que viria a ser FC seja Luciano de Samosáta, um poeta grego de 125-181 DeC, com sua obra "História Verdadeira", que narra uma viagem à Lua. Mas a primeira obra a merecer o título de Ficção Científica, sem maiores dúvidas, é provavelmente Frankestein, de Mary Shelley.
Amigavelmente

19 de Agosto de 2006
   
           Eduardo Torres  -  1958  -  Rio de Janeiro-RJ
      Engenheiro Químico
      arreligioso

d u d u t o r r e s     y a h o o . c o m  
Caro Marcus,
Permita-me alguns comentarios sobre seu artigo
VIAGENS NO TEMPO E PARADOXOS TEMPORAIS
1-A viagem no tempo ao passado e' uma possibilidade teoricamente possivel de acordo com a Teoria da Relatividade Geral, embora a Teoria da Relatividade Especial so' avente a possibilidade de viagem ao futuro via dilatacao do tempo em velocidades proximas aas da luz.
2-Se um fenomeno e' possivel de acordo com uma teoria fisica exaustivamente testada e comprovada, mesmo sendo aparentemente ilogico ou capaz de criar situações ilogicas ou paradoxais, ele nao pode ser considerado impossivel a priori. Temos q considerar a possibilidade de outras logicas. A Mecanica Quantica, por exemplo, ja' mostrou como a filosofia, o bom senso e a logica comum podem nao ser as melhores ferramentas para se conhecer como o universo funciona, e ja' provou que coisas q podem parecer logicamente impossiveis de fato ocorrem. Uma teoria fisica e' mais confiavel que uma teoria filosofica.
3- Se alguém viaja para o passado no objetivo de alterar um evento para mudar o presente, assim que o fizesse o motivo pelo qual se viajou deixaria de existir, e consequentemente a viagem também. Sendo assim, o mínimo que deveria acontecer seria a perda de memória por parte do viajante, ou seu lançamento numa realidade paralela.
Depende. Vc, como leitor de FC, deve estar familiarizado com o conceito de Paradoxo do Deslocamento em Trânsito criado por Robert Silverberg em seu romance O Correio do Tempo (Up the Line). Esse paradoxo propoe que viajantes do tempo em trânsito levam consigo seu próprio tempo - o presente do modo exato que estava no momento de sua viagem -, e não podem ser afetados por alterações da História ocorridas depois de sua partida. Só sofrerão os efeitos dessas alterações quando voltarem à sua matriz temporal, agora modificada.' Se e' assim q funciona a viagem no tempo, enquanto vc estiver no passado, vc continua 'encapsulado' na sua linha de tempo original (LTO), com todas as suas memorias e inafetado pelas mudancas que promoveu. Mas na volta ao presente (o ponto do tempo de onde partiu somado ao tempo 'absoluto' q passou no passado, vc seria 'reincorporado' aa LT, agora mudada devido aa sua acao no passado. Vc viraria outra pessoa com outras memorias, ou desapareceria se ja' morreu ou nunca nasceu na nova LT. Qual a base teorica desse paradoxo? Nao sei. Ninguem sabe como e' uma verdadeira viagem no tempo. Mas e' logicamente concebivel.
4-Assim, tanto os Borgs como a tripulacao da Enterprise podiam voltar ao passado e tentar muda-lo e/ou restaura-lo. Ambos so' sofreriam os efeitos da mudanca/restauracao qdo voltassem ao presente de cada um.
5- Por que os Borgs não tentam de novo? E de novo e de novo? E se viajassem para impedir que os heróis impeçam a mudança no passado? Por que não uma outra viagem para impedir a raiz de todos os problemas? Quando isso pararia?
Nao pararia. Essa e' sempre uma possibilidade se a viagem no tempo e' possivel. Mas pode ser uma pratica arriscada. Voltar ao passado num periodo q vc ja' esta' visitando numa viagem ao passado pode alterar suas proprias acoes passadas, criando duplicatas de vc mesmo. Talvez por isso os viajantes do tempo prefiram viagens mais 'pontuais'. E' especulacao? E', mas de novo logicamente concebivel.
