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22 de Fevereiro de 2008

Finalmente, publico um texto sobre tema inédito neste site, Os Gatos e A Feminilidade versa sobre um tema aparentemente pouco relevante, mas que desvelado, mostra uma dos maiores dramas culturais de nossa civilização. Por trás no injustificável preconceito de grande parte da população ao tradicional bichano, esconde-se um autêntico e inconsciente trauma esquizofrênico de nossa mentalidade ancestral.

Respondida uma Ótima Mensagem onde tive a oportunidade de explanar mais longamente sobre o meu Anti-Mestre Olavo de Carvalho.

12 de Fevereiro de 2008

Cuidado! O texto a seguir contém SPOILERS!!! Isto é, informações sobre o filme que podem estragar a surpresa dos bons apreciadores.


C L O V E R F I E L D

Visto e digerido, cumpre notar que é uma experiência cinematográfica diferente do normal, e para aqueles que dizem que se trata basicamente de um cruzamento entre a Bruxa de Blair e Godzilla (americano), devo ser franco e informar-lhes que, segundo minha opinião, tem toda a razão.
Esse tipo de linguagem, que em larga escala midiática tem agora seu segundo grande representante, precisa mesmo ser mais explorado em sua forma mais pura, pois na forma mista já o tem sido, como por exemplo Transformers, que usa muito o recurso de câmera instável na hora das batalhas, conferindo uma dramaticidade similar a da perspectiva em primeira pessoa. Ou como Guerra dos Mundos (de Spielberg), o qual, canso de dizer, tem como grande mérito o fato de ser quase em primeira pessoa, pois a câmera está quase sempre em Tom Cruise, ou do ponto de vista dele, e o espectador so vê o que ele também vê, ou poderia ver.
Acho que Cloverfield, cujo título segundo o próprio diretor nada significa, começa devagar, tomando muito tempo no período pré-monstro. E curiosamente quando estamos começando a nos envolver com a estória pessoal dos personagens, o que faz até pensar se, por si só, já não daria um romance interessante ao estilo sessão da tarde, eis que começa a tremedeira, e tudo muda.
Incorre também no mesmo erro da Bruxa de Blair, o fato inverrossímil de que o cinegrafista filma demais, até em situações que ninguém conseguiria apontar uma câmera. Neste ponto, é curioso, a situação em que mais justificaria uma filmagem constante é justamente a menos explorada, que é a sequência no túnel escuro, onde só seria mesmo possível ver através da camera, com seu recurso de visão noturna. No entanto, no momento em que tal recurso é enfim ativado, entram em cena aquelas asquerosas "aranhas" e tudo passa muito rápido, ainda que empolgante.
Também lamento que tenha havido tais monstrinhos. Um único monstro gigante não é suficiente? Não porque não tenha ficado interessante, mas porque isso acabou inserindo demais o filme na mais recente tradição Hollywoodiana, tal como o próprio Godzilla, onde as versões japonesas se limitavam ao monstrão principal, a americana inunda a tela de filhotes ao melhor estilo velociraptors, por sua vez revivendo o clima Jurassic Park onde um dinossauro só, evidentemente, não bastaria. E que, por sua vez, não deixa de ter um clima Aliens e Tropas Estelares. Ou seja, acho que o filme ficaria bem somente com a criatura principal.
Se bem que por vezes penso que não fosse apenas uma, pois tive a nítida impressão que a criatura mudou de aparência umas 3 vezes. No começo, é nitidamente um polvo, depois juro ter visto uma cabeça comprida, tipo dragão, e por fim, quando o bicho aparece à luz do dia, não se parece com qualquer coisa anterior.
Ao final, fiquei um tanto frustrado com o final, pelo fato de nada ter sido explicado, o que pede uma continuação. Mas isso é uma peculiaridade minha. Na condição de filósofo, que transforma uma inconformável curiosidade em investigação, sou ávido por explicações, ou ao menos contextualizações mais amplas. Creio que, sinceramente, no lugar de um daqueles personagens e me arriscaria sim a me aproximar mais do monstro, fazendo constante uso da câmera e gravando as imagens. Se o bichão viesse pra cima de mim, e não desse pra fugir, melhor continuar filmando, fazer o quê? Pelo menos podem sobreviver as imagens.
