Não posso deixar de divulgar esse marco do cinema nacional. O filme NOSSO LAR, baseado em obra homônima de Chico Xavier, é o mais caro já feito no Brasil, em função basicamente dos estupendos efeitos especiais. Embora já tenhamos tido alguns bons exemplos nesse sentido (Como ACQUARIA, que por sinal é muito bom e também já deteve o título de produção mais onerosa) nada até hoje tem o impacto e ostensividade de NOSSO LAR, que retrata uma cidade astral com os mais diversos recursos de computação gráfica, além de sequências impressionantes no Umbral.

Só posso torcer para que o investimento seja bem sucedido, possivelmente encorajando novas produções que ajudem a nos livrar da tediosa dualidade "água com açúcar" (comédias, filmes infantis e enlatados com celebridades) de um lado, e "pinga braba" do outro (miséria, crime e favela). O sucesso é bem provável, considerando que se ao menos metade dos mais de um milhão de espíritas brasileiros forem ao cinema, e eles estão fazendo vasta campanha, já é bem mais que suficiente para o retorno financeiro.

Encorajo também os leitores a irem o quanto antes, pois a bilheteria da primeira semana é mais determinante para o sucesso do filme, e adianto que vale muito a pena. Quem for espírita não há que temer, pode assistir sem medo. Quem apenas quer um bom exemplo de cinema fantástico ou místico em geral, também deverá apreciar. É possível que o filme soe um pouco didático demais para um espectador casual. Mesmo assim, é impossível não apreciar a beleza visual e sonora, visto que a trilha musical também é linda, trilha esta que, assim como os efeitos, foram feitas por profissionais estrangeiros.

O filme é bastante fiel ao livro, que li há bastante tempo, e conta a estória de um médico que, após a morte, passa um tempo bem desagradável no umbral (um equivalente ao purgatório), e depois é resgatado por espíritos iluminados que o levam à colônia espiritual denominada "Nosso Lar", onde passará por regeneração e estudos. O visual da cidade, que alguém já definiu acertadamente como uma mistura de Brasília com Krypton, hora tende a uma nitidez fotográfica, hora a uma indefinição mais similar a uma pintura, que é difícil saber se é proposital ou um deslize da produção, mas cujo resultado final é lindo, num visual futurista e tecnológico que se mistura ao estilo místico.

Já me considerei espírita por muito tempo. Hoje sou um cético, embora nunca tenha fechado minha janela espiritual. Se houver mesmo "vida após a vida", como diz o filme, e se ela tiver que ser de acordo com alguma das religiões mais disseminadas, quem dera fosse assim.