6-Os Borgs ja' tiveram pleno acesso aa tecnologia terrestre na LT em q ela se desenvolveu. Querem ocupar a Terra e todas as colonias p/ assimilar todos os habitantes. Para isso agora precisam alterar a LT p/ evitar q a tecnologia surja. Existe de fato um paradoxo, pois se a tecnologia nunca surgiu os terrestres nunca desenvolveram a dobra espacial e os Borgs nunca souberam de sua existencia. Se o Paradoxo do Deslocamento em Trânsito e' valido, assim q a nave Borg vitoriosa voltasse ao seu presente desapareceria, pois nunca teria viajado p/ a Terra. A historia Borg agora seria outra, numa LT em q nunca encontraram uma nave estelar terrestre.
7- Outro exemplo é o seguinte: Se você viajasse para o passado para impedir uma tragédia e o conseguisse, a tragédia, que é motivo de sua viagem, deixaria de existir, sendo assim sua viagem também.
Nao se e' valido o Paradoxo do Deslocamento em Trânsito. Sua viagem ocorreu. Vc criou outra LT. Depois voltou ao presente, onde foi 'incorporado' na nova LT q vc criou, e na qual agora vc nunca viajou ao passado, pois nao havia motivo p/ isso. Apo's a 'incoporacao', vc so' tem memorias da nova LT. A velha LT agora nunca aconteceu.
8- Pior! Pode ser então que a realidade que vivemos tenha sido alterada infinitas vezes, mas ninguém, nem mesmo os viajantes do tempo responsáveis, saberiam disso.
Verdade. Mas bastaria haver um 'nucleo de controle' no passado pre'-historico, protegido portanto pelo Paradoxo do Deslocamento em Trânsito de todas as mudancas feitas na LT pelos viajantes do tempo. Seria facil reconstruir a LT: Basta impedir q cada viajante do tempo faca uma viagem na qual o 'nucleo de controle' sabe q causara' uma mudanca indesejada da Historia. Essa, alias, e' a base de algumas historias de FC do tipo 'patrulha do tempo'.
9- Outra forma de evitar esse paradoxo é afirmar que os viajantes na verdade passaram para uma dimensão paralela, e dessa forma eles nada mais fizeram do que escolher um Universo alternativo, e tenham se tornado seres multi dimensionais. Mas isso também implica em que para as pessoas que não sejam esses viajantes, as mudanças simplesmente não ocorrem, ou seja, se você viaja no tempo e impede a tragédia, e volta para o seu tempo sem perder a memória, você teria na verdade entrado em um universo alternativo, para o qual...
Continuação da Mensagem - Segunda Parte
... aquela tragédia de fato jamais ocorreu, mas o universo original permanece inalterado.
O problema dessa concepcao e' q ela nega a verdadeira viagem no tempo e a transforma em 'mera' viagem interdimensional.
10- Já uma situação como a ocorrida em filmes como De Volta para o Futuro, é absurda, pois o viajante, Martin McFly, faz alterações drásticas em sua realidade e volta para ela, e ainda que ela não evolvam exatamente a causa da viagem no tempo, elas deveriam estar automaticamente registradas em sua memória, ou aquela realidade para a qual ele voltou já seria um universo alternativo.
Concordo plenamente. A mesma inconsistencia ocorre no final de TimeCop.
11- É claro que essa teoria não salva o paradoxo no filme, pois se é assim, deveria haver um duplo, um outro Martin neste universo paralelo, que evidentemente vive normalmente em sua realidade e que não teria viajado no tempo.
