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30 de Novembro

Há pouco um filósofo amigo meu andou dizendo: "A concessão é a privatização com camisinha"

Como adoro levar analogias às últimas consequências respondi: "Com a diferença que essa concessão com camisinha rende à concedente dezenas de vezes mais do que os estupros sem camisinha da era FHC, que ainda a deixaram com doenças venéreas."

E daí iniciou-se aquele frescobol básico entre um Estatista "Salgado" e quem tem "parte com o DEMo". Mas que até terminou sendo bastante produtiva. Em especial por eu ter sido muito bem atendido após confessar estar sob efeito de Palmério Dória e solicitar um entorpecente de efeito contrário.

Num dado momento, com todo o respeito, fui acusado de nada entender de economia. Para aqueles que tem receio de me ofender, deveriam saber que ao menos no nível intelectual isso não é nada fácil, sendo filósofo e brasileiro, aguento pancadas numa boa, desde que o interlocutor não se importe em receber umas também. Ou há muito tempo eu já teria livrado um certo Professor Negativo meu de sua trágica existência.

Repliquei que na verdade Ninguém entende coisa alguma de Economia. Mas me expressei mal. Deveria ter dito DA Economia. Replico aqui a explicação para que eu não me esqueça de pensar melhor sobre o assunto posteriormente.

* * *

Beleza. Mas no que se refere a ninguém entender economia, não falei da "ciência econômica" mas da Economia enquanto objeto em si, trata-se de uma opinião cética reforçada pela questão da complexidade. Nas ciências naturais os objetos de estudo são fundamentalmente objetivos, e não tem seu comportamento alterado de acordo com nossos posicionamentos, ainda que estes afetem nossa percepção dos mesmos. A questão se complica mais na Biologia, visto serem os seres vivos por demais complexos, e avança ainda mais na ecologia (ciência, não a militância).

A Economia, enquanto o montante total de relações orgânicas em uma sociedade, se assenta sobre uma série de camadas de fenômenos já extremamente complexos, estando sujeita a flutuações caóticas muito mais imprevisíveis do que na maior parte dos demais campos.

Nesse sentido, observe que nem mesmo os grandes economistas são capazes de fazer previsões seguras, bem como sociólogos ou cientistas políticos, embora eu ache que na economia é ainda pior. Por mais que se acumule um cabebal impressivo de conhecimentos, são tantas variáveis fora de controle que por vezes mesmo o economista brilhante não leva muita vantagem sobre o leigo em cima de uma previsão.

Só é possível controlar as variáveis a ponto de uma grande previsibilidade em dois casos: com um controle e percepção extrema da totalidade dos entes envolvidos, ou com um sistema pequeno fechado. Mas sistemas pequenos, como de pequenas comunidades ou mesmo famílias por exemplo, embora sejam muito mais fáceis de prever, são abertos, se comunicando com outros sistemas. O único sistema fechado que podemos ter, evidentemente, é o planeta inteiro, desconsiderando que eventos físicos externos afetem a economia global, mas este é tão complexo que escapa aos nossos controles observacionais.

Espero que nesse ponto você já questione a mera idéia de que tal sistema seja de fato tão imprevisível, mas é nesse ponto que a situação se complica, pois existem agentes internos intencionais com enorme poder sobre a economia global, e tanto podem colaborar ativamente para que a mesma prospere segundo certos critérios, como podem coloca-la em colapso. A maior parte dos economistas, é evidente, não é isenta de vieses ideológicos e muito menos de contatos com provedores políticos e ou do mercado financeiro, projetos transnacionais ou capitalismo global. Há uma evidente correspondência aí, e sabemos muito bem que as políticas macroeconômicas que podemos rotular como neoliberais servem a interesses específicos de elites financeiras extremamente poderosas, que precisam de uma ampla liberdade de circulação de capitais por todo o globo.