Mas é claro que eu largaria a câmera para lutar contra as aranhinhas, ou outras situações onde o uso livre dos braços se faz necessário. E isso, voltando a questão, o cinegrafista, que nem sequer tinha prática, não faz. Portanto, acho que todo o problema do filme é esse, um comportamento muito estranho para uma pessoa que nem sequer tinha experiência de filmagem, nem conhecimento da operacionalidade da câmera, e que em boa parte do tempo estava lutando pela sobrevivência.
Quanto a disposição do "herói" em ir salvar a amiga, foi nobre mas definitivamente imprudente. Os amigos dele tinham razão. Se ambos tiverem sobrevivido, a moça terá sido salva, mas ao custo de duas outras vidas, no mínimo, incluindo o bravo cinegrafista amador.
Mas deixando tudo isso de lado, o filme é um espetáculo incomum. As cenas são arrebatadoras, e é difícil saber se imagens assim são mais fáceis ou mais difíceis que as tradicionais, pois se por um lado passam um realismo impressionante, por outro podem disfarçar os defeitos na menor qualidade relativa das imagens.
Sendo o produtor ninguém menos que J.J.Abrams, um dos criadores de LOST, é de se esperar que seja inaugurado um pandemônio de debates e teorias que serão muito bem alimentadas. E se outros filmes vierem, seria interessante que fossem filmagens de outros cinegrafistas, e que mais informações fossem dadas para desvendarmos a natureza de tão misterioso monstro.
Não. Não é Cthulhu, não é a Fumaça Negra, e nem nada daquilo que tem sido mostrado na internet há meses. Nesse ponto, os produtores realizaram uma façanha ímpar. Seguraram a imagem do monstro não só antes, mas até mesmo depois do lançamento do filme. Continua difícil achar alguma imagem boa na internet.
O que ele será? No interessante Ataque dos Vermes Malditos, são esboçadas as 3 teorias básicas a respeito da origem de monstros. 1-Alienígenas Extraterrenos; 2-Animais naturais desconhecidos, em geral remanescentes pré-paleogênicos; 3-Seres produzidos pela interferência humana no meio ambiente (radiação, poluição, transgenia).
Cloverfiled também explana sobre essas 3 possibilidade, subdividindo a última nas variações mais óbvias, criação acidental ou proposital, que pode ter sido feita com intenções deliberadamente perversas, ou mais provavelmente cujos resultados fugiram do controle. E isso, é claro, para ficarmos restritos às possibilidades científicas, pois podemos pensar também no sobrenatural.
Ache um trevo de quatro folhas e faça sua aposta, eu vou arriscar a número 2. Provavelmente é um ser natural que esteve adormecido, ou meramente escondido, pela maior parte do tempo, e um dia resolveu aparecer. Por que tem que ser em Nova York? Não sei.
Ao que parece J.J.Abrams quando esteve no Japão e visitou a capital que já foi arrassada por monstros milhares de vezes, percebeu que um único Godzilla americano, mais chuvas de meteoros, alienígenas, super seres e terroristas, fictícios e reais, ainda não foram suficientes para elevar Nova York ao estatuto de uma cidade atraente para calamidades apocalípticas. Além do mais, Godzilla é originalmente japonês, e até tem o D-Wars, cujo monstro causa destruição em Los Angeles, mas ele é coreano, e o longínguo Monstro do Mar Revolto já está velho demais pra isso. É preciso um novo monstro 100% americano que detenha o privilégio da destruição exclusiva. Reserva de mercado.
As vezes penso que estamos precisando disso por aqui. Parece mister que tenhamos um monstro que destrua nossas cidades, arrancando a cabeça do Cristo Redentor e pulando corda no bondinho do Pão de Açucar no Rio de Janeiro, pondo abaixo o Edifício Itália em São Paulo, subindo na Torre da Telepar em Curitiba, ou emborcando a Câmara dos Deputados em Brasília.
Poderia fazer bem à nossa auto imagem, já que não temos desastres reais de grandes proporções, tragédias que matem milhares de pessoas, digo, o cinema poderia cumprir esse papel. Deu certo no Japão, nos EUA e na Inglaterra, pelo menos.
Enfim, Cloverfield pode ter uma série de defeitos, mas seguramente é um ótimo filme, e o mais importante, anuncia talvez uma nova tendência cinematográfica, sem contar com o provável frenesi especulativo comercial que deve desencadear, com mil teorias disputando entre si, das quais eu adoro participar.