De novo concordo plenamente. E de novo registro q a mesma inconsistencia ocorre no final de TimeCop. Ou o Martin da velha LT se reincorpora aa nova LT e se 'transforma' no novo Martin com todas as suas memorias, ou ele ganha 'vida propria' na nova LT (numa especie de 'eterna protecao' do Paradoxo do Deslocamento em Trânsito). Mas nesse ultimo caso haveria dois Martins na mesma LT: Um q passou a existir qdo a nova LT foi criada pelo velho Martin, e o outro o proprio velho Martin, agora vivendo numa nova LT da qual nao tem nenhuma memoria. As duas opcoes sao auto-consistentes, mas a terceira opcao adotada pelo filme, de haver um velho Martin e ter desaparecido o novo Martin, de fato nao faz muito sentido.
12- Essa teoria abre possibilidade para qualquer tipo de viagem temporal, tornando qualquer possibilidade logicamente possível. É claro que ela acrescenta alguns aspectos perturbadores. A maioria das pessoas tem dificuldade em lidar com a idéia de uma infinitude de possibilidades, mas essa concepção, ou pelo menos a possibilidade de cada viagem ao passado gerar um universo paralelo totalmente novo, me parece a única forma de tornar as viagens para o passado racionalmente viáveis.
Discordo, como expliquei acima. Entendo como mais consistente uma 'regra do jogo' onde uma LT se transforma em outra LT, mas sempre com uma unica LT existindo.
13-A ideia de multiplas LTs paralelas como solucao para os paradoxos temporais, como disse, parece-me inconsistente.
14-E a ideia d q nao se pode mudar o passado tb. Essa tese de q 'tudo esta' escrito' na verdade troca um paradoxo temporal por um paradoxo probabilistico. Explico: Digamos q um viajante do tempo muito teimoso resolva voltar ao passado p/ tentar muda-lo. Digamos salvar Kennedy. Vai falhar. Na ultima hora algo vai acontecer, vai escorregar numa casca de banana, vai ficar preso num elevador. Mas e se continuar a tentar 10, 100, 1000 vezes? Vai *sempre* falhar? Tudo q fizer vai dar errado? Quais as chances disso?
15-Eu escrevi um artigo chamado 'Paradoxos Temporais na Ficcao Cientifica e outro chamado Glossario de Paradoxos Temporais. Comentarios sao bem-vindos.
Sexta, 20 de Julho de 2006
Caro Eduardo...
É um prazer poder dialogar com você em meu site, e publiquei seu ótimo Glossario de Paradoxos Temporais para que fique disponível indefinidamente, podendo, é claro, ser alterado por você a qualquer momento, bastando solicitar.
Ainda que eu nunca tenho dado meu texto Viagens no Tempo e Paradoxos Temporais por concluído, podemos dialogar sobre ele, e isso até mesmo deverá me ajudar a finalizá-lo. Então, vamos.
A primeira coisa que devo afirmar e que não compartilho do entusiasmo científico no que se refere a questões epistemológicas. Embora concorde que um "conhecimento" direto da natureza seja mais adequado no âmbito científico que filosófico, acredito que tal conhecimento seja meramente instrumental, e assim não nos permita uma verdadeira contemplação de como é a natureza em si, se é que ela seja de fato alguma coisa independente da mente.
Assim, fico com uma predisposição contrária a sua no que se refere a aceitar uma visão de universo. A filosofia é mais promissora que a ciência em questões de conhecimento porque ela estabelece as únicas coisas que podem de fato ser conhecidas além de qualquer questionamento, obtidas por meio de uma reflexão subjetiva, resultando num Núcleo Inviolável de Realidade.
Em paralelo, também não concordo que a física quântica nos confronte com a idéia de algo em si irracional, ou com um exemplo factual de uma violação do princípio lógico de não-contradição. O que penso é que nos foi apresentada nada mais que uma versão científica do ceticismo, por meio do princípio da incerteza, mostrando que simplesmente não podemos conhecer plenamente o microcosmo. Ou seja, a física quântica é um golpe duro no Mecanicismo, não na Filosofia em si.
É basicamente por tudo isso que prefiro evitar, em minha obras de Ficção Científica, a temática dos paradoxos temporais em si, pois eles me soam excessivamente poéticos, e como defino ficção científica por meio da Racionalidade, sinto-me pouco a vontade com temáticas irracionais.