O problema é que muitos economistas tendem a ver a economia como um ente relativamente autônomo, como se fosse auto gerida e pouco afetada pela manipulação direta e intencional. É fato que ela não pode ser facilmente controlada pelos agentes, por ser essencialmente sensível e potencialmente caótica, de modo que mesmo grandes planos movidos por governos em harmonia com grande grupos financeiros podem naufragar. Mas sendo um sistema sensível, ela é evidentemente de tendência entrópica, sendo muito mais fácil ser deliberadamente prejudicada que beneficiada.

Quando os Estados cumprem as determinações dos grande agentes econômicos, estes irão colaborar ativamente para a prosperidade geral, não sendo a toa que as medidas de austeridade e pacotes fiscais das últimas décadas podem ser até duvidosos no sentido do benefício geral a longo prazo, mas inequivocamente atenderam os interesses de quem as determinou. Já quando Estados não obedecem a tais determinações tais agentes econômicos podem facilmente desestabilizá-los com ataques especulativos. E isso tudo sem necessariamente apelar para um conspiracionismo global, apenas para os interesses dos grupos, e pelo fato de que os grupos maiores tem maior capacidade de causar benefícios ou danos, sendo mais fácil causar o último.

Finalizando, o que torna mais fácil fazer algumas previsões e acompanhar as variações da macroeconomia global é a participação ativa de agentes com capacidade de afetá-la de modo ostensivo, que são muito poucos. Mas ao mesmo tempo o número muito maior de agentes menores contribui para a imprevisibilidade da mesma. Assim, ou a Economia tende a ser um ente menos autônomo, mais previsível, e nesse sentido mais manipulada, e devemos desconfiar seriamente de que os grandes planos econômicos realmente tem a intenção de um benefício geral primário, e não apenas secundário e onerado, ou ela sai por completo do controle.

Ou os economistas ficam cegos, ou trabalham em favor de pequenos e poderosos grupos.

* * *

Acrescento que somente uma coalização harmônica dos grandes agentes financeiros transnacionais associada a uma extrema intelligentsia econômica teria mesmo boas chances de prever, e subsequentemente controlar, os rumos da economia global, obviamente em defesa de seus próprios interesses.

Seria a mais espetacular regulação econômica da história, que os liberais aplaudiriam como Liberdade de Mercado.

29 de Novembro

Publico tradução de uma Entrevista com Warren Farrell, comentada. Autoexplicativa.

28 de Novembro

Finalmente publico A Cultura do ESTUPRO e O Estupro da CULTURA, textos que preparei antes como um único até me dar conta de que estava grande demais. Podem ser lidos em separado, mas a leitura nesta ordem é mais recomendável. Fazem parte de meu mais recente direcionamento crítico contra a insanidade perversa que o feminismo radical está se tornando. É preciso fazer alguma coisa antes que essa loucura financiada com milhões de dólares de elites internacionais e milhões de reais do governo consiga seu nefasto objetivo de corromper terminal e irreversivelmente um movimento que outrora lutou pela liberdade e pela justiça.

27 de Novembro

Sobre a campanha Seja Macho, Dirija como Mulher declarei o seguinte.

Eu apoio integralmente a proposta essencial deste grupo, isto é, de que homens deveriam mesmo ser mais cuidadosos ao dirigir, tal como mulheres. O problema é saber até que ponto pretende-se levar a tal Perspectiva de Gênero, pois a mesma, onde quer que seja aplicada, piora o problema que se propõe a combater.
- Perspectiva de Gênero tem sido aplicada ao problema da violência doméstica, e mesma aumenta;
- Perspectiva de Gênero tem sido aplicada ao problema da violência sexual, e o índice de estupros aumenta;
- Perspectiva de Gênero tem sido aplicada no combate ao baixo número de mulheres em cursos de engenharia e computação, e os números abaixam ainda mais!

Vou retomar algo que já disse e explicar o porquê.