4 de Fevereiro de 2008

Já se foi o primeiro mês do ano, e demorei para atualizar a página principal. No entanto, tenho respondido, ainda que lentamente, as mensagens no Livro de Visitantes, que está com uma nova página, na mensagem 642.
O problema é que não estou de férias, ainda. Mas tenho atualizado Meu Perfil no Youtube, que pode ser bastante interessante.
Gostaria de comentar minhas últimas experiências cinematográficas, assisti na mesma semana a 3 filmes. O de Will Smith baseado no livro Eu Sou A Lenda do qual também li o livro. É bom lembrar que este filme já é a terceira versão cinematográfica deste livro de 1954, sendo as anteriores The Omega Man, com Charlton Heston, e a mais antiga Last Man on Earth, em preto e branco, de 1964, e o único realmente fiel ao livro. Pretendo escrever um texto comparando o livro e os filmes.
Assisti também ao filme baseado no livro O Caçador de Pipas, embora somente minha esposa o tenha lido. Embora seja uma ótima estória, é impossível não me indignar com a covardia do personagem principal. Toda vez que vejo casos como este, fico imaginando o quão azarados podem ser certos indivíduos de tendências maléficas, como o personagem Assej, pelo simples fato de não terem encontrado quem, logo na infância, não tenha lhes colocado logo nos eixos. Quem sabe, se tivesse tido o que merecia logo cedo, o indivíduo até não se corrigisse e se tornasse uma pessoa descente? A exemplo do Biff Tannen em De Volta para o Futuro. No mais, embora eu não ache que tivesse obrigação de fazer isso, o filme, e pelo que ouvi falar também o livro, acaba deixando de explorar melhor o contexto político cultural envolvido na situação histórica do Afeganistão, que entre outras coisas foi invadido pela Inglaterra 3 vezes. O texto Algumas histórias que o Caçador de Pipas não conta tenta corrigir essa carência.
O terceiro filme foi Alien Vs Predador 2, que apesar de minha baixa espectativa, acabou se revelando uma grata surpresa. Há uma história por trás. Alien - O 8 Passageiro e Aliens - Resgate estão entre os meus filmes de FC favoritos, principalmente o último. O Predador e Predador 2 também, especialmente o primeiro. Fiquei sempre na expectativa de encontro entre essas duas espécies, sugerido já neste último filme citado. No entanto, durante anos as expectativas se frustraram, e tive que amargar um decepcionante Alien 3 e posteriormente Alien Ressurrection ao qual nem tive ânimo de ir assistir no cinema. Se tal descaminho se alastrasse para a série Predator, então foi melhor mesmo ficar só nos dois primeiros.
Mas eis que apesar de inúmeros problemas, o primeiro Alien x Predador ao menos teve o mérito de ser melhor, para mim, que os dois últimos aliens, e este último Alien Vs Predador "Requiem", como se diz, me agradou ainda mais, apesar de minha péssima expectativa pelo fato da estória se passar numa tediosa cidadezinha do "meio-oeste" norte-americano. No entanto, o roteiro foi feliz em não explorar muito os já aborrecidos clichês típicos da cultura americana e partir direto para uma ação apocalíptica, com um morticínio que impressiona pela crueza mas também pela fria 'verrosimilidade', conseguindo fugir bem dos típicos e previsíveis padrões de personagens que irão sobreviver ou não, em geral bem previsíveis. Ademais, só de mostrar um planeta alienígena e um pouco mais das tecnologias usadas pela espécie dos caçadores, já mereceu um crédito.
Mas as deficiências ainda são grandes, em geral as importadas do filme anterior, e quase todas devido a parte Alien. Primeiro, a estranha aceleração do período de incubação eclosão e nascimento dos aliens, que em seus filmes originais, é um período de dias, e nesses filmes recentes, se dá em poucas horas. Segundo, pela superlação de um problema que já era incômodo na série Alien, que é a capacidade jamais explicada, e para a qual sequer parece haver interesse, de como uma criatura consegue passar de um tamanho de filhote até um tamanho adulto 50 vezes maior em menos de uma hora. Ademais, os aliens para mim sempre foram criaturas 'espaciais' futuristas, sua presença na Terra, e em nosso presente, me parece um tanto destoante, ao contrário do Predador.
Bem, de qualquer modo é bom ver que as séries continuam, principalmente a do Predador, uma vez que é evidente que é minha favorita. Para mim, o Alien Vs Predador perfeito seria um tipo de filme que dificilmente alguém em Hollywood terá cacife para produzir. Ele não teria personagens humanos, e seria do ponto de vista dos caçadores, numa ambientação inteiramente extraterrestre e alienígena à cultura humana, e sem diálogos. Totalmente visual.
Mas é querer demais.


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