Isso não quer dizer que eu não aprecie a temática, só não pretendo lidar com ela. Em minha obras de FC, literalmente, não existe viagem no tempo no sentido de alteração das linhas temporais, embora existam no sentido de grandes deslocamentos espaciais e no sentido de universos paralelos.
Dito isto, deixe comentar sua ótimas observações.
Sobre o Paradoxo do Deslocamento em Trânsito, vejo como uma possibilidade interessante, pois torna a viagem no tempo com alteração do passado, em si, possível. No entanto como resultado final, no caso do viajante voltar à sua LT no presente, teríamos o mesmo resultando da impossibilidade da viagem, ou seja, ao invés de ela simplesmente ser impossível, ela seria possível, mas ninguém jamais saberia, e seria como se nunca tivesse ocorrido.
Isso, é claro, apenas para os que estivessem na LT presente, mas o viajante poderia decidir nunca regressar a sua LT original, vivendo ou outras LT ou num tipo de dimensão paralela. O que acho mais interessante nesta concepção, e que vai de encontro a algumas de minhas idéias, e o fato do viajante "carregar seu próprio tempo". É como se ele estivesse protegido por uma "bolha" temporal que mantém sua história pessoal intacta. Isso se harmoniza com minhas intuições de que, de algum modo, nós de fato geramos nosso próprio tempo, se não como seres físicos, ao menos como entidades mentais. Mais adiante explicarei melhor
Sobre os infinitos Universos Paralelos, não creio que seja uma questão de consistência com relação a uma "regra do jogo" que altera linhas temporais, levando em conta o "tempo protegido" do deslocamento em trânsito. Primeiro devido ao caso de duplos. Se num retorno ao presente após mudar efetivamente o passado, o viajante continuar com a memória da viagem, isso se daria mediante a manter esta "bolha de tempo original" em torno de si. Mas isso de certa forma o manteria à margem de seu próprio tempo original, ele seria uma anomalia, um paradoxo vivo.
Se o mundo mudasse e ele não, haveria um tipo de rompimento existencial entre ele e seu tempo, pois pelo Paradoxo de Causa e Efeito, ele jamais deveria ter viajado, no entanto viajou, eliminou o motivo de sua viagem, mas continua existindo independentemente. Assim, seria como se o tempo se desdobrasse em duas linhas, uma original, que o sustenta como um ser com memórias e história pessoal, e outra modificada, que sustenta a nova realidade.
Essas duas linhas do tempo seriam então dois universos paralelos, o novo, criado pela viagem no tempo. Mas para que esse novo universo seja completo, é necessário que inclua uma nova versão do viajante, que jamais viajou no tempo. Um duplo, resultando no Paradoxo da Duplicação.
Porém não bastaria apenas esse duplo, mas todo um universo com história que sustente sua existência, pois cada um de nós existe graças a todo um universo interconectado de eventos passados. O resultado ao que quero chegar, e que esse surgimento de um novo universo implicaria em dobrar toda a matéria do universo original. Ou seja, um novo universo seria CRIADO, mas de onde? Não seria uma violação do princípio de conservação de massa e energia?
O que me parece é que qualquer alteração no passado obrigatoriamente criaria uma Linha do Tempo Alternativa, o que por si só acabaria por, como você mesmo falou, eliminar a viagem no tempo em si, e torná-la mera viagem interdimensional. No entanto podemos considerar que a única forma de transitar de um universo paralelo a outro seria mediante uma viagem no tempo, o que, para efeitos literários e poéticos, seria praticamente equivalente.
Mas o importante é que mesmo tentando pensar num única LT que seja alterada, a única forma de não entrar em contradição e ao mesmo tempo sustentar uma estória ficcionalmente interessante é apelar para a criação de novas LTAs. Ou seja, a Teoria dos Infinitos Universos Paralelos Potenciais não seria exatamente uma opção, mas na realidade a única.