O PATRIARCADO é a diferença entre a barbárie e a civilização. Surgiu para organizar produtivamente a sociedade IMPONDO aos homens obrigações parentais sobre suas proles e esposas, e em troca impondo a elas que lhes oferecessem garantias de que as crianças delas eram também deles, daí todos os valores decorrentes da castidade e fidelidade femininas, visto essas serem vitais para esse Contrato Social, bem como os valores da produtividade e proteção masculinas. Esse modelo social onde produção e reprodução são reguladas nos trouxe da idade da pedra à era espacial, e se hoje já não é mais necessário de forma tão rígida, é porque edificou uma civilização suficientemente sofisticada para nos libertar das exigências ambientais primitivas.

O modelo social Patriarcal impõe responsabilidades, e não somente "privilégios", aos homens, inclusive o de zelar pela segurança e evitar acidentes. Mas a história sempre foi uma luta dos valores morais e éticos civilizatórios contra vícios e impulsos egoístas, imprudentes e violentos. As leis de trânsito são um evidente caso da sociedade tentando impor ordem sobre maus hábitos que jamais foram erradicados. O fracasso reside na falta em impor essa autoridade legal, que é tradicionalmente patriarcal, e na falta de cultivo das virtudes, que também se assenta sobre tradições invariavelmente patriarcais, sem negar em nenhum momento a contribuição das mulheres nesse processo.

No entanto, a Perspectiva de Gênero tem invariavelmente a pretensão de desconstruir os papéis de gênero que se supõe socialmente construídos, apesar de sua absoluta universalidade e paralelismo mesmo na maior parte do mundo animal.

Como essa desconstrução espera reduzir a quantidade de acidentes se:
1 - Pretende desnaturalizar justo a origem destes impulsos viciosos e atribuir-lhes uma falsa causa;
2- Ataca justamente a fonte psicocultural de onde emana a autoridade impositora de responsabilidades que combate esses vícios;
3 - Ataca até mesmo o cultivo de virtudes masculinas, tratando-as como opressão sexista, que são uma forma alternativa de contenção dos mesmos impulsos nocivos.

É óbvio que não vai dar resultado! Pois esses maus hábitos masculinos socialmente corroborados são na verdade subculturas insubmissas ao poder civilizacional. Atacar os papéis de gênero NÃO vai afetá-los por que eles são exatamente resultantes de pulsões primitivas e egoístas que se rebelam contra a ordem social, sendo infraestruturais à cultura. E ao mesmo tempo vai enfraquecer justamente a força que os restringe. E é por isso que as abordagens da gênero, onde são aplicadas, só fazem piorar o problema, e os únicos resultados positivos são derivados justamente do enrigecimento da legislação e aumento do exercício do poder de polícia, que São Instituições Patriarcais!

Portanto, a questão toda a mim se resume a saber Qual o Objetivo deste Grupo: Realmente reduzir as incidências de mortes de trânsito, ou apenas ser mais um veículo de disseminação de ideologias de gênero que desmonstradamente são incapazes de resolver o problema?

26 de Novembro

Assistimos ao documentário Blood Money, no Casa Park. Um filme que está sofrendo nítida censura no Brasil, visto ser um forte libelo Pró-Vida. Mas me decepcionou um pouco. Pareceu-me apelativo demais, e em sua maior parte é uma denúncia contra os desmandos da indústria bilionária das clínicas de aborto nos EUA, que segundo o filme, são praticamente livres de qualquer regulação, sonegam largamente imposto de renda, ocultam as mortes de mulheres e usam de todas as chantagens e golpes baixos para convencerem moças a abortar, inclusive recomendando-as a irem o mais rápido possível para a clínica e ocultar o fato da família, levando dinheiro vivo.

Como a maior parte do Abortismo no Brasil e no mundo está lutando pela descriminalização e estatização do mesmo, 90% das críticas levantadas não se aplicam. Aliás, dá até mais força ao argumento estatizante.

Mas há muitos bons momentos, inclusive alguns esclarecimentos sob os subterrâneos jurídicos que permearam o caso Roe x Wade, e atuação da Planned Parenthood, que praticava esterilização eugênica de populações pobres até 1972, quando foi proibida, e curiosamente o aborto foi liberado em 1973! Mas me preocupa levar a crítica ao abortismo para o lado do racismo, ainda que isso seja um fato difícil de negar, pois só faz aumentar o apoio dos racistas ao aborto incondicional. Pra piorar, pela enésima vez disseram que Margareth Sanger era abortista. Mas isso é na melhor das hipóteses incerto. Ela realmente era eugenista e racista, mas nunca apoiou aborto abertamente por considera-lo muito perigoso.

E claro, o temível Reductio ad Hitlerum também não me agrada. Também achei estranho não tocarem num dos pontos mais curiosos da liberação do aborto. Este acontecer justo quando sua necessidade declinou devido à advento da Pílula. Tema que comentei brevemente em As Ovelhas e os Memes.

Mas o filme merece ser visto. Ao menos trás algumas questões pouco comentadas. Até mesmo os abortistas deveriam vê-lo, até porque alguns dos argumentos apresentados podem ser revertidos. Mas uma coisa é certa. Ainda que tenha sido exposta de forma frágil e confusa, se não equivocada, é inegável que a maior parte do abortismo se baseia em duas premissas básicas, a negação da humanidade do feto e que o aborto pode ser a melhor opção em vários casos. Neutralize as duas, o que é relativamente fácil, é a situação dos pró-escolha fica bem mais complicada. Embora eu sempre insista que o mais poderoso argumento anti-aborto existente, completamente livre de influência religiosa ou ideológica, continua sendo sumariamente ignorado. Aborto - O Argumento Decisivo.

Curiosamente, é exatamente em cima do termo Pró-Escolha que o filme faz uma das mais intrigantes afirmações. A de que embora visto como um direito de escolha da mulher, a maioria delas declara que praticou o aborto por falta de escolha. E eu sempre vou lembrar do fato de ao passo que o abortismo costuma falar em Autonomia Reprodutiva, que a gravidez indesejada é exatamente o resultado da falha de tal autonomia.

Talvez até em parte por isso que hoje o foco seja as mortas em clínicas clandestinas como argumento principal. Ainda que aumentando algumas milhares de vezes o número aproximado de 50 casos por ano, as vezes, para 200 mil! Bem como dizendo hipocritamente que o Uruguai não registra mortes de mulheres por aborto clandestino pós liberação, em 2012, quando na verdade já não registrava desde 2001!

E para quem insiste em acreditar que o abortismo está preocupado com mortes de mulheres, bem que poderia ler isso aqui Study:One Abortion Increases a Woman’s Death Risk 45%

18 de Novembro

Mais de uma vez na vida vi alguém apresentar uma certa idéia, que diz algo mais ou menos assim:

"Somente os trabalhos efetivamente necessários devem ser remunerados, ou bem remunerados. Trabalhos supérfluos, como os artísticos, esportivos, recreacionais etc, deveriam receber pouca ou nenhuma remuneração, visto que seus autores deveriam fazê-los por prazer e que recompensá-los financeiramente desmoraliza um sistema que trata o ornamental com a mesma importância que o fundamental."

Sempre que vejo um pensamento desse tipo sou tomado de um sentimento de ternura pela ingenuidade infantil de quem o profere. Pois sinto claramente a boa intenção e ilusão de justiça por trás da idéia, que peca apenas pela ignorância brutal acerca da condição humana.

Ocorre que as coisas fundamentais, por assim dizer necessárias, são aquelas que garantem a nossa existência. Nos permitem estar vivos, de preferência saudáveis e com algum grau de segurança e conforto. Portanto é claro que quem trabalha para isso deve ser remunerado. Pois graças a elas podemos viver.

A questão é: PRA QUÊ VIVEMOS?!