Ou admitmos a idéia de um passado resistente, que não permite alteração, o problema com isso é que, a não ser nos casos onde toda e qualquer tentativa já está prevista, ocorre uma estranha tensão entre um tipo de pré-determinação, e um mecanismo seletivo de proteção da história que me é difícil ver como não consciente. No exemplo que você citou, a tentativa de impedir o assassinato de Kennedy, o simples fato do viajante chegar ao passado já é uma alteração, mas seria uma alteração permitida, ele poderia fazer tentativas, que também seriam alterações permitidas, inclusive escorregar numa casca de banana, outra alteração permitida. Mas, não conseguiria evitar o assassinato.
Mas a partir de que ponto uma alteração seria permissível ou não? Porque ele poderia escorregar numa casca de banana, causando uma alteração clara no passado, ainda que pequena, mas não poderia fazer algo maior? A exemplo da mais recente versão da Máquina do Tempo, dirigida pelo neto de H.G.Wells, teríamos alguns "eventos principais" que devem ser mantidos, como a morte de alguém, mas não importando de que forma. Alguns eventos seriam protegidos, outros não.
O problema é que pensar assim cria um limiar absoluto e arbitrário entre o que é protegido ou não, e uma descontinuidade difícil de sustentar. Como seria possível promover certos eventos em escala menor que não fossem causar uma reação em cadeia que terminasse numa mudança significativa? E enfim, o quê exatamente promoveria essa seleção de eventos permissíveis ou não? Fica difícil não postular uma entidade intencional que controlasse o tempo.
Por fim, mais uma vez muito obrigado por sua participação e seus textos. Entenda porém que seus glossário é todo relativo aos paradoxos em si, que são exatamente o que afirmo serem impossíveis. Sugiro também que você faça uma esquematização dos paradoxos, pois me parecem que eles podem ser agrupados em categorias, bem como distinguir, como o faz em 'Paradoxos Temporais na Ficcao Cientifica, a "teoria" de cada autor.
Também acho que o Paradoxo LTA termina por ser uma espécie de suporte para diversos outros, tornado-os relativamente plausíveis. Mas de minha parte, prefiro fazer parte do grupo de autores que não mexem com esses paradoxos, e pensar sempre em termos de infinitos universos paralelos.
Estou também, neste exato momento, publicando os primeiros capítulos de minha versão da Máquina do Tempo, onde, evidentemente, não lido com paradoxos, mas onde ocorrerão sim algumas reflexões filosóficas sobre o tempo.
Agora, deixe-em transcrever trechos de uma outra "teoria" minha sobre o Tempo, numa de minhas obras de Ficção Científica, As Senhoras de TERRANIA, onde a feiticeira IANNIE HAIXA, que distorce o tempo explica ao protagonista alguns conceitos. Perceba bem a diferença dada entre 'Tempo' com 'T' maíusculo, e com 't' minúsculo.
Mas o Tempo, nada mais é que uma força. Ela interage na matéria assim como a gravidade, (...) A força fundamental do universo é a força mental. A vontade original, a razão de tudo. (...) A Força Temporal também provém das mentes. De uma forma mais natural e íntima do que as outras, pois não pode ser encontrada facilmente nas partículas que compõem a matéria. Depende muito mais da presença de consciências ativas. Mas ela está em tudo, afeta tudo. Impede o colapso da coexistência de criações que partilhem de uma mesma fonte. Permite que toda a matéria se mantenha temporariamente intacta, sem se confundir com eventos que num plano maior são simultâneos, mas para nós estão em Tempos diferentes.