O que nos permite estar vivos não é a razão pela qual queremos viver. Nós vivemos para o prazer, o bem estar, a felicidade, e são exatamente as coisas tidas como supérfluas que nos dão isso.

Em suma, o supérfluo é a razão pela qual vivemos!

Se estamos vivos é apenas porque esperamos fazer as coisas que gostamos, nos alegrar, ou lutar para levar a alegria aos outros, ou no sentido inverso combater as forças que causam infelicidade no mundo. Assim, somos deslumbrados pela Arte, pelas diversões, esportes e todas as coisas que gostaríamos de poder fazer muito mais do que podemos.

Como se isso não bastasse, é notório que os talentos necessários para produzir essas coisas são bem mais raros do que os necessários para produzir o fundamental. Praticamente qualquer pessoa pode produzir as coisas necessárias à nossa sobrevivência com algum treinamento mínimo, ao passo que as artes, esportes e outras coisas que temos como a razão de nossa existência exigem habilidades bem mais raras, imprevisíveis e que até hoje não sabemos exatamente como desenvolver em quem não as tenha.

Num mundo assim, querer que aqueles que produzem as coisas que dão sentido a existência não sejam recompensados por isso, ou o sejam menos do que os que produzem as que meramente mantém nossa existência material, é, como eu disse antes, de uma ingenuidade comovente.

16 de Novembro

Costumo dizer que o tamanho de um livro (em quantidade de caracteres) é o quarto ou quinto critério a determinar o tempo que um leitor demora a lê-lo. Perde fácil para o interesse sobre o assunto, o estilo da escrita, a boa disposição e até para a diagramação.

Por isso livros bons fluem com tanta facilidade que lemos um milhão de caracteres avidamente, ao passo que podemos penar com um livrinho desagradável de umas poucas dezenas de milhares.

Mas se livros bons são frequentemente lidos rapidamente, pode ocorrer de livros absolutamente excelentes serem lidos devagar, ou mesmo, nunca serem terminados. É o que me acontece com o livro What Men Know That Women Don't - How To Love Women Without Losing Your Soul

Acho que nunca vou terminar esse livro, pois a cada página lida tenho que parar para pensar por dias seguidos! É algo tão absolutamente penetrante e estarrecedor, subverte tão profundamente tudo o que parecia certo, que até minha melhores e mais antigas convicções filosóficas ficaram abaladas, ao mesmo tempo tem me causado autênticos êxtases mentais.

Previsivelmente esse livro não é fácil de encontrar. Jamais foi lançado por editora alguma, sendo uma publicação praticamente artesanal. Não tenha qualquer esperança de um dia vê-lo traduzido para português, principalmente por alguma entidade visando lucro. Até porque ele tem uma forte mensagem anticorporativa, embora não seja esse seu foco principal. Já é estranho que a Amazon o venda, e mesmo lá é difícil consegui-lo.

Pode ser considerado um supra sumo anárquico e liberalista autêntico, e por isso mesmo desmascara humilhantemente a hipocrisia delirante desses libertarianismos que vemos por aí. Aliás, não dá pra enquadrar o Rich Zubaty em absolutamente nenhum viés ideológico. Ele é anti tudo! Capitalismo, Comunismo, Nacionalismo, Esquerda, Direita, Progressismo, Conservadorismo, Religião, Ciência e tudo o mais que você imaginar!

Difícil descrever.

Por sorte, apesar do autor em si odiar computadores, o livro é vendido em formato digital, e é possível achar alguns excertos espalhados pela web. Ademais, eu tenho uma versão em PDF e doaria com prazer a quem se dispuser a lê-lo.

Mas eu não o forneceria a meros curiosos. Não é qualquer um que tem o preparo mental necessário para compreendê-lo. E até mesmo eu ainda estou em dúvida se tenho.

12 de Novembro

Neste planeta não deve haver processo corruptor internacional mais bem sucedido do que o que transformou um movimento ideológico que nos deu os direitos trabalhistas que temos hoje em um que só visa a própria auto destruição.

Outrora ser de Esquerda era ser a favor da emancipação de uma Maioria trabalhadora contra uma exploração desmedida que nos piores casos chegava a exigir expedientes de 16 horas por dia 6,5 dias por semana sem direito algum, e que resolvia o problema de um acidente de trabalho mutilatório simplesmente demitindo o acidentado com a generosa promessa de que não iria cobrar dele os custos de limpeza de seu sangue da máquina.

Hoje ser de esquerda virou defender o aborto, as drogas, inventar que o Brasil é o país mais homofóbico e racista do mundo e que as mulheres são escravas oprimidas por uma sociedade de privilégios masculinos!

Esse processo corruptor foi promovido, advinhem, pelas elites bilionárias que financiaram vastamente os mais diversos programas progressistas, em geral partindo de um tema razoável, mas distorcendo-o até o ponto do completo irreconhecimento. Qualquer um que procure examinar as contas de grandes ONGs abortistas, racialistas, feministas, homossexualistas etc, vai ver com clareza o dedo de instituições como Fundação Ford (leia-se CIA), Fundação Rockfeller (que ainda é a família tradicional mais rica do mundo) ou Comissão Trilateral.

Mas as mesmas, evidentemente, jamais dariam um único centavo para uma organização trabalhista. E as mesmas, também evidentemente, são as responsáveis pela onda neoliberal que não tinha outro objetivo a não ser remover os mesmos direitos conquistados pelas lutas sindicais bem como destruir o livre mercado. Da Esquerda para Trás)

Essa inversão inacreditável de valores pode não ser irreversível ou completa, mas causou um estrago espetacular na sanidade da civilização.

Não sei o que é pior. A estupidez dos esquerdistas que caíram nessa armadilha e se desmoralizam dia a dia, ou a idiotice dos direitistas de classe média que sob a bandeira dos bons costumes e tradições colaboram com as forças que querem manda-los de volta à semiescravidão.

8 de Novembro

Posso ter dado um tremendo azar, mas todos os Libertários, Liberais Radicais, Anarquistas, Anarco-Capitalistas, Neoliberais, Privatistas, Privateiros e coisas similares que conheci real ou remotamente, e ou que já apareceram nos meus sites, são funcionários públicos. Mas o que me chateia não é isso, nem o fato de jamais ter visto posições ideológicas similares nos inúmeros empresários e profissionais liberais com os quais, ou para quais, já trabalhei em meus tempos de mercado.

O que irrita é notar que essas apologias são feitas somente na confortável posição de quem sabe que estão tão distantes e alheias à realidade geral que se revestem de uma imunidade metafísica à refutação. Até a Nova Jerusalém parece mais próxima considerando que a morte nos jogaria às suas portas instantaneamente.

Neste planeta jamais uma legião humana se reuniu, e permaneceu unida, sem que houvesse surgido espontaneamente uma entidade administrativa, o que faz com qualquer esperança de uma humanidade livre de auto contenções, regulações e coerções se situe num futuro fora do alcance visível.

O Comunista pelo menos sabe que sua Utopia exigiria uma reforma radical da própria natureza humana ao longo de gerações que somente um poderio estatal inigualável teria alguma chance de ao menos tentar. O Anarquista Liberalista Radical apenas sonha, o que lhe é direito, mas finge agir como se suas ideias pudessem já ser de algum modo minimamente viáveis, e ainda por cima julgando o mundo com base numa miragem para a qual não tem nem um plano para alcançar.

Não por outro motivo suas disposições não passam de pose. Ganham à vida pelo Estado, ou por poderes privados para os quais trabalham, ou na melhor das hipóteses flertando com a arte ou tentando estabelecer novas formas de comunidades hierárquicas, deixando sua auto-refutação para condutas pessoais mais sutis.