Tempo e Gravidade seriam então as duas Forças fundamentais do Universo. E como ficaria a relatividade? O Tempo é maleável e elástico.(...) É importante não confundir a força temporal com a ilusão temporal. Uma rotação total de nosso planeta dura um certo tempo, esse tempo não é fixo ou padronizado como pensam a maioria das pessoas. Ele muda, demora mais ou menos. Mas nós criamos o hábito de associá-lo a 10 fases diárias baseadas no INST, que é uma medida referente à queda de uma gota d’água de uma certa altura. Agora observe, se consideramos que a queda desta gota consome sempre o mesmo tempo, acharemos que o fato de as vezes sentirmos que ela parece demorar mais ou menos deve-se ao nosso estado psicológico. Paradoxalmente é verdade, mas esse estado psicológico é que cria o efeito de distorção no fluxo de Tempo. Sem querer nós distorcemos a força temporal constantemente. Ainda que num momento a queda desta gota demorasse 10 vezes mais, nos a consideraríamos um INST. Em resumo, nós baseamos a nossa contagem de Tempo num sistema de padrão totalmente irregular, como se determinássemos uma medida de comprimento baseada numa régua elástica que muda constantemente. Mas quando essa régua muda o objeto que medimos também muda, geralmente na mesma proporção, por isso nunca saberemos que estamos medindo valores diferentes baseados num padrão instável. Por isso temos a ilusão de que o Tempo decorre mais ou menos rápido de acordo com a situação, não é simples ilusão, de certa forma ele decorre mesmo. A grande ilusão são a nossas medidas pseudo padronizadas.
Essas premissas baseiam um tipo de poder mental para alterar o fluxo de tempo. Veja o pêndulo. Ele se move num tempo que seria considerado constante, mas se liberarmos nossa percepção, se derrubarmos nossas barreiras, veremos que cada movimento é único e inigualável, por mais igual que possa parecer. Ao invés de considerarmos que todos os movimentos são iguais, criando uma convincente auto ilusão, podemos perceber que não precisamos nos basear num padrão mecânico, e então sentiremos que podemos fazer que cada movimento do pêndulo dure o quanto nós quisermos, mesmo que para observadores externos ele fique inalterado. (...) É preciso superar essa ilusão, a noção de que o que ainda não vimos está aprisionado num local “futuro”. (...)perceba que o Tempo é criado por nossas próprias mentes, e que temos muito mais poder sobre ele do que pensamos. (...) Perceberá que a relatividade temporal é um caminho para a libertação da mecanicidade do mundo físico. A força temporal é gerada pelas consciências mas seus resíduos se impregnam na matéria, e continuam agindo. Quando conseguir retirar da matéria todo o resquício dessa força e absorvê-la para sua própria mente, então a sua vontade temporal prevalecerá. E você manipulará o fluxo de acontecimentos a sua volta de acordo com sua necessidade.
E sobre o passado? Se você está em uma sala com 3 janelas fechadas, abre a número 1, depois a 3 e ainda não abriu a 2. Significaria que ela está no seu futuro? Se você tivesse feito diferente, aberto a 1 e a 2 e deixado a 3, o futuro seria diferente por você ainda não conhecer o conteúdo da 3? E se você nunca abri-la? Como saberá o que está no seu futuro? É comum considerarmos o que ainda não vimos ou fizemos como acontecimentos no futuro, mas o futuro é incerto, não sabemos se iremos realiza-lo da forma que esperamos, sendo assim literalmente não existe futuro, apenas possibilidades mais ou menos prováveis. (...)Se tivesse aberto a 2 e 3 o seu passado seria diferente. Mas o conteúdo do passado depende do caminho futuro que se toma, sendo assim o passado dependeria do futuro, mas se o futuro não existe logo não existe passado. (...) É como as janelas, as que você já viu atribui ao passado, mas apenas por que não as está vendo mais. Enquanto as vê considera que estão no presente. (...) É o ato de converter a possibilidade em fato, ou se preferir transformar futuro em passado. Infelizmente a maioria acredita que o futuro depende do passado, quando na verdade seria mais lógico dizer que o passado é que depende do futuro.
Em síntese, a viagem para o passado seria impossível porque literalmente não existe passado, não como um "lugar" que possa ser atingido. E mesmo que deslocássemo nossa percepção até essas "janelas", elas continuariam no presente. O passado nada mais seria do que uma linha mnemônica. A história seria domínio de nossa memória.
Amigavelmente
16 de Agosto de 2006
Mensagensa