Mas ao menos algo eu compartilho com eles. Eu também adoraria viver numa Utopia. Aliás talvez seja meu maior, e mais precoce sonho. Nunca conheci mais ninguém que, ainda na infância, incluía a humanidade inteira em suas orações. E seja talvez daí mesmo que retirei a percepção do quão são delirantes as aspirações de quem almeja a liberdade total para todos quando ninguém é sequer capaz de se libertar de suas próprias ilusões, medos e preconceitos.

De libertar sua própria mente.

5 de Novembro

Tendo assistido ontem ao filme Thor - The Dark World, chamou-me atenção que, para além do fato de Hollywood já ter elevado o direito feminino de 'esbofetear homens por qualquer motivo fútil impunemente' a um estatuto sagrado, agora o estendeu também aos deuses. A protagonista Jane Foster, interpretada por Natalie Portman, assim que reencontra seu amado deus nórdico lhe dá um tabefe na cara (para saber se ele era mesmo real), e logo em seguida lhe dá outro, por ele não ter voltado para ela após salvar o mundo por duas vezes consecutivas à custa de tremendo sacrifício pessoal.

Não satisfeita, ao chegar a Asgaard se dá ao direito de ser arrogante e desrespeitosa com um ninguém menos que o próprio Odin, sem saber que era ele, mas não demonstrando sequer um respeito prévio e prudente para um ancião local. A única a quem presta respeito imediato é a deusa Frigga.

Mais adiante, na primeira oportunidade esbofeteia também Loki, por este quase ter destruído o mundo. O que até seria um ato de coragem não fosse o fato dela estar protegida pelo próprio Thor e outros guerreiros.

Toda essa valentia, claro, só ocorre porque ela sabe que em momento algum os agredidos irão reagir. É igual cachorrinho de madame que só é bravo debaixo da saia da dona. Aliás, observe bem esse padrão em filmes similares. As mulheres guerreiras mesmo jamais fariam algo parecido, a deusa Siff jamais o faria. São somente as donzelas indefesas que se dão a esse luxo.

Mas por mais que as produções americanas e as novelas brasileiras tenham banalizado isso, não me parece que o hábito foi cooptado pela população. Juro que nunca vi na minha vida uma mulher estapear um homem ao vivo. Assim, não é que seja um problema de má influência ou sugestão, mas, como frequentemente insisto, um problema simbólico. Uma espécie de representação misândrica e incrivelmente especificadora de padrões de gênero, onde o homem tem obrigação de aguentar essas agressões quieto, perdoá-las como se fossem coisa natural da mulher ou coisas que o valham. Assim, é extremamente depreciativo para as mulheres também, que ficam estigmatizadas como histéricas e incapazes de lidar com suas questões sem partir para agressão.

Insistindo no ponto das mulheres guerreiras, note que no mesmo nível simbólico, Hollywood sabe muito bem que essa atitude nada tem a ver com coragem, igualdade ou qualquer outra virtude. Você não vê a Xena, Buffy ou Viúva Negra estapeando homens por aí. Da mesma forma, nenhum homem dá um tapa na cara do outro a não ser que tenha certeza de que ele não vai reagir. Caso contrário dá logo é um soco! Ou seja, os tapas na cara são uma forma privilegiada de punição física que só é praticada de uma zona de segurança pressuposta.

Apesar de tudo, existem sim alguns casos concretos que refletem essa mentalidade. Não dá pra esquecer o seguinte e lamentável exemplo.

5 de Novembro

Num certo sentido de auto estima, ser filósofo é como ser brasileiro. Nada há que alguém de fora possa dizer que os de dentro já não tenham dito pior.

Estrangeiros podem falar mal do Brasil, mas nada dirão que os próprios brasileiros já não tenham dito. Profissionais de outras áreas podem falar mal da filosofia, mas jamais conseguirão superar os próprios filósofos.

Quem quiser elaborar uma ofensa que realmente choque filósofos minimamente versados, vai ter que estudar muita filosofia.


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